Pov Katniss

Não aguentei ficar parada onde estava com todos me olhando como se estivessem visto um fantasma, por parte minha aparência estava muito critica, mas ainda não estava morta.

- Peeta. – Falei devagar e o vi vir em minha direção, ainda com uma expressão incrédula, ele olhou pra mim, pra minha barriga e parou bem na minha frente.

- Katniss, como... Você... – Ele não terminou nem de falar, apenas puxou meu rosto em sua direção e me beijou. Depois de tanto tempo, me agarrei mais a ele, até nos separarmos.

- Acho que temos que conversar sobre isso não? – Meu pai perguntou cruzando os braços.

- Primeiro eu vou conversar com ela. – Peeta disse segurando minha mão, acho que ele não gosta tanto do meu pai.

- Mas ela é minha irmã. – Protestou Prim. – É meu aniversário e vocês nem me avisam que ela está grávida.

- Kat! – Madge pulou de onde estava e me deu um abraço ignorando Peeta.

- Gente calma. – Delly disse o que fez chamar a atenção de todos. – Eu vim como acompanhante da Katniss e sei que agora o que ela precisa é de descanso, primeiramente, porque a viagem foi longa, sem estresse, ela está grávida.

Assenti e todos concordaram.

- Amanhã nós conversamos então. – Meu pai diz e saí.

Não sei como reagir a isso, apenas dei de ombros. Mas na real, a pessoa que eu mais queria conversar era Peeta, porém antes de subir, fui até minha irmã.

- Hey Prim, trouxe um presente pra você. – Falei com um pequeno sorriso e vi como ela ficou feliz. Abri minha bolsa e tirei de dentro um livro que vi uma vez na cidade da minha tia e pensei nela. – Espero que goste.

- Obrigada, tenho certeza que vou gostar. – Ela me deu um abraço e um beijo no rosto.

Depois subi com Delly, Madge e Annie. Cheguei no meu quarto, praticamente vazio, e Delly deixou minhas coisas em um lado.

- Você tem que deitar agora e comer. – Ela disse apoiando as mãos na cintura.

- Eu estou bem. – Falei e me sentei na cama.

- Katniss, comer. – Ela continuou.

- Eu não estou com fome...

- Mas vai, sabe bem por que. – Dizendo isso voltou em direção a porta. – Vou buscar algo. – E sumiu.

Olhei para as meninas, que ainda estavam olhando fixamente pra mim.

- Senti tantas saudades. – Annie disse.

- Eu também, foi horrível esses meses, quase sem vida.

- Também morri de saudades. – Falei. – Quais as novidades?

- Eu... – Annie parecia hesitar. – Hoje depois do jantar eu e Finnick iriamos fazer um comunicado. – Ela disse.

- Que comunicado? – Eu e Madge perguntamos ao mesmo tempo.

- Vamos nos casar. – Ela disse toda alegre e eu sorri.

- Isso é ótimo. – Madge disse.

- Com certeza. – Concordei.

- Sim, as duas serão madrinhas é claro.

- Vou adorar. – Madge disse.

Eu fiquei quieta. Só Deus sabe do meu destino.

- Voltando com a comida. – Delly disse entrando com uma bandeja e se sentando ao meu lado.

- Eu disse que...

- Vai comer. – Ela insistiu.

Esforcei para comer alguma coisa, tentar engolir. No fim o apetite veio e comi mais da metade, porém deixei um pouco. Tomei o suco depois Annie teve que ir, me abraçou e foi embora. Nesse tempo fui ao banheiro, escovei os dentes e voltei para a cama, dessa vez deitando. Madge ainda estava ali.

- E esse bebê. – Ela disse olhando para minha barriga. – Menina ou menino?

- Não sei, não tinha médico na cidade onde eu morava. – Falei me ajeitando na cama.

- O que? Você morava no meio do mato?

- Digamos que sim. – Falei e ela riu.

Alguém bateu na porta e entrou logo em seguida. Peeta.

- Madge, nossa mãe está lhe chamando. – Ele disse.

- Ok... Kat amanhã nós vamos conversar o dia todo. – Ela disse sorrindo. – Descanse bem.

- Pode deixar. – Falei. Ela deu um beijo no meu rosto e saiu do quarto, fechando a porta e deixando eu e Peeta sozinhos. Finalmente.

- Bom... – Ele se aproximou e sentou na cama perto de mim. – Katniss o que está acontecendo com você? Você anh, está esquelética.

- Obrigada. – Falei com ironia.

- Mas é sério.

- Estou tendo alguns problemas Peeta.

- Que problemas? – Ele quis saber.

- Problemas comigo, nada que precise se importar.

- Onde você estava, você frequentava um médico?

- Não.

- Katniss! Está tão na cara assim que você está tendo problemas com a gravidez, precisa de um médico.

