Trintero escrita por Veves


Capítulo 6
Capítulo 5.1


Notas iniciais do capítulo

Ficou muito grande, então dividi este capítulo em dois =D Aproveitem a leitura!



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Acordei e senti náuseas. Corri para o banheiro e vomitei.

Minha cabeça parecia explodir. Tirei rapidamente minha roupa, sem se quer perceber o que eu vestia e entrei de baixo do chuveiro.

Quando sai, estava enrolada na minha toalha e eu tinha minha mente um pouco mais clara e estava mais calma. Quando sai do banheiro, vi uma raposa me encarar curiosa.

Encarei-a de volta, estranhando.

“Tales e Zeus, o que está havendo?”

“Ele está dormindo.” – olhei para a porta e vi Zeus – “Não se lembra de ontem? O que aconteceu ontem?”.

“O que houve?” – perguntei reconhecendo a raposa do Demitre – “O que ela está fazendo aqui?! Porque a raposa do Demitre está aqui?!”.

“Acho que ontem você bebeu demais... E então acabou se pegando com ele e ele te trouxe para casa. Vocês beberam mais e mais e continuaram se pegando, até ele dormir aqui com você. Tudo se resume nisso.”.

—O QUE?! – corri para o quarto enrolada na toalha e vi o Demitre dormindo na minha cama, mostrando sua costa bem definidas, com arranhões e uns três cortes que tinha um pouco de sangue seco, suas pernas bem trabalhadas provando que a única coisa que o cobria era um cobertor em sua bunda, deixando eu sem saber se ele estava ou não usando algo por baixo.

Arregalei os olhos, e o analisei. Tinha cabelo totalmente bagunçado.

Corri para o banheiro e vi o que eu vestia. Só vi apenas minha calcinha e sutiã.

Olhei-me no espelho e vi chupões mim. Engoli em seco e olhei para a raposa e meu tigre que me olhavam.

Voltei para o quarto e vi o Demitre se espreguiçando. Ele olhou para mim e sorriu presunçoso.

—O que... O que estou fazendo aqui? – ele perguntou e me olhou assombrado – Nós... Nós ficamos não é mesmo?

Flashes de ontem me vieram na mente e eu cai no chão, com minha mão mantendo a toalha no lugar. Deixei minhas pernas do mesmo lado, tampando a visão e então me lembrei de tudo... E ele também parecia se lembrar.

—Olhe... Sinto muito! – falei tão apressadamente quanto pude e ele sorriu, mas depois ficou bem sério.

—Foi o efeito da bebida. – concluímos os dois juntos.

—Mas eu não me arrependo de absolutamente nada que fizemos ontem. – ele disse e vi um sorriso se formando em seu rosto, enquanto tentava esconde-lo.

— Oh deuses! Eu não sei... Eu não queria... Quero dizer, ontem foi ótimo, mas...

Ele deu uma risada baixa e rouca. Olhou para o chão, procurando suas roupas e eu acompanhei seu olhar.

Achei sua camisa toda rasgada, uma calça com o botão quebrado e parte dela rasgada.

Arregalei os olhos ao me lembrar de como minhas unhas cresceram e ficaram bem mais afiadas. Ele se levantou usando apenas a cueca que parecia cortada na lateral.

Pegou sua calça, a peça mais inteira que tinha e se vestiu. Pegou a camisa, que não passa de nada além de trapo e me olhou incrédulo.

—Acho que ontem à noite, foi particularmente perigoso e divertido. – ele olhou para onde ficava seu leopardo branco que era destacado pelo Tales – Gina. Acorde.

O leopardo acordou devagar, que parecia muito contente e parecia sorrir. O Tales deu um gruído bravo.

“Volte a dormir.” – pude ouvi-lo falar e imediatamente soube que se comunicava com a Gina – “Está tudo muito confortável. Volte a dormir, não vá embora.”.

O leopardo branco ronronou e se esfregou nele. Percebi que tanto eu, como o Demitre, olhamos para os dois surpresos. O leopardo branco é uma fêmea?!

