How Things Began... escrita por RitalinLove


Capítulo 13
Time to say goodbye


Notas iniciais do capítulo

Desculpa minhas gatas maravilhosas! Eu realmente não queria ter ~ desaparecido ~, mas minhas provas voltaram em menos de uma semana D= Mas tuuudo bem, porque agora eu vou ter uma folguinha e não vou mais abandoná-las (não por tanto tempo). Isso é, se vocês me quiserem, né? Tô sentindo falta de umas lindas comentando e preciso saber se vocês já enjoaram de mim ):
Ah sim, gente, antes que eu me esqueça!
Como vocês já devem saber, dia 31 do 12, acabou a farra aqui para nós que sonhamos com o amor dos nossos ídolos. Fiquei bem triste quando soube da notícia, e realmente não acho que dê para terminar toda a história até o fim de dezembro (o que é bom pelo lado de que você ainda terão muuuuitos capítulos, yey!) então se alguém achar um site para postar fic, me avise para eu migrar para lá sim? Vou postar aqui no Nyah até o último dia, aviso tudo direitinho, claro ;) Ah, e eu acho que seria bem legal se todas leitoras que também escrevem fics, fossem para o mesmo site, daí a gente não perde nossa ~ligação~ né? Acho que seria legal *-*
Enfim amores, para compensar vocês, o capítulo de hoje é bem grandão! Espero que gostem, mas...
Ah, mas ele é bem triste... Por favor, não me odeiem! Eu me senti super mal de escrever esse capítulo, então eu entendo a dor, mas não me odeiem, lindas! :x
~ Se bem que vocês vão me odiar de quaquer jeito, é.~



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Já era umas três ou quatro da madrugada quando ouvi o barulho da trinca da porta da casa. Logo as vozes divertidas de Patrick e David passaram pela tal. Claro que não acordei por isso. Eu sequer tinha conseguido pregar os olhos naquela noite. Claro, como eu poderia fazer isso, sabendo que David estava lá fora, desprotegido? - porque há de conviver… Patrick não estava no melhor estado e com os melhores pensamentos para cuidar do meu DD - . Ouvi os dois conversarem alguma asneira qualquer, percebendo o esforço de David de falar baixo para não acordar ninguém. De Pat pude perceber a clara voz embriagada e agradece mentalmente por David aparentar estar completamente sóbrio. Não me agradou (e ainda não agradava) a ideia de um David passando a noite fora - SEM MIM - com um grupo de pessoas -se não mais gente ainda - que ele acabara de conhecer.


Ouvi-o deixar Pat no quarto, resmungar um "Boa noite, grandão. Aproveite sua dor de cabeça amanhã." divertido, e fechar a porta do quarto dos outros três. Ele entrou no nosso quarto soltando um suspiro fundo, parecendo completamente cansado. Eu não fiz menção de demonstrar que estava acordado - até porque isso implicaria ao fato de eu ter que explicar que, SIM, eu estava apenas esperando-o voltar. Eu não queria demonstrar tanto a preocupação que ele me causava 25h por dia -, e com os olhos semi-cerrados pude vê-lo lançar um olhar breve para mim. Não sei se sorria ou qual era sua expressão, estava malditamente escuro.


O que importa é que eu estava aflito. Estava preocupado. Antes mesmo de ter qualquer coisa além com David, ele já me era minha criança. Ele era e é, fim de papo. Não queria nem saber o quanto isso soava possessivo ou o quão intenso possa parecer, ele era minha criança e eu cuidava dele como tal. Isso era um mérito que nenhum dos outros quatro poderia pensar em discutir, sequer brincavam com isso, pois já sabiam da minha reação. Eu atearia minha mão no fogo por ele, e provavelmente ele era o único que não sabia disso, é.


Enfim percebi que ele já havia tirado a blusa que estava usando - uma vermelha com os dizeres "Slut" no centro, divertida, bem a cara dele - e se jogava na sua cama, deitando-se de bruços, com o rosto virado para a parede. Olhá-lo assim era um pecado, e uma baita violação com minhas horas de sono, considerando que quando meus pensamentos passavam para o loirinho, eu me perdia neles por horas e horas afim.


"Intenso…" Sussurrei tão baixo que nem eu fui capaz de ouvir. O fato era que aquela era a palavra que nos definia. Eu e David, David e eu… Era tudo muito intenso. Era tão intenso que por vezes, doía. Como agora, doía como o inferno. Tudo entre a gente tinha fluído tão rápido… Certo, demorei praticamente um ano para tomar vergonha na cara e finalmente beijá-lo, mas mesmo antes disso, a nosso ligação era inegável. Por uma breve conversa ao telefone - onde eu estava perdido por ele -, nos conectamos de uma forma quase familiar, como se já fossemos amigos de longa data e pudéssemos conversar sobre tudo, sem restrições. Ele se tornou meu melhor amigo, me conhecendo quase tão bem quanto Chuck - com quem eu convivia a no mínimo uma década -, em uma semana.


