- Então, fofa ou sexy? – Perguntei à Luce e Mel.

 Eu estava segurando duas roupas, a primeira era uma saia floral curta e soltinha que acompanhava uma blusa um pouco mais justa azul clara. A segunda era uma calça preta justa com uma blusa com babados vermelha de um ombro só. Mel e Luce ficavam fazendo caras e bocas enquanto eu colocava uma das peças em frente ao meu corpo numa tentativa de escolher qual ficaria melhor. Agora vamos às explicações: estou me arrumando para ir ao encontro com John e não, eu não fiquei de castigo – para a minha surpresa – mas tia Susana me fez jurar de mil maneiras diferentes para eu não fazer isso novamente e que se fizesse, eu teria sérios problemas. Porém eu ainda estava esperando a resposta de meus pais.

John e eu trocamos algumas mensagens desde que nos encontramos no estúdio ontem. Harry me mandava mensagens também, e pelo que eu notei, seu humor havia melhorado. Zayn era outro que me mandava mensagens loucamente do tipo “É HOJE, CARTER!”, “SE DEU BEM, HEIN?” e “NINA VAI SE ENCONTRAR COM ALGUÉM, LALALA”. Na boa, não era pra menos que um dos meus favoritos da One Direction era ele. O primeiro... Era alguém que no momento estava comprometido e que a namorada não gostava de mim.

- SEXY! Imagina a cara do russo quando te ver assim! – Luce não continha a excitação.

- Eu prefiro fofa, Nini gosta de garota bem feminina e principalmente, o que ela tem no seu interior – Mel suspirava lembrando-se do loiro.

- No seu interior? Sutiã e calcinha? – Luce e eu rimos. – Melissa ela não vai sair com Niall! Para de pensar nele por um minuto, por favor?

- Está decidido: vou com a segunda roupa. – Anunciei. – Mel, você faltou me contar esse seu rolo com o Niall.

- Ah, sim! – Ela se endireitou na minha cama. – Se lembra de quando fomos ao esconderijo deles? Bom, enquanto você e Harry estavam trancados no banheiro, nós nos beijamos.

- E isso era o desafio que lancei para os dois. De nada, Mel. – Luce se vangloriava.

- E a partir daí, a gente andou ficando e agora... Bom, não sei se estamos namorando ou não... Mas sei que estamos juntos.

- E tudo isso aconteceu e eu não estava sabendo? – Reclamei dentro do banheiro, trocando de roupa. – Steven sabe disso pelo menos?

- Com tantas fotos deles saindo na internet acha mesmo que ele não sabe? – Luce interveio.

- Bom, eu contei a ele. E ele me fez mil e uma recomendações, e até me mandou ter juízo “porque esses garotos só querem uma coisa de você” – No final ela imitou a voz do pai.

- Não acho que o Niall tipo é do tipo que só quer essa uma coisa. – Falei saindo do banheiro completamente vestida. – O que acharam?

- A palavra sexo não é um palavrão para informação de vocês. E você acha que eles todos são inocentes? Ninguém ali é virgem, Nina! – Luce finalmente olhou para minha roupa e bateu palmas. – Tá linda!

- Mas isso não quer dizer que eles estão transando por aí, né? – Revirei os olhos.

- Não Nina, eles ficam jogando Monopoly com as namoradas. – Aquelas palavras irônicas da Mel me fizeram meu estomago revirar, eu só conseguia pensar Harry e Caroline em um quarto. – Tá gatona!

- EU REALMENTE PREFIRO NÃO SABER DA VIDA SEXUAL DELES! – Exclamei.

- Calma, calma. Ela tá assim desde que viu o Harry e Carold juntos. Meu Deus.

- Carold? – Perguntei.

- Carol mais OLD é igual à Carold. Porque ela é velha, entendeu? – Mel explicou. – Prefiro mil vezes o Harry com você do que com ela.

- E dá para perceber que ele também prefere, viu como ele ficou depois que a Nina disse que ia sair com John? – Luce especulava.

- Vocês estão imaginando, só isso. – Dizia enquanto terminava de me arrumar.

- Eles não assumem o que sentem, que peninha. – Mel fez um biquinho e começou a rir.

Se tia Susana não aparecesse no quarto dizendo que John já estava me esperando, eu iria matar aquelas quase irmãs. Por falar nisso, ela ficou surpresa em saber que eu iria sair com um cara que não fosse o Harry e no fundo, vi que ela gostou daquilo. Desde que desacatei suas ordens para sair com ele às escondidas, Susana não gostava tanto dele quanto antes. Foi questão de segundos para eu descer as escadas e me encontrar com o John, e devo dizer que ele estava muito gato, usava uma camisa quadriculada azul e uma calça jeans clara.

- Nina... Nossa, você está linda. – John sorria. Aí que sotaque...

