Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 6
Capítulo 6. Um pedido


Notas iniciais do capítulo

" ah sim 'Nick'. Por que anda com ele? perguntei a Logan
por que ele é meu amigo.
ok, não vou mais discutir isso com você. me rendi."



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Em quatro semanas eu estava praticamente adaptada a cidade. Com a ajuda de Logan eu tinha aprendido tudo o que devia aprender na escola, ele me ajudou nas matérias mais cabeludas e no relacionamento em casa com minha mãe e meu padrasto. Era quinta à noite e estávamos os cinco no sofá da sala fazendo uma competição de caraoquê.

Foi tão divertido ganhar deles por cinco vezes seguidas. Não que eu tivesse uma bela voz, mas eu sabia todas as músicas. Fiz time com Logan e Daniel, e até o pequenininho demonstrou ser melhor no gogó que minha mãe.

– estou cansada de perder pra vocês! – se queixou Emily.

– aprenda as músicas! – sugeri.

– não seja tão má Kath! – disse Fred rindo.

– ela tem razão, e vocês são péssimos! – disse Logan.

Daniel deu um longo bocejo, o que foi a deixa para nós terminarmos a brincadeira.

– ok, Dan vamos pra cama. Já passa do horário de você dormir – disse Fred. Ele nos olhou. – vocês dois também!

– sim senhor! – brincou Logan, não tive como não rir.

– queria que você me obedecesse sempre, isso sim!

Digamos que eu estava curtindo os meus momentos com a família, nunca tinha tido nada parecido e eu gostava das coisas assim. É claro eu iria querer fazer um joguinho desses quando fosse para a Califórnia visitar meu pai nas férias, estava com saudade dele.

Me surpreendi quando meu celular apitava no criado-mudo, uma ligação perdida do meu pai, nossa! Rapidamente disquei os números do seu celular. Ele não demorou muito a atender, chamou duas vezes e então ouvi sua voz firme.

– Klaus Petrova.

– oi pai.

– Kath.

– sim! – dei uma risada, ele nunca mudaria. – como você está?

– bem, bem. E você? Como andam as coisas por ai? – perguntou. Pude ouvir barulhos de pratos ao fundo.

– está tudo correndo bem, onde você está pai?

– em casa – ele falou. – tentei fazer o jantar, mas acho que não saiu como previ.

– se dando mal sem mim?

Ele riu. – saudade da sua gororoba.

– ah muito obrigada papai!

– estou brincando.

– espero que sim.

Meu pai riu. – me ligue quando precisar de alguma coisa, ah! Sua mãe me falou que você está usando o carro dela, vou providenciar um pra você.

– ela falou? – perguntei. Em que mundo estamos onde minha mãe liga para o meu pai sem me contar nada? Agora com a parte do “vou providenciar”, isso era o esbanjar de dinheiro do meu pai com o qual eu já estava acostumada.

– falou. Que caro você quer?

– na realidade eu gosto da Joaninha. – respondi. – ela é legal.

– mas é da sua mãe.

– tem razão. Bom, qualquer compacto está bom pra mim, não gosto de coisas grandes e chamativas. – falei.

– tudo bem, como quiser. Vou desligar agora, Kath. Sinto sua falta.

– eu também sinto a sua. Boa noite pai!

– boa noite minha filha.

Joguei o celular entre os travesseiros e peguei Cat no colo mexendo no seu pelo macio. Isso me lembrou meu cabelo estava nada bonito. Deitei na cama e dormi, pela manhã eu arrumaria meus cabelos.

Já de manhã, quem me acordou foi Logan, ele entrou pelo banheiro na maior empolgação, disse que era dia do comenta. Eu fiquei meio nervosa, me tapei até o pescoço para que ele não visse meu pijama ridículo de carneirinhos, tinha que acostumar com essa visão irmã e irmão que Logan tinha de nós.

– comenta? Do que está falando? – perguntei.

– sim, está todo mundo falando nisso, acho que a maioria dos adolescentes vai pra clareira foi o que o Nick me disse.

– ah sim 'Nick'. Por que anda com ele? perguntei a Logan

– por que ele é meu amigo.

– ok, não vou mais discutir isso com você. – me rendi – será que eu posso me levantar agora?

– ah! Claro! Vou tomar café, o banheiro é todo seu! Er... Seu cabelo ta horrível!

Joguei uma almofada nele. – sai logo daqui!

De certa forma, Logan andando com Nick me deixava preocupada. Ouvi historias terríveis a respeito desse garoto. É claro, podem ter sido apenas fofocas, mas há quem dia que tem um fundo verdadeiro nas fofocas.

April me contou boatos de que o pai de Nick era um mafioso. Na realidade eu até não duvidaria disso, na Califórnia era comum quando a polícia perseguia esses caras, meu pai até já chegou a defender alguns deles e isso me dava medo.

Vi também que as pessoas se afastavam da turminha de Nick, eles ficavam zoando todo mundo que passava no maior estilo Bad Boys, era mais por esse motivo que eu não gostava de ver Logan com eles. Descobri que a insegurança que eu vi nos olhos de April, não era na verdade insegurança era preocupação. Ninguém queria que os novatos se aproximassem de Nick. Ninguém confiava nele.

