Entre Anjos e Demônios escrita por Kmyla


Capítulo 2
O primeiro dia de aula


Notas iniciais do capítulo

É o priemiro dia de aula. Mily acha que será o dia mais dificil da vida dela, mas ela estava enganada. Ela muda seus conceitos assim que conhece Frederick Spacey e seus irmãos.



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Ouvi o barulho de longe do meu despertador, rapidamente levantei e olhei as horas, 7 horas da manhã. Droga eu queria adiar esse dia para sempre. Olhei pela janela para ver o tempo, estava meio nublado e estava chuviscando, decidi colocar uma roupa de meia estação, coloquei meu tênis marrom inseparável e minha calça jeans, fiquei em duvida na blusa e acabei colocando uma blusa branca com botões na frente e um suéter por cima marrom, alisei a gola da blusa branca e coloquei-a para fora do suéter. Desci para tomar meu café, Greg já havia saído e apenas deixou um bilhete na geladeira desejando boa sorte na escola. Ele estava querendo fazer uma piadinha como sempre. Comi meu cereal bem devagar, queria chegar à escola em cima da hora e assim eu não precisaria conversar com ninguém. Ao terminar lavei a louça, subi para o banheiro, escovei meus cabelos e meus dentes. Fui ao meu quarto e peguei minha mochila e enfiei meus cadernos e minha bolsinha cheia de lápis e canetas. Eu estava pronta, andei pelo corredor bem devagar. Parei em frente à porta da sala, no momento que eu a abrisse eu teria que ser outra pessoa, fingir que estava feliz com a volta as aulas. Mas eu nunca menti muito bem e percebi que isso seria uma dificuldade, se as pessoas notassem que eu não estava gostando do primeiro dia de aula iriam perguntar por que e fazer uma série de perguntas igual a um interrogatório, eu não estava preparada para isso. Eu não queria responder o porquê de odiar aquele primeiro dia e para dizer a verdade nem eu sei o que me incomoda, não sei se são as pessoas ou se o fato de que é a primeira vez que eu ia a meu primeiro dia de aula sem a minha mãe. Esta sendo difícil sem ela e eu preciso ser forte para suportar.

-Calma Mily. – Eu disse a mim mesma. – É só um dia como outro qualquer.

Mas infelizmente não é um dia qualquer, é o dia que mais irei mentir na minha vida. Vou dizer que as férias foram ótimas, que conheci várias pessoas, e que não poderia ter sido melhor. Droga detesto mentir. Mas eu precisava sair, não podia ficar parada ali para sempre. Suspirei e abri a porta, o vento estava muito gelado e corri até meu carro. Entrei na cabine e liguei o carro. Dirigi sem pensar na escola, só pensava na hora de ir embora. Eu nem havia chegado à escola e já estava pensando em ir embora.

Estacionei minha picape perto do carro de Bob Hill, reconheceria aquela Van laranjada em qualquer lugar. O estacionamento estava lotado, sai de minha picape e fui andando calmamente até a entrada da escola. Ouvi meu nome em uma voz feminina, eu sabia de quem era a voz, era a voz de Anne, fingi que não ouvi e continuei andando ouvi meu nome mais uma vez, mas desta vez mais perto e senti uma mão tocar meu ombro, fiz uma cara feia e virei para vê-la. Era Anne Huston como eu havia pensado.

-Que saudades Mily, você sumiu nessas férias. – Ela disse sorrindo. Ela estava diferente. Mais bronzeada, seus cabelos castanhos mais claros que o meu estavam mais curtos, na altura do ombro e ela tinha uma franja, realmente ela mudou muito nesse verão. – Gostou do meu novo visual? Eu estava precisando mudar. Mas vejo que você não mudou nada.

Realmente eu não mudei nada, continuava a mesma menina morena clara dos cabelos castanhos ondulados de sempre, que nunca engordava ou emagrecia, que continuava com um estilo discreto e para não deixar a franja que batia no nariz cair nos olhos usava o mesmo arco preto que ganhou da mãe quando tinha 13 anos. Me senti inferior nesse momento, eu devia ter ficado em casa para evitar essa tortura, agora eu lembrei direito porque estava odiando aquele dia, porque todos estavam diferente e eu era a mesma de sempre.

- Você ficou linda Anne, nem parece a minha amiga. – Eu disse amiga? Droga ela não é minha amiga, era só uma conhecida. – É não mudei muito, você me conhece, gosto de ser assim. Você foi à praia, não foi?

Estávamos entrando no prédio para ver quais aulas teríamos no quadro de anúncios no refeitório da escola.

-Fui sim. Fui a Los Angeles, lá é lindo, quem sabe você não vá comigo na próxima vez?

-É quem sabe, pode ser legal.

Desviei meu olhar dela e comecei a procurar minha série no quadro, era o último ano, o terceiro. Peguei minha agenda e comecei a anotar o meu horário, Anne fez o mesmo. Minha primeira aula é de ensino religioso, a segunda de biologia, a terceira de história, a quarta de literatura, e a última de educação física. Anne estava na minha turma de ensino religioso. Ela ficou feliz em ter alguém conhecido para conversar, eu fiquei furiosa era muita má sorte, ela não me daria sossego.

Fomos nós duas para a sala da senhora Catherine Campbell. Ensino religioso, de novo essa matéria estava no meu horário só que com uma professora diferente. Detesto essa matéria, eu não sou muito religiosa nem meu pai, nós dizemos que somos católicos só que há anos não vamos a uma igreja, mas minha mãe sabe a Bíblia de cor e me obrigou a saber. Também eu sei alguns textos, mas não gosto de pensar na questão da religião, é muito complexa. Minha mãe me ensinou tudo o que sei e já acho bastante coisa e agora essa matéria de religião que não saia do meu horário. Meu azar só aumentava.

A sala já estava cheia, fiquei feliz ao perceber que havia três carteiras sobrando, mas duas estavam juntas e a outra do outro lado da sala, pensei em sentar na cadeira distante, mas a senhora Campbell colocou Anne sentada lá talvez porque ao nos ver entrando juntas adivinhara que nós íamos ficar conversando durante a aula. Nós não, a Anne conversaria durante a aula. Anne fez uma cara feia por sentar perto de um grupo que ela não gostava, eram os nerds, ela conhecia todos da sala, mas ficou em um lado não muito privilegiado para quem quer tentar ser popular na escola. Sentei em uma das duas carteiras e fiquei pensando em quem se sentaria do meu lado. A aula começou e a senhora Campbell pediu para que nós nos apresentássemos um por um, mas todos nós já nos conhecíamos, pois éramos a mesma turma do ano passado, mas ela era a professora nova e precisava conhecer os alunos. Quando terminamos ela começou a aula dizendo que queria saber mais da gente, e disse que faria uma pergunta intrigante e que todos deveriam responder.

- Meus queridos, quero que me respondam: Vocês acreditam no céu e no inferno?

Merda.

Essa era um tipo de pergunta que eu não estava com vontade de responder. Ela começou pelo lado direito, o lado de Anne e eu estava na segunda fileira da esquerda para a direita, se eu tivesse sorte a aula acabaria e eu não precisaria responder. Mas eu nunca tinha essa sorte. Infelizmente o pessoal da minha turma estava respondendo rápido demais. Só diziam que sim e que o motivo é que aprenderam que existia. Eu não queria mentir e eu não iria. Eu iria responder a minha opinião, doa a quem doer. Eu nunca acreditei no inferno e nunca acreditei que se alguém morresse iria para o céu. Essa seria minha resposta, estava decidida. Faltando apenas a menina da minha frente para responder, alguém bateu na porta. Senhora Campbell foi abri-la e eu só ouvi uma voz masculina terrivelmente perfeita parecia um canto de sereia, todos ficaram impressionados com a voz. Mas eu não consegui ver o dono da voz porque a porta atrapalhava.

