P.O.V Dominique

–Como ele é?- Makayla gritou, depois de quase quebrar minhas pobres costelas (normal, né)- Detalhes, Delacour, detalhes.

Revirei os olhos e abri a boca para responder que não ia falar nenhum detalhe, mas Roxanne se intrometeu:

–É isso aí, queremos saber.

–Ah, vocês sabem...

–Não, não sabemos- gritou a escandalosa da Roxanne. Por que uma das minhas melhores amigas tinha que ser filha de George Weasley? POR QUÊ? Ela simplesmente não conseguia ser discreta, assim como o irmão gêmeo.

Agora estávamos paradas num canto, enquanto procuravam por algum Weasley perdido para que pudéssemos oficialmente ir para a Toca e começar a rotina de férias. Quadribol, brigas, comida, visita do tio Carlinhos, quadribol, brigas, quadribol, brigas, comida, brigas por causa de comida, o Malfoy aparecendo por lá, brigas e quadribol.

Makayla cruza os braços:

–Vamos lá, Dominique. Queremos saber das festas e de como você se transformou em uma pessoa bem-vestida.

–Perguntem a Victorie! Depois daquela tortura toda...- respondi, claramente tentando não falar o que elas queriam.

Quer dizer, pelo menos na França eu tinha vida social, e não eram festas e almoços de família. De um modo geral, os adolescentes bruxos por lá davam muito mais festas, já que estavam em casa todo final de semana e eu acabei indo em quase todas elas. Na maior parte das vezes, Elodie me empurrava e era sempre a mesma coisa. Garotos dando em cima de mim, eu tentando me livrar deles e por aí vai. Não é que eu tenha ficado sozinha, e tinha até recusado um pedido de namoro. E vários convites para encontros. Minha mãe ria, e dizia que era normal e que ninguém tinha me mandado nascer veela e blá blá blá. Ela até recontou aquela história super engraçada (que papai detesta) sobre como Tio Rony a convidou para o Baile de Inverno e depois saiu correndo.

Até (sempre tem um “até”) a super badalada e esperada festa da própria Elodie Hanson, que trouxe junto uma seção de tortura no spa particular da mãe dela, que não devia nem ser chamado de spa, se o que fazíamos lá era sofrer. Até a hora em que eu estava curtindo meu tédio escondida, claro, e o irmão dela resolveu sentar ali. Até a hora em que ele me beijou e... Eu não senti nada como nervosismo ou aquela coisa clichê de borboletas no estômago. Mas era legal estar com ele.

Edmund Hanson, um ano mais velho, um dos mais populares de Beauxbatons e também um James Potter da França. Ah, e irmão da minha amiga, que acha a coisa mais legal do mundo que ele esteja meio que saindo com uma amiga dela.

–Imagina, aí eu não tenho problemas com a cunhada!

–Elodie!

Ela se limita a revirar os olhos e me mandar relaxar, dizendo absurdos como “se ele não fosse meu irmão, eu até pegava...”.

E você deve estar pensando, e quanto a Maddie? Bem, temos alguns avanços. Em primeiro lugar, ela acha que está namorando Aaron e Elena acha a mesma coisa, porque ele disse para cada uma que tinha terminado com a oura, então o cara tem duas namoradas. E ela andou falando muito mais em Hogwarts ultimamente.

–Dominique! Quando você chegou?- Tia Gina me salva de mais perguntas, sorrindo e me abraçando.

–Hã, cheguei ontem. Você não vai gostar de saber, mas minha Tia Gabrielle deve vir passar um tempo aqui, e provavelmente fará uma visitinha a Toca... - ela fez uma careta e eu ri.

–Lily falou das cartas... E Victorie fez um ótimo trabalho em você!

–Na verdade, acabaram sendo bem engraçadas. Parece ótimo agora, mas acredite, foi muito muito ruim.

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Era bom estar em casa. Mesmo que eu ficasse muito pouco tempo em casa. Durante uma semana (na qual eu fui ameaçada várias vezes e tive que contar sobre Ed) passei os dias modorrentos de verão na Toca, como sempre. E eu continuava boa no quadribol. Era um alívio, na verdade.

Mas em uma tarde mais quente que o normal, todos fomos reunidos na agora minúscula sala de estar da Toca, o que acabou com Molly e eu sentadas nos primeiros degraus da escada (o que em parte era bom, porque o chão estava um pouco mais fresquinho).

–Nós chamamos todos aqui por um motivo- começou tia Hermione, de pé no meio da sala- Muito importante, na verdade e precisaremos contar com os mais velhos... - ela olhou para Teddy e Victorie.

–Espero que não esteja insinuando que minha filha é irresponsável- minha mãe comentou, levantando a voz.

Tia Hermione abriu a boca para responder, mas Gina foi mais rápida.

–Ninguém está insinuando nada, Fleur.

Olhei para Molly e nós duas seguramos o riso. Isso sempre acontecia, e segundo vovó desde sempre. Tinha essa implicância de tia Gina e Hermione contra a minha mãe, embora tia Gina tenha tido um bom avanço depois que virou minha madrinha, segundo meu pai costuma lembra-la sempre que as brigas ameaçam aparecer.