Eu teimava em acreditar que éramos alguma espécie de predestinados, mas ás vezes, essa possibilidade acampava na minha mente, recusando-se de sair. Foi tudo muito rápido. A confiança, os toques, os beijos, os apelidos, o carinho… A conexão em si, foi terrivelmente tudo muito rápido. Ao mesmo tempo… Parecia que foi tudo muito certo. Eu não conseguia impedir meu desejo de querer estar com ele todo o segundo. Algo que eu já sentia muito antes de sequer pensar em beijá-lo. Algo que eu não podia negar. Eu o queria, mais uma vez, intensamente.


Por fim, soltei um longo suspiro, virando meu corpo na cama ficando de frente para a parede. Amanhã era nosso último dia antes de conhecermos a equipe de produção e começarmos as gravações do nosso CD. Com o pensamento nisso, não me demorei muito a finalmente dormir.



[…]



Fui o último a me levantar na manhã seguinte, encontrando todos na mesa conversando e comendo - tirando Pat, que estava com uma cara terrível de mau-humor e uma compressa de gelo na testa -. Acenei de leve e eles fizeram o mesmo. David estava adorável, com o rosto todo sujo de Nutella, como a verdadeira criança que ele realmente é.


Sentei-me e pude perceber que eles estavam no meio de uma história - que David contava -. Não demorei muito pra perceber que se tratava de como havia sido a noite anterior dele e de Pat.


–… Chloe não queria absolutamente nada com ele. - David riu, fazendo o mesmo com o resto de nós e Pat suspirou raivoso, parecendo odiar aquela conversa mais do que qualquer coisa. - Ela achou o número dele no celular, quando ele mando uma mensagem dizendo que estava em São Francisco e perguntando se ela ainda morava aqui… - Ele pausou para dar um gole no seu… Achocolatado? Deus, ele era tão infantil… Bom, era melhor do que se tomasse café, né? - e o número estava salvo como "Aquele garoto loiro da escola"! Dá pra acreditar? Ela sequer se lembrava do nome do bonito aqui! - David apontou para Pat. Ele estava aproveitando para fazer a zoação agora, já que Pat estava impossibilitado de gritar com ele ou socá-lo até calar a boca (como se eu fosse deixar ele fazer uma atrocidade dessas…) - Ela achou que pelo "loiro", era algum jogador de hóquei da escola, algum garoto popular! - Todos riram ainda mais, Jeff chegava a chorar de tanto rir (com a sua clássica risada cômica) e Pat rosnou, enfiando o rosto no braço. - Mas a melhor parte é que mesmo depois disso, Langlois continuou persistente atrás da loira, e ela acabou nos levando para uma balada nada a ver! Sério, só tinha bizarrices… Vocês sabem, fazendo jus a ideialização de São Francisco e tal! - David alcançou outra bolachinha e mastigou antes de prosseguir seu relatório sem fim. - Foi um completo saco! Pat a seguia feito um cachorrinho, e vocês não fazem ideia dos "issos" que eu vi lá!


– Os "issos"? - Jeff questionou, mas ainda rindo da história toda.


– É… Tipo, não dava para saber exatamente o que eram. Não me refiro somente a sexualidade da "coisa", mas tão pouco eu sabia se eram humanos! - A voz de surpreendido e indignado do David era palpável. Um verdadeiro amor, completamente inocente. Depois disso, Pat teve que se retirar da mesa, já que nem Jeff, nem Chuck, nem Seb e também nem eu conseguimos nos segurar, e as gargalhadas alcançaram um nível muito alto e irritante. - Minha sorte é que Alice estava lá pelo menos… Eu estava completamente deslocado, então foi bom ter alguém para conversar o resto da noite. - Ele falou e minha risada foi cessando aos poucos. Nada contra Alice. Ela era linda e parecia ser uma pessoa legal. Porém, ela estava completamente interessada no David -que sinceramente, eu não sabia se tinha sido capaz de perceber isso, a julgar sua inocência eterna- e isso não me apetecia em absolutamente nada.


– Cale a boca! Ela é apenas uma amiga que fiz ontem, oras! - Sai do transe com a voz reclamona de David, se dirigindo a Jeff.