—Gina, vamos! – percebi a incerteza de sua leoparda branca.

—Meu jaguar é um macho muito dominante...

—Gina, me obedeça!

“Não saia daqui!” – a voz do Tales me fez tremer e o Demitre me olhou.

—Acredite, ela não vai conseguir contradizer o Tales. – falei olhando nos olhos do Demitre – Não por não querer, mas porque ele tem mais poder na fala do que você.

—Como?! Eu não posso comandar ela?!

—Sim, você pode, ela que não pode controlar ela mesma. Pelo que eu soube sobre os meus protetores, eles podem ter... Como dizer...

—Companheiros?

Eu assenti e vi sua expressão preocupada.

—Sua preciosa irmãzinha?

—Minha protetora. Eu preciso protegê-la. Como posso protegê-la dele?

—Eu não posso controlar ela, mas eu controlo o meu protetor.

—Duvido. Se ele é mesmo um alfa...

—Alfa?

—Seria o chefe da matilha.

—Nessa matilha quem manda é eu... TALES! – gritei brava e ele se levantou e veio correndo na minha direção – Não faça a Gina desafiar ao Demitre!

“Mas ela é divertida!” – Tales rosnou para mim.

—Você rosnou para mim? – perguntei calma e abri um sorriso assassino – Nunca, mas nunca mesmo, rosne de novo para mim.

“Ou o que? Nós devemos proteger um ao outro, não nos machucarmos.”

—O que você acha que eu deveria fazer? – perguntei olhando para o Zeus – Já sei! Não irei te machucar. Eu deixarei você decidir.

Peguei sua cara, sem medo e apertei levemente, mas sem realmente machucar. Ele choramingou e eu olhei com confiança para ele.

“O que...”.

—Nunca iria te machucar. – falei e dei um beijo na sua testa – Só que eu realmente, mas realmente ficaria muito chateada.

“Desculpe.” – ele pareceu ficar envergonhado e esticou sua garganta.

—Sinal de submissão. – falou o Demitre e eu concordei.

—Não gosto disso, queria que estivéssemos no mesmo nível, mas eles ainda são mimados... E não acho que ela seja companheira dele.

“Ele é que é bem mimado, pois eu sou bem... Tranquilo.” – fala Zeus e eu consigo apenas rir.

—Sim, sim. – olhei para a raposa que ficou ao lado do Demitre, me encarando.

—Sinto pelos chupões. – assim que ele disse isso, percebi que ele não se arrependia em nada e também me dei consciência da minha situação – Pelo menos, foi o que o Gere falou para eu falar, mas... Pare Gere!

—Ele está te dando sermões? – eu me aproximei dele inspirando profundamente seu perfume – Está tudo bem... Eu te deixei com as costas vermelhas.

—Não vou poder ficar sem blusa por um tempinho.

—Paciência. – uma parte minha achou errado o que eu fiz com ele. Ele não era... Ele.

Ele revirou os olhos e jogou os trapos da roupa na cama, como se estivesse bravo com algo e eu apenas o analisei as suas expressões, até ouvir o estomago dele rosnar com vida.

Eu soltei um riso e fui até a geladeira.

—Espere que eu, irei fazer ovos mexidos.

—Um belo café da manhã considerando o que houve ontem. – eu o olhei, incrédula e senti meu rosto ficar vermelho – Vá se trocar e relaxe. Eu preparo o café da manhã.

—Além dos beijos... Beijos bem quentes... Não aconteceu nada de mais. Não tente se vangloriar por algo que não aconteceu.

A razão foi voltando e eu corri para o armário. Olhei o relógio no criado mudo. Arregalei os olhos.

—DEZ HORAS DA MANHÃ?! – gritei surpresa.

—Bem... Como posso dizer? Nós aproveitamos muito bem ontem à noite. – ele sorriu para mim e eu peguei uma regata, mas então me lembrei dos chupões e ele também – Vai ficar linda de regata, ainda mais mostrando...

