Crime Passional escrita por Flor de Cerejeira


Capítulo 7
O peso na consciência




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Rin e os outros foram para suas casas, e Rin principalmente, estava muito ansiosa para conversar com ele e saber como estava se sentindo pela sua primeira vitória como advogado.

Ao chegar em casa, foi logo para o banho, mas não demorou muito. Vestiu uma fina camisolinha rosa, indo depois para a sala, onde logo concentrou-se em um livro.

Ela estava tão concentrada que levou o maior susto quando de repente a campainha tocou. A garota levou as mãos no peito tentando acalmar as batidas, levantou-se de vagar e após vestir seu roupão rosa de seda, e foi atender. Ao abrir a porta, viu Sesshoumaru encostado na batente, estava serio, mas abraçou-a e depois de dar um carinhoso beijo nela, entrou. Estava muito mais serio do que de costume.

- Aconteceu alguma coisa Sesshy? – Rin fechou a porta, vendo ele estranhamente parado perto do sofá. – Sesshy, o que houve?...

- ...Musou... ele era culpado desde o inicio...

- O que? Você quer dizer que ele... estuprou aquela criança... – Rin levou as mãos a boca, vendo ele mover a cabeça num sim, e passando a mão nos cabelos depois. - ... como descobriu? – Rin aproximou-se, mas parou ao ouvir um pequeno rosnado que o rapaz proferiu, pela angustia que sentia.

- Eu cometi um erro em aceitar o defender Rin, eu não deveria tê-lo defendido.

- Sesshy... – Rin viu-o se ajeitar no sofá, e uniu as mãos, cruzando os dedos entre as pernas abertas, apoiando os cotovelos sob os joelhos, e algumas mechas de cabelos escorregarem por cima dos ombros ficando pendurados.

Logo, Rin aproximou-se e após afastar um pequeno enfeite em cima da mesa de centro, sentou-se na beira desta, e ajeitando as mechas de cabelos dele aconchegou o rosto entre suas mãos e, delicadamente levantou o rosto dele, fitando assim os olhos dourados, os quais tinham tristeza perceptível no brilho.

Sesshoumaru sentiu-se um tanto frustrado com o acontecido, mas o olhar cálido da garota o confortava àquela hora.

- Ele estuprou aquela menina, o maldito estuprou aquela criança de cinco anos, alem de ter quebrado as duas pernas da menina... -  Tocou uma das mãos dela, e fechou os olhos.

- Mas e as provas, as testemunhas, eu mesma examinei tudo e não havia nenhum indicio que o incriminava... tudo indicava que ele era inocente... – Rin viu-o abrir os olhos e dar um meio sorriso, talvez de desdém, ou de tristeza, ainda podia ser de sarcasmo por ter sido enganado.

- Era tudo mentira, tudo falso, ate as testemunhas eram compradas...

- Como descobriu? – Rin perguntou, vendo Sesshoumaru segurar firme a mão dela entre as suas.

- Depois que saímos do fórum, fomos jantar para acertar as... formalidades, então ele... tocou meu ombro e disse: “ Se não fosse por você meu caro rapaz... – Sesshoumaru levantou-se e depois de ajeitar a franja teimosa continuou. - ...eu não teria me salvado daquelas acusações...”

- Mas isso não prova que ele machucou aquela menina... – Rin olhou-o e ele fez o mesmo, mas com uma expressão fria e plácida.

- “ Mas foi muito divertido brincar com aquela menina...” – Ele olhou-a nos olhos, e viu-a arregalá-los.

Um momento de silencio, com uma Rin de olhos arregalados. Levantou-se lentamente e andou ate ele e o abraçou forte, sentiu os braços dele a envolver, ouviu o coração dele um pouco acelerado, e ao soltar-se um pouco olhou o rosto de Sesshoumaru, e uma ruga formou-se entre as sobrancelhas do rapaz, estava com os olhos fechados, e parecia muito aborrecido com aquela situação.

- O que vai fazer Sesshy? – Rin estava com os olhos marejados de lagrimas.

- Eu não posso fazer nada, as provas que tenho são todas a favor dele, tudo indica que ele é completamente inocente...

- E se examinarmos novamente os documentos, talvez possamos encontrar algum indicio, alguma pista... – Sesshoumaru afastou-se dela e andou ate perto da varanda, mas parou antes de sair e virou-se, pondo as mãos no bolso.

- Eu já examinei tudo umas cinco vezes, e não encontrei nada. – informou olhando-a serio, com um pouco de tensão na voz.

- Sesshy, você só investigou a inocência dele? Você procurou saber se aquela criança foi mesmo violentada por ele? – Rin pressionou-o, vendo o ficar ainda mais perturbado com aquelas perguntas.

- Eu não consegui chegar perto da criança nem uma vez se quer, a mãe e a tia me acusavam de ser igual ao Musou... – Revelou ele um tanto frustrado. – Ela estava sempre apavorada, tinha medo de nos olhar...

- Sesshy, ela estava sendo ameaçada, só... – Rin viu-o admitir uma certa surpresa no olhar, como não tinha pensado nessa possibilidade? Ele podia sim estar ameaçando aquela mulher, por isso que não quisera dar o seu depoimento.

- Rin, temos uma chance!! – O rapaz alegrou-se, e antes que Rin perguntasse ele apressou-se em pegar sua pasta, e rapidamente caminhou para a porta de saída.

- Onde vai?

- Vou à casa da mãe da menina... – disse, tocando a maçaneta.

- Mas são quase onze da noite... – Rin aproximou-se, e logo depois dele dar um beijo nela saiu.

Eram onze e trinta e cinco da noite quando o carro do advogado parou em frente à casa da mãe da menina. De dentro da casa uma mulher, jovem, afastou a cortina, e quando viu quem era, arregalou os olhos.

Apressadamente, ela andou ate a porta e a trancou com as outras duas trancas, encostando-se nela depois. Minutos depois a campainha tocou.

- Vai embora!!!! – quase gritou a mulher exasperada, já com lagrimas nos olhos.

- Eu preciso conversar com a senhora... – Sesshoumaru tinha que ser paciente, pois a mulher estava contra ele, mesmo ele não tendo feito nada a elas.

- Você é igual a aquele maldito...

- Não, eu não sou, e a senhora sabe muito bem disso. Eu vim conversar com a senhora sobre o que ele fez com sua filha...

- Esqueça, não temos nada para conversar. Você inocentou aquele tarado, aquele maldito...

