Entre O Amor, A Razão E O Coração escrita por Vanessa Fontoura


Capítulo 11
Capítulo 11. Prometidos


Notas iniciais do capítulo

Uma mão me calou. Senti o picão de uma agulha nas minhas costas e de repente tudo começou a ficar turvo e tremido. Meu corpo foi amolecendo devagar, mas eu não caí eu estava sendo escorada por alguém. Eu vi dois olhos azuis e então desmaiei.



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Como eu queria que aquilo fosse mentira. Mas quando cheguei na escola a polícia estava toda na frente do prédio. Eu o vi, o homem baixo de cabelos louros e brilhantes com uma cara muito zangada. Ele estava quase espancando com os olhos um dos amigos de April, só podia ser o pai dela.

Eu quis me aproximar e dizer sobre as mensagens, mas algo dentro de mim me conteve. Andei como se nada estivesse acontecendo, mas os olhares de repente estavam em mim. Mais um dia como o centro das atenções, dessa vez Nick não estava comigo, então o motivo era outro.

Os policiais me chamaram.

– hey garota.

Me virei na direção da voz. Um policial estava vindo na minha direção com uma foto na mão. Ele era gordo e tinha barba mal feita. Esperei que ele falasse ou perguntasse alguma coisa.

– é você nessa foto. – ele disse.

Olhei de relance para a foto, era mais uma montagem, uma foto minha, uma foto de April e uma foto de Logan.

– é, eu e meu irmão. – falei apontando para o menino.

Ele me olhou cauteloso e seus olhos em fendas. – Carter! – ele chamou.

O pai de April quando me viu só faltou me dar um tiro de tão zangado que ele estava. Caminhou como um furacão na minha direção batendo em todos os que ficavam em seu caminho. Comecei a suar frio, pois tinha um dilema na minha mente, contar ou não sobre as mensagens que estranhamente eu e Logan também havíamos recebido. Mas por que ele estava tão zangado comigo, eu não tinha feito nada.

– foi sua culpa! – ele disse apontando o dedo para mim. Abaixei o olhar.

– o que eu fiz?

– escute aqui, não se faça de santinha. Depois que você chegou nessa cidade e resolveu se tronar amiga da minha filha ela ficou estranha. Não tem os mesmo ideais. – ele disse.

– ela pode ter apenas mudado.

– não. Você a mudou. E depois que essa foto foi deixada na nossa casa eu soube que isso tudo é sua culpa.

– o que? Como assim?

– hoje de manhã essa foto foi deixada na nossa casa, você e esse garoto e minha filha. Uma montagem. Em baixo tinha a inscrição “ela está ode eles estiverem”. Só que você está aqui e April não está com você.

– está manhã, quer dizer que ela não dormiu em casa noite passada?

– claro que não, você sabe disso! – ele falou alto.

– como eu sei? – levantei a voz também, não importava se ele era um policial, ninguém fala comigo nesse tom. – desculpe, mas não sou babá da sua filha.

– há algo errado aqui? – essa era a voz irreconhecível de Nick. Ele surgiu atrás do pai de April e ficou ali parado encarando a cena com sua cara zangada mais convincente.

O Sr. Carter olhou para trás, devia estar indignado por alguém tê-lo confrontado, mas de repente ele amansou a cara. O que eu logo imaginei que ele faria, me senti a namorada de um chefão do crime a qual todos temem até mesmo os policiais.

Esperei pelas palavras que iriam sair dos lábios do pai da minha amiga, ele estreitou os olhos, não deixou de ser cruel e disse: – É você Riddle? Logo imaginei.

Um comentário meio maldoso. Mas Nick sorriu convincentemente perigoso e bonito e deu um passo em minha direção. Ele pousou sua mão em minhas costas não baixando a guarda para o Sr. Carter e perguntou novamente “Há algo errado aqui?”. Dessa vez quem respondeu fui eu. Não sou o tipo de garota que se esconde atrás de homem. Eu olhei fundo nos seus olhos castanho-esverdeados e disse:

– não, nada de errado, não é mesmo Sr. Carter? – olhei para o homem e depois para Nick. – estávamos apenas conversando.

– nada de errado. – concordou.

Nick acenou com a cabeça como quem diz “ótimo, que continue assim”. E ficou do meu lado o tempo todo encarando o pai de April.

Estufei o peito tirando lá do íntimo a minha coragem para manter o timbre de voz normal e tentar abafar qualquer mentira que eu estava prestes a dizer.

