Alice’s POV

Layne estava prestes a me dizer algo que parecia ser importante, mas Ju e Jerry chegaram e agora o observo enquanto ele encara a Ju com um leve ar de frustração, o que poderia ser isso que ele queria falar?

Logo chegamos ao bar, os outros já estão sentados e bebendo.

–Não exagerem, vocês tem um show no bar do Fred mais tarde.

–Tá bom, mamãe. –Sean ri e aperta minha bochecha. –Vamos estrear o novo nome hoje.

–Novo nome? –Glória interroga.

–É, o novo nome da banda. –Mike me olha com um sorrisinho malicioso no canto da boca. –Alice in Chains.

–Que nome esquisito. –Ju dá uma risada e me dá uns tapinhas bem leves no topo da cabeça. –Pobre Alice, tinha que ser logo o nome dela? Quem foi o doente que colocou esse nome na banda? –Ahhh se ela soubesse...

Ju olha para o lado de Sean com um ar de desaprovação, óbvio que sendo algo assim as desconfianças caem sobre meu irmão, que é o dono da mentinha mais insana do grupo. Sinto-me mal por ela estar me defendendo, logo eu. Não gostei de descobrir que sou capaz de me sentir culpada, não é legal.

–Nem olha pra mim, não fui eu. –Sean diz na defensiva e logo se toca que seria melhor ter dito que foi ele.

–Tecnicamente fui eu. –Jerry diz coçando a cabeça meio sem jeito.

–Você Jer? Não achei que você pudesse criar algo assim.

–Hã eu... Bem... Eu... –Jerry é bom com mentiras, mas mentiras que ele sabe que não machucarão ninguém, pelo menos não em curto prazo. Mas nesse caso ele sabe que Ju vai ficar chateada, todos sabemos, pois ela praticamente idolatra o Jerry.

–Na verdade... –Layne olha para o lado meio tímido. –Eu.

–

–Na verdade fui eu. –Mike diz interrompendo o Lay. É engano meu ou ele tá... Defendendo o Layne?

–Ah, eu devia esperar. –Julie diz fazendo um bico, ela e Mike não se entendem muito bem desde que ele me traiu.

–Ah tá tudo bem, eu já to me acostumando com esse nome. –Digo meio envergonhada.

–Ótimo, agora vamos comprar umas correntes e te acorrentar pra tirar umas fotos e usar como símbolo da banda e-

–SEAN! –Dou um tapa no braço de meu irmão que começa a gargalhar.

–Era brincadeira, sua chorona.

As horas passam e logo estamos no bar do Fred e é hora dos meninos entrarem no palco. Estou no fundo do bar, encostada no balcão. Será que dá pra cavar um buraco no chão com uma colher ou algo do tipo? Vai ser muuuito legal ver meus conhecidos me encarando quando anunciarem o nome da banda.

Logo todos entram e Layne é o ultimo a entrar. Ele segura o microfone e sorri.

–E aí gente. É um prazer estar com vocês aqui essa noite. Somos o Alice in Chains e esperamos que vocês apreciem o show.

É, todos aqueles olhares sobre mim... E algumas risadinhas. E olha só, gente fofocando e olhando em minha direção.

A banda começa a tocar e logo as pessoas estão vibrando. Eles tem algumas músicas realmente boas, mesmo as músicas mais depre deles tem um toque perfeito.

Logo Layne anuncia uma música nova, o nome dela é meio triste, mas sua letra é tão linda. “Rain When I Die”, esse é seu nome.

A música fala algo sobre uma ela, sobre estar preparada para conhecer a frustração dele. É uma música um tanto quanto romântica, me pergunto se a Julie é a tal garota da música e por algum motivo isso me dá uma sensaçãozinha ruim.

Logo o show acaba e um grupo de conhecidos me rodeia, me interrogando sobre o nome da banda. Alguém me mate, por favor.