- Bom dia senhora Campbell, desculpe meu atraso, eu sou novo aqui e acabei me perdendo na escola, se importa se eu entrar mesmo atrasado?

-É claro que não meu jovem. Entre.

Ele entrou na sala e eu fiquei pasma com a elegância do andar dele, ele era totalmente diferente dos outros meninos. Ele tinha algo mais. Ele era musculoso, um pouco pálido, seus cabelos pretos estavam perfeitos em um corte desajeitado, seus cabelos eram meios curtos e desalinhados, mas estavam em perfeita harmonia.

Ele veio em minha direção, pensei que ele iria falar comigo, mas foi ai que me lembrei que ele só estava sentando na carteira ao lado da minha. Eu olhei para ele hipnotizada e ele sorriu para mim, eu fiquei com muita vergonha, mas não conseguia tirar os olhos dele. Ele se virou para a senhora Campbell respondendo uma pergunta que eu não ouvi, mas deduzi pela resposta.

- Meu nome é Frederick Spacey. Vim de San Diego.

-Muito bem Frederick seja bem-vindo. Eu estou fazendo uma pergunta aos seus colegas de classe e quando chegar à sua vez quero que responda com toda a sinceridade. Se você acredita no céu e no inferno. Continuando, Jennifer Dunn me responda, você acredita no céu e no inferno? E porque você acredita?

-Acredito. Meus pais me ensinaram assim e eu me harmonizo com as crenças deles.

-Emily Skander. – Disse a senhora Campbell. – Sua vez.

Eu tremi e me encolhi. Mas precisava responder, respirei fundo e olhei para o menino novo ele estava indiferente olhando para a Senhora Campbell, deve ter imaginado que eu responderia a mesma coisa que a Jennifer.

-Bem senhora Campbell eu não acredito. – Todos me olharam pasmos, e até Leonard, o menino novo me olhou com um ar de curiosidade. – O inferno que as pessoas conhecem é algo criado por humanos, antes de Dante escrever a Divina Comédia, ninguém sabia como era o inferno e muito menos se tinha fogo e enxofre. Foi Dante que inventou tudo. Depois dele pintores pintaram quadros representando esse inferno, foi ai que as pessoas começaram a acreditar em demônios com chifres, rabos e com um tridente na mão. Não acredito que o inferno exista, mas acredito que demônios existam, mas não com chifres e essas coisas, acredito que eles sejam como os anjos que vivem no céu e que não foram expulsos de lá.

-Emily irei respeitar a sua opinião, mas quanto o céu, você acredita?

-Acredito, mas não acredito que as pessoas morram e vão para o céu, acredito que elas ficam nas sepulturas, como se tivessem dormindo.

-Então você não acredita em Deus?

- Eu não disse isso senhora Campbell. Eu disse que não acreditava no inferno e que as almas das pessoas fossem para o céu. Eu acredito em Deus e em Lúcifer e sei que eles têm grande influencia na Terra.

-Ah entendi. Você acredita em Deus e no seu inimigo, mas não acredita que exista uma moradia para Satanás e Deus.

-Em certa parte isto está certo. Eu acredito que Deus more no céu, mas não acredito que Lúcifer more em um lugar debaixo da Terra, no inferno.

-Então você acha que ele mora aonde?

-Minha mãe sempre me obrigou a decorar textos da Bíblia e em Apocalipse 12:12 explica que Lúcifer foi lançado para a vizinhança da Terra, mostrando minha opinião. Eu acho que se ele “mora” em algum lugar, e esse lugar é bem aqui na Terra.

Todos ficaram chocados com meu pequeno discurso de minhas crenças, até eu me surpreendi. Nunca falei abertamente de minhas crenças assim. E Frederick Spacey não tirava o olho de mim, ele parecia que estava me rondando, como se lesse minha mente. Olhei para ele dando um sorriso e fiquei esperando ele retribuir o sorriso, mas ele não fez isso. Ele simplesmente ficou sério e virou para frente, olhando para o quadro atrás da senhora Campbell.

-Emily sua resposta foi à única até agora contra, e a que mais me satisfaz. Gostei que você se expressou e não irei questioná-la, espero que continue assim.

Senhora Campbell perguntou ao resto de minha fileira e eu estava ansiosa para que chegasse a Frederick, queria o ver fazer melhor. Garoto estranho. Finalmente senhora Campbell chegou na vez dele.

- Frederick Spacey?

- Eu tenho a mesma opinião que a Emily. Sem tirar nem por.

Ele disse de um jeito tão indiferente que pareceu que eu levei um choque ao ouvir meu nome sair da boca perfeita dele. Ele sabia meu nome, eu estava feliz com aquilo, só porque ele sabia meu nome. Olhei para ele com cara de assustada e ele apenas piscou para mim, me fazendo derreter naquela hora.

- Senhora Campbell eu aprendi minhas crenças com meu pai e são as mesmas da Emily, não acredito que exista o inferno, acredito que o Diabo mora aqui na Terra. E também acredito que Deus mora no céu, mas é só ele e seus anjos. Humanos não podem entrar no céu.

- Vocês dois estão dando um show com suas opiniões. Bem, eu estava planejando que essa turma fizesse um trabalho em dupla e como vocês dois tem a mesma opinião irão fazer juntos. – Ela apontou para mim e Frederick. - E o restante da sala pode escolher um colega. O tema do trabalho é as crenças de diferentes religiões. A dupla deve escrever seu nome em um papel e me entregar. Rápido jovens, preciso disso para hoje.

Olhei para Anne e percebi que ela não gostou nem um pouco da idéia, mas ela estava sendo convidada para ser par de Jack Crofton, um dos garotos mais lindos da turma e o garoto que ela sempre foi apaixonada, ele era alto e musculoso visto que era o artilheiro do time de futebol da escola usava sempre o cabelo com gel em um moicano que eu achava perfeito para seus cabelos castanhos. Agora ela não estava com raiva, seu sorriso de orelha a orelha era visto por todos na sala. Não seria difícil adivinhar que ela aceitou o convite. A sala estava uma falação total. Mas eu consegui ouvir aquela linda voz que se direcionava a mim. Virei em direção da voz, era como se eu a conhecia há muito tempo e que poderia reconhecê-la em qualquer lugar.

-E ai parceira. Acho que vamos ter que fazer um trabalho juntos. Eu já escrevi meu nome no papel só falta o seu.

-Ah, meu nome é Emily com um L e Y no final e meu sobrenome é Skander. È S-K-A-N-D-E-R, Skander.

- Muito obrigado, vou entregar o papel a senhora Campbell e já volto.

Ele foi muito rápido, apenas entregou o papel e se virou para voltar à carteira dele. Ele se sentou e quando eu abri a boca para falar com ele a senhora Campbell começou a falar e ele se virou para dar atenção ao o que ela dizia.

-Bem turma, hoje é segunda e vocês terão alguns dias para fazer esse trabalho. Deveram-me entregar na quinta. Sem falta.

Ela acabou a frase e o sino bateu. Peguei minha bolsa ao notar que Anne estava saindo, mas ela estava saindo com Jack então achei melhor esperar ela sair para poder ir para a aula de biologia. Eu havia esquecido o garoto novo até que ele bateu em minhas costas, me virei e sentei em minha carteira, ver o rosto dele me fazia ficar com as pernas tremendo, eu não queria cair na frente dele.

- Me desculpe, eu não fui muito educado ao me esquecer de me apresentar, sou Frederick Spacey. E você deve é a Emily com um L e Y no final. - Ele sorriu com um ar de debochado.