– como eu dizia, não faço ideia que como eu poderia saber que April não dormiu em casa noite passada. – falei.

– não minta! – ele disse.

– não estou mentindo. – e não estava mesmo.

– escute aqui garota... – ele se interrompeu quando Nick levantou o olhar no que foi mais uma cortada sutil e então abaixou a voz. Nossa! – Kath – continuou –, April avisou que passaria a noite na sua casa.

– o que? Ela não passou a noite na minha casa.

– e como vou saber que isso é verdade? – ele rebateu.

– pergunte para a mãe dela, ou o padrasto se não acredita em Kath. – falou Nick.

– ok. – Sr. Carter concordou.

Fiquei o encarando meio zangada, meio culpada, o homem só queria saber por onde andava a filha e eu também. Mas aquela coisa dentro de mim falava que era bom não falar nada sobre as mensagens, nem para o pai dela e nem para meu namorado. Mordi os lábios, eu estava muito nervosa – é só isso? Posso ir pra aula?

– pode. – Sr. Carter falou seco.

– espero que encontre April. – falei com toda sinceridade do mundo.

Por um momentinho ele fraquejou, ficou frágil a ponto de abrir um berreiro no meio de toda a escola, mas se recompôs e ficou com a expressão firme. Sem nenhum comentário posterior ele virou-se e foi investigar mais com outra pessoa.

Dei um longo suspiro com os olhos fechados. Alívio. Eu estava começando a mentir bem, nesse caso eu não menti, apenas omiti.

– e então, pelo o que eu vi, April sumiu, é isso? – perguntou Nick.

Engoli um choro – aham.

Ele me abraçou forte mexendo nos meus cabelos. – calma, minha linda, tudo vai ficar bem.

– e se não ficar? E esse ela tiver sido raptada?

– ela vai ficar bem. Tudo vai ficar bem. – ele repetiu.

Me afastei um pouco para olhar em seus olhos. – como tem tanta certeza disso?

Ele olhou para os lados desconfiado. – não tenho certeza, só estou sendo positivo.

Deixei que o silêncio respondesse por mim.


A aula estava sendo extremamente repetitiva e cansativa. Eu já não me aguentava mais em pé, só conseguia pensar em April, o tempo todo olhei para o meu celular para ver se havia chegado mais alguma mensagem e nada. Naquele dia eu só teria uma aula com Logan e não podia desperdiçar o momento eu tinha de falar com ele.

Assim que toda a sala começou a ficar barulhenta eu chamei Logan para bater um papinho. Ele se aproximou de mim.

– e ai, alguma novidade? – perguntei.

– nada. E você?

Lhe contei resumidamente meu papo com o pai de April e ele fez uma cara de surpreso.

– isso não é bom. E você sabe o porquê das fotos nossas?

– não. Não faço ideia. E você?

– tenho um palpite.

– o que? – perguntei.

Ele olhou bem em meus olhos e quando foi falar, o professor mandou que a sala ficasse em silêncio. Odeio ficar curiosa. Na mesma hora peguei um papel e rasguei, oras se tínhamos de ficar calados, então pelo menos que os nossos dedos pudessem se mexer.

Peguei a caneta e comecei a rabiscar um bilhete.


Conte tudo, todos os seus palpites. Estou curiosa!


Deixei que o bilhete escorregasse até o chão e então com o meu pé eu alcancei para ele. Discretamente ele deixou que sua caneta caísse no chão e pegou o bilhete juto. Mal prestei atenção no que dizia o professor, fiquei observando por longos cinco minutos ele escrever. Então Logan me deu o bilhete sem que ninguém notasse.


Ok. Bom, meu palpite não é dos melhores. Vou explicar tudo direitinho. Assim que eu deixei você no seu quarto comecei a ligar alguns pontos. April saiu da escola antes do horário e disse que estava indo a uma festa. As ruas da cidade não são um lugar muito seguro para meninas. Enfim, eu tenho absoluta certeza de que ela foi raptada. E acho que o motivo é por que ela é filha do chefe de polícia. E nós... Bom, acho que seremos os próximos.


Ele só podia ter surtado.


Ah sim, seremos os próximos uma vírgula! Quem garante isso? Não! Por que você diz isso Logan, enlouqueceu? O que alguém ia querer com a gente?


Assim que mandei, ele me respondeu.


