Escolhas escrita por Débora Falcão


Capítulo 16
O Fã Clube




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Quanto tempo eu fiquei apagada? Eu não sabia responder. A pancada na minha cabeça tinha sido bastante forte, e eu não me lembrava de ser transportada depois disso.

Abri meus olhos devagar, e estava amarrada a uma cadeira, numa casa muito velha. Eu não tinha idéia de onde eu estava. Eu só via aqueles quatro seres diante de mim, com os rostos cobertos. Eles me olhavam, esperando que eu estivesse completamente consciente.

Tentei falar alguma coisa, mas minha boca estava amordaçada. Eu sentia dores nos cantos dos lábios, por causa do nó apertado. Minhas mãos estavam amarradas para trás, meus pés amarrados nos pés da cadeira. E minha mente girava, girava.

Olhei para eles, eles ainda esperavam.

Um deles se colocou adiante de mim, me falando com uma voz metálica.

"Então você é a namoradinha do Robert Pattinson, não é?"

Eu estava assustada demais para responder, ainda que com um leve movimento de cabeça. Levei um tapa no rosto.

"Responda!"

Eu balancei a cabeça afirmativamente.

"Você é uma garota muito esperta, não é mesmo? Se aproveitou do Pattz para fisgá-lo, quando ele estava num momento de carência, não é?"

Eu olhava para ele intrigada. Era por causa do Rob?

Ele olhou para os demais. Então todos tiraram seus capuzes, deixando cair em seus rostos belos cabelos. O que estava à minha frente tinha os cabelos loiros e lisos. Atrás dele, três. O primeiro da direita com cabelos escuros e lisos, o segundo, cabelos loiros e lisos, e o terceiro, cabelo cheio e encaracolado.

Tiraram as jaquetas e eu demorei a acreditar.

Eram mulheres. Lindas mulheres. Garotas, na verdade. Talvez não passassem dos dezenove anos.

A loira que estava à frente se aproximou mais. Desta vez, não usou o aparelho que tornava sua voz metálica. Falou com sua voz feminina e melodiosa.

"Você tornou as coisas mais difíceis pra nós, sabia? Você o roubou de nós. Ele era nosso."

Eu olhei fixamente para cada uma delas. De repente, seus rostos eram familiares. De onde eu as conhecia? Eu não conseguia me lembrar! A loira continuou.

"Você o tirou de nós. Depois, ficou com ele só pra você. Agora, ele só tem olhos para você."

Eu ainda vasculhava em minha mente, procurando os rostos daquelas garotas.

De repente, um clique.

Eu me lembrava delas, de cada uma delas. Elas estavam na boate MyHouse, quando eu e Rob conversamos da primeira vez. Elas o estavam abordando, pedindo fotos e autógrafos, quando ele as deixou para falar comigo. Depois, quando elas se preparavam para falar com ele novamente, eu o avisei e então, saímos rapidamente.

Eu jamais esqueceria aquele dia.

"Vejo que lembrou-se de nós, garota." Ela viu a compreensão em meus olhos.

"Depois daquele dia, me empenhei para encontrá-la. Eu não podia permitir que você ficasse com o nosso Pattz. Não mesmo. Nos unimos contra você. Foi eu quem espalhou aquele boato na Internet sobre o Rob não ter namorada e ficar sozinho. Eu comprei o acessor dele."

Olhei para as garotas. Sim, elas tinham esse poder. Suas roupas e seus sapatos eram claramente de estilistas famosos, fora os veículos que utilizavam. Provavelmente, moravam em Beverly Hills.

"Quase deu certo, não é garotas?" As outras moças sorriram. "Eu estava no aeroporto, vendo você ir embora. Foi a melhor coisa que vi. Você estava decepcionada, e era isso o que eu queria. Mas ele apareceu a tempo. Eu estava torcendo para que quando ele chegasse você já tivesse partido. Ele foi muito rápido. E você também. Rápida em perdoar!"

Ela parecia enraivecida agora.

"Eu segui você em todos os lugares. Fui eu quem tirei fotos de vocês juntos na partida no aeroporto, quando você voltou ao Brasil. E eu vendi essas fotos para seu amado, o nosso Pattz."

Como? O Rob comprou delas as fotos? Como assim? Ela deve ter visto o alarme em meus olhos, pois caíra na gargalhada. Era assustadora.

"Eu o vendi as fotos via internet. Ele não sabia quem eu era. Eu queria que ele visse que a história ia vazar de qualquer jeito. Eu pensei que ele estava comprando as fotos para evitar que elas fossem publicadas. Pensei que ele tomaria uma atitude, que se afastaria de você, agora que você estava no Brasil."

Ela parecia atordoada. Nem parecia mais me olhar. Era como se contasse a história para si mesma.

"Que nada. Ele mesmo publicou as fotos. E com isso, ele tornou você a namorada dele oficialmente. E você ficou famosa. Agora, o Pattz não pertencia a mais ninguém, a não ser a você mesma."

Agora ela me olhava furiosamente.

"Eu fui até o Brasil, pessoalmente, para ver quem era você."

Eu me lembrei. O motoqueiro me seguindo pelas ruas. Era ela, não um fotógrafo ou curioso qualquer. Subitamente, fiquei ainda mais apavorada.

"E então eu decidi. O Pattz não ia deixar você. Eu entendi o que ele queria. Queria que você voltasse pra ele. Eu rastreei algumas coisas que ele havia feito nos últimos dias. Notei a compra de um imóvel em Hollywood, contratação de decorador, a compra das suas passagens e das passagens de seus amigos. Ele queria você lá. Então, era lá que eu estaria. Pronta."

Ela planejou tudo. E o que ela faria agora? Como que lendo meus pensamentos, ela respondeu.

"Agora, ele vai vir aqui. Não se preocupe. Ele virá espontaneamente. Ele já sabe o que aconteceu com você. Mas vamos tornar as coisas ainda mais difíceis pra ele. Vamos ver se ele vai se interessar por você quando a vir."

Sem dizer mais nada, me jogaram no chão e me desferiram golpes, um atrás do outro. Eram em sua maioria tapas, puxões de cabelos e chutes, estes últimos sempre em meu tórax, me deixando sem ar. Eu não podia me defender, pois estava amarrada e amordaçada. Meu rosto ardia, minha cabeça doía. Senti um estalo e uma dor aguda. Uma costela quebrada.

Não sei quanto tempo isso durou. Eu já estava cansada demais para perceber esse tipo de coisa. Então, elas me levantaram pelos cabelos, com cadeira e tudo, para me deixarem sentada. A loira alta veio com uma grande tesoura.

"Hora do cabeleireiro..."

E então, começaram a divertir-se cortando meu cabelo, jogando minhas mechas no chão e pisando nelas com nojo. Cortavam de forma irregular, cada uma cortava um pouco. Em alguns pontos, o cabelo ficou tão curto que estava rente com o couro cabeludo. Em outras, elas deixaram mais comprido.

Elas queriam acabar com minha aparência? Era só isso? Eu estava morrendo de medo que elas acabassem com minha vida. Mas elas só queriam me deixar feia, abatida, machucada. Para o Rob não me querer mais.

Um motivo bem infantil, eu diria.

Olhei para elas novamente. Patricinhas. Para elas, a aparência era tudo. Eu na verdade não conhecia esse tipo de gente. Para mim, era tudo coisa de filmes. Mas elas estavam ali, na minha frente, fazendo aquilo comigo. Era real demais. Elas estavam doentes.

Vi ali uma pequena chance. Uma chance de destruir aquele fã clube psicopata.


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