A Tributo Do Distrito 6 - Jogos Vorazes escrita por Escritora sonhadora


Capítulo 15
A capital caça a nossa carreirista




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Acordo sentindo muita dor de cabeça, não quero falar com ninguém antes de organizar bem meus pensamentos. Bem, minha mãe virou uma avox. Meu pai e meu irmão estão lá fora, passando maus bocados. E eu estou aqui, nos jogos vorazes, prestes a morrer. Não sei se culpo Harry, mas acho isso totalmente injusto, a verdadeira culpa é da capital. Mas bem, se ele não estivesse entrado na minha vida, nada disso teria acontecido, eu ainda estaria em casa, com a minha família toda. Não Posso me permitir esse tipo de sentimento, afinal, ele está aqui para me salvar, pronto para dar sua vida por mim.

Decido acordar e cuidar de meus ferimentos, minha cara nem está mais tão inchada, olho para os lados e vejo que nenhum deles está no chifre dourado. Saio para analisar o sol e vejo o grupo de aliados inimigos se aproximar, adentro da cornucópia e me finjo de morta, o que não é tão difícil nessas condições. Eles estão com alguma espécie de líquido roxo em mãos, não entendo muito bem o que querem fazer, talvez roubar nossos suprimentos ou algo do tipo, mas eles apenas espalham um pouco do líquido aqui, um pouco do líquido ali e vão embora. Espero um bom tempo até me levantar, acho que eles nem chegaram a me ver. Pego um pouco de pão lambuzado de líquido azul e dou uma cheirada. É veneno! Eles queriam nos envenenar, assim os jogos ficariam bem mais fáceis. Penso em deixar que Peter e Vegan comam um pouco antes de avisar que eles jogaram veneno ali, mas provavelmente Alaska me mataria por isso.

Fico um bom tempo cuidando de meus ferimentos antes de eles chegarem, o céu já está começando a escurecer, pelo visto não dormi por tanto tempo, talvez uma ou duas horas.

- O que estavam fazendo na floresta? – pergunto.

- Armadilhas – Peter responde.

- E posso saber pra que?

- Atrair certo grupo de tributos que já estão sendo mutilados. Eles se separaram em dois grupos, e vocês dois acabaram com a primeira formação.

- Enquanto vocês caçavam eles, eles envenenaram nossa comida, que sucesso não é mesmo.

- Hora sua... – Peter estava prestes a me matar, mas Connor o estava segurando – e você não fez nada para impedi-los?

Não respondo nada, obviamente ele vai se tocar de quanto está sendo idiota. O que eu ia fazer? Sair me rastejando e dizendo “Ah, olha eu aqui, estou sozinha, não tenho nenhuma arma nem condições físicas de matar nenhum de vocês. Agora venham aqui e me matem logo.”

Peter demora a se controlar, e não lhe deixo de dar razão, estamos cansados e precisamos de alimentos, não temos tempo nem experiência para ficar caçando animais na floresta. Vou com Alaska até a mata e recolhemos algumas raízes, amoras e até mesmo um pouco de boldo. Toda vez que vejo alguma planta venenosa – e são inúmeras – penso que eu poderia ter deixado Peter morrer, assim seria muito mais fácil. No caminho de volta ouvimos o som de um canhão, corri em disparada até a cornucópia, Alaska é muito rápida, mas o aperto de pensar que Harry pode ter morrido me deixa fora do controle. Chego na cornucópia e jogo as frutas no chão, o que realmente importa é ver se Harry está a salvo. O vejo na frente dos alimentos, meu coração acelerado começa a voltar ao normal.

- Eu pensei que você pudesse ter morrido – falo sufocada.

- Está tudo bem, acalmasse – ele me deu um beijo no rosto e segurou forte a minha mão, nossos corpos estavam bem perto e eu conseguia ouvir minha respiração ofegante. Ele encosta sua cabeça na minha mas antes que eu tome alguma atitude somo interrompidos.

- O.k, ela fica com um medinho ridículo e quem sofre com isso é nossa comida? Pra mim já deu dessa garota – diz Vegan enquanto Peter ri de nós.

Não ligo muito para o que eles dizem depois disso, Harry me ajuda a recolher as coisas e montamos nosso banquete. É hora de sair pra caçar, estou pronta para matar quem quer que seja, tenho que vencer esses jogos, ou não... Harry aqui me deixa abalada, ele merece mais que eu sobreviver. Não sei ainda, mas tenho que sobreviver de algum modo, seria muito bom ter uma vida longa ao seu lado, mas esse é meu sonho mais impossível.

Peter está no comando desta vez, ele segue em meio a floresta sem medo de ir muito longe, já não temos muito o que perder na cornucópia.