- Não se preocupe, eu vou procurar. – Falei, se ele soubesse de tudo pelo menos, não estaria insistindo nisso.

- Já estou preocupado só de olhar pra você Kat. – Ele diz devagar. – Não sabe como eu odeio seu pai por ter te afastado de mim, de todos. Principalmente em um momento complicado e agora que você volta assim, o odeio mais ainda, se tivesse ficado, estaria melhor.

- Acho que não. – Me arrependi das minhas palavras.

- O que quer dizer com isso?

- Nada Peeta. Só não se acostume com a ideia de me ter de volta, ok? – Falei e provavelmente já estou ao ponto de chorar de novo.

- Não! – Ele disse e passou a mão levemente na minha barriga. – Não posso pensar em perder você, em perder os dois. Isso é muito sério. Amanhã vamos marcar uma consulta Kat. Você vai melhorar.

Assenti devagar.

- Sim... – Falei

- Isso, pensar positivo. – Ele disse, se levantou e deu a volta na cama, voltando e deitando do meu lado. – Se importa se que ficar aqui com você hoje? – Peeta perguntou.

- Claro que não me importo. – Sorri pra ele, querendo não pensar mais sobre isso. – Senti muitas saudades.

- Também senti. – Ele diz e eu me aproximo mais para frente, assim posso olhar bem para ele. – É estranho sabe Katniss.

- O que? – Perguntei sem entender.

- Tudo isso. No começo a gente mal se falava, eu não gostava de você e você não gostava de mim, então eu te irritava e...

- Sempre acontece essas coisas, se odeiam e bla bla bla. – Falei e ele sorriu. – Mas você foi um idiota.

- Você me irritava, queria que eu fizesse o que?

- Realmente me magoou no dia que disse que eu só cantava e tinha uma vida fútil. – Resmunguei.

- Já pedi desculpas.

- E eu não aceitei, lembra?

- Claro que lembro, foi até no dia da festa surpresa de Finnick, assim que ele chegou aqui. Madge tinha conseguido colocar meu nome na lista e eu só vim na festa para te pedir desculpas.

- Te odiei tanto naquele dia, e os malditos fotógrafos acharam que nós éramos um casal e tivemos que fazer um ensaio fotográfico.

- Foi a Madge.

- Oi?

- Ela que disse que éramos um casal, sem ela, acho que nunca teríamos realmente se tornado um casal. – Ele falou e eu ri.

- Sabia e é. Agradecemos a ela. – Falei, agora o cansaço da viagem estava chegando. Peeta notou isso.

- Acho que é melhor descansarmos.

- Também acho. – Falei me aninhando em seu peito e ele passou a mão por cima da minha cintura. – Boa noite Peeta.

- Boa noite Kat. – Ele disse com um sorriso.

- Não se esqueça que eu te amo. Pra sempre. – Falei já fechando os olhos e com voz sonolenta, não demoraria muito para que eu caísse no sono.

- Eu também te amo, pra...

O resto eu não ouvi.

XX

Acordei com a claridade do quarto. Acho que alguém tinha esquecido se de fechar as cortinas, e estava um sol tremendo, talvez pelo fato do verão estar chegando, ou não sei bem. Esfreguei os olhos e olhei para o lado, não encontrando Peeta. Senti um aperto e bateu o desespero.

- Calma Bella Desaparecida. – Alguém falou.

Olhei para o outro lado e encontrei Finnick, meu primo com uma bandeja de café da manhã em mãos.

- Bella desaparecida? Não é bela adormecida? – Perguntei me sentando na cama e me encostando no travesseiro.

- É, mas não conheço um conto que a princesa some e volta grávida, então...

- Finnick...

- Ok, desculpa. – Ele riu. – Ontem nem deu para falar com você direito, mas é bom ver você novamente, diria que não mudou nada, mas você mudou, especialmente está com essa barriga de obesa, então...

- Finnick!

- Ok parei. Enfim minha prima, é bom vê-la novamente. E ver meu futuro priminho de segundo grau.

- Mas eu nem sei se é menino. – Falei. – É bom ver você também Finn, fiquei sabendo pela Annie que vão se casar.

- Ah sim, e você será madrinha e sobre o bebê, eu acho que é um menino.

- Eu não sei ainda, vou marcar consulta.

- Peeta já fez isso, ele realmente está preocupado, e é bom ver ele fazendo alguma coisa da vida, que não seja ficar largado em um sofá e sofrer os meses que você esteve fora.

- Isso deve ter sido terrível para ele...

- Imagina pra você.

- Como estou muito sensível, sofri demais, mas estou feliz em estar de volta.

- Também estou Kat. Aquela sua prima mandou eu trazer essa bandeja pra você, ela é muito exigente e mandona, nunca vi.