– Qual é David, ela era uma gata! Seria um crime se você não tentasse nada! - Jeff continuava, então logo percebi do que a discussão se tratava.


– Se achou isso dela, fique a vontade de tentar, Jeff! - David respondeu irritado.


– Não sou tão filho da puta a ponto de roubar a garota do meu amigo, Davey! - Jeff deu uma piscadela para ele, enquanto eu apenas observava tudo (não gostando nadinha da ideia patética de Jeff), Chuck ria e Seb apenas me lançava um olhar de compreensão, meio como se pedisse desculpas pelo comportamento do careca.


– Ela não é "minha garota", Jeff. Eu não estou interessado. - David falou por fim, cruzando os braços. Eu sorri de canto pela sua atitude me segurando - MUITO - de agarrá-lo no mesmo instante.


– E por que não? Oras… - Jeff parecia não acreditar em "tanta asneira".


– Porque… - Vi que ele ia acabar soltando alguma coisa indevida, mas apenas arregalei os olhos de susto. Ele pareceu perceber o próprio erro e se cortou - Porque não, oras!


Aquele assunto deu-se por encerrado - apesar de Jeff não ter concordado, revirando os olhos insistentemente - e nós terminamos de comer sossegados.


[…]


– Aqui é bonito… Agradável… - David disse enquanto caminhávamos pela praia, e eu sorri concordando com a cabeça. Não fazia ideia da onde estavam o resto dos meninos, mas realmente não ligava. Era bom ficar a sós com ele. - De manhã é agradável. De noite é bastante assustador! - Ele se corrigiu, arregalando os olhos em um espanto gracioso.


– Adianta dizer que não gosto da ideia de você andando por aí sozinho? Ainda mais de noite. - Falei com o tom levemente sério.


– Não estava sozinho, tipo "sozinho sozinho" mesmo. Tinha Pat. - Eu o cortei antes que prosseguisse.


– Belo exemplo de responsabilidade! - Falei com sarcasmo e ele riu de leve.


– Certo, tinha Alice também…


– Sim David, se alguma daquelas "bizarrices" decidisse dar em cima de você, a sua "namoradinha" que iria te proteger, certo? Claro, claro! - Falei super irônico me arrependendo amargamente de ter soltado o "namoradinha".


– Ela não é minha namorada e… - Uma lâmpada pareceu se acender sob sua cabeça - Espere aí, Pierre, está com ciúmes da Alice?


– Não. Nem conheço ela, como vou ter ciúmes? - David revirou os olhos, ele sabia que eu havia entendido o que ele queria dizer e só estava sendo um verdadeiro chato mesmo.


– Você entendeu… Estou perguntando se está com ciúmes de mim COM a Alice.


– Não David, estou apenas preocupado. Não gosto de você sozinho assim. - Dei de ombros. Ok, eu não estava com humor de me dar por vencido.


– Não gosta de me ver sozinho, ou não gosta de me ver com outras pessoas que não são você, em especial quando não está por perto? - Ele disse, tentando ver se aquela frase fazia algum sentido.


– Ou isso… Tanto faz.


– Isso se chama ciúmes, Bouvier.


– Isso se chama preocupação, Desrosiers.


– Preocupação E ciúmes, Bouvier. - Ele deu de ombros.


– Tanto faz, David. Achei que já tínhamos chegado a conclusão de que eu tenho ciúmes de você, sim.


– E eu achei que já tínhamos chegado a conclusão de que você não precisa ter.


– Do Jeff, talvez. Ter ciúmes do Jeff é besteira, tudo bem. Mas das outras pessoas, não.


– Não tem que se preocupar quanto a Alice. Sério.


– Talvez não seja só ela que me preocupa… - Declarei assim que me recordei dos dois meninos, que faziam parte daquele grupo, que ontem praticamente engoliram David com os olhares - nojentos! - maliciosos.


– Quê? Como assim, Pierre? - Ele disse completamente aéreo ao acontecimento.


– Esqueça, DD. Não tem importância. - Ele suspirou, concordando em deixar esse assunto de lado.


– Então… Alice, bem, ela me chamou para ir a uma espécie de bar hoje a noite, sabe… Mas eu, hã, como eu disse, não precisa se preocupar, sabe? Eu não quero nada com ela, então mesmo que ela pense em mim dessa forma… E eu não estou dizendo que ela pensa! Mas eu… Eu não vou permitir que nada aconteça, sabe? Eu hã… Uh, pensei em ir. - Ele se embolava cada vez mais para falar, era tão fofo… Seria, na verdade, se ele não estivesse me falando que pretendia sair com Alice hoje, DE NOVO, e eu não soubesse que isso significava que provavelmente aqueles nojentos do parque estariam lá também.


