Sweetly Broken escrita por beautifully diseased


Capítulo 2
Betrayed


Notas iniciais do capítulo

esse capítulo ficou meio grande ):



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 Jill me ajuda a escolher um vestido de mangas longas. Ela fica na minha casa até as seis, que é a hora que minha mãe chega. Elas se falam por uns dois segundos e Jill já vai embora. Minha mãe me vê com o vestido que vou usar e se surpreende.

 - Por que está de vestido? – ela pergunta.

 Minha mãe sabe que, quando chego da escola, coloco a roupa mais confortável que tenho. Normalmente ela fica em seu quarto ou na sala e eu fico no meu quarto. Ainda assim, minha mãe é a pessoa que eu mais amo na vida. Se ainda luto, é por causa dela. Não quero deixa-la sozinha. Sei o quanto ela sofreria se eu morresse.

 - Justin me chamou para sair – tento dizer com uma voz normal, mas não é o que acontece.

 - Ah, meu Deus! – ela diz, colocando a bolsa na mesa da sala – Ele te chamou para sair quando? Aonde vocês vão? Isso é tão legal, querida!

 Ela sorri e fica quase mais empolgada do que eu. Quase.

 - Hoje na escola ele me chamou para sair. Nem sei por que, mas isso é bom, né? Não sei aonde vamos – respondo, tentando controlar meus pulinhos.

 Minha mãe sorri para mim e olha melhor para meu vestido. Ela faz com que eu dê uma volta para que possa me ver de todos os ângulos possíveis. Tenho vergonha de ficar mostrando o que uso para ela. Veja bem, ela fez uma redução de estômago há menos de dois anos. Minha mãe costumava ser mais gorda do que eu, mas agora ela usa tamanhos bem menores do que eu. Sempre que mostro para ela as roupas que compro, acho que ela vai me dizer que eu preciso emagrecer, mas ela nunca me disse nada disso. Sabe o quanto sou insegura e o quanto minha autoestima é baixa, então não ia arriscar algo assim.

 - Vamos lá em cima, vou arrumar seu cabelo.

 - Tenho que tomar banho primeiro.

 - Tudo bem, fico esperando no seu quarto.

 - Não – digo prontamente – Vá fazer suas coisas e eu te chamo, ok?

 - Tudo bem. Não sei por que você tem vergonha de mim agora. Sou sua mãe, já te vi nua inúmeras vezes.

 Dou risada e reviro os olhos para ela, mas subo as escadas e corro para o banheiro. Não é vergonha que eu tenho; só não quero que ela veja minhas cicatrizes. Minha mãe não sabe da automutilação. Também não quero que ela saiba. Todos os dias ela repete que eu sou a razão da sua existência. Como vou dizer para ela que eu não estou feliz com minha existência? Seria como cortá-la também. Então ela nunca pode descobrir.

 Tenho cicatrizes em muitos lugares. Nos quadris, na parte lateral dos meus joelhos, no meu braço e pulso esquerdo, no pé. Já até arranhei debaixo dos meus seios, porque é um lugar estratégico que ninguém nunca ia ver, mas não deu muito certo. Já me cortei nos dedos também. Tenho três cicatrizes fininhas na parte superior da coxa direita. Esconder todas essas cicatrizes é meio difícil, mas tenho sorte de morar no Canadá e posso usar mangas longas praticamente o ano todo. Imagino como minha vida seria se eu vivesse no Caribe, por exemplo. Provavelmente seria um inferno.

 Termino de tomar banho e já são seis e meia da noite. Coloco minha roupa e chamo minha mãe para arrumar meu cabelo. Eu queria ficar com o cabelo solto, mas ela faz um coque desarrumado que fica muito bonito. Uma coisa que eu realmente gosto em mim é o formato do meu corpo. Tudo bem que meus quadris são imensos e minhas coxas e braços são gordos, mas eu tenho forma de pera. Ou seja, minha cintura é menor que meu quadril e eu gosto de evidenciar isso. Tanto que meu vestido era mais apertado na cintura.

 - Você está linda – diz minha mãe.

