À hora marcada, eu estava lá. O Aquarium estava às escuras, e não havia ninguém por perto àquela hora. Apenas o vigilante circulava e me observava. Estacionei o meu carro a uma distância segura e fiquei dentro dele, aguardando.

Não demorou mais que alguns poucos minutos. Um sedã preto de vidros escuros estacionou ao meu lado e a porta traseira se abriu. De dentro, novamente uma voz metálica me ordenou que entrasse. Saí do meu carro e entrei naquele outro, e não sabia se voltaria.

Havia duas pessoas lá dentro. Uma dirigia, e a outra estava ao meu lado, no banco de trás. Eu não podia ver seus rostos, pois estava escuro e, ao que me parecia, estavam cobertos por algum tipo de capuz. Usavam jaquetas pretas largas e, o que estava ao volante, segurava um pequeno aparelho. Um modificador de voz.

A viagem transcorreu em silêncio. Fomos para o oeste da cidade, e seguimos para uma parte mais erma, com poucas casas. E num casebre sem vizinhos, o carro estacionou.

O que estava ao meu lado me empurrou para descer, descendo em seguida. O outro já estava do lado de fora, me aguardando, arma em punho. A única coisa que eu queria era que tudo estivesse bem com ela. Se ela estivesse bem, eu estaria bem, e só. Eu pediria que eles a libertassem.

Fui conduzido à porta dos fundos do casebre. Três batidas, e ela se abriu. Outro deles, vestido igualmente, apareceu e abriu passagem para que nós entrássemos. A casa estava às escuras, e demorou para que meus olhos se acostumassem e pudessem ver os contornos da minha amada, amarrada numa cadeira, amordaçada.

Corri para ela e não fui impedido de fazê-lo. Me ajoelhei diante dela e pude ver o seu rosto, através da luz de uma pequena vela, numa mesinha próxima à parede.

Ela tinha marcas. Ela havia apanhado. Mas não eram socos fortes, eu podia ver. Eram tapas. Ela tinha vergões vermelhos na face e nos braços. Seus cabelos estavam emaranhados e mais curtos, pois o cortaram desigualmente em vários pontos. Ela respirava com dificuldade; sempre que inspirava, dava um gemido abafado. Aqueles sons cortavam meu coração.

Olhei em seus olhos, que estavam apavorados.

"Meu Deus! Meu amor, o que fizeram com você?"