-È isso mesmo, às vezes as pessoas tem o costume de escrever Emily com dois L e com o I no final. Mas pode me chamar de Mily, eu prefiro assim.

- Acho que essa professora não sabe que você gosta que te chamem de Mily.

-È ela não sabe, mas para os professores eu não ligo.

Levantei nesse instante, eu ia chegar atrasada, mas se eu pudesse, eu ficaria ali admirando aquela figura linda para sempre.

- Precisamos combinar os horários e os locais do nosso trabalho, podemos conversar na hora do intervalo.

-É claro que podemos, sua aula é de que agora?

Ele pegou um papel no bolso de sua blusa de frio azul marinho, e percebi que ele se vestia impecavelmente bem, estava de calça jeans escuras, e sua blusa de baixo era uma blusa tipo pólo de listras branca e azul escuros.

-Hum. – Disse ele coçando a cabeça. – Tenho aula agora de trigonometria e depois de história. E você?

Peguei a minha agenda, tinha anotado o horário nela.

-Minha aula agora é de biologia e a outra é de história. – Olhei surpresa. Eu tinha mais uma chance de ficar olhando aquele deus grego.

-Que bom, nos encontramos na aula de história então.

E saímos os dois da sala, mas viramos em direções opostas e para meu azar Anne estava me esperando do lado de fora da sala.

-Anne você deveria estar na sala de aula.

-Eu sei, mas fiquei doida para te contar que Jack Crofton me chamou para fazer par com ele no trabalho. Não é demais?

-Nossa isso é muito legal. - Tentei parecer animada, mas estava na verdade doida para ficar sozinha com meus pensamentos.

-Mas acontece que ele me chamou para ficar na hora do intervalo com ele e eu disse a ele que não te deixaria sozinha.

-Não ligue para mim Anne. Eu posso muito bem ficar no intervalo com o Bob, Elizabeth, Nick, Joe, Rose e com a Sthefany. Porque você não o chama para ficar no intervalo conosco?

- Boa idéia Mily. Vou falar com ele. Melhor eu ir, vou me atrasar.

Não foi uma boa idéia, eles iriam ficar de agarração na minha frente, e eu não estou com estômago para isso.

-Também já vou indo.

-E Mily eu vi que você e o garoto novo foram os últimos a sair da sala. Quero explicações depois.

Ela riu e eu apenas retribui com um sorriso sem graça.

- No intervalo nos falamos, até mais Anne.

Fui correndo para a aula de biologia, cheguei primeiro que o professor, pelo visto não era a única atrasada. Sentei em uma carteira desocupada e percebi que Nickolas Duncan e Bob Hill estavam na minha turma. Nick é moreno claro, tem olhos verdes, cabelos ondulados em um corte desregular curto, alguns cachos que se formam ficam balançando ao vento, já Bob é totalmente diferente, ele é meio pálido, tem os cabelos loiros muito lisos e tem uma franja que cai em seus olhos e toda a hora ele balança a cabeça para poder enxergar, era a sua mania.  Como o professor não havia chegado eles foram falar comigo.

-Oi sumida. – Disse Nick. – Esqueceu dos amigos pobres?

-Deixe disso Nick, se você é pobre eu sou uma mendiga.

-Mas você sumiu mesmo, pelo que sei não viajou. – A afirmação de Bob mostrava que ele iria fazer uma série de perguntas.

- Eu viajei para a casa da minha avó em Dakota do Norte. Fiquei lá 3 semanas.

-Dakota do norte deve ser legal.

-Ah Bob lá é interessante de se viver, mas eu prefiro morar aqui mesmo.

-Que bom que você pensa assim, como seria nossa escola sem você?

-Nick ela seria a mesma. – Fiz uma careta para ele.

- Mas Mily você não mudou nadinha.

Bob tocou em meu ponto fraco.

- Time que está ganhando não se mexe.

-Bob depois dessa acho que você deveria ir para a sua carteira e ficar quietinho.

-Sai fora Nick. - Bob grunhiu.

-Calma gente, isso não foi uma má resposta, foi só uma brincadeira. Eu não mudo nada em mim porque gosto de ser assim.

-Você está certa sabia. Está linda assim.

-Concordo com você Nick.

Corei nessa hora. Estava ficando envergonhada, precisava tirar a atenção de mim.

- Vocês estão ótimos, sabiam? Estão muito charmosos.

-Obrigado. – Disse Nick.

-Valeu Mily, depois dessa minha auto estima está lá em cima.

-Deixa de bobeira Bob, você sempre soube que a maioria das meninas suspiram por você. E você também Nick.

Bob saiu de perto porque foi conversar com um menino que o chamara para conversarem sobre a Van de Bob.

Nick ficou calado, até realmente perceber que Bob não voltaria tão cedo.

-Mas eu queria saber de apenas uma garota, mas tenho medo da reação dela. – Disse Nick olhando para baixo.

-Se essa garota é esperta o bastante, ela vai cair de amor por você no momento que você se declarar.

-Você acha? – Ele deu um sorriso.

-Tenho certeza.

Nick ficou pensativo e sempre olhando para o chão.

-Que tal você sair comigo? Eu sempre quis te levar para jantar.

Epa. Essa não. Será que ele estava sugerindo que essa menina que ele está apaixonado seja eu? Eu não poderia deixar ele triste recusando o pedido, mas também não poderia iludi-lo.

-Claro Nick pode marcar o dia.

-Que tal na sexta?

Estava perto demais, mas eu não podia fugir, se ele viesse com um conversa de amor eu cortava a dele. Ele é um dos meus amigos e só.

-Ótimo.

Nesse momento a professora entrou na sala se desculpando do atraso.

-Mily te pego às sete da noite, está bem?

-Perfeito. – Dei um sorriso sem humor. Não estava certo fazer isso, coitado do Nick.

Ele foi para sua carteira do lado da de Bob e eles passaram a aula toda cochichando e dando umas indiretas. Mas isso não me desconcentrou de Frederick Spacey. Eu iria ficar junto dele mais uma vez. Eu estava ansiosa para que acabasse a aula de biologia. Fiquei pensando no jeito dele, ele tinha um ar de misterioso que me deixava curiosa, queria fazer perguntas a ele, mas eu não tenho intimidade para isso. Teria que esperar. De repente o sino tocou me despedi dos meninos e fui correndo para a aula de história. Fiquei tão apressada que acabei tropeçando em uma mochila no chão e quase que caio de cabeça no chão, se não fosse por um corpo musculoso que me agarrou e me deixou junto dele. Ele estava com os dois braços em volta de mim, eu precisava me virar e ver quem foi meu salvador e senti os lábios nos meus ouvidos e ouvi uma voz angelical sussurrando.

-Aonde é o incêndio?

Não acredito, era Frederick. Era ele que me que tinha me pego. Mas antes ele não estava perto de mim, eu fiquei prestando atenção em todos enquanto corria e tinha certeza que não havia visto ele. Virei-me por um impulso e fiquei cara a cara com ele, ele era mais alto do que eu, então tive que levantar meus pés nas pontinhas dos dedos para chegar aos ouvidos dele. Meu corpo não obedecia minha mente, eu estava com meus lábios nos ouvidos dele. Ele poderia me achar muito ousada, fiquei impressionada comigo mesma ao fazer isso. Esse meu ato poderia ser visto como algo ruim.

-Na sala 108 onde terá uma aula história. -sussurrei - Eu acho que nós estamos atrasados. – Fiquei surpresa quando essas palavras saíram da minha boca, realmente eu estava fora de mim. Mas eu já tinha feito aquilo, olhei para seu rosto, fitando seus olhos, eu estava quase encostando a minha boca na dele. Olhei para baixo tentando entender o que eu estava fazendo e porque eu estava agindo daquele modo, eu estava abraçada com o garoto novo da escola, estava sussurrando em seu ouvido, e eu estava gostando disso.