 Sei que não estou linda. Posso até estar bonita. Eu teria que perder uns bons 30 quilos para ficar linda e não é algo que eu consiga fazer, porque eu sou péssima com dietas. Ainda mais depressiva do jeito que sou. Deixo meus sentimentos me conduzirem e acabo me afogando em chocolate. Também não me exercito. Sei que é errado, que eu devia comer corretamente e me exercitar, mas eu não consigo. Na verdade, eu até começo a fazer exercícios, só que quando não vejo resultado rápido, começo a desistir. Tem dias que não aguento me olhar no espelho e tenho que fazer um esforço para levantar da cama.

 - Obrigada, mãe – respondo, sem contestá-la.

 - Que horas ele vem?

 - Às sete. Ainda tenho vinte minutos, não tenho? Vou me maquiar.

 Minha mãe sai do meu quarto sem me avisar. Vou para o banheiro e começo a passar base. Ela aparece com o celular. Foi uma péssima ideia ela ter comprado um iPhone. Ela não sabe nem mexer na cafeteira direito, como espera mexer num iPhone? Dou risada e passo pó nos defeitinhos horríveis do meu rosto.

 - Mãe, você está com algum problema? – pergunto, olhando-a mexer no celular.

 - Cadê a câmera desse negócio?

 Eu me aproximo dela, tiro o celular de sua mão e coloco na câmera. Devolvo-lhe o celular e volto para a frente do espelho para terminar de me maquiar. Passo blush nas maçãs do rosto e rímel nos cílios. Ouço um clique, mas não olho para ver o que minha mãe está fazendo. Passo lápis nos olhos e escolho um batom vermelho.

 - Olha só como essa foto ficou linda – diz minha mãe, mostrando a tela do celular.

 Olho para a foto. Está um pouco longe, mas dá pra ver que estou passando rímel nos cílios com a boca aberta, por sinal. Torço o nariz e volto a olhar para o espelho. Odeio fotos que pegam meu corpo inteiro ou uma grande parte dele. Para mim, foto tem que ser só de rosto, porque meu rosto é provavelmente a única coisa bonita em mim.

 - Você está tão linda – diz minha mãe e me abraça.

 Quase passo batom no meu cabelo porque ela puxa meu braço, mas começo a dar risada. Correspondo ao abraço. É tão estranho, porque eu sou mais alta e maior que minha mãe. Eu me sinto como a mãe naquele abraço. Às vezes, é o que eu tenho que ser na nossa relação.

 - Obrigada, mãe.

 Termino de passar o batom e coloco uma sapatilha. Meu vestido é azul, uma das minhas cores favoritas. A sapatilha é preta. Não vou levar nenhuma bolsa. Pego dinheiro da minha carteira e coloco-o dentro da capinha do meu iPhone, entre o celular e a capa. Não sei se Justin vai querer dividir a conta ou não, mas estou levando cinquenta dólares.

 - Acho que vou esperar por ele lá fora – digo, caminhando do meu quarto até as escadas.

 - Por que não vai ver se ele já está pronto? – minha mãe aponta nossa sala de TV.

 A sala de TV fica no segundo andar e sua janela dá para o quarto de Justin. E é realmente um bom conselho. Além do mais, se Justin ainda não estiver pronto, existe uma grande possibilidade de eu vê-lo sem camiseta. Mando uma piscadela para minha mãe e vou até a sala. Ela me segue. Nossa janela está fechada, então eu a abro.

 Só de ver Justin meu coração pula feito um touro mecânico. Ele anda pelo quarto com o celular nas mãos. Parece estar esperando uma ligação. Infelizmente, já está vestido. Quando percebe que estou o olhando, ele acena e sorri.

 - Já está pronta? – ele grita.

 - Já. Tudo bem se você não estiver – dou de ombros.

 Não quero forçar a barra, afinal de contas.

 - Não, estou pronto. Já estou descendo e te pego aí.

 - Tudo bem.