Kath, pense, por que motivo teriam mandado uma foto nossa para o pai dela com a seguinte frase “ela está onde eles estão”... Seremos os próximos.


Li aquilo sentindo o poder das palavras que faziam todo sentido. Ah droga! Ele tem razão. Mas por que Logan não se abalava com o fato de que nós seriamos raptados? Se fossemos e eu ainda não entendi muito bem o motivo.


Se for verdade, o que iremos fazer? Acha que devemos contar para o Sr Carter?


Ele demorou um pouco para me responder, pois o professor estava andando pelas classes e vendo quem estava fazendo os deveres. Qual o professor faz isso em pleno segundo ano?


Escute, Kath, eu não quero que fique com medo, mas tenho um plano.


– que plano? – sussurrei para ele.

– mais tarde eu conto a você. – ele disse.


À noite Nick me esperava na rua com seu Volvo negro. Sr. Bekster me desejou um bom jantar e um bom cinema, mas eu não sei se seria tão bom quanto eu queria que fosse. Caminhei até onde Nick estava parado e me pus nas pontas dos pés para beijá-lo. Ele abriu a porta para mim, entrou no carro e depois partimos. Cinema era uma boa pedida, mas só tinha um no shopping da outra cidade. A viagem até lá não fora longa, mais ou menos uma hora dentro do carro conversando sobre tudo, principalmente sobre o caso do desaparecimento de April. Pelo o que Emily e Fred estavam falando quando conversavam, a polícia achou uma pista de onde ela poderia estar, mas o medo deles era que ela estivesse morta, pois nenhum contato com a família foi feito depois da foto. Foto a qual minha mãe e meu padrasto nem sabiam da existência.

Nick disse que eles não podem informar uma coisa tão séria, para não alarmar a família dos evolvidos. Passei a tarde nervosa com tudo aquilo, eu só queria que nada tivesse acontecido e estava a ponto de explodir por não poder contar a ninguém sobre as mensagens. Isso era parte do plano de Logan.

Ninguém podia saber das nossas mensagens. Eu não entendi muito bem o que Logan queria provar, pois ele não me contou nada, apenas me fez prometer que não falaria nada, absolutamente nada a ninguém. Percebi na hora que ele falava de Nick, então toda vez que eu via Nick ficava nervosa com medo de que ele fosse notar qualquer coisa diferente em mim e arrancasse informações da minha voz, ou com meu olhar. Sei lá! Ele é tão igual a meu pai, sempre vê coisas que ninguém vê, onde ninguém consegue ver.

No carro durante nossa conversa quase deixei escapar alguma coisa, espero sinceramente que ele não tenha percebido nada.

– calma, Kath. Você vai ver como o cinema fará você esquecer de tudo isso, pelo menos por um momento, que será só nosso... – ele riu.

Sorri também. – você consegue ser malicioso em tudo, não é mesmo?

Ele mordeu o canto dos lábios e eu cai na gargalhada, o que o deixou um pouco decepcionado.

– acho que sou muito santa para namorar você. – comentei olhando a estrada.

Ele pôs a mão sobre minha coxa me provocando, olhei para ele que ria.

– mantenha suas mãos no volante, senhor Riddle ou...

– ou o que? – ele falou ainda com a mão na minha coxa.

– ou você vai bater! – gritei. – cuidado!

O outro carro apareceu do nada na curva. Nick olhou pra frente e pôs rapidamente as mãos no volante e com toda a sua agilidade conseguiu manter-nos na pista certa. O outro carro buzinou forte. Nick freou o Volvo e deu uma derrapada até o acostamento, mas nada brusco. O cinto de segurança me manteve intactamente parada e meu medo também. Eu falei que correr não é uma boa. Quando estávamos com a respiração normalizada conseguimos olhar um para o outro.

– me desculpe. – ele disse.

– tudo bem. – falei ríspida. Assim como eu falava com meu pai quando ele fazia algo imprudente. Nick abaixou o olhar meio triste e nervoso. Toquei em seu rosto. – está tudo bem, acho que nossa relação é perigosa mesmo.

Ele deu seu sorriso metido.

– o perigo é excitante. – continuei com um sorriso malicioso que eu desconhecia em mim.

Nick me puxou no que pareceu um beijo urgente, quente e latejante. Depois de longos minutos nos afastamos mais ofegantes do que quando paramos o carro no acostamento.

– vamos. – ele falou.