–Mas e então Alice, por que esse nome pra banda? Isso me dá ideias. –Joe que é um cara que já levou uns 500 foras meus diz e dá uma piscadela enquanto põe seu braço ao redor de meu ombro. Se eu chutar ele estarei sendo má?

–Deixem a minha irmãzinha em paz. –Sean diz chegando e dando um tapa na mão dele e então me abraça. Pode não parecer, mas meu irmão é superprotetor e sou meio que grata por isso.

–Joe você não cansa de levar foras? –Mike pergunta chegando emburrado. –Ela não quer saber de você.

–Ela também não quer saber de você, né Mike?

Mike se prepara para partir pra cima do cara, mas Lay chega e segura seu braço.

–Deixa esse cara pra lá. –Layne olha de forma ameaçadora pra Joe e ele se afasta. Também né, ele levou uma surra do Lay á alguns dias. Aliás, agora que somos melhores amigos ele termina por se mostrar tão ciumento quanto meu irmão. Aí ficam os dois idiotas afastando todo e qualquer cara que se aproxima de mim enquanto Mike fica com essa cara de burro empacado dele e Jerry só se diverte. Eu mereço.

O celular de Sean toca e ele o atende todo sorridente, mas depois de alguns segundos o vejo ficar meio pálido.

–Como assim “vieram visitar”? –Ele diz fechando a cara. –Mãe eu já te disse que não quero ninguém dormindo em nossa casa.

Me irmão começa a andar irritado de um lado para o outro.

–Não é que eu não goste da minha tia mãe, apenas acho que nossa casa não é lugar pra ela e aquele filho nojento dela. –Ele dá um murro no balcão e... Ele disse “tia?” e “filho nojento” Ah não. –Eu não odeio ninguém eu só... Olha mãe é complicado, mas eu quero eles fora daí. –Sean disse sério.

–Você tá legal? –Layne interroga me olhando preocupado.

–T-to, eu só... –Me sinto meio zonza. Não posso acreditar que aquele demônio voltou pra me infernizar, justo agora? Layne leva a mão até minha testa e então me dá um beijinho na mesma. Mike fica me olhando com um ar de preocupado também. Não gosto de deixa-los preocupados comigo.

–Eu sei que a casa é de vocês, mas eu não... Desligou. –Sean se senta em um banco irritado e derruba a cabeça no balcão.

–Essa sua tia não seria AQUELA sua tia mãe DAQUELE primo seu, né? –Mike interroga se sentando ao lado dele enquanto Layne e eu nos sentamos do outro lado.

–A própria. Não acredito que ele teve coragem de vir junto. –Sean diz sem levantar a cabeça.

Não pode ser. Ele não pode estar aqui. Não ele.

–Maldito cretino.

–Gente o que tá acontecendo? –Layne interroga confuso.

–É uma história muito longa e não sou eu quem deve te contar Staley. –Sean que ainda está com a cabeça abaixada no balcão acena o braço enquanto chama o barman.

–Pois não, senhor?

–Me dá uma dose da bebida mais forte que você tiver.

–Duas. –Digo e Layne que está ao meu lado ergue uma sobrancelha e segura minha mão.

–É melhor você não beber, você não parece muito bem, tá meio pálida e sua mão tá gelada.

–Vou ficar bem.

Não, não fiquei bem. Logo os outros chegaram e ficou uma bagunça. Jerry ficou sabendo que minha tia e meu primo estão aqui e sua reação não foi muito diferente da do Sean e do Mike. E então ele se preocupou e logo o grupo foi dividido em dois, com a finalidade de fazer meu irmão e eu pararmos de beber. Mas eles não entendem.

Agora já é madrugada e estou pra lá de Bagdá, Nárnia e até Terabítia. Tá difícil raciocinar direito. .