– Você… - Suspirei fundo antes que acabasse sendo rude com ele - Você sabe que… Que eu não gosto disso.


– Pierre, não vou sair pra "catar" alguém, não se preocupe com isso. - Ele falou, mas claro que isso não me acalmou de forma alguma. Quer dizer, sério? Olhe pra ele! Ele é lindo. Qualquer um que o vê, se apaixona, é inevitável. E ele é tão pequeno… Frágil… Ingênuo. Sinceramente, se alguém decidisse que queria David, bem… O que ele poderia fazer? Só de pensar na possibilidade de algum safado (ou safada cof-cof Alice cof-cof) tentando se engraçar com ele, me cortava por dentro. E se não bastasse, eu já me sentia um completo insignificante. Quer dizer, me chamar para ir a esse bar junto com ele sequer passou pela sua cabeça?


– E outra, não é exatamente como se você pudesse se incomodar com isso, sabe? - Ele falou e meus olhos arregalados correram pelo seu rosto, buscando os seus. Inútil, é claro, já que ele estava encarando seus próprios pés. O que diabos ele queria dizer com aquela sentença? - Quer dizer… Qual é, Pie… - Ele soltou uma risada tímida e gozada, tentando quebrar um pouco a tensão do momento - Nós só estamos… Nos divertindo, né? - Ele riu brevemente, olhando para os lados a procura de olhares curiosos. Não encontrando, depositou um selinho rápido nos meus lábios e se afastou rindo.


"Nós só estamos nos divertindo."

David piscou para mim e saiu em direção a casa. Eu estava perplexo. Aquilo havia doído como uma facada no meu peito - se bem que a facada me parecia bem mais gentil -, e eu fiquei completamente sem fala. Por Deus, David! Isso era sério? Era realmente assim como ele via tudo aquilo? Não, ele não pode ser tão idiota a ponto de pensar que tudo que a gente fazia - especialmente tudo que eu fazia por ele - era apenas por diversão.


Agora não era apenas o medo de deixar a criatura mais quebrável do universo sair de noite com um bando de desajustados que desejavam seu corpo piamente, era o medo de ele sair de noite com um bando de desajustados, me deixando em casa, sendo visto como apenas um objeto de sua diversão.


"David não gosta de mim. " Soltei entre suspiros, ainda parado no mesmo lugar que antes. "Não gosta de mim como eu gosto dele." Cara, aquele sentimento era muito ruim, era cortante. E sabe o pior? Era apenas uma frase. Uma frase curta, feia, sequer rimava! Era um simples "estamos só nos divertindo" e nada mais. E eu? Eu era a droga do Pierre Bouvier! A droga do Pierre que costumava achar que o ápice de uma relação - que para mim não poderiam durar mais do que duas semanas - era quando ambos estavam APENAS se divertindo. Céus, se 'divertir' é bom, droga!


Porém… Não com David. Não mesmo, não era o bastante,


Para mim não era o bastante, ao menos. Ao que parece, para ele estava mais que ótimo.



[…]


Depois que entrei em casa - bem tarde, já que fiquei caminhando pela cidade, me matando com meus próprios pensamentos -, me deparei com os quatro na sala, jogando dominó ou algo do tipo.


– Nossa, Pierre, você foi assaltado? - Jeff debochou. Minha cara certamente estava péssima, Eu apenas estava nervoso demais para dar a mínima.


– Cadê o David? - Perguntei impaciente.


– Está lá em cima se arrumando. Vamos sair daqui a pouco, sabe… - Pat respondeu e eu me direcionei para a escada rapidamente, cortando-o.


– É, eu já sei. - Falei sem olhar para trás, mas senti os olhares de interrogação me encarando.


Entrei no quarto, sem bater, e o vi na frente de um espelho secando e penteando seus cabelos para cima. Ele estava com uma bermuda de skatista e uma camiseta rosa. Assim que viu meu reflexo pelo espelho, me lançou um sorriso curto e simples, que não respondi.


Fui me aproximando dele até que ficasse bem atrás dele, e ele notou meus olhos turvos de preocupação chamaram sua atenção, então ele se virou para mim com uma sobrancelha arqueada.


– O que? - Ele perguntou e eu cocei minha nuca encarando o chão - que me apareceu bastante interessante naquele momento - antes que respondesse.


– Eu gostaria realmente que você não saísse hoje. - Falei por fim, com a expressão séria. Ele levantou ambas as sobrancelhas em surpresa.


