“Ah, me desculpe” murmurei, enquanto ele me olhava, aterrorizado e surpreso e ela apenas meio envergonhada. Saí rápido do apartamento, mas o que eu podia fazer? Eu não era nada mesmo dele, só uma aluna que tinha tido leves aulas extracurriculares, foram apenas beijos, por mais intensos. Eu tinha sido iludida, fazer o que... Acho que Mayson era mil vezes mais fácil de lidar, menos descomplicado, enfim, ele era bem melhor de se conviver.

Voltei para o apartamento de Lola, pensando que homens eram complicados, garotos eram fáceis de conquistar.

Minha mente vagou em todos os planos amorosos que eu havia feito antes de Ian e Mayson aparecerem na minha vida: Eu queria namorar um garoto que morava em outro prédio, na mesma rua que a minha, que eu sempre via as três horas da tarde, voltando pra casa com um colega(o mesmo de sempre) e só me encarava, porque eu devia estar sempre encarando ele, eu achava ele fofinho. Nem me lembro bem se ele ainda mora lá, mas agora vou agir não me concentrando em um garoto, aliás, eu quero ficar, ter a resposta pra ver se o cara que eu posso começar a gostar tem aquela pegada. Mas eu quero ter uma cúmplice: será que Kathy aceitaria nessa empreitada de “catar geral bonita”? Brincadeira, acho que vou só ficar com alguns garotos, mas não virar uma vadia.

Aproveito e ligo pra ela amanhã, ou vou ao apartamento dela.

Troquei de roupa, e trouxe meu pijama de moletom preto, e me deitei na cama, arrumando o despertador do celular para me acordar certinho amanhã.

[...]

Acordei no outro dia, e fui fazer minha higiene matinal, e vesti uma blusa e uma legging, e calcei um tênis de corrida, pois eu queria correr, andar de skate, por mim, nem me importava.

“Leah?” Chamou minha prima, entrando no quarto de hóspedes. Ela sorriu me vendo toda arrumada.

“Oi, Lola” falei sorrindo, desanimada, e num jorro, contei como tinha sido ontem, e a minha decepção com Ian.

“Aquele desgraçado fdp não fez isso!” Exclamou ela.

“Pois é” falei, meio ressentida por ele não ter dito que tinha namorada. Poxa era só ter dito, e eu nunca teria me envolvido com ele. Nunca mesmo, eu odiava saber que se eu beijasse alguém que tivesse namorada (e se eu soubesse disso), seria considerado traição.

Merda de vida, merda de Ian, ele que se exploda agora. Vou ser uma boa aluna, mas não mais uma boa pessoa...Com ele.

“Te levo de carro pra escola... Hoje o tio Derek e a tia Callie chegam de viagem, né?” Perguntou Lola, tentando me distrair, e funcionou. PQP, eu tinha me esquecido que meus pais voltavam hoje de viagem. Mas como eles chegariam de tardezinha, eu não ia me preocupar taaaanto assim em manter a casa arrumada; eu e Luuh não somos bagunceiras...não mais.

Minha linda prima me levou de carona pra escola, e quando eu estava saindo do carro, ela murmurou.

“Torture ele, Leah. Ele fez por merecer” e sorriu, como se me encorajasse. Eu sorri de volta, joguei o cabelo e sou poderosa agora... Só que não. Quase tropecei no campus, mas ri de mim mesma, e da minha estupidez.

“Olha quem está aí!” disse Kathy, tentando se esforçar pra sorrir, coitada.Ela se sentava na minha frente, conforme o mapa de sala que haviam montado. Que legal, pelo o menos alguém que era minha amiga sentada perto de mim. Me sentei no meu lugar e tentei me esforçar pra sorrir.

“Vamos sair?” perguntei, tentando fazer referência que era apenas nós duas, na cidade, garotos lindos tipo Abercrombie...ai ai.

“Pra onde?” ela perguntou, meio curiosa. Acho que todo mundo sabe que não sou de sair muito, e não conheço Nova York. Aliás, não conheço nem a rua aonde moro direito, pra vocês verem como sou ligada.

“Ah, sei lá... Vamos num bar?” perguntei, com meus olhos provavelmente brilhando de adrenalina e expectativa de um show de rock grunge, tomar alguma bebida alcoólica, usar a minha identidade falsa, pegar um cara gato mais velho e sei lá...

“Num bar?” Kathy arregalou os olhos. “O que aconteceu com a Leah Masen que eu conhecia?”

Nessa hora, Ian chegou na sala.

“Ah, eu só aflorei ultimamente” respondi, falando em voz alta. Ele me olhou surpreso e meio aterrorizado e respondi com uma revirada de olhos bem “não me importo”.

“Então tudo bem, que tal amanhã? Não avisei, mas cancelamos o cinema e a festa” ela suspirou, meio triste. Se eu visse aquele desgraçado do Thiago, ia ser morte na certa, acha que pode ficar magoando a Kathy? TÁ MUITO ENGANADO. Ela se virou para seu caderno e começou a risca-lo metodicamente.

“Olá pessoal” disse o professor/babaca/vagabundo/retardado cujo nome é Ian. Todos falaram um “Oooi, professor Ian!”, exceto eu. Fiquei quieta, de braços cruzados sobre a mesa, lembrando que eu tinha dito a mim mesma que eu podia estar sendo uma aventura. Mas o que eu poderia estar fazendo? Merda nenhuma. Ele não foi nada pra mim. Foda-se essa coisa.

Ele começou a explicar, prestei atenção, mas não perguntei nada. Do meu lado, sentava-se um menino bonitinho, chamado Garrett, que tinha os olhos azulados e cabelos loiros, quase brancos, por opção.Eu nunca tinha visto aquele garoto na minha vida, a não ser nessa última semana, na qual começaram as aula. Ele estava com uma mancha pequena de ketchup perto da boca.

“Hm...Garrett?” chamei ele, tentando sorrir pra seduzir, que nem minha prima. Ele olhou pra mim e sorriu.

“O que foi, Leah?” ele me perguntou, fofinho.

“Isso...” falei e passei um lencinho no rosto dele, com todo o cuidado pra ele não reclamar, e depois dei um beijo onde estava sujo.

Acho que provoquei demais, tanto Ian quanto Garrett. O garoto me olhou e mordeu os lábios e percebi o que ele tentava pronunciar, sem dizer nada.

Quer ficar comigo? perguntou ele, movendo sua boca.

Ian pigarreou, chamando minha atenção. Oh, será ciúme detectado ali?

[...]

As aulas passaram-se em troca de olhares minhas com Garrett, sorrisinhos vindos dele, que me despertavam uma vontade de rir inimaginável. Quando estávamos saindo, no corredor, que era a hora que eu iria ver Luuh e perguntar como havia sido a noite, senti alguém cobrindo meus olhos com as mãos, e não me pareciam mãos de menina. Pelo o dia de hoje, perguntei:

“Garrett?” perguntei, alerta.

“Sou eu, Ian.” Respondeu a voz daquele desgraçado.

“O que você quer?” falei.