-Eu acredito que deva me contar o que houve, pois ele me confessou o que fez, e eu não sou homem de defender criminosos...

- Então porque o defendeu se sabia, vai embora seu idiota, e esqueça o caminho da minha casa... – a mulher se alterou, e Sesshoumaru pode ouvir o desespero das lagrimas dela enquanto soluçava.

- ...Ele mentiu pra mim o tempo todo, mas que droga, a senhora acha que eu estaria aqui se ele não estivesse mentindo! – irritou-se – se eu soubesse que tudo era verdade, ele estaria preso agora.

Sesshoumaru deu as costas a casa e irritadiço, começou a andar de volta para seu carro, mas ela abriu a porta de vagar, e Sesshoumaru virou-se de volta, mas não andou ate ela.

- O que você quer? – perguntou ele olhando-o, séria, e tinha lagrimas banhando seu rosto.

- Não seria muito apropriado conversar sobre essas coisas na rua, não acha? – disse o rapaz ainda parado.

-Entre. – a mulher virou-se e entrou deixando a porta aberta. Via se desprezo nos olhos da mulher. Mas Sesshoumaru não se intimidou. Sabia que, aquilo era mais que natural, pois sentia o mesmo por Kouga, por ele ter feito mal a Rin.

Após entrar, ele fechou a porta suavemente, e após a mulher indicar o sofá, ele sentou-se, pondo a pasta com documentos no chão. Viu-a sentar-se quase de frente para ele, mas não o olhava, fitava as mãos que seguravam um lenço em cima das pernas.

- Após o julgamento ter acabado – começou – eu e o...

- Por favor – ela olhou-o com uma voz de suplica e pediu-o. – não torne tudo mais doloroso para mim e minha filha... – ela estava chorando uma tempestade de lagrimas, e falava com uma voz embargada. – ele desgraçou minha menina...

- Senhora, ele só me falou que tinha feito isso depois de ser absolvido, nunca iria defender ele se soubesse... ele estaria na prisão agora... – ele estava muito seguro, mas os pensamentos se aguçaram, e a imagem de seu pesadelo veio a tona, o enfurecendo de repente.

- O que vai fazer agora? – ela perguntou o olhando, vendo a irritação dele transparecer no olhar. – o que esta pensando em fazer para colocar ele atrás das grades?

- Eu... – ele fechou os olhos um tanto frustrado. – não tenho provas consistentes, e nenhuma testemunha...

- Não tem? Então o que veio fazer aqui? Me lembrar o que aquele maldito fez com a minha Shiori? – interrogou-o, fazendo se sentir pressionado.

- Porque você não testemunhou a favor de sua filha? – perguntou de repente a fazendo gelar.

Ela olhou para as mãos, e depois para os olhos dele de novo.

- Ele... me ameaçou de morte, disse que se eu abrisse a boca mataria a Shiori e eu...

- Eu imaginava. – ele fechou os olhos levantando-se depois. – Nos vamos colocar aquele animal na cadeia...

- Nós? Mas... – ela levantou-se também, o olhando preocupada.

- Sim, a senhora e Shiori também. Não se preocupe, meu pai e eu temos grande influencia... e esse caso pra mim agora é uma questão de honra.

Ela olhou a determinação do rapaz, e deu um triste sorriso. Mas logo esse se desfez, pois ele estendeu a ela seu cartão.

- Fique com isto, se precisar de alguma coisa me ligue... – ele, após entregar o cartão, começou a andar ate a porta de saída. - ...reúna os exames que a menina fez, e prepare-se, você vai me ajudar a por aquele infeliz na cadeia.

Ela o acompanhou ate a porta e a abriu para ele.

- Escute... – começou ela num tom preocupado. – Tenha cuidado com aquele homem, ele é muito perigoso.

- Não mais do que eu... – Sesshoumaru virou-se, com um fino sorriso nos lábios. – Ele me fez sentir como um covarde, e vai pagar por isso...

A jovem senhora percebeu a frieza com que ele falava, vendo assim que não brincava com as palavras.

Sesshoumaru afastou-se, indo em direção ao carro, e ela fechou a porta, olhando depois o nome e o numero do rapaz. Ela alegrou-se, pois percebeu que finalmente teria ajuda para fazer justiça.

Ao chegar em casa, foi direto para seu quarto onde, começou a estudar novamente o caso, mas agora a favor da criança, sendo assim um advogado de acusação para seu primeiro cliente.

Pensou num jeito de como começar o processo sem levantar as suspeitas de Musou da cidade, e o primeiro passo era fixar a amizade com aquele homem, mesmo que casasse repulsa fazer tal coisa.

 O maior desejo de Sesshoumaru aquela altura, era de quando o visse, apertasse o pescoço dele ate o ar não circular mais nos pulmões, e para que isso não acontecesse, ele teria que apenas ser ele mesmo, mas mais frio que nunca.

O plano era o pegar de surpresa, de tal forma que não teria escusa, apresentando provas o suficiente para que ele não tivesse como fugir das garras do veredicto.

Eram três da manha quando o rapaz levantou-se, fechando após seu notebook; bocejou cansadamente, mas mesmo assim, não se recusou a um banho.

Após tê-lo tomado, ainda nu, fechou a porta de seu quarto e deitou-se, cobrindo o corpo úmido apenas com um fino lençol. Cansado, em poucos minutos o rapaz adormeceu.

Mas não dormiu tranquilamente; estava com a consciência pesada por ter inocentado um criminoso. O sono foi perturbado por gritos e gemidos de dor e sofrimento da menina; sua mente produziu um pesadelo, o qual mostrou a imagem de Musou  violentando Shiori.

“- É divertido brincar com você menina...”

“- Senhor Musou, esta doendo, não me machuque mais...”

- Maldito... – Sesshoumaru rosnava enquanto dormia. – tire as mãos dela!

- Sesshoumaru... acorde. – Inu-Taishou chamou pela quinta vez, já era de manha, e o rapaz rezingava, inquieto, suava muito, a franja estava colada na testa dele, assim como algumas mechas de cabelos no rosto.

-Pai o que esta acontecendo? – Inu-Yasha que passava pela porta do quarto do irmão estranhou que o pai o chamava, coisa que há muito tempo não acontecia. Ao parar adentrou o quarto, olhando o rosto perturbado do irmão, e depois a seriedade do olhar do pai.

