Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 16
Capítulo 16. Escolha errada


Notas iniciais do capítulo

deixo você tirar uma peça de roupa minha. respondi sem pensar muito.
Nick parou surpreso e depois riu. você está brincando.
não, não estou. A escolha é sua.



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Dei graças a Deus que já era verão, férias, diversão e talvez um afastamento de todos os acontecidos. Eu fora no parque com minha mãe um dia. Lembro de olhar para as nuvens brancas que escondiam o sol e faziam daquele dia um dia mais suportável na beira do lago. Embora a gente tivesse planejado um momento só de garotas, levamos o pequeno Daniel para passear conosco.

Virginia Beach é um ótimo lugar para se visitar no fim de semana, destoa um pouco do cenário que vejo todos os dias. Emily reservou um hotel ótimo para nós três, beira-mar, boa comida, longe de tudo o que pudesse me fazer ficar triste. E de certa forma fiquei nervosa por ser a primeira vez que eu saia com minha mãe em anos!

Estávamos em uma toalha de piquenique na beira do lago conversamos sobre tudo, menos sobre o ano que havia se passado. Dois meses e deu, acabou o ano letivo, o que pra mim parece ótimo, sem pessoas me olhando torto, sem comentários e sem o aspecto ruim que ficou depois da morte de April, por que até mesmo o pai dela não pode ouvir falar o meu nome, para ele tudo é culpa minha, ou melhor tudo culpa de Nick.

A viajem também caiu em boa hora, eu e Nick não estamos em um bom momento de convivência, sem falar que ele passa a maioria do tempo com Logan e eu evito ficar perto deles quando estão juntos, principalmente depois das palavras de Logan no cemitério “É como uma troca de segredos. Será você e eu e algo para trabalharmos.” Por mais que eu queira não consigo evitar pensar que o fato de tudo isso ter acontecido é culpa no meu namorado e acho que ele também parece se culpar.

Dan pulou no meu colo.

– seu olho está quase azul hoje. – ele comentou me analisando.

Toquei na ponta do seu nariz. – os seus estão bem azuis, mocinho.

Ele riu. – mãe! – ele chamou Emily.

– sim Dan? – ela correspondeu.

– né que os olhos dela estão quase azuis?

Minha mãe sorriu me analisando, e então ela tocou a ponta do nariz dele como eu e falou: – ela tem os olhos do pai.

– isso é mentira mamãe, uma das únicas coisas as quais somos idênticas são os olhos. – falei.

– tem razão. – ela riu. – ah, lembrei agora, eu e seu pai temos um presente para você.

– por quê?

– seu aniversário, está chegando, não é mesmo?

Pode parecer estranho, mas eu havia esquecido totalmente disso.

– ah. Bom, o que é?

– surpresa!

– mãe!

Ela deu uma gostosa gargalhada e eu e Dan rimos junto com ela.

– acho que posso te contar, já que esta fazendo 18 anos e é uma data especial, eu e Klaus resolvemos que te daríamos uma viagem.

– uau!

– isso mesmo uau. E daremos um voto de confiança, pode levar um acompanhante. – ela disse.

O-ou.

– seu pai quer conhecer Nick, e ele acha uma boa que vocês os visitem no próximo mês.

– mãe, eu e Nick sozinhos em uma viajem? – perguntei mais amedrontada do que surpresa. Depois de tantos namorados, imaginei que minha mãe não fosse contra o sexo na adolescência. O que me deixava incomodada.

– incomoda você?

– n-não. – gaguejei meio hesitante. – é só que...

– vocês dois estão bem? Por que eu acho que Nick passa mais tempo com Logan do que com você. – ela disse.

– está. – menti. Minha narina tremeu. Novamente dei graças por que minha mãe não me conhecia tão bem quanto meu pai ou Nick, eles sempre sabem quando eu minto.

– então qual é o problema? É por que você é virgem. – ela sussurrou.

– mãe! – protestei corando.

– me desculpe, Kath, eu só quero ajudar.

Resolvi que iria jogar o jogo dela então concordei, outra mentira, na verdade eu não confiava tanto em Nick. Aparentemente deixar minha mãe curiosa, liberal e interessada ocupada com esse meu problema de virgindade me parecia melhor do que contar a ela o motivo real.

Ainda olhando as nuvens eu ouvi mais do que eu imaginei que fosse ouvir, definitivamente minha mãe não era a pessoa mais adequada a um exemplo a se seguir, mas eu gostava assim, a tornava única e especial.

Mais tarde no hotel eu estava sentada na varanda tomando banho de sol com um lindo biquíni que Emily comprou pra mim, quando meu celular tocou sobre a mesa, eu conhecia muito bem aquele chamado, era a música que tocava quando Nick me ligava.

No inicio fiquei nervosa, mas falei suavemente – Nick.

– hey, Kath, liguei pra saber se estava tudo bem? Como está o fim de semana longe de tudo?

