Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 18
Capítulo 18. Feliz dezoito anos Kath


Notas iniciais do capítulo

18 anos não é para qualquer garota. continuou. lembro de quando eu tinha a sua idade, aliás, espero que não apronte tanto quanto eu e sua mãe aprontávamos.



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Toc, toc, toc.

– Katherina! Sai desse banheiro, se você não começar a se arrumar, se atrasará. – gritou minha mãe batendo na porta.

– estou no banho mãe, estou me arrumando. – gritei de volta.

– ande logo, os convidados daqui a pouco chegam e você tem que estar pronta, o seu vestido está em cima da cama.

– ok, já vou.

Desliguei o chuveiro e peguei a toalha, sequei meu corpo e me enrolei nela, peguei outra toalha que estava na gaveta da pia e enrolei meus cabelos encharcados. Bati na porta de Logan duas vezes.

– o banheiro está desocupado! – gritei.

– ta bom. – respondeu.

Estava quase na hora da minha festa de aniversário. Lembro de ter acordado pela manhã com uma mensagem de Nick me desejando felicidades no próximo ano e uma mensagem do meu pai. Passei a manhã e a tarde recebendo ligações de alguns conhecidos da escola e de amigos de minha mãe aos quais muitos estariam convidados para a festa, inclusive Mercedes a secretária da escola e sua filha.

Eu tinha que estar apresentável, afinal não é sempre que uma garota completa 18 anos. O meu vestido me esperava sobre a cama, presente de Fred e ele tem um bom gosto anormal para presentes. O vestido era azul-escuro, quase lápis-lazúli, ia até a altura do joelho, ele tinhas três camadas abaixo da cintura que davam um aspecto romântico e o melhor de tudo é que o decote combinava com o colar de Nick.

Vesti meu melhor lingerie e pus o vestido sobre ele, caiu perfeitamente em mim. Fui até armário e peguei os sapatos que eu havia mentalizado para usar, as sandálias brancas. Sentei-me a penteadeira analisando meu rosto e vendo quais as imperfeições que eu teria de cobrir, graças a Deus nenhum aparecimento surpresa de espinhas. Peguei o secador na gaveta e comecei a secar os fios do meu cabelo. Eu estava enfim quase pronta. Usei o rímel para moldar os cílios, um pouco de blush e batom e enfim completamente arrumada.

– ah já ia me esquecendo do colar. – falei.

– quer ajuda? – perguntou Logan vindo da porta do banheiro. Ele estava andando com a ajuda de duas muletas.

– Logan você... – Meus olhos o contemplavam, com surpresa. Era como se eu estivesse vendo uma criança dar seus primeiros passos, algo que eu tinha que ajudá-lo a fazer, mas ele não parecia querer minha ajuda, me silenciando antes de eu concluir.

– eu sei, eu sei... Percebi hoje que minhas pernas já estão suficientemente recuperadas para eu poder usá-las. Feliz?

– você não sabe o quanto! – Dei um sorriso completamente bobo, vendo-o em sua glória, ao estar em pé.

– imaginei que fosse ficar... – Disse ele me olhando através do espelho com um pequeno sorriso que se apagou. Seus olhos tinham uma carga muito grande, era como se ele estivesse prestes a dizer algo, algo que o comprometia, ou simplesmente o deixava mal. – Um passarinho me contou que você se sente culpada por eu estar nesse estado. – Ele abaixou os olhos, quase que no mesmo instante que eu. Ficamos naquele silêncio oco, onde só aquelas palavras ecoavam no ar, lembrando-me que nem tudo era como deveria ser... Ele não merecia tanto sofrimento, e eu não podia fazer nada por ele, nem ao menos compartilhar a dor de algo parecido... Balancei a cabeça, decidindo esquecer e também, decidida a acabar com aquele problema entre nós. Aquela noite precisava ser perfeita, e eu queria... Queria que aquele moço, se sentisse bem a meu lado.


– que passarinho fofoqueiro! – brinquei, tentando aliviar a tensão que permanecia enevoando o ambiente, que foi desfigurado pelo brilho e a agitação do sorriso de certa pessoa...


Ele riu. Se aproximando da penteadeira. – ainda não consigo ficar suficientemente em pé, sabe, preciso de apoio. – Ele tocou em meu ombro, deixando a muleta um pouco de lado. Abri um sorriso involuntário. Era como se ele soubesse, que eu precisava ajudá-lo, precisava recuperá-lo. Precisava fazer algo por ele. – Eu estava pensando em fazer aulas de natação, mas precisa de acompanhante e meu pai não tem tempo.

– ah jura? – Escondi um sorriso, tentando não lhe mostrar quão feliz ele me fizera. – Eu posso ser sua acompanhante, sem problemas. – falei. Só assim eu passaria um pouco de tempo com Logan e não tanto tempo em casa sem fazer nada.

Os olhos dele se iluminaram. – ótimo!

Ele afagou meus ombros delicadamente, apesar de precisar voltar logo a se apoiar, pondo o colar em meu pescoço, com um sorriso, se afastando um pouco.