– Pierre… Eu vou sair, está bem? - Ele disse entre um suspiro, e seu tom de voz demonstrava claramente que estava aborrecido, mas não queria brigar. Bom, nem eu queria.


– Eu sei que vai. - Disse cauteloso - Só estou deixando bem claro que não gosto disso, não aprovo isso e isso me chateia. Apenas isso.


– Ora, eu me divertir te chateia? - Ele riu irônico, mas não estava achando graça realmente. Nenhum de nós estava.


– Não. Não tenho problemas com você se divertindo. - Falei me lembrando (e sentindo a pontada violenta no meu coração de novo) que eu era um dos meios dele se divertir, afinal - Mas eu realmente não acho que você sair com essas pessoas seja uma forma agradável de passar a noite.


– "Essas pessoas"? Por Deus, Pierre, nós já não falamos sobre isso? - Ele resmungou rolando os olhos. Eu não me importei, realmente.


– Que seja, David. Nós falamos, e eu não mudei minha opinião. Espero que saiba disso. - Falei soando bastante autoritário. - E eu realmente acho que alguma coisa ruim pode acontecer se você sair, então gostaria que você não o fizesse. - Eu falava calmo, não ia brigar. Me recusava a brigar com ele, simplesmente recusava. Mas não iria deixar de falar o que eu pensava também.


Ele suspirou balançando a cabeça em negação, e voltou os olhos aos meus - Olha… Eu não quero brigar, está bem? - Ele disse por fim, e por um milésimo de segundo eu pensei que ele havia se dado por vencido e decidido ficar em casa. Engano meu. Ele jogou a toalha na cama, pegou sua carteira na cômoda e me olhou simples, com uma expressão difícil de identificar. Não era um sorriso, não era nada. Suspirou mais uma vez, ainda me olhando e então se retirou do cômodo.


[…]

Jeff e Chuck foram para alguma festa da praia que estava rolando. Um lual, eu acho… Não sei, não me dei o trabalho de prestar atenção. David e Pat já haviam saído, então eu estava jogado de bruços no sofá da sala, de frente para o telefone - como se fizesse alguma diferença ou como se alguém realmente fosse ligar -. Seb ia sair pro lual também, mas como assim que eu sai do banho, simplesmente me arremessei no sofá com a cara mais destruída de todas, ele simplesmente deu meia volta e decidiu ficar em casa comigo. Os meninos não questionaram, considerando que eu realmente estava muito esquisito.


– Ok, Pierre… O que você tem, cara? - Seb falou depois de um tempo apenas analisando minha situação precária. Mais uma vez sua voz fez soar que ele estava conversando com um retardado. Eu amava quando ele fazia isso. Poxa. Muito legal. Yey.


– Nada. - Resmunguei, ainda com os olhos fixos no telefone a minha frente. Céus, afinal o que eu estava esperando?


– Tem certeza? - Ok, Seb era um ótimo amigo, mas eu estava de fato decidido de que não ira conversar a respeito dos meus problemas com ninguém. Sério, eu apenas gostaria de ficar quieto e é isso aí.


– Sim, Seb. Não se preocupe.


– Você… Não quer sair? Pode ser bom. - Ok, eu não estava com ânimos para discutir, e Seb não iria parar de insistir para a gente sair ou conversar. Dos dois, eu preferia sair de uma vez e assim ele me deixaria quieto.


Me levantei de supetão e fui em direção a porta. Seb me olhou sem entender muito bem.


– Anda, Lefebvre. Quer sair? Vamos. - Falei e ele concordou indo rápidinho em direção a porta.


[…]

Estávamos em um bar que Seb tinha encontrado em uma das suas caminhadas. O lugar era bastante agradável. Dividido entre as mesas do bar e um espaço de dançanteria com uma iluminação de luz negra - que chegava a dor de cabeça ás vezes, mas deixava o ambiente bonito -, tinham quadros divertidos e uma decoração dos anos 70. A cadeira das mesas era um sofá em formato de U que circulava a mesa.


Seb conversava alguma coisa geek que eu não entendia/não me interessava naquele momento. Meus pensamentos estavam anos luz daquele bar. Eles estavam em David, é claro.


Pelo menos era o que eu pensava…

Assim que virei meu rosto para onde estavam sentados os clientes, reconheci o loiro espetado na mesma hora. Seb notou meu espanto e olhou na direção que meu olhos estavam.


– Olha, é David! - Ele ressaltou o óbvio e eu continuei olhando-o perplexo. Depois fui notar que Alice, os dois babacas do bar e umas três outras pessoas que eu nunca tinha visto, estavam sentados na mesa com ele -nem queria saber onde Pat havia ido parar -.