 Fecho a janela. Sinto minhas pernas falharem, mas começo a pular. Ah, meu Deus. O que eu havia feito para conseguir um garoto como ele? Devia ser sorte. Ou sei lá, saudade dos antigos tempos. Talvez Pattie, mãe de Justin, tenha dito algo a ele. Minha mãe e Pattie costumavam ser muito amigas. Agora elas não se falam tanto.

 Desço as escadas. Minha mãe não diz nada, mas sei que está atrás de mim. Vou para a cozinha pegar um copo de água e deixo uma marca vermelha dos meus lábios no copo. Tamborilo os dedos no balcão e me sinto entusiasmada demais para falar qualquer coisa. A campainha toca e eu solto um som de asfixia. Meu Deus, meu Deus, meu Deus. Justin Bieber vai sair comigo!

 Minha mãe atende a porta, porque sabe que não estou exatamente pronta para isso.

 - Olá, senhora Cartwright – diz Justin.

 Fico surpresa por Justin se lembrar do sobrenome da minha mãe. Quero dizer, ele podia confundir com o meu. Meus pais se separaram e eu tenho o sobrenome do meu pai, mas minha mãe usa o sobrenome de solteira.

 - Por favor, Justin. Você pode me chamar de Molly – ela diz, com um sorriso – Carrie, Justin está aqui.

 Respiro fundo e saio da cozinha, caminhando até a porta. Minha respiração falha, porque Justin está muito lindo. De novo. Como sempre. Ele usa uma camisa de flanela xadrez vermelha por cima de uma camiseta branca, calças jeans escuras e Supras vermelhos.

 - Oi – digo.

 - Oi – ele sorri e me encara nos olhos – Você está linda.

 Sinto minhas pernas paralisarem, mas me obrigo a continuar andando. Justin estende a mão. Meu estômago revira de ansiedade. Não acredito que aquilo está realmente acontecendo. Quero me beliscar só para ter certeza que não é um sonho. Pego na mão de Justin. Ele beija as costas da minha mão e eu quase me derreto.

 - Obrigada. Você está incrível – aponto para o visual dele.

 - Obrigado – ele diz – Vamos?

 - Vamos. Tchau, mãe – digo, acenando para minha mãe.

 - Tchau, senhora Cartwright. Vou cuidar da sua filha, pode deixar.

 Minha mãe dá risada e acena enquanto saímos. Justin e eu ainda estamos de mãos dadas. Eu me sinto como uma princesa. Não porque estou bonita, e sim porque estou com esse príncipe. O carro de Justin está estacionado na frente da casa dele. Não é um carro novo nem caro. Sei que Justin já passou certos apertos por causa de dinheiro, mas eu nunca me preocupei com isso. Para mim, ele sempre foi perfeito.

 - Aonde vamos? – pergunto.

 Justin solta da minha mão e se apressa para abrir a porta para mim.

 - É surpresa – ele responde, com um sorriso e uma piscadela.

 Entro no carro. Justin fecha minha porta e entra pela do motorista. Não consigo parar de pensar no quanto ele é cavalheiro enquanto ele dirige para só Deus sabe onde.

 - Você está arrumada demais para o lugar que vamos – ele me olha de soslaio.

 Dou risada e fico corada. Talvez eu devesse ter escolhido outro vestido.

 - Ah, é? Por que? Onde vamos?

 - Não vou dizer, é uma surpresa.

 - Ah, qual é, Justin – digo, cruzando os braços.

 Justin dá risada e me olha nos olhos por poucos segundos. Sinto arrepios por todo meu corpo. Meu Deus, ele é tão lindo.

 Quando Justin estaciona perto de uma praça, fico confusa. Ele sai e abre a porta. Estende a mão para me ajudar a sair também. Sorrio para ele de agradecimento. Justin pega na minha mão e me guia até um banco da praça. Por mais que eu more em Stratford há dezessete anos, nunca havia ido aquela praça. E era linda. Tinha uma grande fonte jorrando água bem no centro. Inúmeros casais se beijavam nos outros bancos. Fiquei desconfortável e, ao mesmo tempo, tentada. Eu também queria beijar Justin.

 - Aqui é lindo – digo.

 - Eu sempre vinha aqui quando era criança, mas acho que nunca trouxe você.