– está tudo bem, tudo ótimo! E como você está? – não achei que fosse bom perguntar como estavam as coisas por lá.

– com saudades. – ele admitiu, não pude deixar de sorrir.

– também estou.

– não está mentindo? – ele perguntou rindo.

– não, se eu pudesse teria filmado o momento para que você visse que minha narina não tremeu e veja por você mesmo que minha voz não mudou nem um pouquinho – respondi rindo também.

– acredito em você.

– acho bom você acreditar. – falei.

– ou?

– ou eu poderia ser uma garota bem má. – agora meu tom era de malícia, ele riu do outro lado da linha.

– volta logo. Estou com saudades mesmo. De tudo!

Notei que ele não falara da viajem e sim de todo o resto. De como a nossa vida era antes.

– volto amanhã. É só um fim de semana aqui. E tenho novidades pra você, prepare seu coração e talvez as suas malas.

– o que quer dizer?

– amanhã eu conto a você, podemos assistir a um filme na sua casa... – sugeri.

– ok. – houve silêncio por alguns segundos. – te vejo amanhã.

– até logo.

Desliguei o telefone agradecida pela conversa ter sido tão normal quanto deveria ser, talvez as coisas não tenham mudado tanto, por que por mais que eu queria, não consigo me afastar dele.

Quando me dei conta já era domingo pela manhã. Eu havia “desmaiado” de tanto sono na noite passada por ter ficado praticamente a tarde toda na piscina com Daniel. Minha mãe havia conversado com algumas amigas e com Fred no Skype e então 10 horas da manhã e todos dormindo.

Acordamos sobressaltadas por que tínhamos que voltar para casa, Emily e seus compromissos. Acordei Dan e nos arrumamos para sair. Antes de sairmos do hotel minha mãe perguntou: – então, deu para se decidir?

A olhei tentando saber do que ela se referia.

– sobre o que? – perguntei.

– sobre o que você vai fazer a respeito das suas escolhas. – ela respondeu dando de ombros.

Olhei para o vago sem saber o que responder, suspirei e falei: – mãe,como se descobre a verdade?

Ela me olhou confusa. – o que quer dizer, querida?

– bom, caso eu esteja em dúvida entre alguma coisa.

Emily abriu os lábios surpresas como se tivesse entendido o recado e depois os mordeu. – apenas pergunte a ele.

Arregalei os olhos e então os desviei para o mar, pensando que minha mãe podia não ser vidente, mas ela sabia de tudo. Inclusive de mim. Aparentemente eu sou tão decifrável que todos conseguem me entender sem que eu realmente note.


– isso é uma linda mentira, você sabe.

Revirei os olhos.

– Nick, como você pode duvidar de mim, olha lá, está muito óbvio que o assassino é o mordomo. – apontei para a TV.

– mas o irmão tem uma cara de mal. – ele disse.

– ok, fique quieto e assista ao filme.

– não estou muito interessado no filme. – ele disse ao meu ouvido.

– é uma pena, eu estou.

Ele revirou os olhos.

– ok, Kath, eu entendi que você não quer mais me beijar.

oh Kath, por que você não me beija? – brinquei tentando imitar sua voz, ele sorriu e ergueu uma sobrancelha. Com os dedos em garras ele começou a me fazer cócegas na barriga e eu tombei a cabeça para trás rindo e pedindo que ele parasse.

– o que eu ganho se parar? – ele perguntou.

– uma menina muito grata por não estar quase sem roupas. – respondi ofegante de tanto rir.

– hum, sem roupa? – ele recomeçou as cócegas.

– deixo você tirar uma peça de roupa minha. – respondi sem pensar muito.

Nick parou surpreso e depois riu. – você está brincando.

– não, não estou. A escolha é sua.

– eu sei que está brincando... – ele começou a falar, esmaguei meus lábios nos seus, e o puxei contra meu corpo no sofá, ele sorriu.

– não estou. – reforcei.

Ele me beijou, um pouco hesitante e um pouco doce e sedutor, passei meus dedos pelos cabelos de sua nuca e o puxei com força contra meu corpo, sua mão percorreu minha barriga por baixo da blusa, e depois minhas costas, logo meu corpo todo...

– Kath!

Abri os olhos, certa de que estava corada e suada. Minha mãe estava parada me olhando.

– suponho que você tenha marcado de ir na casa de Nick. – ela falou.

– é, por que diz isso?

– você estava falando o nome dele de um modo meio estranho, estava sonhando com ele? – perguntou.

Flashes do sonho em minha mente me fizeram ficar envergonhada, eu ainda me lembrava muito bem da sensação das mãos de Nick percorrendo meu corpo e por um momento eu quis que fosse real.

– talvez. – lhe respondi.

Ela riu. – filha sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, não sabe?

Assenti.

– se você for na casa de Nick, é melhor ir logo, já são quase oito horas.

Sentei na cama. – é, eu marquei com ele, hoje.

