Gods World escrita por Giih


Capítulo 19
Jake




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- Ér... O que? N-Não tem nada entre a gente.

- Sei... – Ele olhou para o outro lado do quarto. – Você não sente mais nada por mim, não é?

Eu não respondi. Ao invés disso olhei para ele. Quer dizer, olhei mesmo, desde o seu cabelo loiro, seus olhos castanhos, sua boca, seu corpo. Suas feições agora estavam mais grossas, e não parecia nem um pouco aquele menininho que eu conheci quando tínhamos sete anos...

Eu andava pela praia com meus pais. Na verdade eu corria na frente e eles andavam atrás.  Eu amava correr, sentia como se ninguém pudesse me alcançar, como se o mundo fosse só meu. Eu sentia como se pudesse voar.

Olhei para trás. Meu pai sorria, mas minha mãe parecia aflita com algo e olhava para os lados desesperadamente.

- O que foi, mamãe? – Perguntei.

- Por favor, Jéssica, pare de voar! As pessoas vão estranhar?

Voar? Minha mãe só podia estar ficando louca.

- Mas eu não estou voando, mamãe, pessoas não podem voar! Você que me disse!

- Sim, mas tem coisas que você não entende... Que você ainda não sabe. Por favor, pare de voar.

Olhei para meu pai em busca de apoio, mas ele simplesmente suspirou.

- É melhor você parar, Jéssica.

- Mas eu não estou voando, papai! Eu estou correndo!

- Então pare de correr, querida.

Antes que eu pudesse parar, atingi alguém com força e caí de bunda no chão.

- Ei! – O menino disse. – Cuidado!

- Me desculpe. – Eu disse, enquanto levantava. – Meu nome é Jéssica, e o seu?

- Sou o Jake. – Ele sorriu, formando covinhas. Ele tinha um rosto de bebê, e seus olhos castanhos eram lindos. Seu cabelo era liso e um pouquinho arrepiado.

- Quem é esse? – Minha mãe perguntou sorrindo, quando se aproximou.

- Um amigo. – Eu sorri para ele e ele retribuiu. – O nome dele é Jake.

- Que legal! Onde estão seus pais, Jake?

- Ali. – Ele apontou para um casal sentado em cadeiras de praia.

- Eu vou lá falar com eles, está bem? Por que vocês não vão... Nadar um pouco?

- Tudo bem!  Vem Jake.

Nós passamos o resto do dia nos divertindo, e os outros dias que passamos de férias também. E um mês depois que as aulas voltaram descobrimos que estudávamos na mesma escola e morávamos muito perto um do outro. Depois disso nunca mais nos separamos, e começamos a gostar um do outro. Pelo menos no meu caso.

 Até ele ter que ir para Dinamarca, visitar a querida amiga dele, Ariel.

- Você não sente mais nada por mim desde que te deixei, né? - Ele interrompeu meus desvaneios.

- Voce me deixou no momento que eu mais precisava...

- Eu queria conhecer a Ariel.

-  ...Meus pais tinham morrido e voce foi embora. Melhores amigos antes de namoradas, lembra? Você que disse.

- A Heloísa estava aqui.

- Ela só sabia falar de você.

- Eu precisava te esquecer.

- Por isso não me ligou? Por isso ignorou todas as minhas ligações?

- Como voce...?

- Como eu sei? Eu ouvi você pedindo para sua mãe dizer que você não estava. TODAS ÀS VEZES.

- Eu sinto muito.

- Claro que sente.

- Eu não conseguia mais ficar perto de você.

- E por que não?

- Quer saber, você me dava medo, Jéssica! Qual é, você pode voar! Tudo que você me pedia para fazer eu me sentia obrigado a fazer, como um tipo de encantamento, você conseguia ficar um tempão debaixo da agua SEM SE MOLHAR, falava com pessoas mortas, vivia juntando casais -que davam certo-, conseguia devolver a vida as flores, podia transformar qualquer bebida em vinho... A coisa menos assustadora em você era tirar nota máxima em tudo, e mesmo isso era assustador! Eu fiquei com medo e fugi. Ok, sou covarde, mas você sempre soube disso. E então, quando eu me afastei, percebi que estava apaixonado, e tentei fugir mais ainda.

- Por isso sumiu por três anos a mais? E por que você me fez prometer que iria te esperar, que eu não ia atrás de outra pessoa?

- Eu não sei por que, ok?  Eu só precisava que você prometesse isso antes de partir.

Eu respirei fundo. Não estava brava com ele, eu também teria feito a mesma coisa em seu lugar. Fala sério, eu sou muito estranha. Tudo bem que agora consigo controlar melhor essas minhas fantásticas habilidades, mas mesmo assim é assustador. Só precisava saber uma última coisa.

- Jake, esquece isso. Não quero ter que lembrar o que aconteceu. Sou capaz de nunca mais olhar para você se levar em conta tudo que me fez passar.

- Então você me perdoa?

- Antes preciso fazer uma pergunta. Você ainda tem medo de mim?

- Não. Para ser sincero, acho até um pouco sexy. - Ele deu um sorrioso galanteador e eu gargalhei.

- Eu te amo, idiota. Não sei o que você tem que me faz não conseguir não te amar.

Ele riu e piscou - Eu costumo causar esse efeito nas mulheres.

Eu o empurrei com o ombro e ele riu novamente.

- Eu te amo, pequena.


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