- Inu-Yasha, pegue um pouco de água lá no banheiro... – Inu-Taishou pediu como numa ordem, e Inu-Yasha por sua vez não hesitou em acatá-la, e sentiu um pouco de receio pelo irmão.

O pai era um general aposentado do exercito, e sempre estava serio, mas era um pai carinhoso com os filhos, mas não gostava de se repetir, ou dar uma ordem mais de uma vez, se caso isso acontecesse, as conseqüências eram muito enérgicas.

- Sesshoumaru! - O pai bramiu, jogando a água que Inu-Yasha tinha trago num recipiente, no rosto do rapaz, que acordou extremamente assustado, com o coração descompassado e a respiração alterada. Olhou o pai e o irmão sem entender o motivo. – Acorde rapaz! – Inu-Taishou terminou, recebendo assim um gélido olhar do filho. – Devia me agradecer e não me olhar dessa maneira... estava quase enfartando com o pesadelo que estava tendo...

Em silencio e muito furioso, Sesshoumaru levantou-se vendo o pai e o irmão assumir um olhar arregalado ao vê-lo nu.

- Sai, os dois... – pediu num ameaçador sussurro e olhar estreito.

Inu-Yasha, sabendo como o irmão reagiria se não saísse, logo se foi, mas Inu-Taishou, olhou para Sesshoumaru, começando pelo rosto ate os pés, e após dar um sorriso debochado caminhou ate a porta, parando antes de sair.

- Agora eu entendo o porquê das garotas serem loucas por você, o porquê é tão cobiçado entre elas – disse – você não herdou isso de mim...

Ouviu um furioso rosnado, e com isso o pai saiu, mas não por medo e sim por respeito. A ultima vez que viu Sesshoumaru nu, ele estava na quarta serie, e após isso, jamais o viu neste estado. Já Inu-Yasha era menos tímido quanto a isso.

Um pequeno rubor enfeitou o belo rosto de Sesshoumaru, pelo sentido do que o pai falou sobre ele.

- Idiota... – resmungou envergonhado. - ...os dois são idiotas, intrometidos... – parou de repente sua sessão rosnado-resmungante, ao ouvir o celular tocar. Pegou o aparelho perto do abajur, e ao olhar o numero, uma fúria mais intensa tomou-o, a vontade que teve foi de zunir o aparelho longe, mas tinha que manter-se calmo, para poder fisgar sua presa. Assim que conseguiu aplacar metade de sua fúria, atendeu, mas os músculos se enrijeceram ao ouvir a cínica voz do outro lado.

- Sesshoumaru meu amigo, o que você acha de almoçarmos hoje?

Silêncio... Sesshoumaru estava com um rosnado furioso preso na garganta, o impedindo de falar.

-  Você esta bem rapaz?– Musou perguntou de repente.

- O que você quer comigo ainda? Seu caso já foi resolvido, eu não tenho nada pra conversar com você.

- Calma amigo, eu só quero pedir-lhe mais um favor, mas esse assunto não se pode tratar por telefone...

Sesshoumaru respirou fundo, contendo mais fúria, e tentando manter-se calmo, pelo menos o suficiente para encerrar aquela conversa.

- Esta bem, nos vemos na hora do almoço, vou estar te esperando naquele mesmo restaurante, não se atrase... – Sesshoumaru terminou a ligação, sentindo um ódio incontrolável, e, com isso arremessou o aparelho contra a porta, mas por um triz ele não se espatifou, pois Inu-Taishou o agarrou antes, tinha acabado de chegar na porta do quarto, vendo que o filho estava em um estado de fúria intensa.

- Sesshoumaru, controle-se! – ele entrou, fechando a porta e aproximou-se e depois de olhar os olhos do filho continuou. – Vista-se a menina Rin esta lá em baixo te esperando...

Viu o filho respirando intensamente com alguns rosnados proferindo-se. Estava de olhos fechados e punhos serrados. Inu-Taishou segurou nos ombros e suavemente o sacudiu.

- Pare com isso filho, esta fora de controle... o que aconteceu para estar dessa forma, não foi isso que te ensinei, tenha controle de seus nervos, agora vá tomar um banho frio, e dessa logo, a menina Rin esta te esperando com um lindo sorriso... – Inu-Taishou afastou-se e saiu do quarto, fechando a porta depois.

Sesshoumaru passou a mão na franja a pondo para traz, e como ainda estava molhada não retornou completamente como de costume. Após dar um pesado suspiro, encaminhou-se para o banho, seguindo assim o conselho do pai.

- Menina Rin ele já esta descendo, foi tomar um banho antes... – Inu-Taishou informou à garota, que acentiu com a cabeça sem parar de sorrir um instante.

- Obrigada Inu-Taishou-sama... – Rin agradeceu, vendo o homem sentar-se em seguida e pegar o jornal e começar a folheá-lo.

- Tome cuidado com ele hoje, acordou com um pécimo humor... – informou Inu-Yasha, não muito sério, que passou atrás do sofá onde Rin estava indo em seguida para a porta de saída. - ...Ate mais chichiue, ate mais Rin-chan...

- Ate filho... juízo. – recomendou o pai dando uma discreta olhada para Inu-Yasha por cima do jornal que lia.

- Ja ne Inu-Yasha, tenha um bom dia! – Rin respondeu ao cumprimento, que após pegar as chaves do carro perto da porta, no chaveiro, saiu.

Após Inu-Yasha ter saído, Rin curiosa olhou para Inu-Taishou, esperando que ele contasse para ela sobre o mau humor de Sesshoumaru, mas ele continuou lendo o jornal. Rin mexeu-se no sofá incomoda com aquela curiosidade, ate que resolveu perguntar.

- O que aconteceu com o Sesshy?

- Eu o acordei jogando água no rosto dele... – disse simplesmente, sem parar de ler o jornal.

- E... porque o senhor fez isso, ele sempre acorda cedo e...

- Ele gemeu a noite toda, parecia estar com alguma dor, e pela manhã parece que os pesadelos que o atormentavam se intensificaram, quando cheguei ao quarto parecia que o coração dele ia explodir, e sem contar a quantidade de suor que expelia. Ele anda muito preocupado; ontem quando chegou eu já estava dormindo, mas eu acordei de madrugada e ele parecia estar estudando ainda...

- Ele deveria estar estudando o caso da Shiori...

- Mas isso foi encerrado ontem, ele venceu, conseguiu inocentar aquele homem...

