Paralisada

                  Capítulo 2                                                                               

   História bonita né? Mas ela é muito maior que essa aí que acabei de contar.

  Tudo começou quando minha mãe resolveu sem mais nem menos se mudar para Los Angeles. Eu tive que abandonar meus amigos, minha cidade, meu tudo. Tive que abandonar tudo que eu havia construído lá, minha vida. Mudar para Los Angeles agora? Do nada? Ia começar meu ano escolar a alguns dias e eu tendo que deixar tudo graças a minha mãe totalmente maluca que resolveu se mudar para lá o mais rápido possível.

  Um dia no avião, e finalmente ele pousou. Eu torcendo para que houvesse uma turbulência para eu morrer logo. Estava realmente brava por ter deixado tudo para trás. Ter deixado meu país, ter deixado Brasil. Um país onde todos os artistas internacionais vão fazer show, ou somente para visitar, e amam ao ponto de não quererem mais sair de lá. Bom, pra que lamentar, estou em Los Angeles e não dá mais pra voltar atrás.

  Chegando numa casa, encontro a minha avó. Vestida de pijama lavando a lousa suja do café da manhã. Aquele cheiro de torrada com manteiga tomando a cozinha inteira, não resisti, e logo menos fui correndo para a mesa me preparando para receber essa torradinha muito boa.

  Minha avó, conhecida como a faladeira da família. Chegou logo do meu lado e fez sua primeira pergunta do seu questionário do dia:

  - Então, como foi a viajem?

Eu, aliviada por ter a ouvido falar, pois não tinha falado nada uns 5 minutos respondi:

  - Foi ótima, vó, esperava uma turbulência no meio, mas...

  - Não! Ela só está brava por mudar de cidade. Abalou um pouco a cabecinha dela

Interrompeu minha mãe enquanto observava minha avó com uma cara de espanto pelo meu comentário.

  - Vó, cadê as torradas? Eu senti o cheiro delas lá do quintal enquanto eu chegava, vamos, cadê? Estou com fome!

  - Sim, há torradas na torradeira, mas são para seu avô que acabou de acordar e está faminto.

Deu uma vontade de socar meu avô naquele momento, mas, coitado do velho...

  - Ok, vó, vou guardar minhas coisas.

 E sai da mesa deixando minha mãe e ela sem comentários para dar.

  Subindo as escadas da casa, encontro a porta do meu quarto que não vejo a anos. A ultima vez que vi aquela porta branca, brilhante e com a maçaneta dourada, foi quando eu tinha 8 anos de idade.

  Abrindo a porta, me surpreendi, veio um baita cheiro de coisa nova junto com o vento que bateu em minha cara, e observei que meu quarto tinha sido reformado. Não sabia que reação ter naquele momento, ele estava tão brilhante, tão cheiroso, tão... Branco?

  - Vó! O que você fez com o meu quarto?!