- Você também está. Quero dizer, lindo. Porque você é...  – Ok, eu me enrolei nas palavras e ele riu. – Melhor irmos antes que eu fale mais alguma besteira.

- Eu acho fofo quando você fica nervosa. – Ele comentou e então olhou pra Susana. – Prometo que trago a Nina não muito tarde.

- Tudo bem. Ele sim Nina é uma pessoa responsável. – Sentiu a indireta, Styles?

- Tia Susana!

Depois dessa, eu queria sair correndo ou voando daquela casa. Fomos ao cinema com o carro do John, que ao contrário do carro do Harry, era simples. Fomos o caminho todo conversando e acabei descobrindo algumas coisas dele. Por exemplo, sei que ele não gosta dos The Beatles – perdeu pontos, russo. – e prefere Ramones e The Rolling Stones. Sua comida favorita é blinis e pelo que John me disse são panquecas russas. No caminho ainda deu para ele me abusar por achar que Sonserina melhor que a Grifinória nos livros de Harry Potter.

- Fala sério! – Ele dizia.

- Qual o problema? Sério, a Sonserina só ficou com fama de má por os bruxos mais fodas do filme. – Rebati.

- Grifinória é a melhor casa, Carter. Minerva, é sim, a melhor bruxa do filme, depois da Hermione, claro.

- Quer saber? Eu não vou discutir com você porque não gosto de vencer discussões tão bestas.

- Ou porque eu poderia fazer você mudar de ideia. – Ele sorria mostrando todos aqueles dentes extremamente brancos.

- Não mesmo, John.

Ao chegarmos ao cinema e não pegamos a fila para os ingressos, já que John tinha comprado antes. Por muita insistência minha, ele aceitou o fato de eu pagar as pipocas e refrigerantes. Porque todo homem é assim? Quero dizer, sei que o ego masculino agradece por pagar tudo, mas comigo, não rola. Iria ficar estranho sendo bancada por além, eu nunca iria querer que isso acontecesse comigo. Quero ter meu próprio dinheiro e independência, sem ninguém precisar me bancar. Ser dona do próprio nariz, como dizem no Brasil.

  A seção não estava cheia, tinha apenas alguns casais. Eu e John nos sentamos um pouco no meio e continuávamos nossa conversa. Bom, continuamos até eu olhar distraidamente para trás. Adivinha quem estava usando uma toca, bigode e sorria maroto para onde eu e John estávamos? Na mesma hora, dei aquela velha desculpa de “preciso ir ao banheiro” ao russo e desviando um pouco da rota, fui até onde aquela visitinha sem graça estava e sentei ao seu lado. Agradeci por naquela hora a luz do cinema ter apagado.

- É agora que você me dá uma boa desculpa por está no meio do meu encontro, Harry.

- Como descobriu que era eu? – Ele perguntou subitamente chateado por ter sido descoberto. – Tinha que ver com meus próprios olhos que estava falando sério sobre sair com ele.

- Pelo bigode é claro. E claro que eu estava falando sério!

- Porque está nesse encontro, Carter? Você nem está afim dele pelo amor de Deus.

- Como sabe que não estou gostando do John? Já viu o quanto ele se parece com um modelo? – Provoquei.

- Ele não combina com você.

- Sério? Então quem combina comigo?

 Harry e eu nos olhamos. Nos fundo dos olhos esverdeados, eu soube a resposta, mas não queria acreditar. Amigos. Somos amigos. Eu não sinto nada além de amizade. Será? Ou eu estava apenas tentando me convencer disso? Senti algum tocar minha mão e não precisei olhar para saber que era a mão de Harry. Nossos rostos estavam próximos um do outro e por um momento, eu pensei que iriamos nos beijar. Por ironia do destino, meu celular vibrou anunciando que havia chegado mensagem, e com isso, meu quase futuro possível beijo com Harry tinha sido arruinado.

- É John, tá me perguntando se eu me perdi. – Falou chegando minha mensagem. Não era preciso dizer que eu estava sem graça e um pouco vermelha, não é? – Preciso voltar. Agora, vai embora.

- Você pode continuar com essa palhaçada, e eu também posso sair, se você me prometer uma coisa.

- O filme já começou se você não percebeu. – Já ia me levantar, mas ele me impediu. Segurava meu pulso com força, como quem quisesse ter certeza que eu não iria fugir.

- Vou estar lhe esperando você em baixo da janela do seu quarto. – Sua expressão era séria. – Como antes.

- Nada é como antes, Harry. – Respondi.

Por algum motivo, eu não queria continuar aquela conversa. Voltei ao meu lugar com John, meu sumiço o tinha deixado preocupado, mas novamente disse que estava tudo bem e que tinha encontrado uma amiga e ficamos conversando um pouco. Um tempo depois, voltei a olhar para trás e dessa vez, Harry não estava mais lá.