- Srta, Everdeen, terei de deixá-los aqui, pois tenho que buscar sua irmã na escola – diz o motorista

- Você não pode chegar nem um pouquinho mais perto? – pergunto – Vamos nos molhar inteiros.

- Sinto muito Srta.

- Tudo bem – suspiro – Lá vamos nós.

Saímos os dois do carro, entrando debaixo da chuva.

- Não corra – diz Peeta andando rapidamente

- Não faz diferença nenhuma! – respondo - E você está praticamente correndo!

Ele ri e começa a correr de verdade. Saio correndo e rindo atrás dele. Peeta está bem à frente agora, mas eu paro e começo a girar. Ele chega mais perto e logo estamos girando.

- Vamos – diz Peeta pegando minha mão e voltando a correr – Ou iremos pegar uma pneumonia!

Vamos correndo até à porta. Entramos em casa completamente ensopados.

- Não quero nem ver a cara dos meus pais quando chegarem – digo – E ainda bem que aqui tem portão, se não na vizinhança eu seria chamada de louca!

- Devíamos fazer isso mais vezes – diz Peeta rindo – Da próxima vez me avisa que eu trago roupas secas para por depois.

- Ai meu Deus Peeta! – digo – Você não pode ficar assim. Vou pegar umas roupas de meu pai e já trago para você.

Como está um pouco frio e ele está encharcado, Peeta não se opõe. Logo volto com uma calça jeans, uma blusa preta e uma toalha, dou-as a Peeta.

- Obrigado – agradece ele – Já volto

Pego uma toalha para mim e vou ao meu quarto colocar uma nova roupa. Tempo depois desço e encontro com Peeta novamente.

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- Katniss, me passa da cola?

Estamos começando a parte visual do trabalho. Essa é mais demorada e eu tenho que ajudar mais. Como Peeta é bom com palavras e cria textos incríveis ele fez a maior parte do manuscrito, agora eu tenho que trabalhar mesmo.

Continua chovendo desesperadamente lá fora, sem nem uma trégua se quer. Faz uma hora que começamos a montar um cartaz e até agora não estamos nem na metade. Para falar a verdade, nem no começo, pois Peeta está fazendo um esboço de como gostaria que ficasse.

- Por que você não desenha no cartaz? – sugiro – Vai ficar bem legal.

- Boa idéia – sorri ele – Acha mesmo meus desenhos legais?

- Acho – sorrio de volta – São perfeitos.

Voltamos à concentração chata de antes.

Assim que Peeta termina o esboço, ele me mostra e eu gosto bastante de sua idéia.

- Vou pegar o material para começarmos. – digo

Ele se levanta.

- Eu te ajudo.

Peeta e eu vamos andando até o escritório, onde ficam os materiais. Pegamos umas três cartolinas, lápis, tintas, cola, tesoura, etc.

Descemos em direção à mesa em que estávamos e começamos a fazer o trabalho.

Longas horas em silêncio e concentração montando aquela droga de cartaz, e o que mais irrita é que Peeta parece nunca estar satisfeito.

- Peeta, vamos dar uma pausa, por favor – imploro

Ele suspira.

- Tudo bem – desiste – também estou cansado

Vamos à cozinha. Abro o freezer e pego um pote de sorvete.

- Sorvete? – pergunta Peeta – Jura Katniss?

- O que? – questiono – Qual o problema? Não se pode tomar sorvete em uma tarde chuvosa?

Ele arqueia a sobrancelha esquerda.

- Nem está tão frio assim! – imploro

- Tudo bem – diz ele hesitante

Sorrio vitoriosa e abro o pote de sorvete de flocos. Pego uma taça para cada um e duas colheres. Encho o máximo que posso a minha taça.

Logo estou provando o melhor sabor de sorvete que existe na face da terra.

- Hum... Como eu amo sorvete de flocos – digo

- É o melhor, sem duvidas.

- Concordo plenamente com você – digo

Olho para Peeta e ele começa a rir.

- O que? – pergunto

- Seu nariz – diz ele – Está sujo, bem aqui.

Ele limpa a ponta do meu nariz, que estava suja de sorvete.

- Ah, obrigada – agradeço corada

Terminamos o sorvete e voltamos ao trabalho.

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- Nossa – digo olhando para a inundação que se formou em minha rua.

