A enfermeira havia acabado de levar meu almoço, e Jake estava dormindo no meu lado quando Zara se materilizou ao meu lado.

        - Jéssica! Como você está? Eu queria ter vindo antes, mas ninguém me deixava entrar. - Ela disse, fazendo beicinho.

        - Ah, querida, eu estou ótima! E você, como está?

        - Jéssica? - Jake perguntou, acordando assustado. - Com quem você está falando.

        Droga!  - Pensei - Ele não pode vê-la.

        - Com... Ninguém. - Respondi.

        Zara me olhou magoada. - Eu não sou ninguém?

        Ai, meu Deus...

        - É claro que você é alguém, meu amor.

        - Quem é alguém? - Jake perguntou, frazindo a testa. - Você está me dando um pouco de medo...

        - Ninguém!

        - Ninguém? - Zara disse novamente, enquanto Jake levantou do meu lado e disse que ia atrás de uma enfermeira.

        - Não! - Gritei.

        - Sim! - Jake disse.

        - Não grite! - Zara disse.

        - Não! - Gritei novamente, dessa vez mais alto. - Jake, sente agora! Zara, sai de cima da minha comida!

        - Zara? - Jake perguntou.

        - Jake? - Zara perguntou.

        Eu a fizilei. - Você pode vê-lo, Zara.

        - Posso? - Ela perguntou com um sorriso travesso.

        - Quem diabos é Zara? - Jake perguntou de novo.

        - Diabos? - Zara gritou. - Fique sabendo, senhor Jake- Estúpido, que eu não sou diabo nenhum, e sim uma criança muito bondosa que foi para os Campos Elísios! - E então ela chutou a canela dele, fazendo-o saltar.

        - Ai! - Ele gritou. - Mas o que foi isso?

        - Zara. - Eu respondi.

        - Porque você fica repetindo esse nome? Não tem nenhuma Zara aqui.

        Zara soltou um suspiro de indignação e cruzou os braços.

        - Na verdade, tem sim. - Eu disse.

        - Ah. - Ele respondeu. - Ah! É mais uma daquelas coisas legais que você sabe fazer! Você está falando com uma pessoa morta. Como ela é? É bonita? Quantos anos tem?

        Zara abriu um sorriso enorme. - Fala para ele como eu sou!

        Eu poderia jurar que os olhos dela estavam brilhando...

        - Bem, ela tem o cabelo bem preto, que fica um pouco acima da cintura. Seus olhos são grandes e verdes, e ela tem treze anos. Ah, no momento ela está corada e seus olhos estão brilhando.

        Ela olhou para mim irritada. - Não precisava disso.

        Eu ri. - Ela acha que não precisava disso.

        - Ela parece ser linda. - Jake disse. - Queria poder vê-la...

        E então Zara fez algo realmente estranho.

        Ela sentou no colo do Jake, ficando de frente para ele, e depois olhou para mim. - Mande-o fechar os olhos e só abrir quando eu mandar.

        - Ahn, Jake...? Você pode, hum, fechar os olhos, e só abrir quando a Zara mandar?

        - Ah, ér, claro. - Ele fechou os olhos, sem nem se dar conta de que ela estava em seu colo, e então ela também fechou os olhos e começou a soprar no rosto dele.

         E um vento branco começou a sair de sua boca e atingir o rosto dele, deixando-o igualmente branco.

         - Pode abrir os olhos agora, Jake. - Ela disse suavemente.

         E quando ele abriu os olhos e a viu seu rosto voltou a ter a cor normal, seus olhos começaram a brilhar e um sorriso enorme tomou conta de seu rosto.

         Ele a abraçou com tanta força que eu podia jurar que iria quebrá-la ao meio.

         - Eu posso te ver! - Ele gritou.

         - Eu sei. - Ela disse timidamente.

         - E eu existo! - Eu disse, fazendo com que Jake largasse Zara e me olhasse envergonhado.

         - Desculpe.

         - Desculpe. - Zara também disse, mas não parecia nada sincero.

         Eu estava começando a dizer que estava brincando quando minha tia entrou no quarto.

         - Termine logo de comer, Jéssica, já podemos ir embora. - E então saiu novamente.

         - Isso, Jéssica. - Jake disse. - Come ai bem rápido que eu vou lá fora com a Zara, depois nós voltamos. - E então eles também sairam.

         Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo entre aquelas duas criaturas.