Uma semana depois do meu aniversario e eu já tendo que usar o presente. Estávamos no aeroporto de Virginia Beach, eu e Nick. Os planos para que Logan viesse com a gente na viagem foram atrapalhados pelo mês de férias de Karen. Argh. Digamos que eu estava feliz por que iria visitar meu pai, mas um pouco irritada em ter de ficar longe de... Longe de... Enfim, eu não estava em clima para viajar, ainda mais sozinha com Nick.

Eu não sei o que está acontecendo comigo, estou tão confusa! Deve ser nervosismo. Afinal meu pai vai conhecer meu namorado, é normal ficar nervosa nessas circunstâncias. E aquele acento de avião não ajudava, estava apertado de mais. Eu me senti claustrofóbica e o único remédio era dormir um pouco e ver se a hora torturante de viajem passava.

– está tudo bem, terra firme! – disse Nick.

– graças a Deus!

Ele abraçou meus ombros. – vou pegar as malas.

– te espero aqui.

Olhei para a multidão de pessoas no aeroporto da Califórnia. Nossa quanto tempo eu não via tanta gente bronzeada, com roupas coloridas assim? No meio da multidão, eu o vi, meu pai! Ele estava informal de bermuda e com a camisa vermelha de domingo, aquela que ele usava quando ia descansar na varanda. Que saudade.

– papai! – falei correndo em sua direção, nem liguei pelo alvoroço que causei, afinal abraços, beijos e gritos eram comuns em aeroportos. Abracei meu pai tão forte que achei que ele fosse cair, mas ele me abraçou da mesma maneira.

– Kath. – falou no seu velho tom normal de voz.

– ai meu Deus pai, senti tanto a sua falta.

– eu também senti a sua. – ele disse me afastando para poder me observar melhor. – nossa, está mudada, parece tão...

– tão?

– madura! – ele falou, sua voz subiu algumas oitavas e eu sorri. – então, onde está o tal Nicolas Reddle?

Olhei para trás na esteira de malas e Nick estava vindo com a dele e com a minha nas mãos. Apontei discretamente para ele e meu pai assentiu, esperamos Nick se aproximar.

– Nick, esse é meu pai, Klaus. Pai, esse é meu namorado, Nick.

Os dois deram um cumprimento de mãos.

– é um prazer conhecer o senhor.

– o prazer é meu.

– ok, podemos ir? Estou morta de saudade de casa. – falei.

Reconheci toda Los Angeles dentro do carro do meu pai, estava como antes, nada mudado. No meu bairro, algumas casa tinham sido erguidas, mas nenhum famoso havia se mudado para lá. O meu apartamento estava logo a frente, o porteiro abriu a garagem e meu pai levou o carro até sua habitual vaga.

– espero que você não tenha tocado no meu quarto papai. – falei.

– não, eu não ousaria. – ele disse rindo.

Sorri.

Sentei no sofá da sala agradecida por estar ali novamente. Minha sala tinha muitos moveis modernos, daqueles com formas estranhas, meu pai não sabe decorar a casa então contratou profissionais para isso. A TV gigante ficava presa na parede e tinha duas luminárias ao lado dela. Na parede do corredor, vários diplomas e fotos do meu pai com suas causas ganhas e coisas conquistadas. A minha foto preferida dele era a com o Will Smith, essa eu estava junto. Deixei meu pai e Nick na sala e fui até meu quarto.

Nossa bem diferente do meu novo quarto, as paredes eram azuis-celeste a roupa de cama amarela com rosa e nada de mobília de princesa. Havia um sofá em formato de gota perto da janela e a mesa do computador vazia. As prateleiras estavam sem meus livros, DVDs e bichinhos de pelúcia (heranças da infância). O meu quarto não parecia mais tão meu, mas ainda assim era bom estar ali.

Nick entrou no quarto de fininho quando eu estava olhando pela sacada do quarto, ele beijou meu ombro e eu me virei para ele sorrindo.

– você parece tensa. – comentou.

– é apenas impressão sua.

– talvez seja. – falou beijando meu ombro novamente, então estendeu o beijo até meu pescoço e até a orelha e então virei meu rosto em sua direção para que beijasse meus lábios.

O telefone tocou.

– alô?

– oi Kath, é a Karen.

– Karen? Por que você está ligando, aconteceu algo com o Logan? – perguntei assustada, Nick me olhou cauteloso.

– não, não. É que eu queria falar com Nick.

O que???

– por quê? – perguntei.

– só quero falar com ele, posso? – fiquei em um silêncio momentâneo e ela continuou: – desculpe Kath eu não tenho o número dele.

– ok. Até mais Karen. – eu disse por fim e entreguei o telefone para Nick.

