É, eu era assim. Arrogante e mal educada. Mas acho que no fundo eu não sou assim. No fundo, eu sou doce, simpática, dedicada... Mas desde os meus 13 anos que eu já não era assim e, mesmo morando em Londres há 2 anos, já não o conseguia ser de novo. Em Portugal eu era tão infeliz... sabia que lá nunca conseguiria ser quem realmente sou. Mas aqui também não estou a ser capaz. Aqui continuo a usar esta máscara que impede tudo e todos de se aproximar de mim seja de que maneira for. Mas que posso fazer? Esta sou eu.

– Yoh, Ariadne! - Chamaram.

Virei-me e dei com o tal miúdo James a correr para mim. Acho que ele era novo na escola porque eu nunca o tinha visto... ou pelo menos, não me lembro de tal. Vinha acompanhado de um miúdo de cabelo negro, uns 10 centímetros mais alto que eu e com aspeto de ter o corpo bem definido, se é que me entendem. Era bonito mas apesar dessa visão, não sorri.

– Oi, James. - Falei seca.

– Olááááá! - Disse ele, animado. - Olha, eu sou novo aqui e tal, assim como o meu amigo, Eric... bem, queria só pedir se podíamos andar contigo por hoje já que não conhecemos ninguém aqui e eu só te conheço a ti...

– Uau. Isso é a tua maneira de engatar miúdas? - Perguntei com um sorriso de desprezo, deixando-o sem jeito.

– Ninguém te quer engatar. - Foi a vez do tal Eric falar.

– Bem, como queiram. Desde que não me chateiem muito podem andar comigo, não me interessa. - Disse, voltando a andar.

Fui dar com os meus amigos no bar da escola. Estavam lá todos a conversar animadamente e, quando eu cheguei acompanhada dos dois emplastros que me seguiam, todos se calaram para me olhar incrédulos, como quem dizia "A Aria está mesmo acompanhada por dois desconhecidos?!" Sim, pois, parece que sim. Credo, até parece que eles não eram desconhecidos antes de eu os conhecer.

– Olá, malta! - Disse eu, com um sorriso. É, eu sorria ao pé dos meus amigos.

– Olá, Aria... - Cumprimentou-me a Christie.

– Oi, Ariadne - Disse o Alex com voz de quem não estava a gostar da brincadeira.

É, eu e o Alex tínhamos tido uma curte de verão e ele acontece que se apaixonou por mim ou coisa assim. Sei lá, complicações a mais. Até porque ele sabe que eu não me vou apaixonar por ele nem por ninguém. Ele sabe que eu não acredito nessa merda de amor ou o raio. Por amor da deusa.

– Quem são os teus novos amigos? - Perguntou a Ashley.

– Estes são o James e o Eric. São novos na escola e decidiram chatear-me. - Disse eu, sorrindo falso.

– Prazer em conhecer-vos, meninos. - Disse a Daika com um sorriso.

– Prazer é todo nosso... - Disse o James, fazendo uma pausa que eu percebi o motivo.

– Estes são o Alex, a Daika, a Ashley, a Christie e o Richie. O Richie é o mais calado, a Daika é a mais animada, a Christie é a engraçada, o Alex é o conselheiro eeeeeeee a Ash é a menina das festas. Apresentação feita, agora falem com eles e não comigo. - Disse eu, dirigindo-me aos dois rapazes intrusos no meu grupo.

– Ela é sempre assim tão simpática? - perguntou o Eric ao pessoal, com um sorriso torto.

– Costuma ser pior. - Disse a Daika a rir.

Bufei e fui comprar um ice tea de pêssego juntamente com um bolinho de chocolate. Impressionante como até os meus amigos diziam que eu era antipática. Se eles soubessem metade daquilo por que eu passei não diriam tal coisa, compreenderiam-me. Mentira, nunca me compreenderiam, seria impossível compreenderem sem terem passado pelo mesmo. Então, não, eles não precisavam de saber aquilo por que eu tinha passado. Ninguém precisava de saber. Também ninguém quereria saber o que uma rapariga feia e arrogante como eu tinha passado, os problemas que tinha tido. É, eu não importava, os meus problemas não importavam...

– Está tudo bem? - Perguntou o Eric ao pé de mim, sobressaltando-me.

– Sim. - Respondi secamente, tentando não demonstrar o susto que tinha apanhado.

– Não vens para ao pé de nós? - Perguntou.

– Prefiro comer em paz e depois ir para ao pé de vocês. - Respondi.

Ele assentiu incomodado e começou a andar para ao pé do pessoal mas voltou atrás.

– Sabes, a arrogância não te vai levar a lado nenhum a não ser à solidão. - Disse ele e depois foi para ao pé do pessoal sem se preocupar em esperar pela minha resposta.

Idota do caralho, puta que o pariu, raios partam os infernos de Hades que nunca mais o levam deste mundo, caralho, foda-se. Quem é que ele acha que é para dizer tais coisas?! Talvez seja arrogante, sim, mas ele não tem o direito de proferir tais palavras. Raios o partam. Foda-se. Que direito tinha ele para opinar sobre a minha maneira de ser? Lá porque era novo na escola não tinha nada de andar por aí a abrir a boca sobre os outros. Ah merda pra isto.

Olhei para ele e dei com ele longe do pessoal da nossa mesa e agarrado a uma das populares da escola chamada Cassidy. E, sim, com popular quero dizer uma grandessíssima puta, vadia, vaca desnaturada. Credo. A miúda não desgrudava dele e ele parecia não se importar. Bonito, cada vez descia mais na minha consideração. E pensar eu que ele era bonito. Aff, que é que te deu na cabeça, Ariadne?!

Fui para ao pé do pessoal e sentei-me a acabar de beber o meu ice tea. Eles olharam pra mim com um sorriso malicioso ao ver-me olhar com nojo para o espetáculo que o Eric e a Cassidy estavam a dar. Que caralho, o que raio é que eles estavam para ali a magicar?!

– Ciúmes, Aria? - Perguntou a Daika, piscando-me o olho.

– Fode-te. - Foi tudo o que eu respondi e o pessoal riu-se todo, incluindo o tal James.

Como se eu fosse ter ciúmes de um miúdo idiota que só conhecera nesse mesmo dia e que já se estava a agarrar à maior puta da escola. Tem paciência, né? Sou bem melhor que isso