- Delly é um amor, ela só quer o meu bem. – Falei sorrindo e ele fez uma careta.

- É uma chata, isso sim. Acredita que ela nunca foi em uma festa?

- Acredito, não a julgue assim, porque não a leva com você e Annie para uma festa? Tenho certeza que ela vai gostar, você aproveita e tente não achar ela mandona.

- Vou tentar Srta. Everdeen. Bem, vou deixar você comer em paz então.

Ele me entregou a bandeja, sorriu e saiu do quarto. Observei o que tinha ali e comecei a me servir. Estava com pouco apetite, mas me esforcei para comer, pelo menos tentar melhorar na aparência. O que já acho difícil.

- Kat, consegui marcar consulta para hoje pela manhã e ultrassom para depois de amanhã, se quiser claro.

- Sim, é importante. – Falei e terminei de comer. – Além do mais, quero saber se é menina ou menino.

- Acho que vai ser menina, sempre é. – Peeta fala.

- Nem sempre. – Falei e ri um pouco. – Bom vou ir me arrumar para a consulta então.

- Te espero lá embaixo.

Assenti e fui me arrumar.

15 minutos depois, já estava arrumada, desci e encontrei com Peeta, nenhum sinal do meu pai. Coloquei meus óculos escuros e saímos de casa, já entrando no carro da família e indo para o hospital.

Assim que pisamos fora, vieram vários flashes. Era de se esperar. Meses fora, eles não perdem uma e agora a noticia de que estou grávida vai se espalhar pelo mundo todo.

- Katniss! Katniss! Pode nos dar uma entrevista? – Um pediu, barrando nosso caminho.

Não respondi, Peeta segurou na minha mão e fomos desviando dos flashes.

- Foi por isso que sumiu esses meses?

- Está grávida há quantos meses?

- O pai é Peeta Mellark?

Idiotas. Isso que se resumia. Como não respondi nenhum deles, me sentia um pouco melhor. Entramos no hospital e fomos até o balcão, onde a moça disse que poderíamos entrar na sala 102 do 3º andar.

- Srta. Everdeen. – O médico sorriu assim que nos viu entrar. – E Sr. Mellark, é um prazer ter ambos aqui.

Era o mesmo médico que tinha dito que eu tinha poucas chances de sobreviver ao parto. Senti um calafrio, não queria que ele falasse isso novamente na frente de Peeta, que não sabia dessa novidade.

- Olá. – Falamos.

- Bem, vou examinar a senhorita e esse bebê. – Ele disse.

Nem demorou muito, deitei em uma maca e ele examinou minha barriga, mediu minha pressão, fez umas anotações, tirou sangue e depois pude voltar a me sentar.

- Então, é o seguinte. – Ele olhou atentamente para nós dois. – Os resultados oficiais, só quando os exames ficarem prontos, mas sei observar bem. A Srta. Everdeen está tendo uma gravidez com complicações.

Droga.

- Mas tem solução não é? – Peeta perguntou. – Ela também está fraca, então se ficar mais forte, pode resistir mais e...

- Sim, é exatamente isso que vou falar agora. Acho que não esteve em médicos durante a sua gravidez até agora. Mas vou lhe passar uns medicamentos Srta. Everdeen, que vão ajuda-la, além de uma dieta ótima para lhe deixar resistente.

- E isso pode realmente dar certo? – Peeta perguntou.

- Resistente ela vai ficar, vai amenizar um pouco o problema das complicações, mas ela vai ter de um jeito ou de outro, então vai ter que resistir na hora do parto. Além de que, o parto terá que ser natural.

Eu irei sofrer muito, isso é uma certeza.

- Tudo bem. – Falei e ele me entregou uma folha, escrito os prováveis alimentos que terei que comer, além de me entregar um papel com 2 remédios que terei que tomar. – Obrigada.

- Por nada, nos vemos amanhã. E Katniss, nada de pegar peso, se esforçar, se estressar. Normalmente médicos falam isso no começo da gravidez, mas como a senhorita não teve acesso, estou falando agora. Tente permanecer tranquila. E sempre com ajuda disponível, correto?

- Pode deixar. – Sorri fraco e me levantei.

- Até amanhã.

- Até.

Eu e Peeta saímos em silencio da sala. Eu não sabia o que falar. Já tinha sido informada que teria complicações, minhas chances eram baixas, não tinha nem mais vontade de continuar fazendo as coisas, mas estava me esforçando, mesmo meu destino possivelmente sendo a morte.

- Não fique preocupada Kat, vai dar tudo certo.

- Tenho que te falar uma coisa. – Falei assim que voltamos pro carro.

- O que houve?

- Tenho poucas chances de sobreviver, “herdei” isso da minha mãe e como deve ter percebido, ela faleceu no parto da minha irmã, porque não conseguiu resistir e quase não conseguiu sobreviver quando me teve. Minhas chances são mínimas, quero que entenda que talvez eu não consiga...