- Pai... – Sesshoumaru apareceu, estava muito elegante vestido com uma calça social preta e camisa branca de mangas compridas, mas com as mangas dobradas ate a metade, estava com uma gravata na mão, e sem contar que estava muito perfumado. - ...temos que ir, se não vamos nos atrasar...

- Atrasar? – Rin ficou confusa, pois não tinha marcado nenhum compromisso com ele.

- Depois conversamos sobre o Musou pai, me encontre às quatro horas no escritório de Bokusen-ô. - Pediu já andando para a saída, e Rin ao vê-lo ir, levantou-se e, após reverenciar para Inu-Taishou, logo acompanhou o namorado.

Os dois saíram e Inu-Taishou ficou um tanto aborrecido com aquela reação do filho.

“- Ele deve estar muito perturbado com alguma coisa, e deve ser muito grave para ele ter pesadelos... isso só aconteceu uma vez... quando a mãe dele nos abandonou... o que será que esta o perturbando?” – pensou Inu-Taishou intrigado, e um tanto preocupado. Sesshoumaru não era dado a expressar sentimentos, mas dava para ver dentro dos olhos dele certa ansiedade e muita raiva, os mesmos sentimentos que o levaram a uma crise de abstinência, uma ira avançada que quase levou o pai a loucura na adolescência do rapaz.

Brigava com o irmão todos os dias, e com essas brigas Inu-Yasha quase amputou o braço esquerdo dele com uma das três katanás do pai, as quais decoram a sala de estar da mansão.

- Estamos atrasados para ir onde Sesshy? – Rin perguntou, acompanhando-o ate a garagem.

- Eu não quero discutir assuntos particulares aqui em casa, isso é ate irônico de se dizer... eu não quero arriscar em perder o Musou para o mundo. Se ele simplesmente desconfiar que eu irei o por atrás dar grades, ele vai desaparecer. – afirmou com certeza e curiosamente olhando para Rin continuou. - ... E você, o que veio fazer aqui?

- Temos que conversar justamente sobre esse assunto de você não poder conversar em particular em sua própria casa, mas com o Miroku, que ficou de conversar com a Koharu... – Ela disse, vendo-o aproximar-se de seu carro.

Sesshoumaru concordou assentindo com a cabeça, e logo entrando em seu carro para tirá-lo finalmente da garagem. Após ter o tirado, abriu a porta pelo lado de dentro para que Rin o adentrasse, e ele não deixou de perceber que ela estava um tanto séria desde que a viu.

No caminho, Rin permaneceu a maior parte em silêncio, e fitando as próprias mãos sob as pernas, mas apesar de querer silêncio aquele dia pelo nervosismo em que residia a sua mente, Sesshoumaru não queria deixar de ouvir a confortante e carismática voz da namorada, e preocupado olhou-a e iniciou uma conversa.

- Rin... meu anjo o que aconteceu? Você esta muito quieta e séria, você não é assim...

- Estou preocupada...

- E o que preocupa esse anjo? - Ele deu um breve sorriso, mas ela permaneceu séria.

- A Kagura, ele podia tê-lo matado com aquela droga...

- Você ainda esta preocupada com aquele incidente? – ele olhou-a um pouco surpreso.

- Não Sesshy, estou preocupada com o que há de vir, ela pode e vai tentar de todo jeito nos...

- Shh! – ele tocou o rosto dela carinhosamente ao parar num sinal vermelho. – Isso não vai acontecer, eu não deixarei... – ele olhou-a sério, mas dava para ver dentro dos olhos dele um brilho muito feliz e sorridente. - ... não se preocupe, eu sempre estarei com você, e nós superaremos tudo o que pudermos juntos. – Ele viu-a sorrir largamente e podia ver os olhos dela lacrimejarem de felicidade. – Isso, é esse sorriso que eu quero ver em seu rosto sempre, mesmo em minha ausência... eu quero sempre que sorria, pois cada sorriso seu eu vou sentir, onde quer que esteja... ele será como uma corda que faz meu coração bater, e continuar te amando...

Lentamente ele aproximou seu rosto do dela, e quando os lábios famintos por beijos iam finalmente se tocar, aquela reação de transe foi desperta por uma buzina de um apressado que estava atrás do carro de Sesshoumaru, proferindo alguns xingamentos contra ele. Frustrado, Sesshoumaru endireitou-se e após passar a marcha do carro partiu, mas a vontade que teve foi de saltar do carro e esmurrar a cara do motorista, pois com certeza ele havia perdido um beijo muito cálido e apaixonado, que só são dados quando os corações estão batendo com sincronia.

Eram quase dez horas da manhã, quando chegaram à faculdade, e a impressão que o carro preto de vidros escuros causou nos alunos da faculdade, principalmente nas alunas, foi de grande surpresa e alegria por parte das garotas.

- Kanna olha, - Abi indicou discretamente à colega, que olhou. – não é o carro do Sesshoumaru?

Kanna continuou olhando ate o carro parar não muito distante de onde estavam. Segundos depois a porta do automóvel se abriu, e algumas garotas cochichavam um “ele é lindo!”

- A Kagura vai gostar de saber que ele esta aqui... – Kanna afirmou, voltando a olhar para seu caderno, onde anotava algumas coisas.

- Kanna, eu acho que ela não vai gostar não... – Abi comentou, e Kanna a olhou confusa, vendo ela indicar com o olhar.

Ao seguir a indicação dos olhos da colega, Kanna também não gostou; Rin tinha acabado de sair do carro, e ajudava ao rapaz concertar o nó da gravata, que enquanto ela o fazia, desdobrava as mangas da camisa. Logo ele passou o braço pelas costas dela, deixando-o suavemente escorregar para a cintura, e assim andaram em direção a entrada da faculdade, onde pelo caminho muitas pessoas mesmo que discretamente os olhavam.

Ao entrarem, Rin sentiu certa saudade das aulas, dos professores e também dos colegas.

Os dois caminharam abraçados ao longo dos corredores da faculdade, onde ouviam murmúrios e comentários, e ele particularmente, sabia que tudo era a seu respeito e a respeito de seu relacionamento atual.

Após irem à extensa sala de professores, para Rin cumprimentá-los, eles seguiram para a sala onde Miroku, Sango e Inu-Yasha assistiam as aulas. Mas um acontecimento inesperado pegou Sesshoumaru de surpresa: Sara após saber da presença do rapaz ali, apressou-se a achá-lo. Ela caminhou rápido pelos corredores quando finalmente o encontrou, estava esperando por Rin, pois ela tinha ido ao banheiro.