Não tivemos nenhum rastro de tributo pelo caminho que estamos seguindo, o sol alaranjado atrapalha nossa visão e faz pontos amarelos zanzarem na minha frente. Alaska achou alguns óculos de visão noturna nas bolsas, mas eles não ajudam nada contra o sol. Mudamos de direção e agora parecemos achar sinais evidentes de que alguém esteve por aqui, e com certeza não está tão longe. Consigo ouvir um som de folhagem sendo amassada, olho a minha direita e vejo a garota do 12 – com uma foice de 3 garras – correndo na direção oposta.

- Caça ao tributo! – gritou empolgado Connor, isso era engraçado demais para a situação, começamos a rir e correr atrás da garota.

- Ela é minha! - ele diz novamente.

- Vai correr atrás da garotinha do 6  vai, eu é que vou matá-la – provoca Peter.

- Não se eu te impedir – eu passo na frente dele e o paro um pouco, tomando a dianteira. Estamos quase a alcançando quando ela para subitamente e corre em outra direção. É uma armadilha! Eu pude observar que enquanto nós andávamos na direção que Peter escolheu, a mata se transformava, nós persuadia a seguir em outra direção, a direção em que a garota estava. E isso tudo pra que? Pra soltar o que a capital tem de pior, as bestantes. Não sei bem o que era, nunca vira aquele animal em toda a minha vida, mas ele parecia com um urso, só que mais poderoso, acho que nenhum urso consegue cuspir veneno. O primeiro jato venenoso pegou o meu rosto, mas tive tempo de me virar, o que fez com que o veneno jorrasse na parte de trás da minha cabeça, uma dor horrível se alastrou na minha cara, eu parecia estar pegando fogo por dentro, passei a mão atrás da minha cabeça esperando encontrar uma cabeça quase careca, mas ao invés disso encontrei um cabelo intacto. Corro em direção a cornucópia, chamo os outros mas eles demoram para me seguir, estão sofrendo o efeito do ácido e Vegan luta com uma das bestantes, não dou importância para ela, sinceramente quero que ela não nos siga, mas Connor não vai partir sem ela, pego uma faca do bolso e atiro no animal, ele cambaleia para trás e isso lhe da tempo de fugir. Saímos correndo na floresta, galhos enroscam no meu pé e caio inúmeras vezes, mas eles não ligam, porque eles também estão caindo bastante. As bestantes estão se aproximando e tenho mais uma idéia lúcida.

- Alí! – aponto para a areia movediça – entrem ali.

- Você está louca? – Até mesmo Alaska duvida de mim.

- Confiem em mim! – e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa Harry se atira na areia movediça, procuro uma trepadeira longa, amarro no meu corpo e faço o mesmo que Harry.

Os outros demoram a me seguir, mas a imagem das bestantes atrás deles não é nada agradável. Eles se atiram na areia e ordeno que eles não se movam, assim a areia vai demorar muito mais a nos engolir. Não sei por quanto tempo a trepadeira vai nos aguentar, ela é bem grossa e peguei vários de seus fios, mas ela ainda é uma trepadeira. As bestantes circulam o marco de areia á procura de um modo de nos atingir, cubro meus aliados de areia para que não sejam pegos pelo ácido, agora vejo que ele é letal apenas em contato com a pele humana, do contrário, isso teria ruído o pelo e o estômago dos bestantes. Um novo grupo toma forma entre a floresta, é o grupo de aliados do pessoal do 4, provavelmente vieram se certificar de que já estariamos mortos, assim que os bestantes os avistam correm em disparada, mas um dos bestantes ainda continua ali. Puxo a trepadeira e começamos a sair da areia. Estamos quase todos fora quando o mostro se aproxima, lhe lanço uma flecha na cabeça mas isso parece não surgir nenhum efeito, ele parece ter algo revestindo seu pelo, talvez até seja de metal. Connor consegue sair da areia mas Alaska ainda está presa nela. Aposto que os idealizadores estão fazendo alguma espécie de mudança, pois a areia fica cada vez mais profunda e começa a engoli-la.

- Não! – eu grito tentando salvá-la, mas já não são muitas as partes do corpo dela para fora.

- Vai ser melhor assim, - diz Peter – uma oponente a menos.

- Como ousa dizer isso? – me agarro em suas mãos e a puxo com toda a minha força, não é o suficiente, mas é o que tenho. Acho que Harry  estaria me ajudando se não estivesse ocupado com o bestante. Ela tenta pronunciar algumas palavras mas a areia em sua boca a impede, a cabeça dela já está quase totalmente afundada quando uma faca se prende a sua testa, largo suas mãos assustada e assim que seu corpo afunda por inteiro ouço o chanhão. E o pior é que isso não é tudo, aquele que atirou a faca, não é nenhum de meus aliados.

Olho entre as árvores procurando um rosto familiar, mas nada, Harry dá um golpe final na bestante e se junta a mim. Olho em cada canto que possa até que avisto duas formas pularem da árvore. São os tributos do doze, acho que nenhum de nós escapou de uma aliança esse ano.


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Notas finais do capítulo

Ta ficando cada vez pior, eu sei :c
só peço desculpas se ficar cansativo...