– Bom, vou ao banheiro ok? - Seb disse e eu nem me virei para ver seu rosto, só ouvi seus passos se distanciando.


Pensei em me aproximar e ir falar com David, mas como isso iria soar? Ele no mínimo ia pensar que eu estava, sei lá… Perseguindo ele? E, é. Eu não queria isso.


Daí notei que o rapaz mais alto, o loiro, não só estava do lado - em cima - do David, como também fazia aquela jogada estúpida de se espreguiçar. Céus, ele estava abraçando o meu David. Ele estava agarrando o meu anjo puro e inocente. E MEU.


Eu não poderia falar nada, no fim das contas. Afinal, "só estamos nos divertindo", não é? Que autoridade eu teria para mandar aquele… Aquele prostituto! Aquele prostituto para o inferno? Nenhuma, aparentemente.


Eu estava prestes a ir procurar Seb no banheiro e dar o fora daquele pesadelo de uma vez, mas o loiro (o loiro ridículo, não o loiro anjo) começou a dar muito - descaradamente - em cima do David, se insinuando. Er a de dar ânsia de tão nojento.


– Mas e aí David… Você namora? - Ele perguntou e David começou a encarar a mesa, meio que sem saber o que diabos responder. Aposto que ele sequer tinha noção do que aquele cara queria com essa pergunta.


– Hã… Não. - Ele respondeu por fim e antes que eu pudesse ter qualquer reação, o cara agarrou seu rosto e praticamente o devorou.


Como eu já havia previsto, David foi incapaz de afastar-se, por mais que ele tentasse empurrar a cara, ele era muito mais forte, e segurava seus pulsos com força.


Meu estômago revirou.


Peguei minha carteira na bancada e corri para o banheiro afim de puxar Seb a força de lá e ir para casa me martirizar em paz.


Enquanto me afastava ainda pude ouvir David gritar um "Você está louco?" e pelo barulho, afastar a mesa o suficiente para que ele saísse de lá. O cara reclamou alguma coisa dizendo para David "relaxar" mas a esse ponto, David já havia se retirado - por sorte pelo lado contrário ao meu -.


[…]


Segunda foi um dia fantástico. O resto da equipe de Arnold era fantástica. Joe, o cara que mexia com as partes mais técnicas do CD, como remixar e essas coisas, até nos ensinou a mexer naquele trilhão de botões que ficavam ante a sala de gravação. Claro que a gente não aprendeu nem metade, mas foi divertido. Até começamos a gravar algumas músicas e comemos pizza enquanto isso. Seb ficava rindo enquanto Bryan e Joe ficaram "Rebobinando", por assim dizer, minha voz no programa de computador, procurando por falhas. Claro, era realmente engraçado, eu ficava com voz de esquilo, e ainda por cima ao contrário!


Eu estava dando o meu melhor para me divertir e deixar todo o ocorrido da noite de domingo de lado. Eu até estava me saindo bem, mas não conseguia trocar olhares com David. Isso seria malditamente difícil. Evitei ficar a sós com ele o dia inteiro, então pudemos nos divertir como uma banda. Até dei uns socos e caí na porrada com Chuck - Eu estava com saudade disso! -, o que foi ótimo.


Eu só… Não conseguia ignorar o fato de que… David sequer havia contado para mim. É claro que a situação me deixaria chateado - partindo do princípio que eu supostamente não sei de nada -, mas seria muito mais fácil lidar com isso se David simplesmente me contasse. Era tão difícil ser sincero comigo, droga? Enfim.


[…]


Estava sozinho no estúdio, tocando a bateria do Chuck. Já era fim de tarde, então a equipe toda já tinha ido embora - não sem antes dizer para a gente não se acostumar, porque os dias de ralação a gente ficaria até de madrugada sem pode reclamar -. Os meninos estavam na cozinha/sala eu presumo.


Aí a porta anti som se abriu e eu tive que parar de batucar para ver quem era.

David.

Estremeci um pouco ao pensar que ele poderia estar ali para finalmente confessar o que aconteceu. Pensar nisso me deu um mix de felicidade (por ver que ele não iria mentir para mim) e tristeza por que, bem… Pelo motivo óbvio.


– Pie… - Ele disse se sentando do meu lado, tocando meu braço. Eu jogava as baquetas no chão e me virava para ele. Fiz um "hum" indicando que estava ouvindo e que ele poderia continuar - Está tudo bem com você?


– Hum… Acho que sim. Porque? - Respondi apenas esperando.


– Vocês parece tão distante… Aconteceu alguma coisa? - Ele me fitou com o olhar preocupado.


