Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 10
Capítulo 10. O que diz o coração?


Notas iniciais do capítulo

"Havia uma mensagem no celular, era de April Estou com medo. Na mesma hora a respondi De que? Ou de quem? fiquei um tempão esperando a sua resposta, mas não chegava mensagem alguma (...)"



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Quando minha mãe chegou em casa a noite, eu, Dan, Nick e Logan estávamos vendo TV. O clima estava meio estranho. Notei que desde que eu e Nick começamos a namorar, ele e Logan não se falavam muito. Fiquei entre os dois com Dan em meu colo, a mão de Nick entrelaçada na minha e Logan com o braço no sofá atrás de mim. Olhávamos muito compenetrados um desenho da Disney.

Acho que Dan gostou tanto do desenho que dormiu no meu colo e então Logan o passou pro dele. Nessa hora Nick virou meu rosto e roubou um beijo meu. Confesso. Fiquei com receio de que Logan ficasse com ciúmes e então cortei o beijo alegando que tinha de ir ao banheiro. Minha mãe chegou bem nessa hora.

– ah, oi meninos! Como vão? – perguntou ela.

Não notei a resposta, fiquei analisando a expressão do rosto dela cheio de confusão quando ela nos viu os três no sofá, quatro com Dan. Eu ri em silêncio. Lembrei da primeira vez que eu havia trazido Nick ali como meu namorado. Nada de surpresa, é claro, Emily já sabia da nossa repentina paixão, mas eu sempre fico receosa quando se trata dela.

Logan levantou do sofá com Dan no colo e eu me prontifiquei a ajudar, minha mãe já estava monopolizando a conversa com Nick.

– quer ajuda, Logan?

– seria bom, ele é pesadinho. – notei que Nick revirou os olhos para o comentário de Logan. – faz assim, arrume a cama dele para mim.

– ok.

Corri pro quarto de Dan e afastei os lençóis, logo meu meio irmão apareceu no quarto com o menino no colo. Trocamos o pijama dele e o colocamos na cama. Daniel abriu os olhos e sorriu para nós.

– gosto de ver vocês dois juntos. – disse o pequeno.

Eu e Logan nos entreolhamos, senti o sangue subindo para minhas bochechas assim que ele sorriu com o canto dos lábios. Olhei para Dan e falei: – durma querido.

Senti os olhos de Logan ainda em mim, enquanto isso Daniel já havia dormido. Cobri seu corpo com o lençol e antes que eu erguesse o meu, a mão suave de Logan estava afastando uma mecha do meu rosto. Olhei para ele.

– seus olhos. – ele disse.

– o que têm eles?

– são tão lindos.

Sorri meio boba, toda vez que falavam dos meus olhos eu gostava do elogio.

– seu sorriso. – ele disse meio rindo.

– o que tem o meu sorriso? – perguntei.

– é tão doce.

Olhei nos seus olhos, eles me lembravam o dia naquele mês, acinzentados e profundos como uma tempestade. Ele tocou meu rosto com carinho que me senti frágil a ponto de quebrar. Toquei na mão que estava em meu rosto.

– vamos Logan, Dan já dormiu. – e afastei sua mão. Mesmo não querendo fazer aquilo.

Ele assentiu.

Meu coração martelou três vezes fortemente e depois se estabilizou. Ele não batia por Logan e eu estava convencida de que o amor que eu sentia por ele era de irmãos. Quando cheguei a sala e minha mãe conversava com Nick eu de repente senti o mundo girar e foi apenas ele olhar pra mim e sorrir que eu derreti, acho que aquilo era paixão.

Sentei ao seu lado no sofá e peguei em sua mão. Logan nem olhou para nós ele apenas serviu uma tigela de cereal e foi dormir. Nick apertou minha mão.

– Kath, sua mãe te perguntou uma coisa, onde estava com a cabeça?

– me desculpe, o que perguntou?

– daqui a duas semanas tem um coquetel onde todas as nossas pinturas serão leiloadas, e... A grande pintura é sua, meu anjo. – disse minha mãe.

Sorri com o canto dos lábios e lhe respondi: – uau! Isso é ótimo, mamãe, mas qual é a pergunta?

– gostaria que você estivesse lá! E Nick também.

– claro! O que acha? – perguntei a Nick.

