Catch Me Before I Hit The Ground escrita por Danika


Capítulo 9
Beijo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/253354/chapter/9

Na manhã seguinte, levámos a minha mãe e o Paul ao aeroporto. Sim, com "levámos" quero dizer eu e o Eric, para mal dos meus pecados.

- Portem-se bem, sim? Prometo que voltamos daqui a um mês. - Disse a minha mãe.

- Ao menos vejam se me trazem algum presente, já que vou ter de aturar este aqui sozinha. - Respondi, com um sorriso arrogante.

Os meus pais riram simplesmente e o idiota do meu "irmão" ignorou-me. A minha mãe e o Paul despediram-se de nós com dois beijinhos na cara e um abraço - e, claro, coisas tipo "vamos ter saudades vossas", "amamo-vos" e "portem-se bem" - e embarcaram no avião. Depois disto, saímos do aeroporto e fomos para o carro. Claro que o idiota do Eric foi a conduzir já que eu ainda não tinha carta e ele já. Malditos 18 anos que o miúdo tinha de ter. 

Sentei-me a seu lado no carro e ele conduziu até casa.

- Que é que estás a fazer? Temos de ir para as aulas, idiota. - Resmunguei quando ele parou o carro em frente à nossa vivenda.

- Eu não vou. Se tu quiseres ir, liga ao teu namoradinho e pede-lhe para te levar. - Disse ele, entrando.

Merda! Logo hoje que o Ethan tinha exames o dia inteiro é que este filho da mãe se lembrava de fazer isto?! Ainda por cima tinha começado a chover torrencialmente, coisa que não era estranha em Londres mas hoje era completamente odiável. Desisti de ficar na rua a apanhar com aquela chuva e entrei em casa.

- És um idiota, sabes? Podias levar-me à escola, pelo menos. - Disse ao Eric, à porta do seu quarto.

- Vai a pé. - Foi tudo o que ele me respondeu, colocando os fones nos ouvidos.

Fui até ele e arranquei-lhe aquela porcaria. Quem é que ele pensava que era para estar a ignorar-me na minha casa?

- Está a chover, meu grandessíssimo idiota de merda. - Reclamei.

- Ouve bem, miúda, eu não tenho culpa que tenhas medo de te molhar, sim? Já te disse para ligares ao teu namoradinho para ele te ir levar. Agora deixa-me em paz. - Disse-me, virando-me as costas no quarto.

Virei-o de frente para mim e estendi a mão pronta a dar-lhe um estalo, tal não era a raiva que eu sentia por ele naquele momento. Quando estava a chegar com a mão ao seu rosto, ele segurou-me o pulso, parando-me, e puxou-me a mão para baixo, colando-a ao meu corpo de novo. Aproximou-se de mim ameaçadoramente e ficámos alguns segundos a olhar nos olhos um do outro, ambos ofegantes, eu pela raiva que sentia em mim, e ele pelo esforço que tinha de fazer para me manter quieta já que eu não parava de lutar contra as suas mãos.

- Solta-me. - Ordenei, num murmurio.

Ele ignorou-me e continuou a agarrar-me. Aos poucos, foi aproximando o seu rosto do meu e fechando os seus olhos. Quando dei por mim, tinha os lábios dele colados aos meus. Ele soltou-me os pulsos e pousou uma mão na minha cintura, puxando-me para si, e a outra mão colocou-a no meu rosto, fazendo movimentos circulares com o polegar na minha bochecha. Sem me aperceber, levei a minha mão esquerda à sua nuca, entrelaçando os dedos no seu cabelo negro, e a direita deslizou para o seu peito onde pude sentir o seu batimento cardíaco acelerado. Só agora percebia o quanto eu tinha desejado isto, o quanto eu quisera beijar aqueles lábios da maneira calma e apaixonada. Mas o que significava isto? Eu amava-o? Nunca tivera certezas se o amava de verdade ou não, e existia o Ethan que também mexia imenso comigo... será que...?

- Amo-te. - Murmurou ele, no intervalo de um beijo, ofegante.

Afastei-me bruscamente dele, sem saber sequer o que fazer ou dizer.

- Não voltes a beijar-me nunca mais. - Disse, sem pensar, da maneira mais fria que alguma vez poderia imaginar, e arrependi-me logo a seguir, ao ver o seu rosto adquirir uma expressão magoada. 