Meu irmão apagou e Glória, Jerry e Ju estão cuidando dele na casa da Glória enquanto Mike e Layne bancam minhas... Babás, é essa a palavra. Layne combinou de se encontrar com Ju na casa dela assim que ele e Mike me deixarem em casa, agora estamos acho que na rua, andando. Já cai quase duas vezes e... Não to legal.

–Já chega mocinha. –Mike tira o copo que eu trouxe do bar de minha mão e o arremessa longe. –Acho melhor não levar ela pra casa assim, se os pais da Alice a virem desse jeito... E além do mais... Acredite, é melhor não, ainda mais assim, confusa e indefesa.

–E o que fazemos? –Layne interroga confuso.

Layne’s POV

–Eu não sei. –Mike suspira e coça a cabeça. Alice tropeça e ambos a seguramos. Ele parece estar realmente preocupado, eu aliás estou desesperado. Pelo menos ele sabe o que tá acontecendo...

–Não acho legal incomodar os outros com isso, eles já estão cuidado do Sean...

–Bem, eu levaria ela pra casa, mas meus pais me matariam por acharem que eu a embebedei em uma tentativa desesperada de reatar.

–Você não faria algo assim, faria?

– Não. Eu gosto muito da Alice pra fazer algo assim com ela.

–Entendo... Alice se abaixa pra brincar com um gato e Mike e eu reviramos os olhos.

–Mas parece uma criança mesmo. –Nos ajoelhamos ao lado da morena e esperamos enquanto ela alisa o bendito gato toda sorridente. Quem diria que ela poderia ser tão carinhosa? Isso sem falar que ela está linda com esse jeitinho infantil.

–Cara... Valeu por assumir a culpa pelo nome da banda. –Digo depois de alguns segundos de silencio.

–Que nada, você é um cara legal. Meio tonto e confuso, mas legal. E Alice não merece isso, Julie a odiaria se descobrisse essa coisa de traição. –Mike pensa por um tempo e então me encara com um olhar misterioso.

–O que foi?

–Ela não poderia ficar na sua casa?

–Na minha... Bem, minha mãe é legal e não se importaria...

–Então, deixa ela ficar com você.

–Você quer que a ex-namorada que você ama fique na casa do cara com quem ela ficou?

–É melhor do que ir pra casa dela.

E então fica decidido que Alice dormirá em minha casa, Mike a pega nos braços e a carrega até chegarmos à porta de minha casa.

–Cuida bem dela. _Mike diz me entregado Alice e então dá um beijo em sua testa. Ela diz um tchau meio confuso e ele vai embora.

–Bem, seja bem vinda ao lar. –Digo sorrindo e então entramos, dou de cara com minha mãe, sentada no sofá quase cochilando.

–Layne mas o que-

–Mãe você não tava me esperando de novo, né? Eu já disse que vou ficar legal.

–Você sabe como eu sou. Quem é essa mocinha? –Ela interroga confusa enquanto se aproxima e fecha a porta que deixei aberta.

–É a irmã do Sean, o batera da minha banda, já falei sobre ela com você.

–Ahhh sim, a famosa Alice?

–A própria. Ela tá meio mal, será que pode passar a noite aqui?

–Ah sim, claro. –Minha mãe alisa a testa de Alice que sussurra um “me desculpe por incomodar”. –Não é nada querida. Layne dê um banho nela e a deixe dormir, depois deixo um remédio lá pra quando ela acordar com dor de cabeça.

Sorrio e dou um beijo na testa da minha velha, ela é tão compreensiva.

E então subo as escadas e entro no banheiro que fica no meu quarto. –Consegue ficar de pé?

–Acho que sim.

A solto e ela anda meio cambaleante até o quarto, se sentando em minha cama.

–Não quero tomar banho.

–Certo. Me sento a seu lado e a encaro sério. –Alice o que tá acontecendo, o que pode ser tão ruim que te deixou assim.

–Vou ficar bem.

–Não, não vai, você disse isso antes e agora está bêbada e triste.

–Layne eu... –Alice me encara e sorri. –Você me faz tão bem.

