P.O.V James

Ótimo. Teddy tinha armado isso, eu sei. Não que seja ruim ficar preso numa sala com sua prima super gata. Mas é ruim quando você por acaso está meio que apaixonado por essa prima, meio que tem uma namorada e meio que ela também tem um namorado. E meio que só se falam por causa de um plano maluco feito por dois malucos complexados.

-Ei, James- Louis chamou o que por si já era meio estranho- Se algum dia você fizer algo que vá machucar a minha irmã... Bem, ela pode ser muito irritante como irmã mais velha, mas não significa que eu vou deixar que um idiota como você a magoe.

-Louis, quando você ficou tão... assim?

Ele sorriu antes de responder e sair andando:

-As crianças crescem, James, e você devia crescer também.

-Vai ficar parado aí?- Dominique perguntou, os cabelos loiros presos num rabo de cavalo alto, e usava uma daquelas blusas pretas estampadas como antigamente.- Temos um salão para arrumar.

Por que eu prestava atenção nas roupas dela mesmo? Argh. Isso não era certo, não mesmo. Eu só tenho quase dezesseis anos, tenho muito que viver. Mas não consigo nem ao menos pensar numa frase completa perto dela.

-Andem logo, os dois.

Pude perceber Dominique revirando os olhos e lançando um olhar mortal para irmã e ri. E ela riu também. E por um momento era como se fossemos melhores amigos de novo.

-Comportem-se- gritou Victorie, seguida por um Teddy que não escondia o riso. Belo amigo esse que eu tenho.

O salão de festas era enorme e bem iluminado, como o resto da casa. Meu pai fazia questão de sempre dizer que não queria ter uma mansão assustadora como a dos Malfoys, então tudo era cheio de janelas gigantes. E piso claro, e pé direito alto.

-Eu me sinto pequena aqui- murmurou Dominique, eu sempre fora baixinha- Anda logo, seu preguiçoso, não ache que eu vou fazer tudo sozinha. - completou, empurrando uma cadeira na minha direção.

-Essa sua delicadeza me assusta, Domi. - respondi, enquanto ela revirava os olhos e puxava outra cadeira.

-Vamos começar a arrumar as mesas no canto de lá.- ela me ignorou, tentando arrastar uma das mesas sem sucesso.

Eu sorri, enquanto me encostava-me à parede. Era realmente engraçado, e além disso, Dominique sempre foi do tipo que nega ajuda e nunca pede. Ela sempre achou que conseguia fazer tudo sozinha, e na maioria das vezes conseguia, e era orgulhosa demais para pedir ajuda a alguém, ainda mais se esse alguém fosse eu.

Fiquei observando enquanto ela empurrava a mesa, que arrastava apenas alguns centímetros, antes de começar a rir quando ela caiu.

-Sirius!- Dominique gritou, me chamando pelo nome do meio como sempre acontecia quando estava irritada. - Não vai fazer nada?- ela apontou para mesa- Sabe, acho que deixei bem claro que não ia fazer tudo sozinha...

Dei meu melhor sorriso maroto.

-Peça ”por favor”.

Ela bufou e arrumou uma mecha dos cabelos loiros que caia sobre os olhos incrivelmente azuis:

-O que?

-É isso mesmo que você ouviu, Dominique. Peça por favor. São só duas palavrinhas.

-Seu... - ela fez uma pausa, respirando fundo. - malvado! Maligno! Idiota! Eu não dizer isso.

-Então essa mesa vai ficar aí, no meio do salão e você terá que lidar com toda a decepção da família Weasley... A escolha é sua.

Ela respirou fundo, para logo depois começar a me bater. É isso aí, você não leu nadinha errado.

-Você! É a criatura mais irritante do mundo, James Sirius Potter!

Levantei uma sobrancelha:

-Peça “por favor” e eu juro que não te denuncio por tortura e ainda coloco a mesa no lugar certo.

Mais uma vez, Dominique me encarou com um olhar maligno. Eu simplesmente adorava implicar com ela, desde sempre. Quando erámos crianças, era totalmente inocente, mas agora não posso mais afirmar isso. Implicar era um jeito de estar sempre perto dela, mesmo que supostamente ela tivesse um namorado... Eu não gostava nem de pensar.

Ela balançou a cabeça e usou seu tom de voz mais irritado, com os braços cruzados só para deixar ainda mas claro o quanto estava detestando aquilo. Para mim, era completamente divertido.

-Por favor, ajude a tirar essa porcaria de mesa do lugar.

Sorri, satisfeito.

-Agora sim. Doeu?

-Só o meu orgulho. - ela resmungou, sentando em uma das cadeiras que já estavam mais ou menos arrumadas.

-O que está fazendo, Dominique?