– obrigada. – agradeci.

– é... bom, eu tenho um presente pra você.

– está brincando! Disse me virando, ficando realmente de frente com sua figura.

– claro que não! - Disse ele com a voz mais franca, mostrando que ele se irritara com minha falsa descrença. – É seu aniversário, 18 anos, não dá pra eu simplesmente ignorar isso e deixar que você não se lembre que eu participei dele. – falou.

– ah Logan, impossível que um dia eu vá esquecer você. Me assustei com minhas próprias palavras,algo dentro de mim se revirara,um sentimento despertando, talvez,ou simplesmente minha admiração por ele me sacudindo para amá-lo... Se é que.... Ele interrompeu meus pensamentos,dizendo:

– mesmo assim, te trouxe isso. – ele disse tirando do bolso da camisa uma caixinha pequena de veludo vermelho.

Peguei a caixa hesitante. – é de joalheria, Logan, por que...

– apenas abra. – interrompeu.

Assenti. – ok.

Fui abrindo a caixinha devagar, curiosa, dentro dela um lindo anel de prata com o símbolo do infinito esperava um dedo de moça,olhei surpresa para o anel, pensando no que aquilo poderia significar para Logan, será que era mais do que significava pra mim?

Sorri para ele, e então pus o anel no dedo anelar, dizem que é o único que tem ligação com o coração e então era ali mesmo que aquele anel iria ficar.

Levantei da penteadeira e o abracei.

– muito obrigada Logan, eu adorei o presente.

– de nada. – falou ele, que se apoiava em uma das muletas, mesmo assim não deixando de me apertar junto a si.


Ao voltar meus olhos a seu rosto, Fiquei olhando nos seus olhos de tempestade, lembrando do beijo que ele havia me dado no carro. Eu te amo, ele havia falado. Seus lábios estavam tão próximos de mim que eu podia claramente sentir sua respiração quente. Fechei os olhos e virei o rosto antes que eu me arrependesse do que iria fazer.

– hora da festa. – ele disse, logo se afastando, me dando um sorriso ao estar sobre a porta.

Estranhei sua falta de percepção... Será que só havia rolado um clima pra mim? Eu só podia estar começando a ficar maluca... Paranóica e outras coisinhas mais...

Concordei rindo, rindo mais de mim, do que da situação. – é hora da festa... – Dei alguns passos a ele, parando para contemplá-lo, estava quase junto dele,mantendo uma distancia respeitável. - E você está um gato!

Ele sorriu,totalmente charmoso e talvez lisonjeado,dizendo:

– eu sei.

– é um convencido. – revirei os olhos rindo. E então,passei por ele,que me olhou com cara de poucos amigos,eu não o esperara,e ele não podia correr. Tentei manter a expressão séria quando estava no corredor, no entanto uma risada alta saiu de mim,corri até ele para lhe emprestar meu braço, assim ele se sustentava,e ele o fez. Mas não tive a sensação de que ele precisasse de mim,senti que ele queria,apenas,estar perto.


– ótima festa, Kath. – alguém falou quando passei. – uau, sua mãe sabe mesmo dar uma festa. – falou outra pessoa. – feliz aniversario Kath.

Respondi todos com um belo sorriso no rosto. Eu nunca tinha visto o apartamento tão cheio de gente, ainda bem que era grande e tinha uma bela varanda. Mal consegui prestar atenção em quem falava comigo, apenas sorria e andava pela festa como uma boa anfitriã.

Fui puxada pela cintura até um canto perto do corredor.

– será que eu poderia ter um minuto da sua atenção, senhorita aniversariante?

Nick estava extremamente sedutor, ele voltou com o penteado para cima a qual eu adorava. Os olhos estavam sendo iluminados apenas por uma luz fraca que vinha da janela do corredor, verdes ao luar. Sorri com o canto dos lábios.

– Nick. – falei enfim abrindo um sorriso de dentes.

– feliz aniversário, meu amor. – ele tinha uma das mãos pendendo sobre a parede,como se estivesse querendo me manter apenas para si,ou simplesmente,tentando nos esconder.

– pensei que não fosse vir, – fiquei olhando em seus olhos,perguntando como sempre qual era a cor daqueles lindos olhos,que me pareciam verdes na hora. – me senti um tanto desapontada. – revelei com um beicinho.Aproveitando para não me mostrar muito boba perto dele. tipo,eu ficava só olhando e ele parecia tão na dele...

Então ele riu e me puxou mais perto,beijando meus lábios lentamente, com ternura. Sorri em meio ao beijo e ele também.

– eu trouxe flores, mas sua mãe pediu que eu as colocasse em seu quarto. – falou enquanto voltávamos para a festa na sala.

– por quê?

– não sei, é mais fácil perguntar a ela. – respondeu meio risonho. Sorri. – bom, vou pegar uma bebida, aceita alguma coisa?

– minha mãe está servindo champanhe, eu sinto que preciso estar um pouco bêbada para encarar a “hora do parabéns”.