– por mim...

– ótimo! Meninos, vou deixar vocês dois namorarem um pouco. – ela riu. – boa noite, mas não se esqueçam que daqui a pouco o Fred está em casa.

– boa noite. – respondemos em uníssono.

Estávamos sozinhos no sofá, a TV parecia estar muda, pois eu só conseguia ouvir o som do meu coração que batia forte, batia por ele. Eu ouvi sua respiração, curta e ofegante, ouvi a tensão no ar. Eu quis tocá-lo e dizer que estava tudo bem, estávamos sozinhos e eu não me importava tanto com o que viesse a seguir. Mas na realidade o fato dos quartos estarem ocupados e há apenas alguns metros de distância, me deixavam na mesma situação que ele.

Deixei que meus dedos escorregassem aos seus e então entrelaçamos nossas mãos.

– você está linda está noite. – ele sussurrou.

– apenas está noite? – brinquei.

Ele calou minha fala beijando os meus lábios. Me afastei rindo.

– Nick, só por que estamos sozinhos, não quer dizer que possamos fazer tudo.

Sei que em sua mente ele me respondeu “Mas eu apenas te beijei”, mas ele disse em alto e bom som um “Me desculpe”. E acrescentou “Não controlo meu impulso com você”

Deitei a cabeça em seu ombro.

– tudo bem, eu também tenho muita vontade de te agarrar. – falei sem pensar.

Ele riu baixo.

– me agarrar? Me agarrar como?

Corei. Me arrependi na hora do que eu havia falado.

– te agarrar, agarrar. – tentei explicar.

Nick deu seu meio sorriso metido e se aproximou de mim devagar, seus lábios percorreram meu pescoço e subiram até o lóbulo da minha orelha, onde ele fez questão de morder e me deixar inteiramente arrepiada. Então ele desceu até meus lábios e me beijou outra vez. Nesse momento ele estava sobre mim no sofá, e sua mão percorreu as minhas costas. Só Deus sabe o quanto desejei Nick inteiro pra mim.

Nada melhor para apagar o fogo do que seu padrasto chegando em casa. Ao ouvir o som do elevador e os passos em direção a porta empurrei Nick no chão.

– out!

– me desculpe. – falei.

Ele riu e eu também.

– o que houve com vocês? – esse era Fred nos perguntando com a maior cara de desconfiado.

– Nick caiu. – respondi o ajudando a levantar do chão.

Fred nos olhou. – não está um pouco tarde para visitas?

– eu já estou indo embora.

– te levo ao elevador. – falei o pegando pela mão.

Caminhamos devagar até fora do apartamento, Nick me puxou de modo que eu fiquei na ponta dos pés, ele conseguia ser mais alto que uma garota de 1,70 m, então ele mordeu a pontinha do meu nariz e em meio a risadas me fez uma pergunta.

– o que você acha da gente ir visitar seu pai?

Fiz cara de surpresa, na verdade eu fiquei surpresa mesmo – por que você quer fazer isso? – perguntei.

– ah, quero conhecer ele. – falou dando de ombros.

Sorri. – isso é tão fofo!

Ele me abraçou

– eu gosto de você! – falou em meu ouvido, como se fosse uma justificativa.

– e eu de você! – respondi baixinho.

O barulho da campainha do elevador acabou com o momento, então nós nos demos um beijo rápido e nos despedimos.


Pulei na cama quando entrei no meu quarto. Cat levou um susto e foi parar atrás dos travesseiros me olhando zangado, eu ri e passei a mão em seu pelo “calma meu amor” ele virou-se para que eu pudesse tocar em sua barriga. Gato preguiçoso!

Havia uma mensagem no celular, era de April “Estou com medo”. Na mesma hora a respondi “ De que? Ou de quem?” fiquei um tempão esperando a sua resposta, mas não chegava mensagem alguma, resolvi que iria ligar para ela, mas seu celular só caia direto na caixa postal, liguei 5 vezes, nem chamava. Comecei a ficar preocupada. Abri o notebook e fui ver se não encontrava ela nas redes sociais, as suas ultimas atualizações foram há nove horas atrás “Festa legal mais tarde” ela escreveu. Fiquei aliviada, nada havia acontecido então, era apenas uma brincadeira, talvez ela estivesse bêbada. Eu não tinha o número da casa de April e de qualquer maneira já estava tarde para ligar pra lá. Então eu deitei e tentei dormir. Quem sabe amanhã ela não me diria que era apenas uma brincadeira?