-Esperando você arrumar todas as mesas, senhor Eu Sou Forte. - ela riu, prendendo o cabelo de novo- Anda, temos muito trabalho depois disso.

Eu empurrei a mesa com algum esforço.

-Quando você ficou tão... assim?

Ela riu, na verdade deu uma gargalhada. Ela sempre jogava a cabeça para trás quando ria. Apontou para mim e depois colocou as mãos para cima.

-Digamos que aprendi com o mestre...

Dessa vez, também ri enquanto me esforçava para empurrar a mesa. Vou ter uma conversa séria com meu pai sobre essas mesas de madeira super pesadas que ele comprou para esse lugar... São realmente complicadas. E pesadas. E essas janelas não ajudavam nada, com o sol quente em cima de mim.

-Não tem como brigar com você agora. - comentei, enquanto ela sorria superior e se abanava com uma toalha de mesa. – Hum, Domi?

-O que foi?- ela perguntou, parando de se abanar por algum tempo- Hoje está parecendo uma amostra grátis do inferno e...

Eu a cortei, antes que a tagarelice típica começasse.

-Se importaria se eu, hã, tirasse a camisa? Está calor e...

-N-não. Claro que não, não é como se... - ela respondeu, jogando a toalha de mesa longe e correndo para ir buscar. Por que ela tinha que estar com um short tão pequeno logo hoje? Por que ela tinha que ser tão... foco, James, foco.

-É, claro.

-É. Claro.

Respostas monossilábicas não era bem minha ideia de foco.

P.O.V Dominique

Ai meu Merlin. Quer dizer, Merlin me odeia, assim como minha irmã. Só pode. Porque eu estou presa num salão de festa gigante com James Sirius Potter sem camisa. Tudo bem, agora respira Dominique. Não é a primeira vez que você o vê assim e... Não me entendam mal, tá bem? Nós somos primos, passamos as férias juntos. Mas eu tenho certeza que um ano atrás ele não era tão musculoso e...

Recupere o autocontrole, se abane. Isso.

Nós ficamos algum tempo sem falar nada, eu claramente tentando olhar em qualquer outra direção. A vista do céu azul de verão, minhas unhas pintadas de dourado, minha blusa antiga das Esquisitonas, que lembrava um pouco da velha Dominique sem estilo, tirando o cinto de tachas.

Fechei os olhos, finalmente. No fundo, esperava mais dessas férias. Fred tinha mencionado que ele tinha algo como uma namorada, e eu tinha Ed... E agora nós estávamos aqui, tentando não olhar um para outro e negar o inegável.

Por isso, eu queria matar Victorie. Tudo seria mais fácil se ela não achasse que era o Cupido, nem nada assim.

-Acabei aqui- James disse, parecendo ainda mais bonito encostado em uma mesa. Céus, eu tenho que parar com isso.

-Ahãm. Acho que... acho que agora devíamos colocar as toalhas, depois talvez arrumar as cortinas...

Ele riu:

-Como você espera arrumar as cortinas, baixinha?

Dei a língua, e ele continuou rindo enquanto jogava algumas toalhas de mesa brancas em cima de mim.

-O que é isso?- perguntei, com as mãos na cintura.

-Eu coloquei as mesas no lugar, agora você arruma as toalhas.

Eu revirei os olhos:

-Só estou fazendo isso porque sou legal, tá?

-Ah claro. Muito legal- ele diz, e mais silêncio se segue enquanto eu coloco algumas toalhas- Nós sentimos sua falta. Em Hogwarts, sabe. Não é a mesma coisa. Pelo menos Beauxbatons é legal?

Ele estava me encarando com aqueles olhos sem nenhuma cor definida.

-Vamos lá, não deve ser tão ruim... Pelo menos, espero que não tenham um dia da semana que sirvam aquelas comidas gourmet estranhas.

Eu ri, enquanto sentava em cima de uma mesa:

-Ah, é estranho, James.

-O que?

-Beauxbatons.

-Ah.

Levantei, e ficamos em outro silêncio incômodo enquanto eu acabava de arrumar as mesas. Na verdade, não tínhamos muito que fazer ali. E eu definitivamente não iria conseguir arrumar as cortinas sem magia, e como sempre nós tínhamos que fazer tudo sem magia para “formar o caráter”, segundo meus avós diziam. Como se eles acendessem uma lâmpada sem magia, claro.

-O que nós vamos fazer?- perguntei, ainda sentada no chão e encarando o pôr do sol- Todo mundo ainda deve estar ocupado, e nós estamos presos aqui...- dei um suspiro, enfatizando a parte de “presos aqui”.

James deu um daqueles típicos sorrisos de quando tem uma ideia louca, como no terceiro ano quando explodiu a sala de poções e ganhou detenção para o resto do ano.

-Você tem medo de pular uma janela?