- Sesshoumaru... – começou aproximando-se e audaciosamente, mas sempre delicada, fingiu ajeitar a gravata do rapaz, que com um gesto frio, mas gentil, afastou as mãos dela, tirando-as do corpo dele. - ...você esta muito elegante, o que fez se perder por aqui?

 - Nada com o que deva se preocupar Sara... – respondeu com a habitual frieza.

Rin neste momento apareceu, e Sesshoumaru a abraçou, e quando virou-se para seguir seu caminho, Sara chamou-lhe novamente a atenção.

- Eu ouvi dizer que ganhou seu primeiro caso, parabéns! – ela viu-o se virar, mas quem falou foi Rin, numa voz plácida e amigável.

- Como soube disso Sara? – Rin olhou-a carismaticamente, mas a presença dela ali era completamente invisível para Sara, que olhava fixo para o rosto de Sesshoumaru.

Uma mecha de cabelos passou pela lateral do ombro do rapaz, por ele ter olhado Rin de repente, surpreso, pois logo ligou os pensamentos.

Sara, por sua vez, carinhosamente pegou a longa mecha de cabelos, e Sesshoumaru a olhou novamente.

- Responda-a Sara. – pediu serio.

- O que você quer que eu responda?! – Sara fez-se de desentendida, e Sesshoumaru revirou os olhos, tirando a mecha de cabelos das mãos de Sara.

- Como soube que ganhei um caso? – repetiu com certa zanga na voz.

- Eu ouvi dizer... – Sara blefou.

- Você esta mentindo Sara, da pra ver em seus olhos... – Rin protestou, um pouco chateada por ser ignorada pela garota na outra vez.

- Ora o que você sabe garota! Você não esta mais aqui para saber das coisas que se ocorre... - Sara falou asperamente, e logo voltou a olhar Sesshoumaru com altivez, mas dele recebeu uma repreensão gestual e expressiva.

- Não fale assim com ela...

- A expressão plácida e bela da moça adquiriu fúria, mas não esbravejou sua ira contra quem lhe chamara a atenção, e sim contra Rin.

- Esta vendo, - ela olhou para Rin, que tinha os olhos arregalados nesta hora. -  ele não era assim antes de te conhecer...

- Sara... – Sesshoumaru a chamou em tom de aviso. Mas ela continuou desenfreada sem dar atenção aquele chamado do rapaz.

- ... Nunca pensei que ele fosse gostar de uma garota suja...

- O que? – Rin estreitou os olhos numa tentativa de entender o que ela quis dizer. E um rosnado se formou na garganta de Sesshoumaru, que assumiu uma expressão assassina no rosto.

- É, corpo sujo, ele escolheu você por ter pena por ter sido estuprada pelo Kouga, todos sabemos...

Rin assumiu uma expressão de medo e vergonha na hora, deu vacilantes passos para trás ate encostar-se na parede, onde ficou em estado de choque.

Sesshoumaru por sua vez agarrou forte o braço de Sara e numa voz rosnante proferiu, um tanto furioso.

- Pare com isso Sara! – ele não mediu força ao segurar a garota.

- Esta me machucando... – ela sentiu, olhando-o com lagrimas nos olhos e decepcionada.

Ao ouvir o clamor da garota, Sesshoumaru soltou-a de forma maquinal, nunca tinha agido daquela forma animalesca com uma garota.

Ficou impaciente, passou a mão na franja, e ainda olhando para a Sara, ouviu um barulho vindo de trás de si. Rin tinha acabado de cair, mas dessa vez desmaiada.

Ao ver aquilo, o rapaz rapidamente a acolheu, preocupado com a namorada, esqueceu do que tinha feito a Sara, e passou as atenções para  ela.

- Rin, acorde... – ele suavemente balançou o rosto dela, e após alguns minutos fazendo isso, Rin começou a despertar.

- Você esta bem Rin? – ele a ajudou levantar-se segurando-a pela cintura.

- E-estou...

- Vamos, eu vou te levar pra casa...

- Sesshy, temos que falar com o Miroku... eu... - ela olhou Sara alisando o braço e chorando perto deles. - ... eu estou bem...

Sesshoumaru olhou Sara de soslaio, após seguiu o corredor indo em direção a sala de aula onde Miroku estava.

Sara encostou-se na parede e escorregou ate sentar-se. Neste momento, Kagura chegou e ao ver o estado da amiga assustou-se ao ver o desespero no choro dela.

- Sara o que houve? – Ela abaixou-se e segurando uma das mãos de Sara, sentiu-a fria.

- Ele quase me agrediu por causa daquela vadia...

- Quem? – Kagura a olhou confusa.

- Sesshoumaru... – ela levantou-se ainda chorando, com a ajuda de Kagura.

- Mas... como pode ele nunca...

- Sim ele faria sim, mas por causa daquela maldita vadia! – Sara quase gritou, fazendo Kagura arregalar os olhos, e voltou a chorar de novo.

Kagura por sua vez aproximou-se e tocou os ombros dela a sacudindo delicadamente.

- Sara precisamos fazer alguma coisa, meu plano não esta nem um pouco rápido, o Kouga não apareceu ainda, e eu estou fazendo o que posso para expor a vida dele por completo, mas uma coisa muito importante eu ainda não consegui descobrir, onde ela mora...

- Mas... para que precisa saber isso?

- O Kouga quer vê-la, e ele disse que vai fazer com que ela saia da vida dele...

- Como? Ele esta louco por ela, olha o que aquele idiota fez no meu braço! – Sara mostrou as marcas das mãos dele no braço, estava quase roxo.

- Ele tem as mãos fortes... – Kagura sorriu, sentindo saudades do calor daquelas mãos, e de como ele a acariciava quando faziam amor... um brilho de lagrimas transpareceu nos olhos de Kagura, um brilho de saudade e com ele um outro brilho, o de raiva, o de ódio e vingança. – Eu tenho que descobrir onde ela mora, e vai ser agora. – Kagura saiu apressada pelos corredores, e Sara foi atrás curiosa para saber o que ela iria fazer para descobrir o endereço de Rin.

Ao chegar na porta da sala de aula, Sesshoumaru apenas olhou para Miroku, fazendo um simples sinal com a cabeça, pedindo assim para que ele fosse falar com ele.

Miroku por sua vez, discretamente levantou-se e saiu da sala.