 - Que injustiça comigo – dou risada –Quantas garotas você já trouxe aqui?

 Justin me olha com as sobrancelhas franzidas. Acho que ele não esperava que eu fosse me focar naquele tipo de conversa. Afinal, ele devia saber que eu nunca tive um encontro de verdade, enquanto ele deve ter saído com inúmeras garotas.

 - Você é a primeira garota que trago aqui.

 Foi a minha vez de franzir as sobrancelhas.

 - Não acredito nisso.

 - É sério. Eu juro!

 Dou risada. Quero dizer, aquele lugar é tão lindo que não dá para compreender que Justin nunca levou nenhuma outra menina lá. Mas eu fico lisonjeada por saber que eu sou a primeira. É bom ser exclusiva.

 - Não achei certo trazer nenhuma garota aqui – ele continua – porque essa praça meio que faz parte das minhas memórias de infância.

 - Com os casais e tudo o mais? – aponto para os casais nos outros bancos.

 - Sem os casais! – Justin dá risada – Mas é isso. Nunca achei certo trazer uma garota aqui que eu não conhecia desde criança. E, quando te chamei para sair, esse foi o primeiro lugar que pensei em te levar.

 - Isso é bem legal – eu sorrio, tentando controlar meu impulso de beijá-lo.

 - Acho que você é a amiga mais velha que eu tenho, acredita?

 - Jura? Nossa! – dou risada – Nós nos conhecemos desde quando? Desde que eu tinha uns quatro anos?

 - É, acho que sim. Eu já devia ter cinco.

 - Lembro que foi com essa idade que eu e minha mãe nos mudamos para a casa ao lado da sua. Foi quando meus pais se separaram.

 Ficamos em silêncio. Eu sabia que os pais de Justin nem haviam se casado e minha mãe havia me contado o quanto foi difícil para Pattie cuidar de Justin. Por isso que eu me lembro que Justin sempre ia na minha casa antes e depois da escola. Nós ficávamos brincando por um tempão até que Pattie pudesse busca-lo.

 - Você ainda vê seu pai? – Justin pergunta.

 - Não muito. Ele me liga quase sempre, o que é uma coisa e tanto, e eu vou para casa dele nas férias ficar uma semana. Mas nossa relação não é das melhores. E o seu pai?

 Era até engraçado nós estarmos conversando sobre aquilo, porque nossa história familiar chegava a ser um pouco parecida.

 - Vejo meu pai quase sempre. Ele se casou de novo e eu tenho dois meio irmãos.

 - Ah, jura? – arqueio as sobrancelhas, surpresa.

 - Sim. A Jazmyn tem três e o Jaxon vai fazer dois em novembro.

 - Eles devem ser muito fofos – sorrio.

 Justin também sorri, provavelmente pensando nos irmãos.

 - Eles meio que fortaleceram a ligação que tenho com meu pai.

 - Isso é bom – encosto as costas no banco – Eu queria ter irmãos.

 Dou de ombros. Às vezes me sinto tão sozinha que dói, mas não vou dizer isso a Justin. Sei que minha mãe não teve mais filhos porque meu pai era um safado idiota e ela sabia que ele estava a traindo. Só que eu queria ter um irmão ou uma irmã. Seria legal ter alguém com quem brigar ou só alguém para passar o tempo.

 - Eu também era filho único até uns quatro anos atrás, então sei como se sente – diz Justin.

 Dou risada, assentindo.

 - Obrigada.

 - Quero dizer, é meio solitário.

 - Muito solitário.

 - Mas você tem uma melhor amiga. Sei que vocês são quase como irmãs. Sempre vejo vocês duas juntas no corredor e na educação física.

 - É, ela é minha irmã mais velha. Sou um pouco irresponsável.

 Justin dá risada.

 - Também não sou a pessoa mais responsável do mundo – ele diz, encostando o ombro no meu – Sou praticamente uma criança.

 Dou uma risada alta e, quando percebo todo mundo me olhando, coloco a mão na boca e olho para Justin como se pedisse desculpas. Ele puxa meu braço e sorri.

