Catch Me Before I Hit The Ground escrita por Danika


Capítulo 10
I don't wanna feel this way


Notas iniciais do capítulo

Já há tanto tempo que não escrevia, minha deusa...
Senti tantas saudades de deixar a minha imaginação voar enquanto digito as palavras das minhas histórias... Espero que gostem deste capítulo!



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Tudo parecia ter dado uma volta de 180 graus num espaço de tempo muito curto. Já havia passado uma semana desde que os meus pais tinham ido viajar em negócios e me deixaram sozinha com o Eric naquela casa que eu considerava a minha casa verdadeira. Só sentia saudades de Portugal por ter deixado as memórias do meu pai na casa antiga, pois nunca me sentira em casa lá. 

- Ariadne, lava a loiça. - Disse o Eric em tom de ordem mal acabámos de jantar.

Era sexta à noite e estava enclausurada em casa com aquela criatura que mais parecia vir do Inferno. Quem diria que os demónios podiam ser tão sexys? Oh, Ariadne, por amor de tudo o que é sagrado! Não, o Ethan daria tudo por mim em cinco segundos, não vou trocar isso por alguém como o Eric. Não. Concentra-te em ser indiferente, Aria, pode ser que o consigas esquecer.

- Que eu saiba, não tens criados nesta casa, Eric. Não sei a que estavas habituado na tua casinha antiga mas aqui, certamente, não vais ter ninguém a fazer as tuas tarefas nem ninguém em quem mandar, muito menos em mim. Portanto, levanta esse traseiro gordo e nojento e vai tu lavar a loiça. - Respondi, com um sorriso irónico, saíndo da cozinha, e fui para o meu quarto. 

Ao subir as escadas, consegui ouvir o Eric a lançar-me as piores maldições que alguma vez ouvira, mas decidi ignorar e ri-me. Entrei no meu quarto, liguei a minha música, levantando o volume, e deitei-me na cama de olhos fechados enquanto ouvia e sentia as notas da guitarra elétrica do Ozzy Osbourne a ecoar e infiltrarem-se nas minhas veias. Estava quase a dormir quando o toque do meu telemóvel soou mais alto que a música.

- Estou? - Disse ao atender o telemóvel.

- Ariadne? Que barulheira é essa?! - Perguntou o Ethan do outro lado.

Baixei o volume da música com um sorriso na cara, ainda que o causador deste não o pudesse ver.

- Desculpa, estava a ouvir Ozzy Osbourne. - Ri pelo nariz - Diz-me; o que é que o rapaz de olhos verdes mais bonitos deseja? 

- Na verdade, como sei que os teus pais não estão em casa hoje à noite, estava a pensar se poderia ir ter contigo e... sabes... passávamos a noite juntos... - Sugeriu ele e eu pude ouvir o sorriso malandro na sua voz.

- Mi casa es su casa. Vem. - Ri.

- Estou aí em vinte minutos, sim? - E, com isto, desligou.

- ERICCCCCCCCCC! - Gritei.

- Que é que foi, chata? - Perguntou ele à porta do meu quarto.

- O Ethan vem cá. Agradecia que não nos incomodasses. - Sorri.

- Mas esse palhaço agora passa cá a vida?! - Perguntou ele, exaltado.

- É o meu namorado, vem cá as vezes que quiser e quando quiser. Agora sai do meu quarto que estás a poluir o meu oxigénio. - Retorqui.

Ele revirou os olhos e ignorou-me, saíndo do meu quarto e fechando a porta atrás de si. Idiota, estúpido, otário, parvo, filho de uma égua, lindo, perfeito, sexy... OK ARIADNE, JÁ CHEGA!

O som da campainha tirou-me dos meus devaneios idiotas. Corri para a porta e abri-a, encontrando o Ethan a sorrir como se tivesse ganho a lotaria.

- Boa noite, princesa. - Disse ele, beijando-me.

- Boa noite, meu anjo. - Sorri entre beijos.

- Subimos? - Perguntou, piscando-me o olho.

- CLARO! - Exclamei, puxando-o atrás de mim até ao meu quarto, onde fechei a porta atrás de nós, trancando-a para que o Eric não nos incomodasse.

