Perdida Em Seu Olhar - (Finalizada) escrita por Eu-Pamy


Capítulo 2
Capítulo um - Quando tudo parece perdido.


Notas iniciais do capítulo

Escrevi tudo em duas horas... Meu português não é dos melhores, então desculpem desde já!
Essa é minha primeira fic original (e espero que não seja a ultima), então não esperem muito de mim.
Espero que gostem.



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Perdida em seu olhar.

Capitulo um – Quando tudo parece perdido.

Isso não está acontecendo. Isso não pode estar acontecendo. Não! Isso é mentira! É mentira! É só um pesadelo, logo eu irei acordar e tudo ficará bem! Por favor, que seja mentira, eu não irei suportar se... Não. Por favor, não!

Lágrimas rolaram de meus olhos.

- “...Encontramos o seu telefone na bolsa dela”. As palavras eram duras, sem vida, e ecoavam em meus pensamentos como uma maldição.

Levei a minha mão direita aos meus olhos, tentando secar algumas lágrimas que manchavam a minha visão, mas não deu certo, as lágrimas pareciam brotar de meus olhos como grama que brota do solo, era impossível controlar.

- “Achamos melhor avisá-la...”.

Chovia, mas não uma chuva comum. Cada gota de água representava uma lamentação. Era como se todos os anjos dos céus chorassem de tanta dor e tristeza. O mundo estava em luto.

- “Parece que o motorista do caminhão estava bêbado...”.

De repente, vejo uma figura distorcida no meio da estrada, tento desviar e por pouco não acerto o pobre animal. Encosto o carro de qualquer jeito no meio fio.

Isso não pode estar acontecendo... Não, Deus, por favor...

- “Ele cochilou na direção... E não viu quando o carro de sua amiga surgiu na estrada.”. 

Senti o meu estomago embrulhar, rapidamente retirei o cinto e abri a porta. Sai do carro e com força cai de joelhos no asfalto da beira da estrada, senti o líquido sair do meu estomago e passar direto pela minha boca, mas o vomito não foi a pior parte.

- “Foi uma tragédia. Não tinha como alguém sobreviver a batida. Eu lamento”. Disse o médico que socorreu Anabela logo após o acidente.

Por quê...?  Por que meu Deus? Por quê?

- NÃO! – Gritei, enquanto esmurrava com força o chão, ainda na mesma posição da queda.

A chuva caia sem dó e nem piedade, encharcando a minha roupa e se misturando as minhas lágrimas.

- “Quando chegamos ao local do acidente ela já estava morta, não teve nada o que pudéssemos fazer. Eu realmente lamento muito”.

Aquilo não podia estar acontecendo.

- “O carro ficou completamente destruído, o motorista do caminhão sobreviveu, mas ao chegar ao hospital teve uma Parada cardiorrespiratória e veio a óbito na mesa de cirurgias. Uma tragédia. O hospital onde o corpo de sua amiga está se chama Monte Carlos Manuel de Assis, fica na Av. Tamboré Metropolitana, número 523, depois da Praça Central e da delegacia de polícia. Como não foi encontrado nenhum parente vivo da vítima, estaremos esperando a sua chegada, para que possa fazer o reconhecimento do corpo como manda a norma. Se precisar de mais alguma informação é só ligar para o número 9874-5689 e pedir para falar com o Dr. Roberto. Por favor, se houver algum parente ou amigo próximo a paciente que precisa ser avisado, peço que repasse essas informações.

- N-Na verdade... Eu na-não sei. Faz muito tempo que não tenho notícias de Anabela, eu mal sabia que ela estava vindo para cá e muito me surpreende ela ter guardado o me-meu telefone por tanto tempo... Ai meu Deus, eu não posso acreditar nisso... Ela não pode ter morrido!

- Eu lamento senhora.

- Tudo bem, você não tem culpa de nada! A culpa é do desgraçado daquele motorista!

- Foi uma fatalidade.