Ele pegou o celular da minha mão assustado, eu estava morrendo de raiva de Karen, o que essa garota quer? Meu irmão? Meu namorado? quem sabe a minha vida?! Eu precisava dar um tempo, não dava pra ficar em casa. Saí batendo o pé do quarto em direção a sala. Eu iria até a minha antiga escola de música.

Meu pai estava vendo TV com um copo de uísque nas mãos. Ele me fez parar no meio do caminho.

– onde você vai? – perguntou.

– para o único lugar onde eu consigo pensar. – respondi.

– espera, aconteceu alguma coisa?

– não. – respondi não ligando para o aumento de timbre da minha voz.

– Kath eu não vou te impedir de sair por aquela porta, mas eu quero que você saiba que as conseqüências das suas atitudes você mesma vai ter de pagar. – falou.

Me virei em sua direção. – por que está falando isso? Eu não vou fazer nada.

– Katherina, você saiu dessa casa uma menina, e hoje está aqui como mulher.

Assenti concordando. Ele estava terrivelmente certo. Não foi apenas em idade que eu amadureci, mentalmente eu devia amadurecer também e não era fugindo, gritando ou esperneando que eu ia resolver qualquer problema. Dei meia volta para o quarto.

Nick estava sentado na cama olhando para baixo.

– por que você saiu correndo daquele jeito? – perguntou.

– tive um surto. – respondi.

Ele riu. – por quê? Não queria que eu atendesse ao telefone? Era só ter dito que eu não estava ou qualquer coisa.

– na verdade, eu só estou com ciúmes. – revelei olhando para o chão.

– ah meu amor, não acredito nisso.

– é eu sei é ridículo. Mas você e Logan estão tratando a Karen melhor do que tratam a mim. Eu sou muito egoísta e mimada lembra?

Nick me abraçou forte sorrindo. – você é minha egoísta e minha mimada. Eu nunca vou tratar alguém da mesma maneira que eu trato você. E Logan e ela estão de certa forma envolvidos, é normal que ela leve um pouquinho mais de atenção do que você.

Mordi os lábios, eu por mais que quisesse não concordava com aquilo, mas engoli meu orgulho e assenti com a cabeça, essa mentira ele não perceberia.

Acordei olhando para Nick ao meu lado na cama, levei um susto e quase caí para trás. Olhei a desordem que estava o quarto, minhas roupas e as dele espalhadas pelo chão e então eu me lembrei do que havia acontecido. Meio envergonhada comecei a me vestir, olhei o relógio morrendo de medo que meu pai estivesse em casa, mas já eram 10 horas da manhã em uma segunda, ele estava no escritório.

Tendo esse pensamento, me despi novamente e voltei para cama, deitei minha cabeça no peito do meu namorado e ele sorriu pra mim.

– bom dia. – falou.

– bom dia. – respondi.

Nick passou a mão para a curva nas minhas costas e começou a fazer carinho naquela parte.

– pensei que nunca fosse acordar com você do meu lado. – falou.

– tecnicamente...

– eu sei, eu sei, eu não dormi com você a noite, apenas de manhã. – ele riu. – sinto que seja tão incomodo nós termos que fazer amor escondido.

– ué, coloque um anel no meu dedo e ninguém nos impedirá de nada.

Ele deitou a cabeça na mão e ficou me olhando.

– fala sério, aceitaria se casar comigo?

Meu estômago se revirou. – er, eu falei brincando. – respondi nervosa.

Ele riu. – eu sei, só estava te testando. Não pense que eu tenho um anel de noivado guardado em casa, e que eu esteja apenas esperando você me dar oportunidade para usar.

Fiz uma careta. – falando desse jeito, eu acho que você tem.

– e se eu tivesse...

– Nick.

– tudo bem, me desculpe. Acordar com você do meu lado é o suficiente pra mim.

Sorri agradecida.

– por enquanto. – falou.

Bati em seu braço e ele me puxou.

– quando chegar a hora certa, ninguém nos impedirá de nada. – falei por fim.

Ele sorriu docemente para mim e sussurrou em meu ouvido. – eu te amo Kath.

O meu nome sendo dito por ele foi tão doce, que parecia um beijo, então me dei conta de que estávamos nos beijando mesmo.

Depois de uma longa semana na casa do meu pai, marcamos nossa volta. Minha mãe pediu que voltássemos por que ela tinha uma surpresa, pelo olhar do meu pai, ele já devia saber o que era a tal surpresa.

Eu deixei a Califórnia com a sensação de estar voltando de lua-de-mel. Mas eu estava tão apaixonada por Nick que achei que aquilo tudo era certo, era bom, era normal. Eu não sei, me entreguei para ele de tal maneira que eu queria estar com ele o tempo todo.

Não me surpreenderia se logo um anel de noivado estivesse brilhando em meu dedo.

E lá estávamos nós. De volta a Virginia.