Corei.

A lembrança daquilo me deixou com mais vergonha do que qualquer outra coisa. Mais do que ter dançado até o chão, mais do que as coisas que eu ouviria de Fernanda segunda. E Carol, para "ajudar", começou a rir, rir com vontade.

- Para de rir garota! Isso é sério. - Disse, brigando com ela. - E se ele estiver com raiva?

Carol, secado lagrimas dos olhos, parou de rir para responder:

- Com raiva? Parece até que você não conhece ele.

- Mas...

- Se toca, ela deve ter esquecido já! - Me interrompeu. - Qual foi a reação dele na hora?

- Eu não lembro! - Respondi desesperada. - Não lembro nem porque fiz isso! Mas aposto que ele lembra de tudo.

A esta altura da conversa eu já tinha terminado de limpar meu rosto. 

- Esquece isso, vamos comer. - Disse Carol.

-Seu irmão tá ai? - Indaguei.

- Não sei. Ah, serio que você não quer sair por causa dele?! - Ela estava revoltada. - Para de palhaçada, troca de roupa e vamos.

Carol pode ser muito autoritária as vezes. Quando isso acontece fica difícil dizer não para ela. Então me troquei e fui, resmungando, pois tinha certeza de que ele não se esquecera daquilo. Quando chegamos na sala me deparei com uma linda mesa de café da manhã. Tinha de tudo, pão, suco, queijo, torrada, manteiga, presunto, requeijão, leite... Com tanta comida na minha frente até me distraí , por pouco tempo.

Assim que sentei na mesa, onde estavam Caro e sua mãe, Lucas chega. Assim que ele se senta eu fico observando seu rosto para tentar descobrir se ele se lembra. Nenhuma pista. Então a mãe deles, Cláudia, diz:

- Como foi ontem? Gostaram?

- Sim. - Responderam Lucas e Carol.

- E você Alice? - Perguntou Cláudia, olhando para mim.

- É, foi legal. - Não satisfeita com nossas respostas, ela virou-se para Lucas e perguntou, com um jeito de quem tenta ser "descolada":

- Pegou várias filho?

Nesse momento Carl bufou e revirou os olhos, Lucas abaixou seu sanduíche e fez um barulho de reprovação, seguido de uma resposta:

- Ai mãe! Sério que você tá perguntando isso? - Acho que foi a primeira vez que vi Lucas envergonhado.

- É sério! - Disse a mãe indignada - vocês não precisam ter vergonha. Então, quantas?

Não sei e foi impressão minha, mas fiquei com a impressão dele ter olhado para mim, bem rápido, antes de responder.

- 3.

 Menos do que eu - notei. Enquanto isso Carol falava baixinho ao meu lado: Que bom que eu estou namorando, assim pulo a sessão de perguntas. Após a "sessão", Cláudia levantou e disse que precisava se arrumar para sair. Como já tínhamos acabado de comer, e nada para fazer, ficamos na mesa conversando. Carol começou com os comentários sobre a noite anterior.

- Que isso hein Lucas, 3... - Sorrindo ele respondeu:

- Pelo menos, eu não fiquei super bêbado! -Me encarou, e como era de e esperar, eu corei.

- Não me julguem... - Fiz uma pausa. - Eu ia dar alguma desculpa para ter bebido tanto, mas não consegui pensar em nenhuma.

Rimos. Então Carol fez uma coisa que quase me fez pular em seu pescoço. Ela levantou e disse, enquanto me deixava sozinha com Lucas:

- Pelo menos eu não fico bêbada e aperto bundas alheias.

Fez-se silêncio por dois segundos, mas pareceram dois minutos. Eu disse, empurrando as palavras ara fora:

- Hm, me desculpa por isso, é que eu tava em louca mesmo.

- Fica tranquila, cara - adoro o jeito que ele deixa o clima mais leve quando fala. - Você estava loucona mesmo, e eu passei a mão em várias bundas mesmo, então acho que mereci. E ai, gostou? - Retiro o que eu disse, ele acabou de deixar o cima super tenso. Resolvi responder com uma brincadeira.

- Ui, amei. - Rimos. - Vou lá pro quarto matar a sua irmão rapidinho.

- Boa sorte - respondeu Lucas. - Espero que consiga.

Levantei e passei do lado dele no caminho. De repente a coisa mais inesperada aconteceu. Enquanto eu passava Lucas apertou meu bumbum e disse, dando uma piscadinha:

- "Ui, amei".