- Sim... Mas é que é difícil de acreditar que... E-eu irei imediatamente para ai.

- Irei aguardá-la”.

Como se a minha vida já não estivesse suficientemente ruim sem isso, estou desempregada, passando por um divorcio conturbado, brigada com toda a minha família, sem uma casa para morar, com varias prestações do carro atrasadas e agora perco a minha melhor amiga. Anabela... Porque você tinha que pegar a estrada à noite no meio de uma verdadeira tempestade? O que deu na sua cabeça? Meu Deus...

Levantei, estava cansada de tantas lamentações, estava na hora de encarar a vida de cabeça erguida, afinal não sou mais uma criança; já estou com 27 anos e está na hora de acordar e encarar os problemas de frente. Entrei no carro, sem me importar com o estado das minhas roupas. Com as costas da mão limpei a boca. Eu devia estar horrorosa. Liguei o carro e mantive toda a minha atenção na estrada, pois tudo o que me faltava era ter que agüentar mais um acidente na minha vida. Não foi difícil encontrar o hospital, o difícil mesmo foi conseguir sair do carro.

Quando finalmente consegui entrar no hospital fui direto para a recepção, onde uma loira muito simpática me atendeu e me orientou a esperar ali, até que após uma rápida saída ela voltou acompanhada de um homem, que supus ser o tal Dr. Roberto.

- Boa noite, você deve ser a senhorita Cllaus, eu estava te aguardando. Eu sou o médico que falou com a senhorita por telefone há algumas horas. – Disse, erguendo a mão para me cumprimentar, logo reconheci a sua voz. Apertei levemente a sua mão, mas não sorri, não tinha cabeça para isso, eu só queria ver a minha amiga.

- Onde ela está? – Perguntei com urgência, eu precisava vê-la, só assim acreditaria.

O doutor não me respondeu, parecendo não dar atenção a minha agonia.                  

- Bom, senhorita, antes eu tenho algo muito importante para te perguntar. A paciente Anabela tem algum parente vivo que seja maior de idade ou tutor, ou coisa parecida? – Seu tom era sério.

-  Não que eu saiba. Como eu disse faz quase dez anos que não a vejo, na época estudávamos juntas e ela morava com o seu tio, até que ela precisou mudar de um dia para o outro de cidade, e eu nunca mais a vi. Pouco tempo depois um amigo em comum me disse que o tio dela morrera vítima de uma doença rara. Desde então nunca tive mais notícias. Por isso não sei se ela foi morar com outro parente ou se casou com alguém. A verdade é que nunca a vi falar de outro parente que não fosse seu tio e tampouco perguntei. Mas acredito que se houvesse mais alguém de sua família viva eu iria ter conhecido, já que éramos como unha e carne... – meus olhos encheram de lágrimas com as lembranças -. A menos que esse parente morasse muito longe ou não tivessem contato, mas acho muito difícil. Mas doutor, porque pergunta isso?

- Você disse que vocês não se vêem há quase dez anos? E que ela se mudou da cidade sem dar explicações?  - Questionou, sem dar atenção novamente a minha pergunta. O doutor parecia suspeitar de alguma coisa.

Assenti.

- Sim, é isso mesmo, mas porque quer saber? – Perguntei desconfiada.

- Bom, como eu disse ela estava sozinha quando o acidente aconteceu, mas encontramos uma certidão de nascimento na bolsa dela, onde também encontramos o seu número de telefone.

- Sim, e por sorte (se isso é sorte, então não sei mais o que é azar) eu não havia trocado de número esses anos todos. – Concordei. – Mas a quem pertence essa certidão?

- Pertence a um garoto de nove anos chamado Lucas, e pelo que dizia a certidão ele é filho da sua amiga.

- O que? Filho da Anabela? E onde está esse garoto agora? – foi então que eu entendi – Você disse que ele tem nove anos? Mas... Quem é o pai dele?