"Sim David, aconteceu. Por que você não me fala o que que foi?" Pensei apenas.


– Não. Só queria ficar só hoje, sabe? Praticando. - Apontei para a bateria.


– Você sequer toca bateria na banda, Pie! - Ele riu gostosamente e eu dei um curto sorriso, sem mostrar os dentes.


– É, mas eu gosto. - Dei de ombros e ele concordou. Ele também era completamente apaixonado por tocar bateria. Mais ainda do que baixo.


– Pie… - Ele disse depois que ficamos alguns segundo em silêncio - Está tudo bem? Quer dizer, está tudo bem com a gente? - Me senti quebrando por dentro quando ele falou aquilo. "a gente"? Que " a gente", David?


Ao invés de falar o quanto aquilo me incomodava, eu simplesmente dei de ombros e dei-lhe um sorriso - muito falso, porém esforçado -.


– Sim, David. Está tudo bem.


Ele sorriu brandamente, e me deu um selinho doce, antes de saltitar até a porta e me deixar sozinho de novo.


David era tudo para mim. Era sim, juro que era. Mas aquilo estava impossível de suportar.



[…]


Entrei no quarto e já era meia-noite. Iríamos acordar cedo para REALMENTE trabalhar no dia seguinte, então todos do quarto ao lado já dormiam. Seb estava na sua cama com seu gameboy super entretido.


– Cadê David? - Perguntei e ele sequer olhou para mim, ocupado demais matando sei lá quem.


– Tomando banho.


– Quando ele sair, você pode pedi-lo para ir para a cozinha? - Perguntei e Seb me fitou, eu estava com a expressão séria e me sentindo bastante deslocado.


– Aconteceu alguma coisa? - Ele perguntou.


– Só faça o que eu pedi Seb, por favor.


– Hm, tudo bem, eu aviso ele.


– Obrigado. - Sorri de lado e sai do quarto indo para a cozinha, me encostando no bancada da pia e esperando por David lá.


Ele apareceu depois de quase vinte minutos, com os cabelos ainda úmidos, de samba canção e uma blusa preta que ele usava para dormir. Ele sorria tão lindamente e, diferente de todas ás vezes que eu olhava em seu sorriso, não me senti contagiado a sorrir de volta. Na verdade, vê-lo sorrir me fez sentir uma bagunça no meu organismo, uma tristeza interminável.


– Oi! Seb disse que você queria falar comigo. - Ele disse animadamente, correndo para o meu abraço, mas eu me virei fingindo pegar água no filtro. Tocar David só pioraria as coisas.


– Sim… - Sussurrei.


– Pode falar. - Ele disse ainda meio confuso, mas ainda tão alegre quanto antes.


Suspirei fundo. Era agora.

David… O que nós estamos fazendo, afinal? - Perguntei angustiado. Odiava saber o rumo que aquela conversa levaria.


– Quê? Como assim, Pie? - Ele disse rindo, enlaçando os braços ao redor do meu pescoço. Eu rapidamente o tirei e ele riu nervosamente, confuso. - Pie…


– David… Isso… - Apotei para mim e para ele - Isso… O que é isso? - Falei quase desabando.


– "Isso"? - Ele falou sarcástico. O tom alegre havia ido embora e David estava começando a ficar raivoso, impaciente - Você chama de "isso"?


– Você entendeu o que eu quis dizer… - Falei baixo, enquanto ele falava relativamente alto, mas não o suficiente para acordar os meninos lá em cima.


– Não, Pierre! Não entendi nada do que você quis dizer! Que tal se você começasse a explicar, uh? - Olhei para seu braço e pude perceber que ele tremia. Tremia sem parar. Eu realmente não imaginei que ele ficaria tão nervoso.


– David… A gente vem se divertindo… Muito. - Sabia que iria me arrepender amargamente por falar de "diversão" numa hora dessas. Aliás, eu já me arrependia. Não era assim que eu via as coisas, era David que pensava desse modo - Mas… Isso tem que parar, e você sabe disso. - Nessa hora fui capaz de ouvir meu coração se quebrando em trilhões de pedacinhos.


David manteve sua expressão nervosa, mas logo ele ficou chocado, pálido. Seus olhos já estavam vermelhos dele tanto segurar o choro.


Eu já não me aguentava e deixei uma lágrima rolar.


– Pierre… - Ele falou pausadamente, respirando fundo, quase fungando - De onde você tirou que eu sei disso? - Seus olhos buscaram os meus, e estavam trêmulos, confusos.


– Você deixou as coisas bem claras aquele dia na praia… - Falei entre um suspiro. Minha dor era palpável.