Ele sorriu e me beijou rapidamente. – vou buscar.

Enquanto Nick se afastava, dei mais alguns sorrisos e meia dúzia de palavras trocadas com algumas pessoas desconhecidas e então olhei em um canto, e Logan estava conversando com uma garota. Fiquei observando as jogadas de sedução dele, ele sorria com o canto dos lábios e mexia nos cabelos pretos o tempo todo, mesmo de muletas o garoto era bom em flerte. Virei para o outro lado e vi minha mãe abanando freneticamente. Disfarcei o olhar e fui em direção a ela.

– oi. – cumprimentei Mercedes.

– olá, Kath. – ela disse. – então, já virou tradição eu comparecer em suas festas de aniversário?

Sorri concordando.

– 18 anos não é para qualquer garota. – continuou. – lembro de quando eu tinha a sua idade, aliás, espero que não apronte tanto quanto eu e sua mãe aprontávamos.

Olhei para minha mãe ela estava vermelha. – Mercy. Não fale assim.

– me desculpe, Emily, é que é tão gratificante ver que nossas filhas estão tão crescidas, veja só a minha, já está na faculdade e a sua no ultimo ano, não é mesmo?

– sim. – respondi.

– pois é... Eu queria que você conhecesse minha filha, Karen, mas parece que Logan é mais interessante para ela. – falou apontando para trás de mim, me virei e vi Logan com a tal garota. Quando ela nos olhou sorriu e ajudando Logan começou a se aproximar de nós. Karen era de pele negra como a mãe, tinha olhos castanho-escuros e cabelos negros e cacheados na altura do queixo, era magra e alta e tinha o porte de uma bailarina, fiquei observando sua graça ao andar pela sala como se estivesse dançando.

Quando ela e Logan chegaram até nós, fiquei meio sem fala.

– oi Katherina. – ela disse.

– Kath. – corrigiu Logan.

Sorri para ele e então respondi: – oi Karen. – feliz por ter um assunto para poder falar. – desculpe, é que eu realmente não gosto que me chamem de Katherina. Soa tão sério, não acha?

Ela riu. – tem razão, Kath.

Assenti.

– bom, vamos deixar vocês conversarem. – disse Emily. – venha, Mercy, vou te mostrar alguns quadros que eu estou pintando no estúdio.

– meus parabéns garota! – falou Karen. – lembro de dois anos atrás quando tinha sua idade.

Ergui os ombros. – pois é. A maioridade chegou pra mim.

– não é grande coisa, acredite. – disse Logan. Karen deu uma cotovelada nele e riram como se eles se conhecessem a séculos, talvez se conhecessem.

Me senti meio sobrando naquele momento e minhas mãos suaram frio, acontece isso quando estou um pouco incomodada e com ciúmes. Mas eu ignorei a parte de ciúmes, eu estava apenas nervosa com minha festa de aniversário.

– Kath, eu procurava por você. – disse Nick se aproximando com o champanhe, ele o deu para mim e se virou para a garota: – Karen é você? Oh meu Deus, pensei que eu não fosse te ver tão cedo.

– está brincando comigo, você é o namorado? – ela falou rindo e então eles se abraçaram.

Arregalei os olhos e achei que era uma boa hora para virar a taça de champanhe na garganta.


Pensei que eu nunca fosse ficar tão feliz que a “hora do parabéns” tivesse chegado, mas depois de ficar meia hora apenas concordando e sorrindo eu queria mais era me distanciar de Logan, Nick e das histórias com a antiga amiguinha, Karen.

Minha mãe me chamou e me levou até a mesa no centro da sala, onde todos estavam envolta cheios de sorrisos no rosto. Olhei todos feliz por saber o nome de todo mundo que estava ali, pelo menos isso. Minha mãe estava de um lado e Fred e Dan no outro, Logan preferiu não aparecer na foto de família, achei melhor assim. O ruim é que ele estava bem em minha frente com as mãos entrelaçadas nas de Karen. Ela olhava para ele da mesma maneira que eu me peguei olhando também, e isso me irritou.

– vamos cantar o parabéns! – disse Emily mais que animada.

Estavam cantando para mim e mesmo assim eles não se desgrudavam, olhei para Nick um pouco mais afastado, ele sorria e batia palmas cantando. Todos cantavam, menos Logan e Karen. A vontade que tive foi de dizer “Hey a festa é minha, será que dá para pelo menos prestar atenção em mim?”. Cerrei os punhos com os braços colados em meu corpo. Enfim a torturante musiquinha tinha acabado.

– Kath! Kath! – o coro dizia.

– faça um pedido querida. – disse minha mãe, sua voz parecia estar tão distante eu não conseguia parar de olhar para Logan e a nova namoradinha.

Que raiva!

Era pra fazer um pedido? Certo.

– no três. – disse minha mãe.

“Um” disse o coro. Fechei meus olhos. “Dois” preparei meu pulmão para soprar as velas. “Três!”

Eu desejo que Logan seja só meu.

Quando dei por mim, as velas já estavam apagadas.



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