–Então- interrompeu meu sábio avô- Esse ano, pela primeira vez...

–O que é um absurdo, pai, se pararmos para pensar...

–Não interrompa seu pai, Percy!

–Ah, ele nunca perde uma chance de ser desagradável.

–George!

–Pela primeira vez- continuou meu avô como se nada tivesse acontecido- Nós, os Weasleys...

–E os Potters!

–James Sirius!

–Como eu ia dizendo, pela primeira vez estaremos organizando o Baile Bruxo Anual!- ele terminou triunfante- Daqui a uma semana. Até lá, precisaremos de toda ajuda possível! Voluntários são bem vindos!

Um silêncio desagradável seguiu-se.

–Hum, err... Legal- disse Roxanne, o que todos desejamos que ela não tivesse dito. Ela não é exatamente boa com palavras. Seu irmão revirou os olhos e jogou uma almofada nela, que estava encarando todo mundo como se dissesse “o que eu diz?”.

–Estou tão feliz que estejam animados!- vovó bateu palmas- Vamos usar o salão da casa de campo que Harry gentilmente nos emprestou...

–Eu tenho um bom lugar também, mãe, nós não precisamos...

–Já discutimos isso, Ronald, Gina também é uma Weasley! Então, vamos dividi-los em grupos! Não será emocionante?

Ela continuou explicando sobre como era uma honra, e que geralmente as famílias mais tradicionais que organizavam, e como nós, os “jovens” devíamos honrar o sobrenome Weasley e coisas assim. Foi nesse meio tempo que começamos uma interessante guerra de aviõezinhos de papel, às vezes funcionando como bilhetes.

–Teddy, Victorie, vocês serão responsáveis pelas duplas e por tentar deixar a minha casa de pé- disse Tio Harry, apontando para o afilhado e para minha irmã- E nada de distrações, serão responsáveis por crianças e...

–Nós entendemos- cortou Teddy, mudando a cor dos cabelos para ruivo- Eu devo estar assim para parecer um Weasley?

–Idiota- murmurou Victorie, batendo na cabeça dele- Eu prefiro o azul.

–Então tá, vou deixar roxo.

***

–Mãe, eu tenho que ir?

Minha mãe revirou os olhos, numa atitude muito minha, e fechou minha mala com um simples aceno da varinha:

–É uma ocasião muito importante para a família, Dominique. Seja compreensiva.

–Olha mãe, três dias arrumando um salão não é minha ideia de férias.

Ela não respondeu.

–Está pronta?

–Fazer o que, né.

Ela riu, e fez a mala flutuar escada abaixo, onde Louis estava mexendo como sempre no tal de Nitendo que o vovô arrumou para ele, e Victorie discutia algo com meu pai. Sempre a mesma coisa.

Para vocês que precisam se situar: a casa de campo dos Potters é uma propriedade enorme, cheia de árvores em volta de um lago onde moram algumas criaturas estranhas (longa história), onde raramente vamos. Por algum motivo, não é tão hospitaleira para ninguém além de Tio Harry e Tia Gina, que se trancam ali por dias, enquanto seus filhos estão na Toca. É, a Toca seria para sempre o centro da família Weasley.

Saímos direto na sala de pé direito alto e iluminado pelo sol por uma janela gigantesca. Obviamente, todos já estão ali, fazendo um barulho enorme. Isso definitivamente não vai dar certo. Não pelos sorrisos de Victorie e Teddy. Já convivo quinze anos com ela, tenho certeza do que isso significa.

–Comporte-se, eu tenho certeza que será divertido!- minha mãe disse, antes de quase me esmagar e depois de quase esmagar Louis.

Meu irmão olhou para mim com um sorriso de quem está aprontando alguma coisa:

–Ah, vai ser muito divertido, Dominique. Espere só o que a Victorie tem para você...

Ela e Teddy estavam agora no meio da sala, parecendo muito animados enquanto nós, adolescentes, fazíamos de tudo para mostrar o quanto estávamos não ligando para aquilo tudo. Fala sério, poderíamos ter contratado o Avalon Buffet numa boa, mas nããão. Os Weasleys tem que fazer tudo em família. Patético.

–Então, nós sorteamos honestamente os grupos...- Victorie começou, quase pulando sei lá porque. Podia ser alegria ou ansiedade- Molly, Fred e Roxanne: cozinha. Tentem não destruir tudo, okay? Louis , Lucy e Lily: endereçar convites. Alvo, Rose e Hugo: organização dos lugares. Contamos com você, Rose. E agora...

–Não! Victorie Isabelle Delacour Weasley, você armou isso!- eu protestei, enquanto o sorriso dela continuava inabalável.

–... Dominique e James vão organizar o salão! Não se preocupem, a maior parte que precisaria de magia já está feita... Ao trabalho!

Qualquer dia desses, eu ainda mato a minha irmã.

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