A Tributo Do Distrito 6 - Jogos Vorazes escrita por Escritora sonhadora


Capítulo 16
Alguns sentimentos nos traem.




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Não sei como eles tiveram tanta coragem a ponto de atacar os carreiristas, mas não importa, eles não vão ter muito tempo de vida mesmo. A garota do 12 corre em nossa direção rodando a lança para os lados, lanço duas facas mas ela para uma delas com a ponta da foice e a outra apenas raspa seu braço abrindo um corte relativamente pequeno. Peter e Connor se dirigem até o garoto enquanto Harry, Vegan e eu atacamos a menina, ela não tem a mínima chance, estamos em número muito maior.

A garota roda a lança novamente, me esquivo para trás e Harry faz o mesmo, Vegan não tem a mesma sorte e é atingida na barriga, nenhuma das lâminas pegou nela, mas o cabo a empurrou mais ou menos 1 metro de distância. Pego o arco e lanço duas flechas na garota, ela se joga no chão para não ser atingida e acaba soltando a lança. Harry se joga em cima dela e a prende, mas ela consegue escapar e está novamente de pé tentando chegar até sua lança. Coloco os pés sobre sua arma impedindo que ela a levante, enfio uma faca em suas costas e ela me puxa pela perna, começamos um combate corpo-a-corpo e quando estou prestes a matá-la ela me conta algo que me magoa profundamente.

- Você deixou a garotinha escapar não é mesmo? – ela vira a cabeça para o lado e cospe sangue, meu estomago começa a embrulhar – Pois bem, nós a matamos pra você.

Então era esse o som do canhão que eu ouvi algumas horas atrás. Aquela pobre garotinha foi morta pelos tributos do 12, tenho certeza que eles não foram nada misericordiosos. Harry estava esperando que eu a matasse logo, mas quando eu recebi a notícia fiquei imóvel e a garota tentou escapar, Harry lhe deu um golpe rápido nas pernas e depois lhe torceu o pescoço. Novamente ouço o som do canhão que agora me apavora mais que tudo. Me recupero rapidamente, não posso deixar que a capital perceba que estou abalada por isso. Connor e Peter parecem brincar com o tributo, ele já está desesperado demais e acho até que desistiu de viver, ele grita “Ferb!” várias vezes e deduzo que seja o nome da menina que Harry acaba de matar.

- Acabe logo com ele – digo.

- Mas está tão divertido – Peter enfia a faca na perna do garoto e ele luta para se manter acordado.

- Mate-o logo, ainda temos aquela equipe a caçar - minto, pois só o que quero é que a dor do garoto acabe.

Ele me olha entediado e depois pega o arpão, ele acha aquilo a coisa mais divertida do mundo. Ele solta a corrente e o menino dá seu último gemido. O canhão estoura novamente, mas desta vez não sinto nada. Harry e Vegan recolhem outras coisas que poderemos precisar – dos tributos mortos ou da cornucópia – enquanto Peter limpa o sangue de seu arpão. Caminho até a areia onde sinto um aperto enorme no peito por ter deixado Alaska e pego sua zarabatana que de algum modo não se enterrou na areia, acho que se prendeu em alguma pedra. Quando estou me levantando sinto braços a me envolver e a me inçar para cima, por um momento penso ser Harry, mas ele não é tão forte assim.

- Cuidado princesa, não queremos mais uma morta hoje. – Connor usa uma voz sedutora que pode funcionar com muitas garotas, mas não comigo.

- Fique quieto Connor – o empurro.

- Não consigo parar de pensar naquele dia.

- É uma das coisas que mais quero esquecer.

- Mas eu não – ele me pega pela cintura novamente e me da um beijo, reluto tentando empurrá-lo para frente, mas não consigo. Por um momento chego até a ceder a seu beijo. Hora, ninguém é de pedra. Além disso, a arena vai te deixando cada vez mais carente e necessitada de carícias.

- Vai me dizer que não gostou? – ele finalmente me solta.

Tento socá-lo no rosto como na última vez, mas ele segura meus punhos com força.

- Sabia que você ia fazer isso.

Saio furiosa em direção aos outros, torço para que nem Harry nem Vegan tenham visto isso, mas parece que estou sem sorte alguma. A cada passo que dou naquela direção Harry fica cada vez mais perplexo, ele corre para a floresta e o sigo. Vegan está com os pulsos cerrados e joga trêmula sua espada na minha direção, a mira dela está tão afetada que nem preciso desviar, a espada cai longe de mim.

Começo a correr na floresta já escura e coloco os óculos de visão noturna, o que faz com que minha queimadura no rosto apenas doa cada vez mais.

- Harry! Harry! – berro ao nada sabendo que não terei uma resposta. Não tenho medo que venham atrás de mim, na verdade isso nem passa pela minha cabeça. Só penso em como Connor foi idiota, ele estragou tudo.

Passo por arbustos idênticos e sei que já estou perdida, e para confirmar a minha certeza de ser a tributo mais azarada de todos os jogos, recebo a visitinha de certos inimigos. Desta vez quem lidera o grupo é Arizona do 10, ela não parece feliz com nosso último reecontro.

- Está perdida garotinha? – ela era apenas dois anos mais velha que eu, mas sua autoridade era tanta que ela podia ser minha avó.

- Estava com saudades de cortar essa sua cara feia.