 - Nunca esconda uma risada. Especialmente se ela for tão bonita quanto a sua.

 Fico extremamente corada.

 - Obrigada – respondo, com a voz meio trêmula.

 - Então, o que você acha de eu pegar um cachorro quente? – Justin bate palmas uma vez e se levanta.

 - Acho ótimo – digo, assentindo.

 - Posso pedir dois completos?

 - Hum, o que vem nesse completo?

 - Ah, você sabe. Maionese, milho, salsicha, alface, pão – Justin sorri e sei que ele está zoando com a minha cara.

 Dou risada e lhe mando a língua.

 - Engraçadinho. O que eu quero saber é se tem bacon.

 - Sim.

 - Vou querer sem bacon, então.

 - Você não gosta de bacon? – Justin arqueia as sobrancelhas.

 - Não.

 - Quem não gosta de bacon?

 - Hã, eu?

 Ele olha para mim e me manda a língua, porque agora eu é que estou zoando com a cara dele. Dou risada e lhe mando uma piscadela enquanto ele se afasta. Não sei onde está indo e o perco de vista depois de algum tempo. Poucos minutos depois, Justin volta com um cachorro quente em cada mão.

 - Sem bacon – ele me oferece o lanche, mas aí troca a mão – Calma, qual é o seu?

 - Eu não sei! Você que foi pegar.

 - Esqueci qual é o seu.

 Dou risada e pego um dos lanches. Justin se senta ao meu lado e dá uma olhada no seu cachorro quente.

 - O meu tem bacon – ele diz – Então esse aí é o seu mesmo.

 Sorrio e agradeço. Dou uma mordida no meu lanche e sinto o gosto de bacon.

 - O meu também tem bacon.

 - Ah, desculpa. Eu devo ter esquecido de pedir sem bacon. Dá aqui que eu vou lá pedir para ele fazer outro – Justin faz menção de levantar.

 - Não, imagina. Relaxa. Não sou fã de bacon, mas eu como – coloco a mão em seu ombro, não deixando que se levante.

 Dou de ombros e lhe mando uma piscadela. Está tudo bem. Realmente não me importo com o que vou comer. Quero dizer, Justin Bieber está ao meu lado. E nós estamos juntos numa praça linda e romântica. Ele me convidou para sair. Minha ficha ainda não havia caído, mesmo ele estando ao meu lado.

 Consigo comer sem me sujar muito, mas Justin não tem tanta sorte. Ele fica com um pouquinho de mostarda no canto dos lábios. Dou risada e limpo com o dedão. Ele fica paralisado quando o toco e encara meu dedo. Quando a manchinha sai e eu descanso a mão no colo, Justin me encara.

 - Obrigado – ele diz, olhando para baixo e corando.

 Eu havia acabado de fazer Justin Bieber corar. Meu Deus, aquela noite não podia ficar melhor. Mas por consequência do destino, fica. Eu e Justin conversamos sobre muita coisa. Os casais vão indo embora e nós continuamos sentados. Às vezes Justin levanta para ressaltar o que quer dizer ou para encenar alguma coisa e eu morro de rir. Ele é realmente engraçado, mas também dá risada quando faço uma piadinha ou outra. Quando decidimos ir embora, a praça está vazia. Nós caminhamos até o carro.

 Justin abre a porta para mim de novo.

 - Muito obrigada, senhor Bieber – eu digo.

 - De nada, senhora Bieber.

 Arregalo os olhos e dou risada. Justin fica corado quando percebe o que disse.

 - Já estamos casados? Eu não sabia – digo, brincando.

 - Eu sou meio apressado – ele responde.

 Entro no carro. Justin fecha minha porta e entra pelo outro lado. Ele dirige de volta para casa.

 Aquela havia sido uma das melhores noites da minha vida. Justin era tão lindo e fofo que eu realmente não queria que a noite acabasse. Chegamos na nossa rua e ele para na frente da minha casa. Sai do carro e corre para abrir minha porta. Ele é um cavalheiro e tanto.