Ele então levantou a cabeça, me olhando mais uma vez, dessa vez com espanto e raiva.


– Puta que pariu! - Ele colocou as mãos no rosto incrédulo - Você não entendeu… Você não entende nadinha de porra nenhuma!


– Então você quer me explicar? - Não aguentei, e fiquei nervoso também.


– Eu não tenho que te explicar nada! Achei que você me conhecesse, mas vejo que não!


– Certo, David! Dê um de mimado mesmo, isso deve ajudar, com certeza! - Falei sarcástico. Não queria me sobressair com ele, porém foi inevitável. Era tanta raiva e tristeza misturada…


– Não me defina, Pierre! Você não sabe nada a meu respeito, então cale sua maldita boca! - Ele estava completamente alterado, então tive que fechar a porta.


– Certo David… - Falei com calma. Aquilo não era uma competição de quem gritava mais alto, afinal. Parecia mais uma competição de quem machuca mais o outro, isso sim, certamente.


– Certo Pierre. - Ele falou acalmando seus ânimos também, respirando bem fundo - Fale de uma vez o que você quer dizer.


Olhei para baixo e senti minhas mãos tremerem. Eu tinha que fazer isso, mesmo sabendo que me mataria. Que seja, eu já estava praticamente morto.


– David… Acho melhor a gente acabar… - Não consegui concluir a sentença. Afinal, "acabar" o quê? Segundo o próprio, não tínhamos nada, mesmo.


Ele agora chorava e soluçava. Eu não conseguia sequer entender o porquê… Eu estava destruído, eu estava sofrendo. Queria arrancar meu peito pra fora pra fazer aquela dor ir embora. Mas David? Eu estava apenas fazendo o que ele queria.


– Eu… Me importo muito com você… E sempre que precisar de mim, vou cuidar de você. - Disse, finalmente liberando todas as lágrimas que mantive dentro de mim.


Eu não era assim. Não mesmo. Chorava muito raramente, pra falar a verdade, nunca chorava de fato. Mas com David… Eu não me importava. Eu me sentia tão seguro para fazer isso, colocar tudo para fora. Era definitivamente uma grande merda ter que dizer adeus para tudo aquilo.


– Não… - Ele falou com a voz rouca e falha - Não preciso que cuide de mim...


– David… Eu não quero perder você… - Falei e notei que ele estava cada vez mais distante de mim. Não apenas no físico, mas principalmente no psicológico - Eu… Eu quero ser seu amigo. - Me apoiei na bancada novamente. Céus, minhas pernas estavam tão bambas que eu poderia despencar no chão a qualquer segundo. - Você é meu melhor amiga, David. - Olhei-o nos olhos, lançando-lhe um sorriso curto e triste.


Ele se apoiou na porta, não respondendo nem ao meu sorriso, nem a minha fala.


– Eu… Eu tenho que ir… - Ele finalmente falou, olhando para baixo e revirando a maçaneta da porta.


– David…


– Tchau, Pierre. - Foi tudo que ele disse antes de sair correndo. Correndo e chorando.


Deslizei meu corpo pela porta da geladeira, ficando sentado e abraçando meus joelhos. Fiquei assim até sentir que conseguir respirar regularmente de novo e chorei tudo que podia chorar. Desse modo eu poderia me sentir seco e desidratado por dentro, mas de forma alguma se comparava a dor que eu sentia.


Tomei coragem para me levantar e ir ao quarto.


Cheguei lá e me deparei com a escuridão -Seb já dormia, certamente a tempos - . Olhei para a cama de David e ele não estava lá. Despenquei na cama, mas sequer consegui pregar meus olhos, encarando o teto.


De repente a porta de abriu e era ele.


Ele virou o olhar para mim, mas logo o desviou, se dirigindo para sua cama. Virou-se para o lado da parede e eu pude ouvi-lo soluçar baixinho.


– David… - Suspirei, olhando em sua direção. Ele cessou o choro na mesma hora. Provavelmente pensou que eu já dormia.


Depois de alguns minutos naquele completo silêncio, ele me respondeu, brevemente.


– Me deixe em paz, Pierre. - Sua voz era seca e mal parecia com a voz de algodão tão doce que ele tinha.


Balancei a cabeça, concordando para o nada e voltei a encarar o teto.


– Pierre… - Ouvi a voz preocupada e cautelosa de Sébastien vindo de cima. Ele certamente tinha ouvido o que acabara de acontecer.


– Vai dormir, Seb. - Disse por fim, forçando meus olhos a se fecharem.


Até parece que eu dormiria aquela noite.



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Notas finais do capítulo

):



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