Ninguém conseguiria passar por aquilo, nem que tentasse. Ainda bem que papai, mamãe e Prim chegaram a mais de uma hora, quando a quantidade de água ainda era baixa.

- Como vou para casa agora? – diz Peeta

- Você pode ficar aqui se quiser Peeta – diz meu pai

- Não senhor – responde – Já incomodei demais hoje.

- Que é isso Peeta – diz minha mãe – Fique aqui hoje, amanhã quando a água baixar você volta para casa.

- E amanhã é sábado, vocês podem até terminar o trabalho – diz meu pai

Depois de muito insistirmos, Peeta finalmente aceita ficar. Ele liga para os pais e tranquiliza-os dizendo que vai ficar por aqui hoje. Levo-o ao quarto de hospedes que fica ao lado do meu e peço para que fique à vontade.

- Vou tomar banho – digo

Entro no chuveiro e lavo os cabelos. Canto um pouquinho, o que tem virado rotina esses dias, e depois de um tempo saio do banho.

Me seco e coloco o pijama. Saio do banheiro e vou para o meu quarto. Depois de um tempo, percebo que esqueci a escova lá dentro e volto para buscá-la. A porta está entreaberta e eu vejo também que esqueci a luz acesa. Entro dentro do banheiro e dou um grito.

Peeta encontra-se parado na frente do espelho, só com uma toalha enrolada ao redor da cintura e seus cabelos louros estão colados no rosto. Senti meu rosto pegar fogo.

- Me desculpa – digo encabulada tentando não olhar para ele (uma tarefa praticamente impossível) – Pode me passar a minha escova?

Ele sorri.

- Aqui – diz me entregando a escova

Assim que saio do banheiro vou correndo para o quarto. Meu Deus, quem é aquele deus grego que se encontra no meu banheiro agora? Que Peeta era bonito e forte eu sabia, mas não esperava por isso.

Ouço batidas leves na porta de meu quarto.

- Não se preocupe Katniss – ouço a voz de Peeta – agora estou vestido

Fico completamente vermelha e abro a porta. Peeta está usando um dos pijamas de meu pai.

- Oi Peeta – digo tentando parecer o menos encabulada possível

Ele ri.

- O que quer fazer? – pergunta ele – Ainda são oito horas.

- Que tal vermos um filme? – sugiro sentando em um dos pufes que tem no meu quarto

- Para mim está ótimo – diz ele

Procuramos um filme na grande pilha.

- Alvin e os Esquilos? – ri Peeta

Sinto-me na defensiva.

- Prim gostava disso! – digo

Continuamos procurando e eu acho um dos filmes mais fofos da face da terra: ABC do Amor

- Vamos ver esse? – pergunto

- “ABC do Amor”? – diz Peeta

- Por favor – imploro – Vamos Peeta é lindo!!!!

- Tudo bem, tudo bem – diz ele – Só que se for meloso eu vou dormir.

Dou-lhe um tapa.

- Não é “meloso”

Começamos a assistir o filme e não tiro o olho da tela até acabar. Quando o filme acaba olho para o relógio. Já são onze horas.

Peeta se espreguiça.

- Acho melhor eu ir dormir – diz – Boa noite Katniss

Ele me dá um beijo no rosto e sai.

Deito-me na cama e apago a luz, adormeço quase imediatamente

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Acordo gritando mais uma vez, com o mesmo pesadelo, mas desta vez a porta se abre e um garoto loiro com uma expressão preocupada no rosto entra.

- Tudo bem com você Katniss? – pergunta Peeta sentando-se ao meu lado

O abraço com todas as minhas forças.

- Foi horrível Peeta – digo – Horrível!

- Calma, calma – diz ele me tranquilizando – Já passou...

Depois de um tempo eu me acalmo.

- Quer conversar sobre isso? – pergunta ele

Balanço a cabeça negativamente, querendo esquecer tudo aquilo.

- Tudo bem então, vou voltar para o meu quarto, se precisar me chama ok? – diz ele

Antes que ele possa ir, pego sua mão

- Fica aqui Peeta – digo – Fica aqui comigo, só até eu dormir...

- Sempre – ele sussurra

Dou espaço para ele em minha cama e ele me abraça. Nunca me senti tão segura em toda a minha vida.