 Nós caminhamos juntos até a porta da minha casa. Não sei que horas são, mas sei que deve ser tarde. Minha mãe vai estar completamente ansiosa esperando por notícias minhas. Só o que eu consigo pensar naquele momento é que eu Justin estamos muito próximos. O perfume dele é inebriante e seus olhos me hipnotizam.

 - Gostei muito de sair hoje – digo.

 - Eu também. Você é bem diferente do que eu pensava. Quer dizer, do que eu me lembrava.

 - Você não mudou nada – digo, sorrindo.

 Ele sorri de volta. Antes que eu possa prever, Justin corta a distância entre nós e encosta os lábios nos meus. Estou tão surpresa que fico paralisada. Ele dá um passo à frente e segura meu rosto. Abro meus lábios e deixo sua língua entrar. Passo meus braços pelo seu pescoço. Sinto um arrepio na nuca quando ele morde minha língua de leve. As mãos dele descem para a minha cintura. Quando Justin corta nosso beijo, sua respiração está ofegante.

 - Você é linda, Carrie.

 Meu nome soa tão bem em sua voz que eu sinto vontade de beijá-lo de novo, mas ele se afasta com um olhar triste. Solta minha cintura e eu deixo meus braços caírem. Algo está errado. Justin recua um passo.

 - Tem uma coisa que eu preciso te contar.

 - O que é? – pergunto.

 Justin fecha os olhos e se afasta ainda mais. Eu me abraço, porque sinto que ele não vai me dizer uma coisa boa. E estou com medo de ouvir.

 - Nosso encontro é uma aposta – ele abre os olhos.

 - Uma aposta? – pergunto, sentindo meu coração apertar e meu estômago revirar.

 - Stacy apostou que eu não saía com você...

 - Ah, Stacy – sinto lágrimas nos meus olhos – Você só me chamou para sair por causa de uma aposta? E qual é o seu prêmio?

 Justin se aproxima e puxa uma das minhas mãos, mas puxo a mão de volta.

 - Não toque em mim.

 Engulo em seco, levando as lágrimas junto. Sei que não vou me aguentar por muito tempo e vou acabar chorando na frente dele.

 - Stacy tinha prometido a Tyler que ia ficar com ele se ele saísse com você. Mas não deixei ele sair com você e tomei o lugar dele. Eu tinha medo do que ele poderia fazer com você.

 - Não consigo pensar em nada pior do que isso – digo, com a voz embargada.

 - Carrie, por favor...

 - Quero que você vá embora. Não quero que você fale comigo de novo, está ouvindo?

 - Mas Carrie, eu sinto muito. Eu adorei sair com você hoje. E eu quero que a gente continue se vendo. Eu não queria ter mentido para você...

 Uma lágrima cai. Mais algumas se juntam a ela e, quando vejo, estou soluçando na frente da minha própria casa. Justin se aproxima, mas eu recuo um passo. A única coisa que se passa na minha cabeça é que eu devia saber. Justin nunca ia querer nada com uma gorda imprestável como eu. Eu me iludi e a culpada daquilo era eu. Minhas unhas começam a coçar e eu começo a arranhar meu dedão com o dedo do meio.

 - Vá embora. Agora.

 Justin não me diz mais nada. Ele se vira e caminha até sua casa. Arranho meu dedão mais forte do que antes e sinto uma dor forte.

 - Só quero que você saiba que eu não menti quando disse que você era linda.

 Não respondo. Entro em casa e corro para o meu quarto. Escuto minha mãe gritar meu nome, mas não respondo. Tranco a porta do meu quarto para que ela não entre. Estou com tanta raiva de mim mesma que quase soco o espelho do meu banheiro. Ao invés disso, arranho meus braços. Enquanto mordo meu lábio inferior e sinto o gosto do meu próprio sangue, passo a arranhar meus quadris gordos. Arranho até sangrar, porque sei que aquela é a única coisa que vai fazer com que eu me sinta melhor.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada à Line do Bieber por ter mandado uma linda recomendação *-* Muito obrigada de novo, querida ♥
O próximo capítulo vai demorar um pouco agora, porque amanhã minhas aulas voltam. Mas vou postar logo, logo ;)



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