Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 9
Capítulo 9. Chuva de Novembro


Notas iniciais do capítulo

"Era notável a minha insegurança, minha voz mudou de timbre e eu mordi meus lábios, nervosa. Nick sorriu com o canto dos lábios e meu coração deu um pulo. Senti como se fosse desmaiar como ele conseguia ser tão lindo?"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/250215/chapter/9

Sabe aquela sensação de ter um monte de pessoas olhando pra você? Bem, eu soube naquele momento, todos me olhando. E foi bem estranho. Eu parecia ser o centro das atrações e comentários, como se fosse o primeiro dia outra vez. Me senti incomodada e até e mesmo abracei os braços para passar por toda aquela gente no refeitório.

Mas talvez as atenções não fosse pra mim e sim pra nós.

Como as pessoas são estranhas. E eu me incluo na lista. Como alguém pode julgar sem conhecer? Me incluo nessa lista também.

Olhei para Nick que não parecia tão incomodado quanto eu. Ele estava com sua imaculada expressão de desdém e olhava para frente encarando todos. Os dedos entrelaçaram-se nos meus em fração de segundos e de repente me senti protegida, amada e esqueci por um momento onde estávamos. Por um momento.

– você viu o jeito que as pessoas nos olham? – ele perguntou.

– na verdade não. – menti.

Nick estava bem na minha frente em uma mesa mais reservada no refeitório, eu estava bem incomodada com os olhares, mas ele não precisava saber disso.

– você sabe que mente mal.

– eu não me importo. – falei dando de ombros.

– não se importa com os olhares, ou não se importa que minta mal? 

Sorri.

– não me importo com nada além de você. – falei.

Ele estendeu a mão na mesa e afagou as costas da minha com o polegar. Sorrindo com o seu sorriso metido, a qual agora eu adorava.

– eu também, nada é mais importante pra mim do que você. – ele disse.

Percebi quando April levantou da sua mesa, que ela estava se dirigindo a nossa, coitada, estava vermelha dos pés a cabeça e todos que estavam nos olhando, de repente começaram a olhar pra ela. April parou no meio do caminho, ela tocou na trança comprida e loura caída ao ombro e fechou os olhos.

Eu e Nick nos olhamos confusos.

De repente ela tomou coragem e andou decidida até nós. Sorrindo e com sua cor se estabilizando. Ela era uma ótima garota e corajosa, foi a primeira a dar um passo na nossa direção enquanto os outros apenas saiam do caminho.

– Kath...

– oi April. – cumprimentei sorrindo. 

– oi gente. Nossa... Eu nem sei o que dizer, ou como dizer. – ela falou, nervosa.

– respira garota! – disse Nick rindo simpático o que fez ela se estabilizar.

– ok. Primeiro eu estou feliz que vocês estejam... Er, juntos. Vocês formam um lindo casal! – ela se interrompeu – e segundo, eu não ligo pros outros, eu sou sua amiga, e se você quiser minha companhia, eu ia ficar muito feliz.

Sorri pra ela.

– ai April isso foi tão legal! – me levantei e a abracei forte.

Ela olhou para Nick e disse “desculpe” e depois se virou e saiu do refeitório. Olhei para Nick ele levantou as mãos e fez cara de desentendido.

– eu não mordo. E pela primeira vez estou incomodado com essa história de medo.

Sentei na cadeira ao seu lado.

– calma, Nick. Pode ter certeza que se todo mundo virar as costas pra você, eu vou estar aqui.

Ele encostou meus lábios nos seus e me deu um beijo rápido, o sinal tocou e tivemos que nos separar ele foi para a sua turma e eu pra minha.

Algo ruim em estar com Nick, é que eu sempre queria estar com Nick. E isso me deixava louca! Costumo dar muitas risadas de mim quando vejo que realmente estou sendo egoísta, teimosa, e mimada querendo que ele fique 24 horas ao meu lado. Estou me coçando para fazer muitas perguntas para minha mãe, eu não quero parecer estúpida, eu ridícula. E nem quero falar de intimidades com ela, mas eu estou curiosa, e não encontro ninguém que supre minha curiosidade.

Meio aérea eu fui pra aula de Ed física. Na realidade foi muito estranho quando entrei no ginásio e vi toda aquela gente me olhando. Cochichavam e fofocavam como se eu nem estivesse presente. Que coisa desconfortável. As coisas seriam melhores se eu não estivesse sozinha ali. O professor pediu que fizéssemos duplas para jogar tênis. Obviamente vi todas as duplas se formarem na minha frente e eu não estava inclusa em nenhuma delas. April não estava, o que eu faria sozinha? Senti como se meu coração estivesse em frangalhos. Eu estava sendo completamente ignorada e sem motivos nenhum. O que aconteceu com aquelas pessoas legais que me receberam no primeiro dia de aula?  Eu estava perplexa, triste e um pouco desapontada, mas esse era o preço para ter Nick comigo, eu pagaria.

De repente Logan apareceu do meu lado, pondo levemente o braço sobre meu ombro.

– vamos formar uma dupla, maninha. – ele disse.

Sorri.

– obrigada Logan.

Ele piscou pra mim e sorriu de volta.

É, nada melhor do que a família, mesmo que ela seja postiça.  Enquanto esperávamos a nossa vez para jogar, ele começou um diálogo.

– isso passa, você sabe.

– espero que sim. – falei.

– sabe, Kath, é isso que acontece quando se quebra as regras. Nick é o cara mau, você é a princesinha. É como se a mocinha se apaixonasse pelo vilão. – tentou explicar.