– bom encontro. – ela falou antes de sair do quarto.

Fiz uma careta. – obrigada. – respondi, mas ela já havia saído.

Corri para o banheiro já me despindo rapidamente, no boxe me segurei nas barras que haviam sido, espero que temporariamente, postas para que Logan pudesse se movimentar melhor sem supervisão de Fred. Ninguém quer se banhado pelo papai aos 18 anos. Nem lavei os cabelos, apenas os umedeci para tirar os frizz que me deixavam louca!

Passei secador no frio para evitar os cabelos em pé, um creme de baunilha no corpo e me enrolei na toalha. Já no meu quarto, escolhi uma roupa mais casual. Shorts jeans e uma blusa preta que deixava um ombro a mostra. Achei sexy.

Flashes do sonho novamente me deixaram um pouco tonta. Antes de sair fui a cozinha beber um copo de água. Dei graças a Deus que Logan não estava em casa, bebi a água e desci para pegar o carro. Eu havia ido uma vez apenas à casa de Nick, ela ficava em outro bairro, um mais rico. Quando estacionei o carro frente a ela revi as ornamentais pedras brancas que cercavam a casa toda e a deixava com um aspecto mansão antiga. Apertei o interfone olhando para a câmera que me vigiava atenta. Um segurança abriu a porta, tinha uma cara muito malvada. Acenei com a cabeça para ele e entrei. O jardim da casa Riddle era tão lindo quando ela. Haviam rosas vermelhas por toda parte e pequenos arbustos verdes com flores roxas formando um caminho até a entrada da casa que era grande, arejada e revestida com pedras brancas assim como o muro. Cheguei à porta meio nervosa e toquei a campainha.

Para minha surpresa foi ele que me atendeu e não um dos empregados. Apenas sorri e entrei na casa.


Havíamos jantado na beira da piscina uma comida ótima, mas como havíamos marcado assistir a um filme, então estávamos no chão do seu quarto vendo um clássico, sentei entre suas pernas e fui envolvida por seu abraço protetor.

– eu sei que não é seu aniversário, mas tenho um presente. – falou de repente.

– é semana que vem.

Ele sorriu.

O olhei surpresa e retribui o sorriso. Ele se levantou e foi até a cômoda buscar algo, voltou a passos lentos escondendo algo nas costas, quando sentou ao meu lado sua mão mostrava uma caixa vermelha de joalheria. Meu coração começou a acelerar e corei envergonhada, eu não sou muito boa em ganhar presentes sem motivos. – feche os olhos. – sussurrou ele.

– o que você...?

Ele me beijou, sempre me interrompe dessa maneira quando sabe que vou começar a falar de mais. Quando abri os olhos algo ofuscante me deixou quase cega.

– hum... É lindo. – não sei o que era mais lindo, o colar em formato de coração na caixa ou o que ele falou depois...

– é seu, é para mostrar meu amor. – falou, curvando levemente os lábios. – É para dizer que eu te amo, por mais relâmpago que tenha sido.

Engoli em seco. Um pingente em formato de coração estava dentro da caixa de veludo vermelha. Meus olhos se encheram de lágrimas. Nunca recebi um presente tão lindo de alguém. Não sei explicar o que meu coração dizia nesse momento, durante toda a minha vida eu nunca senti algo tão forte por alguém. Acho que forte não é bem a palavra, intenso, confuso, atormentador, talvez.

Nick beijou meu pescoço e subiu aos meus lábios, me apertou contra seu corpo. Suas mãos estavam percorrendo minhas costas e desceram até minhas pernas. Aquilo não era um sonho. Nick me pegou pela mão e me levou até sua cama, sempre beijando meu pescoço. A TV fazia barulho, mas era como se eu estivesse bloqueada para palavras, eu só pensei, oh meu Deus é agora. Ele sentou-se na cama, comigo em seu colo. O colchão parecia macio e muito relaxante. O toque de sua mão por baixo da minha blusa me fez estremecer, e lembrei que isso era comum quando eu estava com ele. Suspirei quando ele encontrou o caminho do sutiã e abriu.

– Nick. – falei receosa.

– confie em mim Kath. Apenas feche os olhos. – ele disse passando suavemente as mãos em meus cabelos, para que eu me acalmasse.

Era minha decisão, finalmente as coisas haviam esquentado aquele ponto, e de certa forma meu sonho havia sido um aviso de que realmente aconteceria. Eu não queria que ele pensasse que ia fazer aquilo por causa do presente, eu ia fazer por que meu coração estava mandando. Eu queria aquilo. Eu de certa forma precisava daquilo.

– Nick. – repeti sentindo a mudança no meu tom de voz.

– eu te amo Katherina e nunca vou me esquecer disso. – disse por fim.

Deixei que minha mente se esvaziasse de medo, vergonha, ou qualquer outra coisa que pudesse atrapalhar, se era pra acontecer, então aconteceria. Naquele momento apenas fechei meus olhos.



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