Levantei o volume da música e sentei-me na cama. O Ethan seguiu o meu exemplo e sentou-se ao meu lado, puxando-me para um beijo intenso. Em breve estávamos os dois deitados, aos beijos. Senti algo estranho no hálito do Ethan, como se ele estivesse estado a beber mas tivesse bochechado imenso elixir para ter um bom hálito. Ele tentou levantar-me a camisola mas parei-o, inquieta. Não queria tomar aquele passo.

- Ethan, não. - Disse-lhe, interrompendo o beijo para o olhar severamente nos olhos. 

- Sim. - Disse ele.

Subitamente, rolou para cima de mim, prendendo-me e começou a beijar-me novamente, desta vez mais selvagem.

- Ethan! PÁRA! - Ordenei, tentando soltar-me, já irritada.

- Cala-te, Ariadne. - Ordenou ele em retorno, levantando-me a camisola e tirando-ma à força.

- ERIC! ERIC! SOCORRO! - Gritei em desespero. Consegui ouvir os seus passos apressados em direção à porta.

- Ariadne? Que se passa? Estás bem?! - Ouvi-o perguntar.

Antes que pudesse responder, o Ethan deu-me um estalo.

- Estás comigo e não com esse filho da puta. Não te admito que chames por ele quando estás comigo. Quem te ouvir vai pensar que me andas a trair e eu não vou permitir isso, entendeste? Não vou admitir que a minha namorada seja uma galdéria. Agora faz o que te mando e beija-me. - Podia ver no seu olhar que ele estava fora de si e não tardou a que ele me tirasse o sutian, por mais que eu lutasse para que ele não o fizesse.

- ERIC! ERIC, POR FAVOR, AJUDA-ME! - Gritei, a chorar.

- A PORTA ESTÁ TRANCADA, ARIADNE. O QUE SE PASSA AÍ DENTRO?! - Gritou-me de volta.

- ERIC, POR FAVOR, ELE ESTÁ A MAGOAR-ME! - Solucei.

Como resposta aos meus queixumes, o Ethan tapou-me a boca à medida que lutava para me despir as calças. Comecei a ouvir pancadas na porta e, em breve, o Eric estava dentro do meu quarto. Não consegui perceber na altura como ele conseguira entrar mas a verdade era que ele ali estava. 

- Sai de cima dela, caralho! - Ordenou ele, puxando o Ethan de cima de mim e começando a bater-lhe.

Fiquei imóvel onde estava, sem conseguir mexer-me, ainda em choque, a ouvir os punhos do Eric baterem no rosto do Ethan e os gemidos de dor deste. Não tardou a que tudo parasse e o Eric em breve estava debruçado em cima de mim.

- Estás bem? - Perguntou, e eu pude ver a preocupação no seu olhar. Assenti, confirmando que estava, embora me sentisse demasiado em choque para saber se isso corresponderia à verdade. - Toma, veste-te...

Ele estendeu-me as minhas roupas mas eu não conseguia arranjar forças para me vestir. Era o Ethan... O Ethan... Aquele rapazinho querido que eu conhecera em pequena e que até hoje eu andara a chamar de namorado... fora ele que me fizera aquilo... Como é que ele fora capaz de me tentar violar? Como é que ele fora capaz de me fazer aquilo? O hálito a álcool, embora leve, que eu sentira nele... será que ele tinha estado a beber antes de ir para ali? Mas porquê? O Ethan não tinha esses hábitos... Sempre fora contra as bebidas alcóolicas. Porque é que ele fizera aquilo?

Ao ver que eu não me mexia, o Eric ajudou-me a levantar e enfiou-me a minha camisola pela cabeça abaixo, gentilmente.

- O Ethan? - Perguntei num murmurio.

Ele apontou com a cabeça, a boca transformada num esgar de nojo, para um canto do meu quarto, onde o Ethan se encontrava deitado de barriga para baixo, inconsciente.

- Ajuda-me a metê-lo na rua. - Pedi, noutro murmurio. Não conseguia falar mais que aquilo.