– eu não sou a mocinha, eu posso ser só um figurante, ninguém liga para os figurantes mesmo.

– a vida é sua, no mínimo você é a protagonista. – argumentou.

– em todo filme a protagonista sofre pra ficar com o amor dela, eu não quero sofrer, eu quero que seja normal.

– sinto te informar, mas você já está sofrendo.

– eu sei. – concordei meio triste. – é o preço!

Ele fez uma cara meio descontente, mas ficou quieto, confesso que eu queria que ele continuasse com outro assunto, só assim eu não ficaria pensando nessa história.

Percebi que Logan era muito concorrido pelas garotas na escola. Nossa tantos meses ali e eu não tinha visto isso, para falar a verdade três meses. Senti pontadas de ciúmes quando as meninas começaram a secar o corpo longo de Logan que ficava se espreguiçando na hora de bater com a raquete na bola. Ciúmes de irmãos.

– hey o que você ta olhando? – me perguntou.

– na-nada. – gaguejei, meu Deus! Tomara que ele não pense besteiras.

Ele sorriu com o canto esquerdo dos lábios.

Virei o rosto pra frente tentando me concentrar no outro time, que consistia em um garoto alto e moreno que me lembrava o Nick, e de repente tudo o que eu consegui pensar foi Nick.

Ao término da aula fui correndo trocar de roupa no vestiário. Eu teria a sublime tarefa de buscar Dan na escola. Quando botei o pé pra fora do ginásio eu dei de cara com uma chuva intensa, pesada e que poderia muito bem acabar com o trânsito da cidade.

– ai meu Deus como eu vou pro meu carro com essa chuva? – perguntei pra mim mesma.

– carona? – perguntou Logan erguendo um guarda-chuva preto no ar.

– mas é claro!

Ele pôs a mão no meio das minhas costas e eu abracei sua cintura para que nós dois coubéssemos ali sem nos molhar tanto.  Segui com ele até meu carro novo, sim, meu pai havia me dado uma Mercedes  azul, o que não me destacava menos que o vermelho, por ser de uma marca importada que todo mundo almeja, mas mesmo assim era bonito, embora eu preferisse  a Joaninha.

– obrigada pela carona. – falei.

– de nada. Você vai buscar o Dan?

– sim, o que me faz pensar, o que por que você não o busca.

Ele sorriu.

– por que eu tenho um encontro. – disse.

– hum.

– até depois, Kath.

– até Logan.

Ele deu meia-volta e sumiu na chuva densa, fiquei olhando para seu corpo enquanto sumia, a roupa molhada dava forma nos músculos que eu nunca havia notado. Antes ou depois de babar pelo corpo molhado de Logan, eu ouvi batidinhas no vidro do carro do outro lado.

Olhei para o lado a chuva não e deixava ver quem era.

– Kath! Kath, abre a porta!

– Nick.

Abri a porta do carona e ele entrou todo molhando, estava com uma jaqueta preta que ele rapidamente retirou. Ele espirrou e fez com que o cabelo castanho jorrasse água em mim.

– desculpe.

– ai meu Deus você está todo molhado!

Ele riu.

– sei disso, meu amor. – ele passou a mão no meu maxilar e então puxou meu queixo para perto do seu rosto e beijou meus lábios lenta, intensa e ao mesmo tempo desesperadamente. Seus cabelos molharam meu rosto e eu sorri meio ao beijo, fazia cócegas. Ele riu e me abraçou encharcando toda a minha roupa.

– o que você realmente quer, Nick? – perguntei sorrindo.

– só queria te ver. – respondeu

– hum, sei.

Ele afastou uma mecha do meu rosto

– vai fazer o que está tarde? – lhe perguntei.

– eu ia ficar em casa, mas se você tem algo melhor...

Revirei os olhos. – eu não ia te convidar, mas...

– mas?

– se quiser ficar lá em casa comigo e com Dan, eu e ele estaremos sozinhos essa tarde. Seria divertido, o que acha?

Era notável a minha insegurança, minha voz mudou de timbre e eu mordi meus lábios, nervosa. Nick sorriu com o canto dos lábios e meu coração deu um pulo. Senti como se fosse desmaiar como ele conseguia ser tão lindo?

A cada dia era como se meu corpo, minha alma, sei lá! Todos os meus mínimos pedacinhos ansiassem por ele. Meus lábios davam a impressão de que doíam de tanto que eu queria beijá-lo. E quando isso acontecia, era como se a dor se anestesiasse. 

Puxei sua cabeça e o beijei.

Ele meio que hesitou depois que eu o mordi, mas então ele sorriu e me mordeu também. Só percebi que as coisas estavam ficando quentes demais quando os vidros do carro estavam embaçados. A chuva ainda caia forte na rua e nós já estávamos há um bom tempo parados dentro do carro.

O empurrei devagar e ele disse:

– é melhor parar, tem razão;

Nick se sentou com as costas no banco do carona e pôs o cinto de segurança.

Dei risadas – ainda nem liguei o carro!

– é pra sua segurança, acredite.

– ah ok! O que você ia fazer, me morder?

Ele deu um meio sorriso metido e umedeceu os lábios.

– não é má ideia.

– Nick! – repreendi.

– falo de ir na sua casa, mas de você quiser que eu te morda... – falou ao pé do meu ouvido.

Estremeci.

– não, fique sentado quietinho ai, agora eu vou dirigir.

Ele beijou meu pescoço e voltou a se sentar com as costas no banco do carona. Liguei o carro e parti para buscar Daniel na escola. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre O Amor, A Razão E O Coração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.