- Não podemos conversar outra hora, eu estou enforcado nessa matéria...

- Depois eu te explico essa matéria inteira se quiser, mas agora temos que conversar, eu esperaria, mas a Rin não esta se sentindo muito bem, quero levá-la para casa logo.

- O que ela tem? – Miroku olhou por cima do ombro de Sesshoumaru, e Rin estava cabisbaixa, parecia chorar, estava encostada um pouco distante dos dois.

- Houshi, conte logo o que descobriu... – Sesshoumaru o apressou.

- Vamos para outro lugar, se o professor me ver conversando aqui, vai me tirar pontos, e eu já tenho poucos, se ele tirar eu tô ferrado.

Um tanto frustrado, Sesshoumaru deu as costas para Miroku indo em direção a Rin. Depois de a abraçar os três caminharam em direção a quadra de esportes, onde, depois que chegaram começaram a conversar.

- Eu conversei com a Koharu, e ela ficou um pouco receosa sobre o assunto não queria contar então...

- Pule a parte de que você a seduziu Houshi, e fale logo o que ela te contou... – Sesshoumaru fechou os olhos frustrado, estava impaciente.

- Ok! – Miroku levantou as mãos e sem graça continuou. – Ela me contou que ouviu uma conversa da Kagura no celular, e ela estava falando com alguém que sabia muito bem de sua vida... mas a Koharu pediu descrição, parece que ela foi ameaçada pela Kagura, e isso não é bom...

- Então... A Kagura anda investigando minha vida pessoal, mas... o que ela vai ganhar com isso...

- Ela quer nos separar Sesshy, e esta querendo encontrar um ponto fraco em você... – Rin que estava quieta ate o momento, confirmou, com um pouco de lagrimas no rosto.

Sesshoumaru a abraçou forte, e após limpou as lagrimas do rosto dela, e carinhosamente deu um beijo na testa.

- Eu se fosse você teria cuidado com a Kagura, ela não parece querer separar vocês... – Miroku falou com certa certeza na voz, e Sesshoumaru percebeu isso.

- O que mais você sabe Houshi? – perguntou em tom mais serio.

- Eu ainda não tenho certeza, mas ela e a Sara estão tramando uma contra a Rin, elas andam muito juntas e quando garotas andam juntas por causa de um homem, e ele esta com outra garota, sempre acontece algo com a atual namorada...

- Isso é uma teoria idiota Houshi, a Kagura não tem cabeça para fazer planos, ela não tem inteligência o suficiente para planejar nada, pois a única coisa que sabe é ficar aceitando tudo o que o pai impõe... esqueça isso... – Sesshoumaru virou as costas para o rapaz, e começou a caminhar em direção da saída.

- Ei! Eu preciso estudar aquela matéria, vou ter prova amanha...

- Passe lá em casa depois das quatro, peça para o Inu-Yasha te levar...

Miroku encaminhou-se para a sala novamente, e Sesshoumaru caminhou com Rin ate a parte de trás da faculdade.

- Sesshy... – Rin ainda muito deprimida abraçou forte o namorado, estavam perto da arvore, e ele estava tentando pelo menos animá-la um pouco.

- Rin, eu sei que tudo o que esta acontecendo é muito constrangedor para você, eu entendo isso meu anjo...

- Eu não quero mais voltar aqui, isso foi... humilhante demais...

- Tudo bem, eu quero o melhor para você... – ele tocou suavemente o rosto dela, a acariciando.

- O que você esta fazendo aqui?!! Enlouqueceu? - Kagura quase gritou no estacionamento.

- Calma gata, - o rapaz tocou um dos brincos da moça, brincando com ele. – eu soube que seu amigo esta aí com a Rin.

- Esta, e você é louco em vir aqui, ele te mataria se encostasse um dedo nela... – Kagura virou-se e começou a andar em direção a faculdade, mas ele a conteve.

- Ei, espera ai...

- Me solta Kouga! – ela pediu seria, mas ele não a soltou, e sim puxou-a para um abraço, o qual ela pode sentir algo preso à parte da frente da calça do rapaz. – O que...

- Você conseguiu os endereços? – ele a interrompeu antes que ela perguntasse o que ele carregava preso na cintura.

- Eu já disse que não vou dizer onde o Sesshoumaru mora! – ela bramiu, tentando se desvencilhar dos braços dele.

Mas Kouga a segurou mais forte, e segurando-a de maneira que seus rostos tinham espaços mínimos um do outro.

- Gatinha eu não tô brincando, eu quero os dois endereços, e quero agora ou eu vou fazer essa sua carinha linda ficar com um buraco...

Kagura tremeu, e gelou da cabeça aos pés.

- M-mas, mas se v-você fizer isso... se fizer isso como vai fazer pra descobrir onde ela mora...

- Eu quero os dois entendeu, e vou ate o inferno se precisar para descobrir, mas o inferno é muito longe e eu sei que você sabe onde ele mora, por isso você vai me contar sem precisar de te machucar, você é uma boa menina...

- Me solta Kouga... – ela pediu, e dessa vez ele a soltou e ficou olhando-a nos olhos, esperando uma reação dela.

- Eu não descobri ainda onde ela mora, mas eu o farei agora se você não me matar antes... – ela ficou um pouco tensa, mas logo tirou uma sátira com a situação.

- Ótimo, eu vou esperar... – ele recostou-se em um carro olhando-a ainda.

Kagura deu uma risada, e logo pegou o celular de onde digitou um numero... o numero da casa de Sesshoumaru.

- Ola, como vai? – ela iniciou a conversa, sob o olhar atento de Kouga.

- O que você quer Kagura, eu estou trabalhando agora, não posso ficar muito...

- Calma, eu só quero uma informação, quero saber onde a namorada de Sesshoumaru esta morando...

- Segundo o que eu ouvi, ela esta temporariamente hospedada no apartamento dele...

- É esta bem, obrigada... – Kagura flertou desligando o aparelho depois.

- E então, onde ela esta morando?

- Ainda não sabemos – mentiu. – mas eu vou descobrir, olha... – ela pegou um pedaço de papel e anotou um numero, e o nome dela e após entregou-o para o rapaz. – me ligue amanha a noite e eu já vou ter o que quer ok. – ela sorriu, mas logo o sorriso se findou com o que ouviu quando ele pegou o papel da mão dela.

