Trintero escrita por Veves


Capítulo 7
Capítulo 5.2


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a continuação do cap. anterior ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/249835/chapter/7

—Lá é pequeno?

—Não. Muito pelo contrario.

—Então eu vou.

Nós entramos rapidamente, com os nossos protetores logo atrás de nós, dando para ouvir seus passos na escada de metal.

O corredor era grande e levava a uma porta de grades que dava passagem para uma quadra cercada pela mesma grade de ferro da porta.

Assim que abri, meus protetores correram para o canto. Vejo que a Gina não fica para trás nenhum momento e corre para junto do Tales.

Os dois ficam juntos e separados dos outros protetores. Olhei para o Zeus, o vendo ficar com o Gere. Realmente, adoram contato físico... Mas achei que era só com a sua própria espécie e ainda achava que vários preferem a vida solitária.

“Nós nos sentimos aquecidos. Para nós é reconfortante apesar da nossa natureza. Aprendemos a não ser tão... Bem, pelo menos nós não somos tão selvagens.” – respondeu Tales lendo meus pensamentos.

“Têm protetores que seguem mais seus instintos selvagens e outros que não.” – completou Zeus e me olhou de longe – “Seu professor está chegando.”.

Olhei para o Allan que chegava com um enorme sorriso no rosto. Seu cabelo loiro ia até os ombros com cachos perfeitos e tinha os olhos pretos cobertos por óculos quadrados translúcidos.

—Hoje o Derek vai vir para a aula! Chegou de viajem!

—Derek? – eu e o Demitre perguntamos ao mesmo tempo e uma risada abafada veio atrás de nós.

—Os dois até falam juntos... Que fofinho! – virei devagar e avistei um garoto lindo, mas diferente de uma forma inexplicável – Bem, vamos logo com essa aula. Eu quero voltar a dormir.

Vejo uma pantera atrás dele e engulo em seco, sentindo o poder de dragão que os dois exalavam.

Eu sempre mantive meu poder “guardado” para poder controlar, mas algo em mim explodiu e eu senti a necessidade de marca como meu território, mostrando meu poder.

Senti a magia a minha volta e inconscientemente, sem me controlar ou pensar, eu mandei ela toda para o Derek e ele me olhou assombrado e tossiu com força, como se algo o engasgasse.

Ele então sorriu maliciosamente para mim e eu senti seu poder aumentar. Eu fiz o mesmo com meu poder e então nossos poderes pareceram se misturar, se mesclar e algo em mim me fez arregalar os olhos.

Eu gemi de felicidade. Aquilo foi bom. Eu o ouço gemer também e então nós nos olhamos e algo passou por nós.

Olhei para ele, me aproximando. Ele se aproximou e nossos poderes dançaram entre nós. Apesar de sentir meu cheiro, meu poder nele, eu não quis reclamar, pois não tinha sobre o que reclamar. Nossos poderes de dragão combinaram. Nós nos inclinamos e cheiramos o pescoço um do outro. Nossas bestas se aceitaram e reconheceram como a mesma espécie.

Eu me afaste e peguei meu poder, escondendo ele dentro de mim. Incrivelmente, eu me senti fria e vazia.

—Vamos começar a aula! – o professor fala animado, quebrando a tensão do momento e então olha ao Demitre – Vá.

—Vou esperar aqui. – olho para o Demitre surpresa – Vá ter sua aula.

—Não. Essa aula é particular! – o professor fala e seu urso surge por trás dele e rosna – SAIA!

Demitre saiu rosnando, mas sem olhar para trás.

Eu e o Derek fomos para o centro da quadra, sentamos e eu pela primeira vez, resolvi liberar o poder do dragão durante o treino. Meu dragão procurou por algo. Até que... Eu senti algo me puxando. Eu senti uma fera.

Corri pela quadra de olhos fechados, parada no chão, com minhas pernas cruzadas. Corri por todo canto que eu pude com minha energia de dragão, até trombar com a de alguém e senti a energia do Derek me rodear. Eles se encaixaram se reconheceram como da mesma espécie.

Eu tentei voltar para o meu lar. O lugar onde eu nunca deveria ter ido e nunca deveria ter saído, mas sabia que era impossível.

Revirei a cabeça e com ela direcionada para cima abri os olhos e soube que o Derek fez a mesma coisa. Olhamos para nossas bestas acima de nós, dançando uma com a outra. A minha estava confortável com alguém de sua espécie.

Levantei brava e senti o Derek fazer o mesmo. Senti meu corpo em chamas, e olhei para o Derek. Nós dois levávamos o fogo ao redor em nosso corpo, como um escudo, mas sem nos queimar. Soube que meu cabelo se mexia com o vento, junto com o fogo que circulava cada fio do meu cabelo. Meu cabelo parecia mais vermelho do que loiro.

—Seus olhos... – falamos ao mesmo tempo.

—Seus olhos estão vermelhos! – falou Derek rapidamente.

—Seus olhos estão dourados! – falei assustada.