- Own, a garota se acha tão bonitinha. Vamos ver se aquele cara ainda vai gostar dela com a cara toda retalhada.

Um garoto me pega por trás e me debato tentando me soltar, ela chega perto de mim e aperta o local onde fui queimada, a dor volta a aparecer cada vez mais forte.

- Está doendo não é? Queria ver se eles tivessem ido atrás de você.

Olho para eles e vejo seus corpos totalmente enrugados, queimados, seja lá que fim aqueles ursos levaram, fizeram um bom show. Percebo que está faltando mais uma garota do grupo e tenho a impressão de que ela foi devorada pelos ácidos ou apenas comida pelos ursos.

- Explique a ela como foi sentir aquela dor – diz Tyra, a garota do 9.

- Foi mais ou menos assim, – Arizona me faz um corte que vai da testa até o queixo, por pouco não acerta meu olho ou a queimadura. – só que mil vezes pior.

Meu rosto começa a sangrar muito e fico tonta, o garoto ainda me segura fortemente. Grito para que Harry me socorra várias vezes, até que Tyra me manda calar a boca apertando o ferimento na testa.

- Tyra, não brinque com a comida! – a voz vem de trás de mim e logo começo a ouvir risadas de todos os que ainda estão na equipe.

Eu vou morrer, penso, eu vou morrer!

 Quanto mais reluto mais eles me cutucam com suas armas, tento fugir de seus golpes mas não estou apita a isto. Harry aparece de supetão atrás de uma árvore e usa a zarabatana que eu deixei cair quando avistei os carreiristas para acertá-los, ele atinge Tyra em cheio no seu ponto mais vulnerável, o pescoço, e ela desaba no chão. Os tributos olham fixamente para ela até que ouvem o canhão e correm na direção de Harry. Ele dá um soco em Arizona, que foi pra cima dele sem nenhuma arma e sai correndo pela floresta novamente. Tenho tempo de fugir, o garoto que estava me segurando me segue e o esfaqueio inúmeras vezes no peito até que ele para em uma árvore para tentar estancar o sangue. Corro por mais um tempo enquanto a noite só fica mais escura, estou prestes a cair no chão e ficar ali imóvel quando ouço uma voz na árvore e Harry aparece para me ajudar a subir nela.

Não nos falamos muito por um tempo, ficamos no mesmo galho grosso apenas tentando limpar meus ferimentos. – que são inúmeros – Ouço alguns bipes e já estou com a zarabatana em minhas mãos tremulas, mas nenhum inimigo aparece, apenas um pára-quedas que Jaff deve finalmente ter nos mandado. Harry sobe alguns galhos para pegá-lo e volta com um sorriso fraco no rosto, sei que ainda está sentido pelo que Connor fez agora pouco. Ele abre e me mostra uma espécie de quite de primeiros socorros, ele me ajuda a cuidar dos ferimentos e finalmente começamos a conversar, evitando o que nos separou dos outros. Acho que por ter ido atrás dele estou perdoada.

- Porque você acha que eles atacaram os carreiristas? – pergunto a ele – Quer dizer, geralmente eles são os protegidinhos da capital.

- A capital se importa muito mais com o “sangue jorrando” do que com proteger carreiristas, e digamos que quase ninguém morreu no banho de sangue, eles precisam de mais pessoas mortas.

- E a culpa disso tudo é minha.

- Não, - ele respira fundo como se aquilo lhe doesse muito – a culpa é minha, por gostar tanto assim de você.

Olho fixamente para seus olhos claros na noite, ele era tudo o que eu mais queria, e o que eu menos podia possuir. Uma lágrima escorre pelo meu rosto e nem eu nem ele conseguimos nos conter, ele se aproxima e toma uma atitude, me beija. Mesmo que ao fazer isso ele esteja apertando um machucado que Tyra me causou na barriga, não me importo. Seus lábios são tão quentes e cheios de amor, tão diferente do beijo de Connor. Me envolvo em uma chama que ele tenta conter. Ele se afasta mas ainda quero mais, quero poder ter mais um momento a seu lado.

- Você ainda quer me manter viva?

- É tudo o que eu mais quero.

- Digo o mesmo a seu respeito – e falo sério, estou disposta a dar minha vida por ele. Nossos corpos se juntam e ele entrelaça suas mãos nas minhas.

- Eu jamais conseguiria viver sem você – ele diz com uma voz que toca a minha alma.

- E porque acha que pra mim seria diferente?

Ele provavelmente tentaria arrumar mais desculpas para me convencer, só que estou decidida a mantê-lo vivo, e nada vai me fazer mudar de ideia. Ele apenas me olha detalhadamente mais uma vez e me obriga a descer da árvore.

- Venha, vamos achar aquele panaca.

Me recuso a ir encontrá-los, a essa altura Vegan já deve ter tramado um plano perfeito para me matar e eu não consigo pensar em ter que enfrentar os olhos de Connor novamente. Mas nunca discuta com Harry, é o que eu sempre digo. Ele me colocou deitada em suas costas e mesmo eu reclamando várias vezes de dor ele não parou até acharmos nossa equipe.


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Notas finais do capítulo

Samih (garota do 12) ficando puta comigo por matar ela de novo o
Minhas mãos me trollando e matando a Isa (Alaska) do jeito errado /o/
Que decadência .-. Talvez eu reescreva isso tudo pra ver se fica descente :c