- Na certidão não diz quem é o pai. Em todo caso, encontramos um documento que indica que ela estava vindo para o Rio de Janeiro para se encontrar com seu filho, pois ele veio para cá há um mês, participar do evento: Grandes Jovens Futuros, que estava acontecendo na parte nobre da cidade.

- Eu já ouvi falar desse evento. É um concurso que dá oportunidade para jovens de famílias carentes mostrarem os seus talentos em diversas categorias, e que tem como prêmio dar 100 mil reais e uma bolsa de estudos numa faculdade nos Estados Unidos para dez crianças que provem serem merecedoras, não é mesmo?  

- Exatamente. Entramos em contato com os responsáveis pela produção do evento e perguntamos sobre o tal garoto. Parece-me que a mãe dele ficou de buscá-lo até terça-feira, como hoje é segunda, então temos só mais um dia para decidir o que vai acontecer com ele.

- Sim, mas isso não é dever do Juizado Infantil da Criança e do Adolescente?

- Claro, a propósito o hospital também já entrou em contato com eles e nesse momento um representante está vindo para cá, estou apenas passando as informações que me foram autorizadas.  O importante é deixar claro que o Ministério Público dará todo o apoio necessário para que esse adolescente não sofra tanto. Tudo será conforme a lei manda.

- Mas o que vai acontecer com ele? Com quem ele vai ficar? – Era nítida a preocupação na minha voz. Por um momento, me coloquei no lugar dessa criança... Sem pai, sem mãe e sem lar. Eu não conseguia nem imaginar, se para mim que sou só uma amiga, a notícia da morte de Anabela já foi ruim, imagine então o que ele irá sentir. – Tem alguma coisa que eu possa fazer? – A pergunta mal havia sido formada na minha cabeça e eu já tinha dito em voz alta.

- Essa é uma pergunta que só o advogado poderá te responder.

- Entendo...

- Enquanto isso, a senhorita poderia me acompanhar até a sala onde está o corpo da paciente, para poder confirmar se é mesmo a Sra. Anabela Rodrigues?

- Ah, sim, claro. – Falei um pouco espantada, relembrando o motivo de estar ali.  

Imaginar a minha velha amiga morte em cima de uma maca me fez arrepiar. Eu tinha que passar por aquilo, mesmo que não quisesse... 

- Desculpe, é uma norma do hospital. E como você é a única pessoa próxima a paciente que encontramos... – Falou, com um olhar triste, como se pudesse ler os meus pensamentos, talvez ele simplesmente soubesse o que eu estou sentindo, já que vê isso todos os dias.

- Tudo bem... – Falei, tentando criar coragem.

Segui o médico até uma sala que ficava do outro lado do hospital. A cada passo parecia que meu corpo ficava mais pesado. Quando chegamos, ele retirou de um saco plástico duas mascaras e pediu para que eu colocasse uma, enquanto ele colocava a outra. O doutor abriu a porta e então deu passagem para que eu entrasse. Demorou alguns segundos até eu conseguir arrastar meus pés para dentro da sala. A sala era grande e escura, iluminada apenas por uma luz fraca no teto, e tinha um odor que me lembrava carne podre. Por ela toda, haviam macas enfileiradas, todas ocupadas por cadáveres, eu imagino, já que um pano preto cobria o que suponho serem corpos sem vidas. Senti meu estomago responder de imediato, porém consegui me controlar antes que o pior novamente acontecesse. 

O médico andou até a terceira fileira, andando depois até o quinto corpo, eu mal conseguia olhar para as macas de tanta repulsa.

- É essa. – Informou, olhando para mim como se certificasse que eu ainda estava ali.

Eu assenti, como se dissesse que estava preparada - o que de fato eu sabia ser mentira, porque nunca eu poderia estar preparada para aquilo.

Com a proteção das luvas, ele segurou a beirada do pano e então descobriu o rosto do cadáver. 

Lágrimas rolaram de meus olhos. 


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor.



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