O Eric assentiu e, ajudando-me a levantar, pegou no Ethan e levámo-lo para baixo. Abri a porta da rua e o Eric deixou-o abandonado do lado de fora do nosso quintal. Voltámos para dentro, trancámos a porta e eu voltei para o quarto, onde desabei em lágrimas, agarrada à minha almofada. Senti o colchão da minha cama afundar e não tardei a sentir uns braços morenos a abraçarem-me pela cintura, fazendo-me derramar lágrimas mais convulsivamente.

- Shhh... Vais ficar bem... Estou aqui, meu anjo... está tudo bem, ele já não te pode magoar, eu não deixo... - Disse a voz rouca do Eric ao meu ouvido, num sussurro suave.

Dei meia volta na cama, de forma a ficar de frente para o Eric e, sem pensar, abracei-o fortemente, chorando contra o seu peito à medida que ele me afagava o cabelo. 

- Estou aqui, não chores... - Disse ele e pareceu-me ouvir as lágrimas na sua voz.

Continuei a chorar até adormecer. A primeira coisa que me lembro, quando acordei, é dos braços do Eric ainda firmemente colocados à minha volta protetoramente. Aproximei-me dele, colando os nossos corpos enquanto fingia ainda estar a dormir. Queria aproveitar aquele momento, uma vez que era raro estar tão em paz com o Eric. Só a lembrança da noite passada me estragava esse momento.

Levantei-me, tentando não acordar o Eric e fui fazer o pequeno almoço, como sinal de agradecimento pelo apoio daquela noite. Não tardou a que ele se levantasse e eu meti as panquecas na mesa.

- Bom dia. - Disse ele, entrando na cozinha de cenho franzido.

- Bom dia, Eric. - Sorri, tensa.

- Estás bem? - Perguntou.

- Fiz-te o pequeno almoço... como agradecimento, sabes? Foste um ótimo amigo ontem... Obrigada. - Disse eu, fugindo à sua pergunta.

- Não tens de quê. Não consigo sequer imaginar o que poderia ter acontecido... Mas não respondeste à minha pergunta.

- As panquecas vão ficar frias...

- Não quero saber. Como estás, meu anjo?

- Bem.

Ele arqueou uma sobrancelha, como que a duvidar de mim.

- A sério. - Disse-lhe, forçando um sorriso.

- Mentes muito mal. - Sorriu daquela maneira que me fazia derreter.

Encolhi os ombros e comecei a comer as minhas panquecas.

- Dormiste bem? - Perguntou.

- Sim... e tu?

- só haveria uma maneira de dormir melhor... - Ele suspirou.

- Qual?

- Tu estares bem. - Ele encolheu os ombros, forçando um sorriso.

Levantei-me, ignorando a sua resposta e fui para o meu quarto. Eu não queria sentir-me assim! Não queria sentir isto pelo Eric, não queria lembrar-me do Ethan, não queria lembrar-me da noite anterior e da maneira como o Eric me encontrara nua da cintura pra cima e não tentara fazer-me nada, nem um único comentário obsceno... Não queria sentir-me assim.

- Aria? - Chamou ele à porta do meu quarto que se encontrava ligeiramente em mau estado. Agora que via, ele deveria ter arrombado a porta ao tentar salvar-me.

- Diz... 

- Eu amo-te. Nada me custou mais que ver-te naquele estado ontem à noite... mas fiquei feliz por ter conseguido chegar a tempo... Não sei o que teria feito àquele cabrão se ele te tivesse magoado... eu iria tratar-te bem. Eu amo-te.... - Disse ele, num tom de voz quase inaudível.

Voltei a cabeça para ele e as palavras que saíram a seguir, saíram por vontade própria.

- Eu acho que também te amo... Há muito tempo... E o Ethan sabia disso mas mesmo assim queria que eu lhe desse uma oportunidade para me conquistar. E pareceu-me certo. Eu não quero sentir isto por ti, Eric... 

- Porque não?

- Porque não está certo.

- Desde quando é que o amor está certo ou errado? Tu sente-lo com o coração, no entanto, é a tua cabeça que te diz que está errado. Mas diz-me. O teu coração diz-te que está errado? Pensa nisso, Ariadne, e depois vem falar comigo. Agora descansa... Tiveste uma noite complicada.

E com isto, ele sorriu-me levemente e saíu do quarto. O que faria eu agora?


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