Olhei para nossos dragões, nossas energias. Soube que o dragão vermelho era o meu e o amarelo era o dele. Nossos dragões dançavam e em alguns momentos eu percebi que meu dragão tentava fugir, pois não o reconhecia como possível complemento.

—Acho que hoje vocês precisam descansar. – olhei para o professor que como sempre tinha um sorriso nos lábios – Até quarta-feira!

—Quer companhia?

—Não. Obrigada Derek. – olhei para meus guardiões – Subam.

—Posso te perguntar algo?

—Depende.

—Sabe da sua família? Dragão?

—Não. Tchau Derek.

—Tchau... Sophie. Até a próxima.

Caminhei para fora já vendo meus guardiões sentados me esperando. Caminhamos juntos.

Acabamos no meu chalé e eu sentei na cama, pensativa. Eu não poderia me envolver com ninguém. Não poderia falar com ninguém sobre nada.

Nem sobre eles. Os esquecidos. Os malditos.

“Malditos?” – olhei para Zeus que me olhava desconfiado.

—Nada meu pequeno. – sorri e ele rosnou, junto com o Tales.

“Sempre houve uma parte de sua mente que nunca ousamos entrar, pois você não permitia, mas estamos cansados. Agora sabemos que o que você esconde ameaça sua vida. Conte-nos!” – Tales rosnou.

“Se eu contar...”.

“Nós somos você!” – Zeus gruiu e pulou em cima de mim – “Estaremos em perigo também. Se for isso, nós queremos saber o que te ameaça e o que nos ameaça. Temos esse direito.”.

—Vocês tem razão, mas... Não posso falar em voz alta, então...

“Há muito tempo atrás, antes mesmo de eu nascer, minha família era uma realeza de guerreiros que controlava a minha aldeia ao lado de um rei. Nós éramos uma aldeia com misturas de criaturas lendárias, poderosas. A minha família foi uma mistura. Nós temos descendentes de dragões, anjos e fadas. Minha mãe, pelo que eu descobri era descendente de anjos e fadas, meu pai um dragão puro que se transformava em humano. Sei que houve problemas e eles fugiram. Minha mãe me teve e se separou do meu pai depois de uns meses. Ele se casou, achando que eu deveria ter uma figura materna. Ele pegou uma substituta. Era assim que ela era classificada. Eu sabia que não era uma criança normal. No fim, descobri que minha madrasta era uma bruxa natural e quando descobri, ela me ensinou algumas coisas. Esse foi meu primeiro passo.”.

“Primeiro passo? Mas qual é o perigo? O que houve? Seus pais...”. – Tales pergunta impaciente.

“Esse foi meu primeiro passo para o meu mundo. Meu pai nunca me contou. Eu descobri, pois fucei nas coisas do meu pai e achei um diário da minha mãe. Ela falava mais do seu amor pelo meu pai, mas tinha algumas informações. O nome da aldeia e onde ela ficava era uma delas. Mas eu não sei mais coisas... Eu sei que fui para essa aldeia, mentindo para meu pai ao falar que ia passar as férias com minha amiga. Lá eu conheci algumas pessoas muito boas e legais, que me ensinaram alguns truques que eu nunca mais ousei em sequer pensar sobre. Lá eu conheci o Murilo e o novo rei. E ele tentou me matar. Fugi. Ele veio atrás de mim, mandou assassinos, matou meus familiares, teve então os enterros. Mas os corpos foram incinerados. Nunca teve um corpo nos caixões. Minha madrasta só não foi incinerada, pois eu matei o assassino. Eu tive a coragem que antes não possuía... E ele continuará mandando assassinos. E o pior disso é que eu não sei o porque... Só sei que não deveria ter voltado para lá. Perdi eles por isso. Conquistei amizades que nunca mais verei. E o rei, machucou minha alma que até hoje me sinto suja.”.

“O que ele... Fez?” – Zeus deitou no meu colo, triste.

“Ele invadiu minha alma. Controlou os seres que vivem em mim. Invadiu meu dragão, matou minha fada e abusou da minha magia. Parte minha morreu. Parte do meu dragão renasceu. Meus dons de fada sumiram e minha magia é fraca, hesitante. Eu não lembro quando ele fez isso... Mas sei que fez. Eu perdi o que eu era. O que eu devia ser.”.

Lágrimas escorreram. Abri minha alma para eles e compartilhei minha dor. Minha falta. Mostrando parte que nunca poderia ser recuperada. A parte defeituosa, onde algo deveria existir. Um espaço em mim que não deveria estar sozinho ou preenchido por apenas um ser. A falta do que eu era antes. E que eu nunca tinha percebido antes de perde. Algo que nunca ia voltar. A maravilha criatura que eu era... E o nada que agora eu só... Só percebi ao perdê-las.

Eles choramingaram, ficando grudados em mim. A perda, a dor compartilhada aliviou um pouco. Eu não queria que eles sofressem, mas eles são eu e eu sou eles. Únicos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? >.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trintero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.