Outra vez fora Logan que me acordou. Ele estava chamando meu nome baixinho, no início pensei que fosse um sonho, mas ao abrir meus olhos em fendas o notei me olhando em pé ao lado da cama, sussurrava baixinho um Kath.

– que horas são? – perguntei bocejando. Olhei o relógio no criado-mudo 3 horas da manhã. – Logan, olha a hora!

– Kath olhe isso. – ele me passou o celular. Mensagem de April. “Estou com medo”. – acabei de receber, fiquei com um péssimo pressentimento disso.

Peguei o meu celular e mostrei a mesma mensagem, seus lábios formaram uma linha fina de preocupação. E eu estava intrigada com as mensagens. Tentamos ligar para ela novamente, mas nada de ela nos atender. Dessa vez tocou, tocou e nada.

Logan sentou na minha cama e pegou seu celular e começou a ligar para ela novamente, chamou e nada.

– o que acha que aconteceu? – perguntou.

– espero que nada de ruim. – respondi. – na verdade ele escreveu no Facebook que teria uma festa legal mais tarde, ela pode estar bêbada e mandou a mensagem só por diversão.

Desejei conhecer mais de April para poder saber se ela era capaz de uma brincadeira daquelas, mas o pouco que nos falamos não foi tão profundo assim.

– será que mais alguém recebeu essa mensagem? – continuei.

– provavelmente ela tenha mandado para todos os contatos, se ela estiver em perigo... – ele se interrompeu. Parecia pensativo.

– o que foi?

– nada, eu só... Com o que os pais de April trabalham?

– a mãe dela trabalha com a minha mãe na galeria eu acho, e o pai se eu não me engano é policial.

– hum.

– o que foi Logan?

– nada! Não foi nada. – ele desconversou

Senti que ele mentiu pra mim, ele estava escondendo algo de mim, algo sério.

– acho melhor esperarmos amanhecer, quem sabe ela já não está em casa, o pai dela é policial, se ela tivesse desaparecido ele teria procurado por ela, não é mesmo? – falei.

– faz sentido. – ele suspirou. – ok vamos dormir.

– é.

Deitei novamente e ele passou a mão no meu cabelo sorrindo. – boa noite!

Estremeci. – boa noite.

Virei para o lado e esperei até que a porta do banheiro batesse fraquinho para suspirar e fechar os olhos. Assim que os fechei, dormi, e quando dormi tive um sonho, bom foi mais uma repetição de sonho. Aquela mesma ruela escura que eu me lembro de ter sonhado em uma das primeiras noites nesta cidade, lixo e água correndo até os buracos de esgoto na calçada. Agora tudo parecia mais detalhado, eu podia ver cartazes nas paredes. Uma foto de alguém marcada com um grande x vermelho escrito “procurado” em baixo. Eu olhei para aqueles cartazes sentindo medo. Aquele lugar me dava medo. De repente em minha frente surge a luz, um ponto desfocado e brilhante logo mais a frente, e eu sabia que era o caminho para eu sair daquela rua escura e sem vida. Corri com todas as minhas forças em direção a luz, e quando eu estava a centímetros dela, novamente a mão me puxou. Só que desta vez eu não acordei, vi que quem havia me puxado era Logan.


Talvez eu estivesse paranóica, eu apenas impressionada com o sumiço de April, mas quando meu pé esquerdo tocou o chão antes do direito eu senti uma pontada de medo. Eu não sou nenhum pouco supersticiosa, mas algo não estava certo. Levantei da cama e fui direto pro banheiro, tomei um banho gelado pra afastar qualquer pensamento ruim, lavei os cabelos, sequei até que ficassem perfeitamente lisos como deviam ficar. Coloquei uma roupa bem confortável e sim, eu estava pronta pra mais um dia.

Peguei minha bolsa e quando fui ver o celular, uma mensagem nova, torci para que não fosse de April. “Bom dia, meu amor”. Isso é de deixar qualquer uma apaixonada. Respondi “Com uma mensagem dessas, qualquer dia seria ótimo” para Nick e então fui tomar café da manhã.



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