Voltei a encará-lo, estava tentando entende-lo, ele se enrijeceu e se afastou delicadamente de mim, parecia que estava com medo de algo.

-Você tem razão, estamos atrasados. Se corrermos chegaremos antes que o senhor Frinsson.

Fiquei com medo de ele ter se assustado com a minha reação, mas percebi que ele não tinha dado muita importância quando ele pegou minha mão e me puxou para irmos para a aula de história. Fomos andando em passos largos até a sala do senhor Frinsson, uma coisa muito difícil para mim, ele não tinha problemas com equilíbrio como eu. O senhor Frinsson não havia chegado e isso era muito bom. Frederick sentou do meu lado e ficou me olhando, de novo com aquele olhar curioso.

-Então Mily, você mora há muito tempo por aqui?

Olhei para ele incrédula, tantas coisas para falar e ele pergunta sobre a minha vida.

-Desde que nasci.

-Você tem irmãos? 

- Não, sou filha única. E você?

-Tenho cinco irmãos. Eles também estudam aqui.

-Cinco? – Disse surpresa. – Todos são garotos?

-Não. Tenho dois irmãos e três irmãs. Eu sou mais novo que os meus irmãos e mais velho que minhas três irmãs.  Heath, Leiden, Kathy, Isabel e Marie. – Ele disse indiferente, como se aquilo não importasse, uma coisa que ele sempre repetia.

Ao ouvir os nomes dos irmãos de Frederick comecei a rir, Heath e Leiden são nomes que não se vê hoje em dia. Ele estava sério, e com certeza estava esperando uma explicação.

-Me desculpe, mas Heath e Leiden são nomes raros nos dias de hoje. – Eu por fim me expliquei envergonhada.

-È eu sei, mas eles não ligam para isso. Sabe nossos pais são criativos para nomes. – Ele deu um sorriso meio torto lindo que me hipnotizou. – Continuando, você não dá trabalho para os seus pais. – Isso foi uma afirmação.

- Não, eu sou sempre fui muito sozinha e acabei ficando responsável cedo demais para minha idade. Minha mãe sempre foi um pouco desorientada e meu pai tentava se orientar por ela o que deixava eles totalmente perdidos e acabou que eu é que virei o adulto da casa.

- Então você é que cuida da casa? E sua mãe faz o que? Ela trabalha?

-É sou eu que cuido da casa. Minha mãe mora em Fargo, Dakota do Norte. Ela mora com a minha avó porque se separou do meu pai há uns oito meses, ela trabalha como secretária em uma empresa de automóveis lá. – Comecei a rir, lembrando de minha mãe.

Ele me olhou assustado, pensando que tinha feito ou falado algo errado.

-O que foi?

-Nada demais, acontece que minha mãe é muito desorganizada, e eu não consigo imaginar ela como secretária, lendo todos aqueles documentos e digitando coisas.

-Ah. Então porque você não foi com ela? Porque quis ficar?

-Bem, Lucy tem minha avó em Fargo, e meu pai ficaria sozinho aqui, então decidi ficar por ele. É difícil eu tomar uma decisão, mas quando a tomo vou até o fim.

- Se você acha que seria mais feliz em Fargo deveria ter ido com a sua mãe, Lucy é o nome dela não é? – Ele tinha um olhar de duvida.

-É esse o nome mesmo. Mas se eu fosse meu pai ficaria solitário, e prefiro sacrificar a minha felicidade do que a de Gregory.

-E seu pai, o Gregory, o que acha disso?

-Ele fica com remorso, achando que me sacrifico demais por causa dele, mas ele sabe que eu o amo e faria qualquer coisa por ele.

-Ah. – Foi só isso que ele disse, pensei que ele faria outra pergunta sobre minha infeliz vida, mas ele se virou para frente e pegou um caderno o abrindo na primeira página e escreveu a data no cabeçalho da página. Nessa hora o senhor Frinsson entrou na sala. Era como se Frederick sentisse o senhor Frinsson chegando e se preparou antes mesmo de saber o que o senhor Frinsson falasse o que estava programando para aquele dia.

-Desculpem meu atraso, essa escola está uma zona hoje. Abram seus cadernos e comecem a escrever tudo o que vocês sabem sobre a Grécia antiga, não se esquecendo das duas cidades principais que são Esparta e Atenas, da mitologia grega e de seus filósofos famosos. Quero que entreguem no final da aula e não se esqueçam de escrever seus nomes, a turma e anotar a data.

Fiquei pasma, realmente comecei a achar que Frederick leu a mente do senhor Frinsson, mas poderia ser apenas uma coincidência. Peguei meu caderno e comecei a escrever meu nome e dar inicio a redação.

Estava no meu segundo parágrafo guando olhei para Frederick e percebi que ele não estava escrevendo.

-Você não vai fazer sua redação?

-Já acabei, foi muito fácil. Uma redação totalmente absurda.

Era impressão minha ou ele havia mesmo feito uma redação de cinco páginas em apenas dez minutos? E ele conhecia tanta coisa assim da Grécia antiga? Esse garoto estava me deixando curiosa.

-Estou muito surpresa, eu estou ainda no meu segundo parágrafo e acho que meus conhecimentos da Grécia irão caber em apenas uma página e você já acabou fazendo cinco paginas. Mundo cruel.

Ele sorriu torto.

-Não fique com inveja, eu só fui rápido para escrever e ainda não escrevi tudo o que eu sabia. Não quero me esnobar para o professor no primeiro dia de aula. Mas você consegue terminar isso ainda hoje, bom se você parar de olhar para mim e começar prestar atenção na sua redação.

Ele estava zombando de mim e se vangloriando na minha frente, não podia deixar essa passar fácil.

-Parar de olhar você? Olha aqui Frederick eu apenas estou sendo educada com um novato. Não estou te paquerando se é isso que você acha. E se olho você às vezes não significa que estou te dando mais atenção que tudo.

-Sei. Às vezes. – Ele estava com uma cara de deboche e seus olhos pareciam que saltitavam de alegria.

Era mentira o que eu estava dizendo a ele, eu estava hipnotizada por ele. Mas não podia admitir.

Grunhi para ele. E fiz uma cara de séria.

-Me dê licença porque preciso acabar minha redação.

Virei-me para frente e puxei o lado do meu cabelo para frente, fazendo uma cortina para tampar meu rosto e assim eu evitaria olhar para ele. Continuei minha redação, estava atrasada como sempre. Frederick não se manifestou, mas eu sentia que ele estava me olhando. Eu não queria cair na tentação de olhar para ele.

Terminei minha redação faltando cinco minutos para o intervalo. Ao me levantar para entregar a folha de papel para o senhor Frinsson, Frederick levantou também e estendeu sua mão levemente pálida para mim.

-Deixe que eu leve sua redação.

Fingi que não escutei e continuei andando, ele não fez nada apenas ficou me olhando incrédulo, talvez estivesse pensando que idade mental eu tinha, será 4 ou 5 anos?

Entreguei minha redação, logo em seguida ele veio atrás de mim e entregou a dele. Fiz questão de ignorá-lo ao virar e vê-lo atrás de mim, fui direto para minha carteira. A sala estava muito barulhenta, a maioria havia terminado a redação estava esperando o sinal bater. Frederick me chamou, fingi que não ouvi, sentei em minha cadeira e abaixei a cabeça enfiada nos braços na mesa, não queria olhar para ele. Eu tinha que pelo menos parecer que era difícil e não uma garota fácil.

Senti uma mão passar pela minha cabeça, mexendo em meus cabelos.

