- Nina, você tem ideia do que você fez? – Susana mais uma vez me perguntava por celular.

 Estava encostada na parede do corredor do estúdio o qual os meninos trabalhavam e minha orelha já estava cansada de escutar tanta reclamação. Tia Susana tinha passado os últimos vinte minutos enfatizando o tamanho do meu erro em desobedecer a suas ordens. Pelo que parecia, aquela conversa estava longe de terminar.

- Sua mãe confiou em mim para tomar conta de você aqui. Concordei porque você sempre foi certinha e obediente. E agora eu descubro que você me desobedeceu? – Sim, ela estava chateada e eu ainda mais por tê-la magoado.  – Sei que com a morte de seu irmão você andou um pouco diferente, mas não pode pensar em fazer essas coisas! E se tivesse acontecido alguma coisa com você?

- Mas não aconteceu! Quero dizer, eu não estava sozinha... O Harry estava comigo... – Boa tentativa, Carter.

- Que maturidade um rapaz de 18 anos pode ter, Nina?!

- Tia! Ele estava me ajudando! Estava tentando me animar por tudo que estava acontecendo.

- Nina, vamos ter essa conversa mais tarde. E pode ter certeza que vou ligar para sua mãe e seu pai e avisar o que está acontecendo.

Sem ao menos um mero “tchau” minha tia desligou o celular. Parabéns, Nina! Você conseguiu deixar sua tia brava e olha que ela tinha a maior paciência do mundo e era difícil deixa-la irritada. Agora, mamãe e papai também vão saber o que está aprontando por aqui e vou ter sorte se eles não me mandarem voltar para o Brasil antes das aulas começarem. Coloquei o celular em meu bolso e me recusei a voltar à sala. Primeiro: Não queria ver Caroline e Harry juntos e segundo, eu precisava de um tempo.  O ano letivo iria começar daqui a duas semanas e minha vida não poderia esta desse jeito.

Quero dizer, eu não pertencia aquele universo da fama, de ter amigos celebridades, de ter milhões de seguidores no twitter e conseguir entrar em lugares após o horário de funcionamento. E agora, ter que aguentar ver as pessoas opinando sobre a minha vida. Eu estava gostando dos amigos que conquistei aqui, claro. Eles são ótimos, engraçados e companheiros... É muita, mas muita coisa para processar. Passei as mãos no meu cabelo negro, e suspirei alto. Naquele momento, um rapaz alto e forte saiu de uma das portas que ali residia. Seus cabelos eram loiros e os olhos azuis escuros. Modelo. Só poderia ser um modelo. Ao me ver, sorriu educadamente.

- Precisa de alguma ajuda? – Aquela voz tinha certo sotaque.

- Se conseguir arranjar algum jeito de me livrar de um possível castigo, me avise. – Sorri um pouco sem graça. – Não é daqui, não é? Você tem um sotaque diferente.

- Dia ruim, não é? – Ele riu. – Sou russo, me mudei para cá faz dois anos, mas você também não é daqui.

- Nem sabe o quanto... Hm, sou brasileira. Mudei para cá faz... Duas semanas, eu acho.

- Só duas semanas e já está com problemas?

- O que eu posso dizer? Tenho um imã para isso. – Ri nervosamente.

- Se quiser posso te ajudar com isso. – O modelo ergueu a mão para mim. – Não nos apresentamos corretamente. Sou John, assistente dos cinco bobões ali.

John inclinou a cabeça para a sala que estivera dentro há um tempo. Ele era o John que Zayn e Mel falaram? Bonito era pouco! Ele além de ser lindo, era educado e... Sexy. É irônico um cara como ele estar atrás das câmeras e não em frente delas. Pelo que pude perceber era um pouco mais velho também, deveria ter seus vinte anos no máximo.

- Nina. Nina Carter, amiga dos bobões. – Sorri enquanto o cumprimentava.

- Ah, é a garota que estão dizendo que é a nova namorada do Harry?

- Somos só amigos. As pessoas que falam demais.

- Que bom... Digo, quer ir ao cinema qualquer dia desses? Se não quiser, podemos almoçar ou jantar.

- Gostei da ideia do cinema. E o filme você escolhe. Menos terror, por favor.

- Não gosta de terror? Não acredito! São os melhores filmes. – John dizia animado.

- Desde quando ficar assustada depois do filme é bom? – Comecei a rir.

- Estou atrapalhando alguma coisa?

Harry estava parado olhando para mim e John. Dava para perceber que ele não estava feliz, já que não sorria e também não disse nenhuma piadinha de costume. Sua expressão estava séria, como se não gostasse do que estava vendo. John se endireitou e sorriu descontraído, não se importando pelo estado que Harry se encontrava.

- Não, cara. Estávamos apenas conversando. – John piscou para mim.

- Ah, claro. – Harry olhou para mim. – Você foi mais rápida, Carter, nem deixou Zayn e Mel te apresentar ele.

- Harry! – O repreendi.

- Apresentar? – John indagou.

- Ah, cara, Zayn e Mel queriam apresentar vocês. Vê se rolava alguma coisa...

- HARRY! CALA A BOCA!

- Sério? – John ria. – Acho que não precisamos mais deles. Ei, Nina vou ter que ir, tenho que resolver outras coisas. Qual seu número?

Harry deu uma risada seca e um sorriso sarcástico. Ignorando o que ele passava, dei meu número ao russo. Ao ir embora, ele me deu um beijo na bochecha – e seu eu estava certa do que vi Harry não gostou muito disso. John apenas acenou para Harry e ele nem deu o trabalho de acenar de volta, apenas olhava para mim. Eu devolvi o olhar, não estava fazendo nada de errado. Estava?

- Algum problema? – Perguntei.

- Sério, Nina? Ele? Vai sair com ele?

- Ele é divertido e bonito, ah, sem falar que é russo. Acho que nunca sai com um russo antes.

- Você não quer sair com ele! – Harry falou um pouco alto.

- SAIR? QUEM VAI SAIR COM QUEM? – Zayn apareceu.

- Vou sair com John, acabei de conhecê-lo. – Respondi sorridente.

- Harry, seu idiota, era para eu apresentar! Para de ser cupido. – Zayn dizia.                                                                                

- Não apresentei, seu burro. Não iria fazer parte dessa palhaçada!

- Que palhaçada? – Ah, agora tudo estava perfeito. A miss apresentadora Flack apareceu também.

- Não tem palhaçada nenhuma, eu só vou sair com alguém.

- Ah, que bom isso! Assim a impressa para de dizer que você está saindo com MEU namorado, não é querido? – Caroline passou a mão pela cintura de Harry e eu iria vomitar daqui a pouco.

- É. Ela sabe o que faz. – Ele disse entredentes.

- Isso, eu realmente sei o que eu faço.