- Você tem ate amanha a noite, se não, eu vou estrear esse brinquedinho aqui... – ele tocou na arma por cima da camisa, depois virou-se indo embora em seguida.

- Bruto, selvagem... – ela murmurou com tremulação na voz. - ... mas antes dele pegar ela eu irei fazer uma visitinha.

Logo após Sesshoumaru levar Rin em casa, encaminhou-se para o restaurante, onde iria conversar com Musou.

Ao chegar no restaurante, faltavam apenas dez minutos...

Sesshoumaru bebeu apenas uma agua, não estava com fome, e seu estomago deu voltas quando viu Musou adentrar o restaurante, e se aproximar.

- Sesshoumaru, você é muito pontual...

- Ao contrario de você, era para estar aqui a dez minutos atrás... sente-se e comece a falar o que quer... – pediu o rapaz, vendo o outro sentar-se não muito satisfeito com a repreensão.

- Calma, vamos almoçar então eu...

- Eu não estou com fome, se quiser fique a vontade, mas fale logo, eu tenho um compromisso daqui a pouco...

- Eu... gostaria que não comentasse sobre o que lhe contei aquele dia aqui...

- Sobre a menina? – Sesshoumaru sentiu um rosnado se formar na garganta, serrou os punhos embaixo da mesa, a vontade que teve foi de arrancar a traquéia daquele homem, mas teria que se controlar, e suportar cada momento com ele para que nada desse errado.

- É... não é que não confio em você, é que eu fiquei um pouco preocupado pelo fato de você ser tão...

- Frio? – ele completou entre os dentes.

- Isso – Musou sorriu, e a ânsia na mente do rapaz se intensificou, quase não suportou a vontade de matá-lo nessa hora. Ele sorria como se estuprar e quebrar os ossos de uma criança de cinco anos fosse à coisa mais normal do mundo. – você é muito frio e fechado...

- Era só isso? – perguntou já cansado de se controlar, tanto que a voz saiu estranhamente rosnante.

- Eu queria contar o porquê foi que fiz aquilo com a Shiori...

- Não me interessa, eu não quero saber da covardia que fez com que fizesse tal coisa...

- Foi culpa dela, ela ficava se insinuando para mim e...

- Eu já disse que não quero saber seu ser desprezível...

- Ei! Como ousa falar assim comigo, eu te paguei, e muito bem para cuidar de meu caso, e agora esta agindo assim? – o rapaz quase se exaltou, mas uma reação o fez acalmar-se.

- Eu prefiro devolver isto para você... – Sesshoumaru jogou um envelope branco em cima da mesa perto dele. - ... A inocência de uma criança não tem preço, e você sendo esse ser inútil que é, vai fazer melhor proveito disso do que eu, lamento, mas eu não quero fazer parte desse seu distúrbio de loucura...

- Você já fez meu caro amigo, eu estou livre, e aquela menina estará presa nas trevas para sempre, pois eu não a violentei uma vez só, foram dois anos de diversão meu amigo...

- Seu maldito... – Sesshoumaru proferiu entre os dentes e levantou-se abruptamente, e após deixar algum dinheiro em cima da mesa, da água que bebeu, saiu deixando um Musou muito tenso na cadeira do restaurante.

Sesshoumaru caminhou apressadamente ate onde seu carro estava e ao chegar deu um violento soco na lateral deste o amassando. Sentiu-se o ser mais desprezível do mundo, mas ali com a dor que sentia do corte em seu punho e o sangue que escorria deste sentiu-se um tanto vitorioso, pois tinha conseguido uma prova, a prova que colocaria Musou na cadeia e aprisionaria um dos seres mais desprazíveis que conhecera. Passou a mão nos cabelos pondo a franja teimosa para trás, sua ira não terminara e não podia dirigir daquela forma, pois sabia que se fizesse isso poderia ocasionar um acidente. Então adentrou seu carro e ali permaneceu de olhos fechados ate que seus nervos voltassem a repousar.

Eram quase quatro e meia da tarde quando ele despertou com o toque do celular, assustou-se pois estava repousando no silêncio absoluto já havia três horas...

- Sim chichiue? – iniciou com uma sonolenta voz.

- Filho, estou te esperando aqui no escritório há algum tempo o que esta acontecendo, você nunca se atrasa para um compromisso...

- Desculpe pai, eu estou a caminho, ai eu te conto o que aconteceu...

Ele desligou o aparelho e após ligou o carro... mais calmo, dirigiu não muito rápido chegando em alguns minutos ao seu destino.

- Sesshoumaru se atrasando essa é nova... – Bokusen-ô debochou levando assim um gélido olhar do rapaz.

Inu-Taishou que estava na sala percebeu o aborrecimento do filho, e era intenso.

­ Conhecia cada olhar de seus filhos e cada gesto tinha um significado.

- O que aconteceu Sesshoumaru? Esse seu nervosismo tem um fundamento, e eu sinto que é muito grave.

Sesshoumaru pegou um pequeno objeto no bolso da calça social que estava usando, e depois de o por em cima da mesa, apertou um pequeno botão neste.

“- ... Você já fez meu caro amigo, eu estou livre, e aquela menina estará presa nas trevas para sempre, pois eu não a violentei uma vez só, foram dois anos de diversão meu amigo...”

- Mas... que porcaria é essa?!! – Bokusen-ô perguntou olhando-o com os olhos arregalados.

- Esse é o motivo pelo qual vim ate aqui, eu preciso colocar esse desgraçado na jaula... – ele quase gritou, mas sua voz foi abafada pelo nervoso que sentia, saindo apenas alguns rosnados depois das palavras.

- Musou... ele violentou a menina filho?

- Isso não esta obvio nessa gravação... se não estiver eu vou ter o prazer de fazer aquele desgraçado cuspir tudo aqui na delegacia na sua frente Bokusen-ô, na frente do juiz, na frente de quem quiser ouvir... – Sesshoumaru estava muito alterado, o coração acelerado e a respiração acelerada. Os nervos afloravam a pele.

Inu-Taishou orgulhou-se da índole do filho, mas estava um tanto preocupado com o comportamento agressivo dele.

- Acalme-se filho, - Inu-Taishou aproximou-se e segurando firme no ombro do filho o encaminhou ate o sofá. – sente-se, eu vou pegar um pouco de água para você.

- Você fez um bom trabalho investigativo, - Bokusen-ô pegou o telefone e chamou alguns policiais, e depois de aprontar uma ordem de prisão, entregou aos policiais. – esses rapazes irão fazer uma visitinha para ele em casa.