Cheguei um pouco cedo de mais na escola aquele dia. Não tinha ninguém praticamente, alguns nerds e lideres de torcida treinando e eu ali no pátio coberto sentada no banco ao pé da árvore, eu não tinha nada para fazer. Nem deveres atrasados. A escola estava cheia de panfletos com a foto de um cometa estampada. É pelo jeito esse tal cometa era mesmo esperado. Em baixo da sua foto a seguinte inscrição:

“faça seu pedido”.

Acho que aquilo era mais supersticioso do que eu imaginava.

Senti que estava sendo observada enquanto eu observava o panfleto na parede e isso não lá uma sensação das melhores. Olhei para o lado e Nick estava sentado no banco onde eu estava há uns minutos atrás. Me olhando. Hoje ele vestia calças jeans escuras e um suéter preto. Estava milagrosamente sem os óculos escuros. A visão que eu via não era feia, aliás, Nick está longe de ser feio, ele podia muito bem ser um galã do cinema. Dava para ver que um dos seus passatempos preferidos era ficar horas na academia, por que o seu biótipo era muito desenvolvido para um garoto de 17, 18 anos. Lembrei que eu o vira com o uniforme do time de futebol, acho que ele também praticava esportes.

Olhei para os lados, estávamos sozinhos naquele pátio, não havia mais nerds, não havia lideres de torcida, apenas eu e ele. E logo eu ia mudar isso, andei normalmente até a saída mais próxima, como se fosse fácil fazer isso. Ele pulou do banco como uma cobra dando o bote e ficou na minha frente com a mão na parede.

– o que você quer? – perguntei batendo com o pé no chão.

– só quero conversar com você! Será que é difícil?

Olhei nervosa para os lados, ninguém ali.

– tudo bem, tem cinco minutos. – falei convicta.

– agora o tempo é contado? – ele riu.

Fixei meus olhos nos seus. – você tem 4 minutos e 50 segundos.

– ok! Você venceu! – ele levantou os braços como se estivesse se rendendo, sempre risonho. Pelo jeito eu fazia ele se divertir. – por que você foge tanto de mim? Por acaso tem medo?

– é claro que não! – minha voz subiu três oitavas, a narina direita tremeu droga! Não sei mentir mesmo!

– está mentindo. – falou cruzando os braços na altura do peito.

– não, não estou. – falei controlando a respiração o com a mão nas narinas teimosas e traidoras.

– sua voz subiu três oitavas e... Cara! Sua narina tremeu!

Ele deu risada.

– não ria! Eu não acho nada engraçado! Por que você fica rindo de tudo o que eu faço? Qual é o seu problema? – gritei com raiva. Abaixei o tom de voz quando vi que finalmente alguns alunos estavam chegando.

– isso te irrita?

– irrita, aliás, você me irrita. – falei.

Ele riu outra vez. Fiz uma cara de zangada para ele, e logo seu riso se transformou em um sorriso metido.

– Kath, me escute...

– 2 minutos. – apressei.

– Por que tem medo de mim? – ele perguntou co certo tom de frustração na voz. Ele coçou os cabelos espetados que hoje estavam desgrenhados e mal penteados e sorriu meio nervoso.

– eu já falei que não tenho. – reforcei.

– eu vejo no seu olhar inseguro que você tem, mas eu quero que você saiba que não tem motivos pra isso, eu não sou mal. – caramba! Esse garoto era como meu pai, observador até o ultimo fio de cabelo. Eu tinha que controlar meus sentimentos perto dele. – As pessoas mentem.

– é eu sei que sim, mas então por que você faz questão de manter essa pose de malvadão quando está perto delas? – perguntei. Pude ver por sobre o ombro de Nick, que April estava com o grupo dela me olhando, todos estavam me olhando. – estão todos nos olhando.

– eu sei, é por que estamos conversando e eu não estou te matando. – ele riu, mas eu vi a raiva nos seus olhos. Talvez Nick não fosse um cara tão ruim quanto as lendas dizem. – acho que já passou os cinco minutos, não é?

Concordei com a cabeça.

– posso te pedir uma coisa? – ele perguntou.

– depende.

– você vai à clareira hoje? – concordei com a cabeça outra vez e ele continuou – vá com um calçado fácil de tirar.

– o que? Por quê?

– faça isso, por favor. – ele pediu. – por favor.

– ta! Tudo bem, eu vou com um calçado fácil de tirar. – concordei.

– ok, então até mais!

O dia depois ficou meio estranho, por que eu não consegui parar de pensar em Nick por um segundo. Tudo me lembrava a nossa conversa de cedo da manhã, e isso não podia ser considerado bom. April me deu um longo sermão por ter ficado a sós com o garoto, mas eu nem prestei atenção, a única coisa que eu disse foi “E se ele não for o que vocês pensam?”, mas ela continuou tagarelando que ele era mal, que ele não era a pessoa certa pra mim. O problema é que eu não prestei atenção. Preferi seguir o meu coração que estava claramente quase convencido de que ele não passava de um garoto normal. Mas havia uma parte de mim, uma pequena parte que ainda temia que ele não fosse o que estava tentando demonstrar ser. E isso sim me deixava com medo.



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