–Você também me faz bem.

–Desculpe por dar tanta dor de cabeça. –Ela sorri e me dá um selinho. –Eu acho que te amo.

–Como? –Eu ouvi certo? Será que ela tá falando isso só por estar bêbada?

Meu celular toca e o jogo longe. Esse momento é importante demais pra eu atender essa porcaria.

–-N-nada. –Alice sorri de um jeito tímido e vira o rosto. E então meu telefone fixo começa a tocar. Mas que droga.

–Layne é a sua namorada. –Minha mãe grita do lado de fora da porta e suspiro. Agora sou obrigado a anteder.

–Ju não vou poder te ver hoje. –Digo logo depois de pegar minha extensão. Alice leva a mão á testa e ergue a cabeça pra trás, parece estar passando mal.

–O que houve? –Ju interroga do outro lado. –Alice está bem?

–Está ela... –Alice levanta ainda cambaleante e caminha em direção ao banheiro. –Depois a gente se fala. –Ótimo, acabei de bater o telefone na cara da minha namorada.

Vou até o banheiro vejo Alice meio curvada encarando a privada. É, misturar bebidas não faz bem. Me aproximo e seguro seu cabelo enquanto ela vomita. Pense em uma noite romântica...

–Me desculpa. –Ela diz com um ar meio choroso assim que termina. A levo até a pia e lhe entrego uma das escovas de dente extras que minha mãe sempre compra. Minha mãe é o tipo de pessoa que mima os filhos o máximo que pode, se deixar me dá escovas com cabos em forma de dinossauro. Sério.

–Obrigada. –Ela escova os dentes em silencio, lava o rosto e então olha pro lado do chuveiro. –Eu acho que aceito aquele banho.

–Certo. –A carrego até o Box e a deixo tirando as roupas enquanto vou pegar uma toalha e algo que ela possa vestir. Logo volto e ela já está dentro do Box fechado e com o chuveiro ligado. –Vou deixar umas roupas e uma toalha aqui, ok?

–Ok.

Confesso que estou dando uma espiada antes de deixar o banheiro. Ou ao menos tentando, essa porcaria de Box é tão escuro e... Layne se controla.

Saio do banheiro e me deito em minha cama. A garota de quem gosto está no meu banheiro nua e eu não posso fazer nada, ela me disse que me ama e também não posso fazer nada. Que linda que a vida é.

Algum tempo depois Alice se senta ao meu lado na cama em silencio, ela está usando minha camisa do Black Sabbath e uma samba-canção minha.

–Tá se sentindo melhor?

–Um pouco. –Ela olha para o lado meio constrangida.

–Alice quem são essas pessoas que estão em sua casa e porque elas causam essa reação em você, no Sean, e nos outros meninos também?

–Ninguém.

–Ah claro, ninguém.

–Desculpe. -Alice sorri meio sem e começa a brincar com o cabelo. –É que... Dói.

Lágrimas começam a correr de seus olhos e eu a abraço, puxando-a para mim. Jamais imaginei que Alice fosse capaz de ficar tão mal. Ou pior ainda, de chorar, ela sempre me pareceu tão forte e um tanto quanto fria.

–Ei, vai ficar tudo bem, eu estou aqui. –Digo enquanto a deito em meu peito e começo a alisar seu cabelo.

–Desculpe por te dar trabalho.

–Você não me dá trabalho.

Alice sorri e alisa meu peito. Como estou sem camisa logo me arrepio.Ela levanta um pouco a cabeça e deposita um beijo em meu pescoço. Socorro.

–Ju é uma garota de sorte.

–Não é não, ela tem o pior namorado do mundo.

–Porque você diz isso?

–Porque amo outra garota.

Alice me encara e sei que não preciso dizer mais nada. Ela dá um sorrisinho tímido e me abraça com força.

Logo ela dorme e fico alisando seu cabelo até que meus olhos começam a pesar...