-Eu conheço você a apenas duas aulas e já reparei que é muito teimosa. E você pode, por favor, responder quando eu chamar?

Não levantei a cabeça.

-Me deixe em paz, você não percebe que estou tentando evitar olhar para você? Quero prestar atenção nas coisas a minha volta e segundo o que você mesmo me disse eu não consigo tirar os olhos de você e ter atenção com as coisas ao mesmo tempo. – Eu estava fazendo uma voz de sarcasmo, mas isso tinha um fundo de verdade.

-Deixe de bobeira Mily, se o que eu disse te magoou peço minhas sinceras desculpa. Vamos levante a cabeça, eu não mordo.

Levantei minha cabeça devagar e percebi que ele estava a apenas alguns centímetros de mim, eu sentia sua respiração em meu rosto e sentia seu hálito também. Era como se eu estivesse ficado bêbada por causa de seu hálito, demorei uns segundos para começar a raciocinar. Mas ele chegou perto de meus ouvidos e parecia que ia dizer algo.

-Mas tudo aquilo que eu disse é verdade e você sabe que é verdade.

Ele se afastou e ficou me encarando, olhou para o relógio em seu pulso e de repente o sino bateu. Ele se sentou na sua carteira do lado da minha e se virou para mim.

-Acho que agora poderemos falar sobre o trabalho de Ensino religioso. – Ele sorriu. – Qualquer horário está bom para mim.

Eu tentei me organizar rapidamente, me virei para ele e fiz uma cara de séria.

-Que tal amanhã à tarde, depois das cinco. Pode ser na minha casa. Greg não vai ligar.

-Está bem então. Tenho em casa uma enciclopédia e ela fala sobre as principais religiões do mundo, levarei ela.

-Eu posso pesquisar na internet.

-Ótimo. Então chego a sua casa amanhã as cinco da tarde.

-Isso mesmo.

-Deixe-me ir agora, meus irmãos estão me esperando no refeitório e eu não creio que eles fizeram uma amizade logo de cara como eu. Te vejo por ai.

Ele pegou a mochila e os cadernos e saiu pela porta como um furacão. Continuei sentada, pensando em como um garoto lindo daquele fez amizade logo no primeiro dia com uma garota tão idiota como eu. Me levantei, peguei minhas coisas e fui para o refeitório.

Ao chegar ao refeitório não foi difícil procurar meus amigos. Amigos, eu não os considerava como amigos, mas chamava-os assim porque não tinha outra definição mais específica, chamá-los de colegas ou conhecidos parecia que eles distantes de mim e isso não é verdade porque nós nos conhecemos desde o jardim de infância e estudamos na mesma escola desde então.

Fui direto a mesa deles. Bob, Nick, Anne e Jack já estavam comendo. Antes de eu chegar a mesa, apareceram Elizabeth Bolton, Sthefany Brown, Joe Stalin e Rose Sulivan eles estavam chegando aquela hora. Beth é um pouco baixa, de cabelos ruivos e compridos, Fany tem o cabelo cacheado e castanho um pouco abaixo dos ombros, é magra e tem a pela morena clara, Rose é loira dos cabelos lisos e usa óculos tem o corpo mais desenvolvido e por isso tem muitas curvas acentuadas e Joe tem cabelos pretos, lisos e curtos, tem o corpo atlético e é muito bonito. Ao me verem Nick foi o primeiro a se pronunciar.

-Demorou Mily.

Sentei-me em uma cadeira do lado de Rose.

-Que nada, vim direto para cá assim que acabou a aula. Oi Rose, tudo bem?

-Tudo ótimo. E você?

-Estou levando.

Rose se virou para frente e continuou tomando sua Coca.

-Esqueceu de mim? – Joe levantou de sua cadeira e foi me abraçar. – Você sumiu nas férias, fiquei com saudades.

Eu detesto abraços e Joe sabia disso, eu não o repreendi apenas afastei seus braços com delicadeza depois do rápido abraço.

-Sumi nada, eu estava em casa, se quisesse falar mesmo comigo você me visitaria.

-Eu pensei em ir, mas quando eu ligava para avisar que ia a sua casa, você não atendia ao telefone e quando seu pai o atendia dizia que você não estava.

Droga, eu sabia que íamos chegar a esse ponto, eu estava ignorando todos os telefonemas durante as férias e obrigava o meu pai a mentir dizendo que eu não estava em casa. Não tinha explicação, eu não queria admitir que naquelas férias eu estivesse com vontade de ficar só, pensando em como minha vida estava mudando rápido, a separação de meus pais, a mudança de minha mãe para um novo lugar e as responsabilidades que surgiam.

-Desculpe, nessas férias eu estava fazendo muitas caminhadas. Eu saia cedo e voltava tarde. – Menti para Joe, isso não era bom, tomara que ele não perceba que era mentira.

-Ah bom. Então podíamos um dia caminhar por ai, e você pode me mostrar os lugares aonde você foi. – Ele disse me dando um sorriso.

-Está bem. – Eu disse retribuindo o sorriso para ele, esse sorriso era mais de alivio por ele ter acreditado em minha mentira.

Joe voltou e sentou em sua cadeira. Todos estavam falando em como foram às férias. Eu não disse nada, minhas férias foram entediantes demais. Bob se virou para mim.

- Eu vi que você chegou com a S10 do seu pai. Ele te emprestou para você vir hoje?

-Na verdade não Bob. Ele me deu a S10.

-Que bom.

-É maravilhoso, Bob.

-Agora você não precisa pedir carona para ninguém Mily. – Disse Beth com uma cara de deboche.

-É mesmo. – Sorri para ela. – Agora tenho o meu próprio carro.

Lembrei-me de Anne e olhei para a mesa procurando por ela. Ela estava conversando com Jack Crofton como eu supunha. Estava pensando no que eles estavam falando e comecei a encarar Jack, ele virou a cabeça em minha direção e acabamos encontrando com os olhares. Ele sorriu e eu retribui o sorriso. Anne percebeu que nos olhávamos e aproveitou para tocar em um assunto que eu não queria que fosse discutido na frente de todos.

-Então Mily, você conversou com aquele garoto novo? Acho que ai tem coisa.

Nick me olhou com um olhar assustado e Jack logo em seguida fez a mesma cara. Eu corei. Não acredito que tínhamos tornado o novato um assunto para discutirmos. Eu iria cortar aquela conversa e dar um ponto final.

-O novato? Que nada, só iremos fazer um trabalho juntos e nada mais que isso.

-Se você não quer nada com ele eu não sei, mas ele se derreteu por você. Ele não tirou os olhos de você desde que você entrou no refeitório. Pode olhar para a mesa dele agora, ele não está olhando, está conversando com um grupo.

Olhei para Anne e ela estava olhando para outro lugar, segui seu olhar e me deparei com a mesa dos Spacey, fiquei pasma com a beleza deles. Os seis jovens estavam sentados e não comiam nada. Em cima da mesa alguns cadernos e uma bolsa de couro preta que parecia pertencer a uma das meninas. Eles eram lindos. Um era forte e muito musculoso com cabelos curtos e pretos, o outro tinha o cabelo de um tom de loiro meio escuro e tinha o cabelo parecido com de anjo, todo enroladinho e com os fios um pouco curtos, ele era musculoso, mas não tanto quanto o primeiro, uma das meninas tinha os cabelos castanhos, cortados na altura dos ombros, lisos e em um corte reto e com uma franja de lado que estava à altura dos olhos, tinha o corpo perfeito dentro de um vestido branco e uma blusa de frio bege que invejaria qualquer uma, a segunda era loira com a raiz em um tom de loiro um pouco mais escuro, seus cabelos chegavam à cintura e eram um pouco ondulados, ela vestia uma calça jeans muito apertada que acentuava suas curvas, que por sinal eram perfeitas, seu suéter caramelo ajudava na combinação de suas roupas, a última era risonha, também tinha o corpo escultural, seus cabelos batiam nas costas, mas não chegavam a sua cintura, eram castanhos e lisos, ela usava uma saia que batia um pouco acima dos joelhos e um suéter, era magra como as outras e parecia ter um ar angelical. Sentado junto deles estava Frederick. Ele estava me encarando, mas só percebi isso quando consegui desviar meus olhos de seus irmãos e finalmente olhar ele. Ele sorriu para mim. Virei meu rosto constrangida, eu não estava entendendo essa reação, olhei para ele de novo e ele estava olhando para outro lugar, e eu podia apenas ver seu rosto de lado, mas eu podia ver que ele estava sorrindo, sua bochecha estava levemente levantada. A conversa não parou na mesa onde eu estava.