- Você vai conseguir, por favor, não fale mais isso. – Ele disse sério. Sei das suas chances Kat, mesmo não querendo estive conversando com seu pai, enquanto estava dormindo. Ele me alertou. Mas eu acredito que tudo vá dar certo.

- Só esteja preparado, caso...

- Katniss!

- Certo, vamos esquecer isso por um tempo. – Falo e ele me puxa para um beijo mais calmo.

- Que tal vermos algumas coisas para nosso filho? – Ele sugere.

- Acho uma boa ideia.

Descemos no shopping, no mesmo onde estive há muitos meses atrás com Madge e Annie. Paramos na mesma loja para bebês e entramos. Como eu não sabia ainda o sexo tinha que comprar coisas que servisse para ambos.

- Vou escolher o primeiro presente pra ele ou ela. – Falo sorrindo e andando de mãos dadas com Peeta.

- Eu também.

Acabei escolhendo uma roupinha de bebê muito fofa verde clara, por ser minha cor preferida e com certeza daria tanto para menina, quanto para menino. Peeta escolheu um urso de pelúcia bem pequeno. Era na verdade um anjinho e muito fofo.

- Depois dessa sessão super fofa, temos que voltar pra casa. – Falo assim que compramos.

- Voltamos aqui depois de amanhã, quando tivermos certeza. – Ele fala. – Ok?

- Ok. – Digo. – Vou ter que conversar com meu pai.

- Ele tá de boa.

- Espero que sim.

Saímos da loja e voltamos pra casa, assim que chego, já sou recebida pelo meu pai. Que não está de boa.

- Já saíram fotos. Katniss, umas 20 pessoas já ligaram pra casa e pra mim, perguntando se era verdade que está grávida. Provavelmente já vai virar matéria de revista, jornal e o pior de tudo, é que isso marca a sua volta.

- Eu não me importo. – Falo de modo frio. – Uma hora o mundo ia ter que saber.

- Mas essa hora precisava ser agora?

- Precisava, eu precisava ir ao médico, eu preciso me tratar, preciso ficar bem, será que não entende isso? Nem um segundo. Não pode parar de pensar na minha carreira que já foi por água abaixo e pensar na sua filha que pode morrer no parto porque não conseguiu resistir. PENSA UM POUCO. – Eu já estava irritada e gritei no último momento.

Peeta arregalou os olhos e segurou meu braço.

- Lembre-se do que o médico disse Kat, sem se estressar, por favor.

Meu pai suspirou.

- Tudo bem. – Foi a única coisa que ele falou, se virou e sumiu para o escritório.

Eu me virei para Peeta e o abracei, começando sem querer, a chorar.

- Está tudo bem Kat, tudo bem. – Ele disse enquanto eu chorava igual uma criança.

- Não, meu próprio pai nem se importa comigo.

- Ele se importa sim, só não sabe como agir. – Ele disse e começou a secar minha lágrimas.

XX

Passei o dia todo com Peeta, preferi nem ver meu pai. Peeta voltou em casa e buscou suas coisas de desenho. Até falou que desde que eu tinha ido embora, não voltara a desenhar nada, mas agora estava mais animado, e isso me deixou feliz.

Meu pai por um lado teve razão. Todos os sites famosos, se via fotos minhas. As saindo do carro com Peeta e outras de quando entramos na loja de bebês. Minha volta fora marcada com minha gravidez e provavelmente eles encheriam o meu saco, até descobrirem toda a história, para que desse uma boa entrevista em uma revista bem conhecida.

Mas dessa vez eu não faria isso. Não iria expor minha vida desse jeito.

No outro dia, minha consulta também seria pela manhã. Tomei café da manhã, bem preparado, segundo as instruções do médico, além de tomar um dos remédios indicados, me troquei e desci.

Para essa consulta, Madge e Annie iriam também. Elas queriam saber se era menina ou menino, e se não me engano elas até apostaram para ver no que ia dar. Eu não tinha ideia, ao contrário delas e de Peeta, mas sendo menina ou menino, seria bem vindo, e eu continuaria amando de igual pra igual.

- Ansiosa? – Annie perguntou.

- Depois de 7 meses você vem me perguntar isso? Claro que estou. – Falei.

Elas riram e fomos para o carro. Eu realmente estava muito ansiosa, e acho que Peeta também estava. Assim que chegamos, já fomos para a sala. Era outro doutor desta vez.

- Bom dia. – Ele falou.

- Bom dia. – Respondemos.

- Futuro pai e mãe presentes? – Ele perguntou de brincadeira e eu e Peeta nos aproximamos sorrindo. – Perfeito. Vamos descobrir se é uma menina, ou menino.

....

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