—Cale-se! – peguei uma blusa de gola e manga comprida verde, junto com um short jeans preto e meu All-Star – Hoje eu tenho aula para treinar o poder do dragão em mim.

—E como é?

—Eu medito e tento chamar a chama.

—Conseguiu alguma vez?

—Não. – respondi entrando no banheiro.

Tentei me arrumar o mais rápido que pude. Passei de leve uma maquiagem para esconder meu estado. Passei base apenas em baixo dos olhos, um rímel e um gloss.

Sai do banheiro e senti cheiro de ovos.

Corri para a cozinha, o que não tive que fazer muito esforço, para chegar rápido e gemi ao ver duas porções de ovos com pães em dois pratos diferentes.

—Adorei ouvir esse som ontem. – ele me estendeu um prato e junto um copo de suco de laranja – Eu abri uma caixa de suco. Espero que não se importe.

—Não importa. Obrigada. Mas ontem não aconteceu nada. Assim que tiramos as roupas, nós capotamos. – sorri e peguei o prato. – Não esperava que você fosse esse tipo de garoto...

—E que tipo de garoto você achava que eu era?

—O tipo que não fala com ninguém, é chato, mimado, grosso, maloqueiro...

—Nada é como a gente espera. – ele me deu um sorriso e eu revirei os olhos.

Comecei a comer com pressa o sanduiche e olhei para o Demitre.

—Como você os conheceu? – perguntei curiosa.

—Os meus protetores? – ele perguntou e eu assenti – Eu nem estava aqui. Viajava para casa da minha tia, no Alasca e estranhamente conheci a Gina sozinha e abandona recém-nascida lá. Ela deveria ser mercadoria ilegal e eles acabaram perdendo a carga. Depois fui para o campo, na casa da minha avó lá no Canadá e encontrei o Gere também recém-nascido. Senti-me completo só quando estive com os dois.

—Sei como é isso. – falei e tomei um gole do suco antes de dar mais uma mordida no pão.

Nós nos olhamos e sorrimos. A conversa entre nós fluiu normalmente. Ficamos sentados na cama conversando.

Eu falei como eu conheci meus protetores, falei da minha família que morreu em um trágico acidente, da minha madrasta que tinha morrido em um assalto, o que era uma mentira. Achei melhor poupa-lo dessa parte dramática da minha vida.

Ele me contou um pouco sobre sua vida. Não muito. Apenas contou que tinha mais dois irmãos, e ele era do meio. Que nesse momento seus pais viajavam para Paris. Seu irmão mais velho tinha um cavalo como animal protetor e era formado em medicina, especializado na área neurológica.

Seu irmão mais novo ainda estava com sete anos e viajava com os pais para Paris. Ele praticamente se gabou dos seus irmãos, como um pai orgulhoso dos seus filhos. Eu sorri pelo carinho que ele demonstrava aos irmãos. O mais novo falava português, francês e inglês.

“E eu ainda aqui, tendo dificuldade com português.” – pensei e pude ouvir a risada dos meus guardiões. Ignorei isso e prestei atenção no que ele falava.

Acabou que em um instante eu prestava atenção no que ele falava e no outro, eu via seus lábios se moverem. O movimento foi à única coisa que prestei atenção. Inclinei-me e o beijei levemente.

E isso era tão errado.

Algo estava tão errado.

~*~

Quando dei por mim, ele estava por cima de mim, me beijando. Coloquei a mão no seu ombro, o impedindo de continuar. Era tão errado.

—O que foi? – ele perguntou ofegante e eu sorri do seu estado, mas não posso dizer que estava melhor que ele.

—Eu... Eu tenho que sair. – falei olhando o horário – Minha aula vai começar daqui a pouco. Eu preciso ir. Você também.

Ele me olhou sorrindo e respirou profundamente antes de se levantar. Assim que se levantou, me estendeu a mão e me puxou com força. Circulou minha cintura, e com a outra mão nas minhas costas, apertou-me contra ele.