-Mas então Mily, ele tem chances? – Perguntou Anne.

-Eu já disse que não tenho nada com ele. Ele agora é um amigo para mim.

-Mas ainda não respondeu minha pergunta.

Corei ainda mais nessa hora, teria que mentir de novo. Quando abri a boca para falar que ele não tinha a mínima chance, Sthefany ou Fany como nós todos a chamávamos se pronunciou pela primeira vez.

-Anne deixe de ser inconveniente, isto não lhe interessa.

-Mas eu só queria saber.

-Mas nada Anne, não seja pertinente.

Não estava acreditando que Fany estava me defendendo, um milagre. Fany era a única que não conversava muito comigo.

-Olha Anne eu não sei se ele tem chances porque ainda não o conheço bem.

-Está bem Mily, você não precisa se explicar. – Disse ela.

-Mas quero para ninguém achar que tenho algo com o novato. – Eu tinha que chamar ele assim, se não poderiam pensar que já tinha me virado intima dele.

Nick estava com um olhar aliviado.

-Mas eles parecem de outro mundo. – Disse Beth. – Eles são lindos demais.

Eu precisava concordar com ela, eles realmente eram perfeitos.

-Eu sou mais eu. – Disse Nick com raiva. – Eles são estranhos e muito calados, dois estão na minha turma de química. A loira do cabelo cumprido e o outro loiro do cabelo enrolado. O nome deles são Leiden e Isabel. É estranho o nome do garoto. Leiden nunca ouvi falar. Mas quais dos três estão te paquerando Mily?

-Nenhum está me paquerando. – Eu disse em um tom de autoridade. – Frederick é apenas um garoto que vai fazer um trabalho comigo.

-Ele é o altão ou o de cabelo espetado? – Nick perguntou.

-O de cabelo espetado. – Disse Anne.

-Esse de cabelo espetado, o Frederick está na minha turma de trigonometria. – Disse Fany. – Ele é bastante inteligente.

-É eu sei Fany, ele está na minha turma de ensino religioso e história. Ele fez uma redação de cinco páginas sobre a Grécia antiga em apenas dez minutos.

-Ele deve ser um nerd, você não acha Rose? – Disse Bob.

-Claro que não, eu acho que alguém que mostra todo seu intelecto é uma pessoa muito atraente.

-Pois é Bob, para você conseguir conquistar a Rose vai ter que nascer de novo. – Joe disse isso e todos menos Bob e Rose começaram a rir. Bob sempre foi apaixonado por Rose.

-Não seja bobo Joe, odiei seu comentário. – Disse Rose.

Bob deu um sorriso breve, ele percebeu que Rose tinha uma quedinha por ele.

-Odiou? Então acho que Bob tem chances.

Rose deu um sorriso para Bob e depois se virou para Joe.

-Quem sabe o dia de amanhã?

-Bob, meu amigo, você está com a sorte grande.

-Cale a boca Nick, se eu fosse você se preocupava com o seu encontro com a Mily.

Olhei para Bob assustada, eu não queria que ninguém soubesse disso. E todos estavam olhando para mim e Nick, deu vontade de sumir. Desviei o olhar para a mesa dos Spacey e Frederick estava me encarando com uma cara de assustado, como se ele estivesse ouvindo nossa conversa. Ele se virou rapidamente para seus irmãos e eu me virei para a minha mesa para encarar meus amigos. Eu pressentia um interrogatório da parte deles.

-Vocês irão a um encontro juntos? – perguntou Anne.

-Não é um encontro, é mais um jantar para conversarmos, não é Nick?

-É apenas um jantar de amigos. – Eu sabia que Nick disse isso para não forçar muito a barra, mas ele estava doido para falar que esse jantar para ele era algo mais.

-Pois é, o novato perdeu a chance dele. – Joe disse isso e começou a rir.

-Vamos começar com esse assunto de novo? – Eu enrijeci e fiz cara de séria. –Vocês ficam falando mal deles sem conhecê-los. Eu não gosto disso, não gosto que falem mal deles. Eles não podem se defender. Se vocês continuarem falando mal deles eu vou embora. Esse assunto já acabou.

-Na verdade não acabou. Eu sei que você não gosta que falemos mal deles, mas eu quero saber mais desse novato. Eles são todos irmãos? – Bob apontou para a mesa deles.

-Ouvi dizer que sim. É estranho porque eles são os únicos novatos da escola e poucas pessoas mostraram interesses por eles. Geralmente as pessoas vão atrás dos novatos para conhecer eles, mas com eles é diferente. A maioria fica intimidado com eles, eu fiquei. – Admitiu Beth. – As duas meninas morenas estão na minha turma de geografia, a de cabelo curto se chama Kathy e a de cabelo um pouco mais comprido se chama Marie.

Eu estava odiando aquela conversa, entravamos em um assunto ruim e quando a conversa tomava outro rumo caia em um assunto ainda pior. Eu estava zonza só de pensar que conversamos muitas coisas em apenas alguns minutos.

-Aquele grandão está na minha turma de física avançada. Ele se chama Heath e é muito inteligente. Acho que todos são. Mas esse nome é muito diferente. Parece nome de loja de conveniência na Suécia. – Joe disse isso com um pouco de raiva, ele não gostava de achar qualidades em outras pessoas que ele queria ter. Todos riram do que Joe disse menos eu.

-Deixe de ser implicante Joe. Imagine se fosse você no lugar desse Heath, gostaria que as pessoas rissem do seu nome? Acho que não. – Grunhi para ele.

Joe ficou sem graça. Ele era o engraçadinho da turma e quando alguém o repreendia ele sempre se sentia sem chão. Foi preciso dizer aquilo a ele. Eu não gostava que eles zombassem das pessoas sem elas poderem se defender.

-Hoje você pegou no meu pé defendendo os novatos.

-Defendo mesmo. – Fechei a cara para Joe e fiquei olhando para baixo. Até que uma voz diferente se pronunciou.

-Mas são mesmo nomes diferentes. Esse Leiden está na minha turma de geometria avançada e quando alguns riram de seu nome ele apenas se mostrou indiferente e isso intimidou a todos porque ele ficou com um ar de grandeza. Foi muito estranho.

Quando Jack terminou de dizer isso todos olharam para ele, era a primeira vez que ele falava com a gente, não naquele dia, mas na vida. Ele sempre ficou com a turma dele. Tínhamos até esquecido que ele estava ali conosco. Anne deu um sorriso, ela gostou que reparássemos nele e isso bastou para Joe pegasse no pé de Jack.

-Até que enfim você disse algo Jack. Mas também achei todos estranhos. Mas vamos deixar eles de lado e vamos falar sobre o encontro de Mily com Nick.