Virei-lhe as costas e fui para o meu quarto. Fechei a porta, meti a minha música no máximo e deitei-me na cama. Parece que não ia mesmo à escola nesse dia. Olhei para a janela e vi que a chuva já tinha acalmado, apesar de não ter desaparecido. Levantei-me, abri a janela, e deitei-me no telhado molhado, a levar com as gotas de chuva e a olhar para o céu cinzento por cima de mim. O que raio tinha acontecido lá dentro? O que raio é que eu tinha sentido? Porque é que eu não me afastara até ele dizer que me amava? E como assim, ele amava-me? Era impossível, ele tratava-me como se eu fosse um obstáculo na sua vida... mas, também, eu tinha-o tratado imensamente mal quando nos conhecemos... mas... porquê? Porque é que eu me sentia assim tão confusa? Tantas perguntas sem resposta e eu ia dar em louca com isto tudo. 

- Aria... vem para dentro, vais te constipar. - Disse a voz rouca e profunda do Eric, ao meu lado. Ao meu lado? Como assim? Abri os olhos? Como é que ele tinha vindo para o telhado sem eu reparar? Adormecera?

- Ahm? - Foi tudo o que eu disse, confusa.

- Adormeceste e a chuva piorou. Vais ficar doente. - Disse ele, e eu senti as gotas de chuva a baterem forte e repetidamente em todo o meu corpo.

Porque é que ele estava preocupado? Ele ajudou-me a levantar e a entrar pela janela de novo, seguindo-me logo de seguida. Olhei para ele, avaliando-o. Estava ensopado. Quanto tempo estivera ele lá fora comigo? E porque é que fora à minha procura? Isto era algo completamente novo para mim... Sabem, nunca fui de acreditar no amor, por mais que o presensiasse (N//A: está bem escrito? o.o ) entre a minha mãe e o meu pai e, mais tarde, entre a minha mãe e o Paul. Claro, tinha o Ethan que me amava... mas agora que eu pensava bem, eu não sentia que ele me amava, ou que podia amar. Não sentia aquele clique, se é que me entendem... Mas com o Eric sentia tudo isso... mas estava errado por duas razões: o Eric era o meu novo irmão E era o pior player da escola inteira. 

- É melhor trocares de roupa. - Aconselhou-me, interrompendo o silêncio entre nós. 

- Sim... - Murmurei.

Continuámos ali em silêncio, durante alguns minutos, até ele se começar a aproximar de mim. Nesse momento, o meu telemóvel tocou no andar debaixo, na sala, e eu corri que nem uma ninja para o atender, deixando o Eric pendurado, em pé no meu quarto.

- Estou? - Disse eu ao atender.

- Estou, Aria? Faltaste às aulas? - Disse o Ethan, preocupado do outro lado.

- Sim, estava-me a sentir mal - Menti. Não queria dizer que o Eric não me tinha levado à escola e que estivera sozinha com ele este tempo todo quando ele sabia que eu sentia algo por aquele rapaz de olhos cinzentos.

- Oh... Espero que estejas melhor. Os meus exames da tarde foram adiados para amanhã. Que achas de eu passar aí e almoçarmos juntos no teu quarto como fazíamos quando eramos pequenos? - Podia ouvir o sorriso na sua voz.

- Claro... - Disse eu, tentando soar normal.

- Boa. Estou aí em 20 minutos, até já. - E com isto, ele desligou a chamada.

- com quem estavas a falar? - Perguntou o Eric, nas escadas. - E que raio de língua é que estavas a falar?

- Estava a falar com o meu namorado em português. Ele vai estar aí em 20 minutos por isso agradeço que não nos perturbes o almoço já que não me levaste à escola. - Disse eu, passando por ele, arrogantemente.

Ele segurou-me no braço e obrigou-me a virar para ele.

- O que aconteceu para mudares tanto em tão pouco tempo? Quando te beijei, senti que o querias... e quando te fui buscar ao telhado não estavas assim tão... indiferente... - Disse ele, parecendo triste.

- É. Lembrei-me que tinha namorado e que o amo. - Respondi-lhe, mentindo na última parte, soltando o meu braço e subi para o meu quarto, fechando-me lá até ao Ethan chegar.

Desci as escadas velozmente ao ouvir a campainha tocar e abri a porta, para ver um Ethan ligeiramente molhado da chuva que ainda caía.

- Trouxe pizzas! - Anunciou com um sorriso lindo. 

Como é que eu podia amar o Eric, o otário do Eric, quando tinha o Ethan, que era um príncipe, apaixonado por mim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!