Ainda sentado e com um copo de água nas mãos, olhou um tanto serio para todos. Ainda estava muito nervoso, não era apenas aquele infortúnio que o incomodava, tinha ainda que resolver com seu pai o problema que Kagura estava arrumando contra a família, expondo a vida do rapaz ao publico.

Um pouco mais calmo, mas ainda muito tenso ele conversou serenamente com o pai, explicando assim tudo o que estava acontecendo.

Tanto Inu-Taishou, quanto Bokusen-ô ficaram pasmos com a situação, eles discutiram o melhor jeito de descobrir quem era o delator da vida pessoal da família. Por fim ambos resolveram fazer uma reunião com todos os empregados para descobrir quem era.

Enquanto conversavam, uma hora passou-se, um pequeno tumulto chamou a atenção dos presentes dentro da sala, e aos gritos um furioso Musou invadiu o local, sendo segurado pelos braços pelos policiais.

- Maldito traiçoeiro! Você vai pagar caro por ter feito isso! – enfurecido e algemado ele bramiu, jogando o corpo para frente com intuito de brigar afrontando Sesshoumaru que com um sorriso um tanto irônico pois-se de pés, e olhou o seu ex-cliente, agora prisioneiro de sua própria conseqüência.

- Talvez alguns anos na prisão o faça refletir como foi covarde com aquela criança...

- Eu fui covarde? E você? Você participou de tudo  indiretamente, pois enquanto eu estava lá na cama com a Shiori, você estava me defendendo... – ele acusou.

Num instinto nervoso, Sesshoumaru avançou furiosamente em cima do rapaz. Inu-Taishou, que estava perto de Sesshoumaru, tentou contê-lo, mas foi inútil, pois ele foi tão rápido e com tanta força que derrubou o pai no chão, o qual segurava-o pelo braço. Agarrou Musou pelo pescoço, e depois de o encostar bruscamente na parede o suspendeu. Os olhos estavam fixos aos de Musou e cheios de ódio.

- Largue ele Sesshoumaru! – Bokusen-ô ordenou, ajudando Inu-Taishou levantar-se. – largue agora isso é uma ordem! – ele aproximou-se junto com Inu-Taishou, e falou bem próximo ao rapaz em uma voz altiva.

- Seu maldito, pensou que podia zombar de Sesshoumaru?...

Nada adiantou os apelos do velho delegado, o ódio era intenso e Sesshoumaru estava com os olhos fixos, parecia que só existiam os dois ali.

Inu-Taishou de repente segurou o filho numa gravata, nisso Bokusen-ô gritou outros policiais que vieram e logo o ajudaram. Uns seguraram Musou, e outros puxavam o rapaz junto de Inu-Taishou.

- Sesshoumaru – Inu-Taishou o segurou mais forte, mas ele parecia não se importar com o que o pai fazia, continuando assim concentrado em apertar o pescoço de Musou. – solte-o ou eu vou ter que apertar seu pescoço. Solte-o filho, eu não quero te machucar...

Inu-Taishou sentiu que a musculatura do corpo do filho estava muito enrijecida, não era mais o próprio Sesshoumaru que agia, mas sim o ódio que ele mantinha naquele momento. Vendo isso, ele não teve escolha, começou a apertar o braço forte envolta do pescoço do rapaz, mas mesmo assim ele não soltou, nem reagiu contra o pai, parecia hipnotizado.

- Eu sinto muito filho... não queria fazer isso... – Inu-Taishou viu que a força que aplicava em Sesshoumaru não o despertou, com isso, verdadeiramente apertou com muita força, fazendo com isso a entrada de oxigênio nos pulmões ser impedida, e em alguns segundos o rapaz perder as forças e esmaecer em seguida.

Sesshoumaru ficou entre os braços do pai, e Musou caiu quase morto perto dos dois policiais que o seguravam antes.

Inu-Taishou arrastou o corpo do filho para onde tinha espaço suficiente para ele deitar-se esticado. Bokusen-ô, por sua vez chamou uma ambulância, e um tempinho depois esta chegou à delegacia.

- Seu filho parece um monstro, nunca vi tanta força. - Bokusen-ô comentou, olhando o medico medindo a pressão do rapaz deitado agora sobre uma maca.

- Ele esta furioso, olhe as mãos dele, estão cerradas, quando acordar, vai querer agredir o primeiro que encontrar...

Após o medico terminar o exame, levantou-se com uma expressão seria, e um tanto frustrada.

- Quem é o pai desse rapaz? – perguntou aos dois presentes.

- Eu. Há algo de errado com ele? – perguntou friamente.

- Ele esta bem, mas o coração ainda esta muito acelerado e ele esta respirando com um pouco de dificuldade, ele esta todo tenso, com a musculatura toda rija. O estado nervoso dele pode acarretar um possível enfarte, por isso eu vou administrar um calmante...

- Ele passou por um problema seriíssimo hoje...

- Eu entendo, por isso eu vou medicá-lo com um calmante forte, ele vai acordar amanha muito mais calmo. Eu vou preparar o medicamento...

Enquanto o medico preparava o calmante, um enfermeiro cuidava da mão de Sesshoumaru, que estava com um corte profundo.

Após terminar de enfaixar a mão dele, com a ajuda de Inu-Taishou, o medico aplicou o medicamento, no único local onde os músculos estavam menos tenso, nas nádegas.

Alguns minutos depois, com a ajuda da maca, os enfermeiros levaram Sesshoumaru ate o carro dele a pedido do pai do rapaz.

Inu-Taishou abriu a porta do carona e após recostar a poltrona, os enfermeiros puseram o rapaz nesta, e após Inu-Taishou fechou a porta, indo em seguida para o outro lado, onde Bokusen-ô o estava esperando para despedir-se.

- Eu ligarei se souber de alguma novidade... – Bokusen-ô indicou a ambulância com a cabeça, referindo-se a Musou nas palavras.

- Se ele morrer vai fazer um favor a sociedade, aquele animal mereceu...

- Sim mereceu, mas se ele morrer vai trazer complicações para seu garoto...

- Entendo, acho que o juiz não ira querer saber do que aconteceu, mas pelo que o medico confirmou, o cara ta legal, ele não vai morrer... – Inu-Taishou sorriu, logo adentrou o carro de Sesshoumaru, partindo segundo depois.

 


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Notas finais do capítulo

Até a próximo!



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