- Joe pare com isso. Você não gostaria que discutíssemos sobre seu encontro com a Fany no sábado, gostaria? – Disse Beth.

Todos ficaram espantados, era incrível como que no primeiro dia de aula, nossa turma já estava formando casais. Rose com Bob, Fany e Joe, Jack e Anne e infelizmente eu com Nick. Beth estava sobrando, se ela pudesse trocar de lugar comigo na sexta, eu a deixaria ir com Nick no jantar. Droga, porque eu aceitei sair com Nick? Se arrependimento matasse eu estaria morta.

-Beth sua linguaruda, estávamos esperando a hora certa para falar com todos. – Fany estava furiosa.

-Desculpa amiga, mas Joe me dá nos nervos às vezes. Saiu sem querer.

-Pois é Joe, só falta o Bob marcar um encontro com Rose no sábado também. O que você acha Bob.

-Rose não vai querer Nick. – Bob olhou para Rose com um olhar de esperança.

-Ai que você se engana, que tal você me pegar as 7?

Bob foi para trás de Rose e colocou a mão dele em cima dos ombros dela.

-Feito, vamos jantar em um restaurante magnífico.

-Pelo visto eu sobrei.

-Não fique triste Beth, eu também não tenho um encontro. – Anne disse isso e olhou para Jack.

-Jack isso foi uma indireta se você não percebeu. – Disse Nick, pegando sua cadeira e se sentando do meu lado, perto de mais para meu gosto.

-Nick não seja indiscreto. – Sibilei. – Não é problema seu sabia?

-Eu ia chegar nessa parte. E ai Anne vamos aproveitar a epidemia de encontros e sair na sexta? Podemos ir ao cinema.

-É claro que podemos sair. – Anne estava tão feliz que sua pele bronzeada ficou vermelha.

-Pronto, agora eu sobrei mesmo.

-Beth irei arranjar um encontro para você.

-É claro que não Fany, isso é o cúmulo da solidão. Se eu quiser um encontro eu mesmo arrumo.

-Está bem.

Todos continuaram falando dos encontros, odiei o rumo daquela conversa. Olhei de novo para a mesa de Frederick e agora estavam apenas ele e seus dois irmãos, não havia notado que as meninas haviam saído. Frederick olhou para mim e seus irmãos também, sorri meio envergonhada, ele não sorriu continuou sério, apenas um sorriu, o Heath. Frederick se virou e continuou conversando com eles. De repente Frederick deu um murro na mesa e se levantou bruscamente, deu uma última olhada para mim com uma expressão no rosto de tristeza. Saiu do refeitório quase correndo. Voltei meu olhar para a mesa dos Spacey e agora quem me encarava era Leiden, e ele tinha um olhar diferente, um olhar curioso. Ele se desviou do meu olhar e se virou para continuar conversando com Heath, me virei para minha mesa eu estava parecendo uma intrometida nos assuntos deles.

O sinal tocou, todos nos levantamos.

-Quem tem história agora? – perguntou Joe.

-Eu tenho. – Respondeu Beth.

-Eu também. – Respondeu Rose.

-Então vamos para a sala juntos. – Ao dizer isso Joe saiu com as meninas.

-Eu já vou indo, não quero me atrasar para aula de literatura. Até mais gente. – Peguei minha mochila e já ia andando em direção ao corredor.

-Espere Mily, também tenho literatura agora. – Disse Jack. Anne fez uma cara feia.

-Então vamos logo.

Eu e Jack íamos saindo juntos quando Anne chamou Jack.

-Jack. Te encontro depois da aula.

-Claro. No estacionamento.

Ficaram Nick, Anne, Bob e Fany. Eles tinham aula de teatro. Ficaram juntos pelo menos. Mas já estava me arrependendo de ter aceitado ir para a sala com Jack, não tínhamos assunto. Até que ele abriu a boca e começou a falar.

-E então, você está namorando o Nick?

Parei de andar, parecia que eu tinha levado um grande choque porque meu corpo congelou completamente. Ele também parou, reorganizei minhas idéias e comecei a andar de novo, ele me seguiu.

-Claro que não, ele é só um amigo. – Não entendida porque Jack estava me perguntando isso.

-Ah, é só amizade mesmo?

-É. Apenas amizade.

-Hum, e aquela história do novato, também não é nada demais, não é?

Eu tremi. O que ele estava querendo com essas perguntas?

-Não é nada. É só um garoto novo fazendo amizades.

Chegamos à sala, Jack sentou na minha frente se virou para trás e parecia que iria fazer outra pergunta indiscreta.

-Então você está solteira?

-É o que parece.

-Olha um amigo meu, o Brian, vai fazer uma festa na casa dele daqui duas semanas e eu estava pensando se você poderia ir comigo.

Não acredito que ele estava me convidando para sair, isso era algo fora do comum, ele nunca havia me dirigido a palavra e agora queria sair comigo. Realmente esse ano esta prometendo.

-Mas e a Anne?

-Eu só irei fazer um trabalho com ela.

-E o cinema? – Eu não queria aceitar o convite dele, mas estava com medo dele achar que eu era uma criança em relação aos encontros.

-É apenas um filme com uma amiga, como o seu jantar com o Nick. – Ele piscou para mim.

-Eu posso pensar no assunto?

-Claro que pode.

-Então depois eu te respondo.

Foi a saída perfeita, eu iria fugir dele por duas semanas e não precisaria de dizer um sonoro não na cara dele e se ele perguntasse algo eu simplesmente iria mudar de assunto.

O senhor Barner chegou e foi logo iniciando a aula com as obras de Shakespeare. Ele pediu para que lêssemos Hamlet e que deveríamos levar nossos exemplares na próxima aula, ainda bem que eu tinha um em minha casa.

Eu não tinha prestado atenção na sala e quando comecei a olhar as pessoas ao redor fiquei espantada eu notar que duas irmãs de Frederick estavam na minha turma. Eram Marie e Isabel. Eu não tinha reparado, mas o cabelo loiro de Isabel era lindo parecia seda e o de Marie parecia algodão de tão macio. Fiquei encarando elas e Marie percebendo isso também começou a me encarar, eu não conseguia me libertar de seus olhos, ela deu um sorriso angelical e se virou para frente, parecia que ela gostava de mim.

Durante a aula eu olhava para elas, mas elas estavam concentradas demais em Shakespeare. Acho que não estavam prestando atenção em nada a não ser na matéria. O sinal tocou e elas foram as primeiras a sair. Não correram, apenas andaram em passos largos, mas foram tão graciosas no andar que se uma modelo de passarela visse isso ficaria com inveja delas.

A aula passou rápido e foi bom porque me livrei de Jack, mas foi ruim porque eu sou péssima em esportes e só arrisco um pouco no vôlei e mesmo assim não sou uma jogadora profissional, estava mais para principiante.

Chegando à quadra da escola descobri que Joe estava na minha turma, isso era bom porque ele é muito engraçado e sabia que eu sou péssima em esportes então, ele poderia me dar uma ajudazinha.

 -Que bom que temos pelo menos uma aula juntos.

-É mesmo Joe, só nos encontrarmos no intervalo não é justo, assim fico com muita saudade de você.

-Olha que a Fany é ciumenta hein.

-Deixa de ser bobo, ela sabe que você é um dos meus amigos. De mim ela não tem ciúmes.

O professor pediu para que fossemos ao vestiário e trocássemos de roupa. Ao voltar, todos já estavam na quadra, hoje aprenderíamos a jogar handball. O filme de comédia iria começar. Por sorte só alguns jogaram e eu estava de fora, só fiquei vendo, mas o treinado disse que quem ficou de fora hoje jogaria amanhã. É eu não poderia fugir. Aprendemos regras básicas.