Achei que estava correndo tudo bem no passeio até a outra cidade. Fomos ao cinema e depois jantamos, fora tudo perfeito e realmente me fez esquecer de April nesses momentos de felicidade, paixão e desejo entre mim e Nick. Toda vez que eu o beijava no cinema, eu me lembrava de um pequeno detalhe da minha vida. Eu sou virgem. Às vezes eu desejava tanto Nick que até me esquecia de que não era nenhum pouco experiente nesse aspecto e eu me retraia.

Eu não sei se estava preparada para mudar essa realidade. Mas eu tinha certeza de que Nick estava. Quase todos os nossos diálogos foram tão provocativos e quentes quanto uma preliminar, mas ficou apenas no diálogo, ele sabe os meus limites e quero que continue assim. Estávamos andando no calçadão beira-mar de mãos dadas, pessoas nos olhavam e sorriam, acho que formamos um casal fofo.

– e então o que quer fazer agora? – me perguntou.

– que tal um sorvete. – sugeri.

– hum adoro a sobremesa. – ele disse quase rindo.

– cale a boca e vá buscar o sorvete! – falei.

Ele riu. – hum, mandona assim? O meu tipo preferido de mulheres são as que sabem o que querem.

– é? Então veja se a moça da sorveteria também sabe o que quer.

Ele me puxou para perto. Encostei a cabeça em seu peito, eu gostava tanto de fazer aquilo, já conhecia a curva em seu tórax a qual minha cabeça se encaixava tão bem. E também já conhecia os braços que me envolviam tão protetoramente, os músculos que se pressionavam contra as minhas costas e eu sabia que quando ele suspirava três vezes era por que ansiava os meus lábios. Quase nunca ele me beijou enquanto estávamos abraçados, acho que ele não gostava de satisfazer seus desejos. Eu nunca soube o porquê disso.

Nick beijou o alto da minha cabeça e disse: – vou buscar os sorvetes.

Sentei em um banco vazio. A vista da praia para o mar era linda. A cidade era litorânea e estava quase toda cheia, mesmo sendo noite, pessoas nadavam no mar e ao longe uma fogueira com um luau. Virei para trás onde o comercio estava cheio. Vi Nick conversar com a dona da loja de sorvetes e fechei os olhos rindo. Quando os abri novamente vi April.

Quer dizer não sei se era ela realmente. Mas o cabelo loiro era muito, muito parecido com o dela. Atravessei a rua correndo segui a menina no meio da multidão quando ela estava a meu alcance de voz. Gritei.

– April!

A garota não olhou pra trás apressou o passo e saiu se embrenhando pelas pessoas na calçada. Corri mais ainda para tentar chegar perto. Por que April estava fugindo de mim?

– April espere!

Ela continuou, mas dessa vez ela correu, corri ainda mais atrás dela. April dobrou uma esquina meio escura e depois mais uma esquina e de repente eu não sabia mais onde estava. A cidade era grande de mais pra eu ter gravado tudo. Meu celular tocou.

– oi.

– cadê você, Kath?

– acho que vi April. – falei meio ofegante. Lá na frente a garota parecida com April corria ainda mais, mas eu não ia desistir de seguir ela, poxa! Se ela não era a minha amiga, então por que estava fugindo de mim? vi os cabelos louros dobrarem uma ruela.

– Kath, onde você está? Fiquei ai mesmo e me espere!

A rua era escura, muito escura. E suja, lixo corria em uma linha de água para os esgotos. A garota loura estava parada com a mão nos joelhos como se estivesse casada já de correr. Eu não via nada além do brilho louro dos seus cabelos. Comecei a correr em sua direção, eu tinha que chegar até ela. Então ela levantou a cabeça. Era April mesmo.

Abri o maior sorriso quando a vi.

Deixei o telefone cair e não juntei me aproximei de April.

– garota! O que está fazendo aqui? Estávamos procurando você! – comecei a falar.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas e seu rosto era de uma palidez incomum. Ela fez uma expressão de dor e culpa e eu me contive e tocá-la. Ela estava olhando para além de mim, e então foi aí que ouvi os passos vindo. Gelei de medo. April sussurrou algo que eu identifiquei como “me desculpe”.

– o que?

Uma mão me calou. Senti o picão de uma agulha nas minhas costas e de repente tudo começou a ficar turvo e tremido. Meu corpo foi amolecendo devagar, mas eu não caí eu estava sendo escorada por alguém. Eu vi dois olhos azuis e então desmaiei.



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