—Eu te levo. Vamos.

Saímos do chalé apressados e fomos quase para a escola.

—Espere! Sua camisa!

Ele se olhou incrédulo.

—Eu nem percebi... – ele deu um riso agradável e reconfortante – Vamos para o meu chalé e depois eu te levo para onde quer que você tenha que ir.

Caminhamos durante uns dez minutos até chegarmos ao chalé dele.

Fiquei surpresa ao ver um chalé maior que o meu. Assim que entramos, me deparei com uma cozinha, com uma grande geladeira, um grande fogão, algumas bancadas e uma pia com pratos sujos. Tinha uma sala com uma TV de plasma e um sofá de tecido vermelho.

Tinha um corredor comprido e largo. Tinha três portas e eu adentrei curiosa no corredor.

—Meu quarto é aqui. – ele me puxou para a terceira porta e eu vi um gigante quarto com uma cama de casal maior que a minha e várias almofadas no chão, onde eu suspeitava, que os seus protetores deitavam de vez em quando – Bonito, não é?

Olhei para a parede pintada com uma cor leve, o chão forrado por algo bege, felpudo e macio. A cama levava cobertores e travesseiros pretos. Tinha um armário parecido com o meu só que maior. Tinha outra porta que levava para o banheiro, provavelmente.

—Lindo! – falei surpresa – E grande... Mas estou curiosa.

—Com o que? – ele perguntou desconfiado.

—As portas... Você divide o chalé com alguém?

—Um é o Paolo e a outra pessoa é a Juliana, irmã dele. Ela está na segunda “B” e a gente na “C”. – ele foi ao armário e pegou uma regata e um colete – Vou tomar um banho.

Parei e pensei se era o Paolo filho do diretor, mas não me lembrava do Paolo ter uma irmã...

Ele foi para a outra porta e eu resolvi esperar na sala. Liguei TV e sentei no sofá.

—Ora, ora. Quem diria que um dia, minha irmã traria uma amiga aqui e ainda mais você. – olhei para trás de mim e vi o Paolo encostado no batente do corredor – Você parece estar com um humor melhor.

—Eu segui seu conselho. – falei e então fiz uma careta – Não vim aqui com sua irmã.

—E veio aqui com quem? – ele falou como se zombasse de mim – Com o Demitre? Fala sério, ele nunca fica com uma garota por uma noite, a não ser que esteja muito bêbado e mesmo assim, nunca a traria para cá consciente.

Olho para o lado e vejo a menina que levava um leão e rapidamente me lembrei dela, no meu primeiro dia na escola.

O cabelo tão preto feito breu, caia em ondas perfeitas até seu quadril e seus olhos verde musgo era idêntico ao seu irmão.

O cabelo do Paolo hoje estava penteado para trás, de forma descontraída, com uns fios caindo ao lado do rosto. Os dois pareciam gêmeos!

—O que faz aqui Sophie? – olhei para Juliana e forcei um sorriso.

—Eu estou indo embora! – levantei-me rapidamente, me dando conta de como eu estava sendo folgada – Tchau.

Corri para a porta antes que eles pudessem falar qualquer coisa e meus protetores me acompanharam.

Assim que toquei a maçaneta, senti um peso estranho sobre mim e ao me virar, vejo Demitre me olhando.

—Olha, é que eles simplesmente... Achei que seria bom eu ir para aula. – falei e ele colocou os dedos nas têmporas as massageando.

—Simplesmente vamos. – ele veio até mim e abriu a portar – Você tem aula, não é mesmo?

—Sim...

—Onde é que fica? – ele falou e saímos através do gramado, com nossos protetores nos seguindo – Sophie?

Olhei para trás e vi a Juliana olhar para o Demitre, chateada. Ela gostava dele. De verdade.

—Por aqui. – falei e o puxei com delicadeza para a parte de trás da escola, em um campo aberto e fui até uma porta que levava para o subsolo – Não precisa me acompanhar mais.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado >.



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