O treinador nos dispensou para o vestiário para trocarmos de roupa. O sino tocou, havia acabado o primeiro dia de aula, estava feliz porque estava doida para ir para casa.

Mas e quanto a Frederick? O que tinha acontecido com ele para ter saído daquele jeito do refeitório? Estava curiosa, mas iria perguntar a ele diretamente, amanhã ele iria a minha casa. Ainda bem que tinha feito faxina. Estava doida que o dia seguinte chegasse.

Fui para o estacionamento. Bob, Rose e Fany estavam do lado da van de Bob, estavam esperando Joe.

-Mily você viu o Joe?

-Bob eu vi ele na educação física.

-Pode deixar ele já está chegando.

Joe chegou ofegando, pois havia corrido muito.

-Foi mal gente, mas acho que nós já podemos ir. Quer ir com agente Mily?

-Ir aonde?

-Vamos ao shopping.

Eu olhei para eles e percebi que estavam formando casais. Bob e Rose, Joe e Fany. Eu ficaria sobrando.

-Acho melhor não. Deixe para a próxima.

-Está bem então.

-Até amanhã Mily. – Disse Rose.

-Até amanhã gente.

Entrei em minha S10, enquanto via os quatro entrarem na van de Bob e percebi que eles já tinham planejado essa ida ao shopping ao ver que os outros três não haviam vindo à escola de carro.

Coloquei meu CD favorito no som do carro, e liguei o carro. Na saída do estacionamento vi os cinco irmãos de Frederick entrar no carro deles, um Audi conversível preto, eles deviam ter muito dinheiro. Procurei rapidamente por Frederick, mas não o vi. Achei estranho por que os irmãos dele foram embora sem ele. Ele devia ter outro carro.

Fui dirigindo devagar para casa, se Greg soubesse que eu poderia estar correndo ele teria um infarto. Deixei meu carro na entrada e entrei rápido para dentro. Fui direto para meu quarto procurando meu exemplar de Hamlet, quando o achei senti uma alegria muito grande, iríamos estudar um dos meus livros favoritos. Passei a tarde lendo Hamlet no meu quarto sentada na minha poltrona, adormeci e quando acordei, olhei meu relógio em cima do meu criado mudo, já era quase cinco horas. Fui para a cozinha para preparar o jantar, decidi fazer bife com batatas, era o favorito de Greg. Cortei o bife e coloquei na panela para cozinhar, embrulhei as batatas no papel alumínio e coloquei no forno para assar. Enquanto a comida ainda não estava cozinhando fui para a sala e liguei a TV, não estava passando nada de interessante desliguei-a e sentei-me à mesa da cozinha. Comecei a pensar nesse primeiro dia de aula. Pensei no novato, no Nick e na epidemia de encontros que ocorrerá. Balancei a cabeça tentando parar de pensar em como seria meu encontro com Nick. Eu só queria pensar em uma coisa. Em Frederick.

Levantei-me e olhei o relógio da cozinha, eram seis horas. A batata já estava pronta e o bife também, deixei em cima do fogão, quando Greg chegasse eu colocaria em cima da mesa. Decidi tomar um banho. Peguei minhas coisas no meu quarto e fui para o banheiro. Ao ligar o chuveiro comecei a pensar em Frederick de novo, o engraçado é que eu me permiti pensar nele, não me repreendi como estava fazendo ao pensar nele em outros lugares. No chuveiro eu não tinha culpa, acho que é porque a água caia em meu rosto e isso dava a sensação de leveza. Terminei meu banho e corri para meu quarto em pouco tempo Greg chegaria.

Quando terminei de trocar de roupa ele chegou.

-Mily?

-Estou no meu quarto. – Gritei.

Corri pelo corredor, eu estava faminta e Greg também, chegando à cozinha encontrei com ele já sentado a mesa jantando.

-Obrigado por não me esperar.

-Desculpe Mily, mas estou faminto.

Comecei a rir.

-Eu também.  

Sentei-me a mesa e comecei a comer, fiquei em silêncio. Estava me preparando para as perguntas de Greg. E seriam muitas.

-Como foi o primeiro dia de aula?

-Foi legal. – Eu sabia que ele ia perguntar isso, já estava preparada para essa pergunta.

-Conversou muito com seus amigos?

-Claro, somos inseparáveis na escola.

-Inseparáveis? Se vocês são inseparáveis porque eu tinha que mentir para seus amigos quando eles ligavam, dizendo que você não estava?

Epa. Que droga, Greg não era bobo.

-Eu disse somos inseparáveis na escola.

-Entendi. – Ele fez uma cara séria. – Mas e ai fez novos amigos ou não?

-Conheci um garoto, um novato, ele está nas minhas turmas de história e de ensino religioso. E falando nisso ele vem aqui amanhã. – Disse indiferente.

Greg me olhou cético. Fiquei arrependida de ter falado sobre Frederick.

-Já está assim? Mal conheceu o garoto e já está trazendo em casa? Raptaram minha filha! Quem é você? Minha filha não faria isso, ela é contra trazer namorados em casa.

-Pare com isso Greg. Ele não é meu namorado, acabei de conhecer o garoto, e além do mais nunca trouxe um namorado porque nunca tive um. Ele vem aqui só para fazer um trabalho.

-Ah ta.

-Se quiser acreditar, acredite. Não vou obrigar você a nada. Ele vem aqui às cinco da tarde.

-Posso saber qual o nome do individuo pelo menos?

-É Frederick Spacey.

-Filho do Richard Spacey? Aquele que tem seis filhos?

-Então o nome do pai dele é Richard? – Fiquei pensativa. – É pai, Frederick Spacey tem cinco irmãos. Como conheceu o pai dele?

-O Sr. Spacey foi à minha empresa, ele quer fazer uma manutenção na casa dele na rede elétrica. Parecem que eles são ricos, sabe ele é advogado. Mas ele estava me contando que os filhos não dão trabalho. Isso é verdade?

-Parece que sim, eles são muito inteligentes, e educados. São mais civilizados que os alunos veteranos. Mas você não se importa se Frederick Spacey vir aqui não é?

-Claro que não. É bom você ajudar esse menino fazer novas amizades. O Sr. Spacey disse que eles estão um pouco sozinhos por não conhecerem ninguém.

-Está bem.

Terminamos o jantar, arrumei a conzinha enquanto Greg assistia TV na sala. Quando acabei fui me deitar.

-Boa noite pai.

-Boa noite.

Fui andando para o corredor, parei e voltei.

-Aliais você vai pegar o serviço na casa dos Spacey?

-Claro, não posso dispensar serviço. E eu mesmo irei lá fazer o orçamento. Irei depois de amanhã se você quiser ir comigo pode ir.

-Está bem pai, estou curiosa quanto a eles.

-Por quê?

-Não sei, eles são bastante interessantes. Parecem perfeitos.

-Isso eu percebi, o Sr. Spacey tem uma beleza incomparável. Deixou a secretária da empresa hipnotizada. – Greg riu. – Você ficou hipnotizada com esse tal Erick?

Meu pai estava brincando, mas tinha um fundo de verdade nisso. Tinha que mentir.

-É Frederick pai. E eu não fiquei hipnotizada com ele, apenas curiosa.

-Sei.

Eu precisava sair dali.

-Estou com muito sono pai, preciso ir dormir. Boa noite.

-Vai descansar. Boa noite.

Fui para o meu quarto, apaguei a luz e deitei em minha cama. Estava exausta, não queria saber de mais nada, apenas dormir. Fiquei pensando no dia seguinte, eu passaria a tarde inteira com Frederick, seria um sonho. Dormi pensando nisso. Parece que finalmente encontrei alguém interessante que poderia ser meu amigo, ou até mesmo mais que isso.


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