Entre Anjos e Demônios escrita por Kmyla


Capítulo 3
O dia seguinte


Notas iniciais do capítulo

Nesse capitulo, Frederick começa evitar Mily, e ela como uma boa cara de pau insisti em perseguir ele.



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Capítulo 3- O dia seguinte

Acordei animada, não havia sonhado de novo e isso era bom porque sonhos sempre me deixavam perturbada. Levantei-me e logo troquei de roupa, coloquei uma calça jeans preta e uma blusa de gola alta de cor cinza, estava chovendo então resolvi ir de botas que eu sempre colocava por dentro da calça. Fui para a cozinha, Greg estava lá, iria mais tarde para o trabalho hoje.

-Bom dia. – Eu estava cantarolando uma música enquanto arrumava meu cereal.

-Bom dia Mily. Vejo que esta muito animada hoje. Será porque temos uma visita à tarde? – Ele deu uma risadinha.

-Sai fora Greg, estou feliz porque hoje vamos estudar na aula de literatura um dos meus livros favoritos. – Pela minha voz ele percebeu que eu estava furiosa.

-Calma, está bem. Não falo mais no Erick.

-É Frederick.

Ele riu.

-O que foi? Eu disse algo errado? – Perguntei indiferente.

-Se você não se importasse você não me corrigiria. Concluindo você se importa com o Erick, desculpe com o Frederick.

-Rá, não teve graça. – Deu um sorriso maldoso para Greg.

Acabei meu cereal e coloquei a louça na pia e dei para Greg lavar aproveitando que ele estava lavando a dele. Corri ao meu quarto peguei minha mochila e meu exemplar de Hamlet e o enfiei no bolso de fora da mochila. Greg estava na sala pegando uns papéis na gaveta.

-Estou indo Greg.

Eu já ia saindo pela porta quando ele me chamou.

-Espere Mily. Você acha melhor eu estar aqui à tarde? Assim você poderá me apresentar seu namorado, quer dizer seu amigo. – Ele sorriu.

-Não precisa. E se o senhor chegar aqui antes das sete eu prometo que coloco veneno no seu jantar.

-Está bem senhora, só fiz uma pergunta.

-Uma pergunta totalmente maldosa.

Sai pela porta, mas voltei.

-Ei Greg. – Ele me olhou surpreso, não esperava que eu voltasse. – Alias Frederick não é meu namorado. – Dei um sorriso e ele retribuiu.

Corri em direção minha picape, estava chovendo muito forte, minha capa de chuva já estava meio velha e eu precisava comprar outra. Dirigi até a escola passando do limite que o meu pai estipulou, com 40 km/h eu chegaria à escola só na formatura. Eu precisava chegar cedo à escola para poder conversar com Frederick. Eu não estava querendo admitir, mas estava ansiosa para ver ele. Espero que isso não vire um vício.

Cheguei à escola com muito tempo de sobra. Fui direto para a sala onde teria a aula de ensino religioso esperava que Frederick já estivesse lá. A sala já estava um pouco cheia, sentei na mesma carteira que tinha sentado ontem, a do meu lado estava vazia. Frederick ainda não havia chegado, mas eu tinha paciência.

Anne chegou com Jack, parecia que o assunto agradava a ela e não a ele. Ao me ver Anne me deu um tchau e se virou para Jack que quando encontrou seus olhos com os meus piscou e deu um breve sorriso. Me lembrei que devia uma reposta a ele e isso me deixou pensativa pois, com certeza ele iria querer essa resposta na aula de literatura.

O sino bateu e Frederick não apareceu. Peguei Hamlet e comecei a ler antes que a senhora Campbell entrasse na aula. Fiquei totalmente envolvida no livro e não percebi que a aula havia começado. Olhei para a senhora Campbell e ela escrevia algo no quadro e todos estavam copiando. Peguei meu caderno rápido e comecei a anotar. Na presa de copiar minha caneta caiu no chão e quando inclinei meu corpo para baixo para apanhar minha caneta me deparei com dois pares de tênis pretos da mesa ao lado, fui me levantando e olhando o individuo ao meu lado, quando meus olhos chegaram ao pescoço eu tinha certeza de que era Frederick, com aquele jeito distinto dele de se vestir. Não havia percebido ele chegar.

Me ajeitei em minha cadeira e comecei a encará-lo, ele estava diferente hoje. Ele estava me evitando e não tirava o olhar do quadro e eu percebendo que ele estava incomodado me virei e continuei as minhas anotações. Não consegui parar de pensar o que eu havia feito que incomodava ele? Será que tinha haver com ontem quando ele deu um murro na mesa? Eu estava me sentindo péssima, minha animação tinha ido para o espaço.

A aula acabou e eu ainda tinha esperanças de que Frederick viesse falar comigo. Se ele fosse uma pessoa sensata ele falaria com a única pessoa que ele conseguiu fazer amizade na escola toda. Continuei sentada em minha carteira, mas sem olhar para ele. Estava esperando ele vir falar comigo, peguei meu livro e comecei a ler de novo. Fiquei um bom tempo sentada, ao levantar minha cabeça vi que era a única na sala. Frederick havia ido embora e me deixou, ele não falou comigo. Fiquei triste, mas tinha outra oportunidade na aula de história.

Sai da sala correndo ficar esperando Frederick me deixou atrasada para a aula de biologia. Ao passar pela porta vi Anne me esperando. Não entendi o que ela queria, mas fui falar com ela.

-Oi Anne.

-Oi Mily.

-Pensei que você iria me chamar para sair com você.

Fomos andando pelo corredor, a aula dela de química ficava na sala do lado da minha.

-Eu ia chamar você. Mas vi Frederick Spacey olhando você e parecia que ele iria falar algo, mas você estava entretida lendo um livro e ele parecia acanhado se falaria com você ou não. Quando eu sai ele ia tocar em seu ombro, não fiquei dez segundos aqui fora e ele saiu. Achei que a conversa foi bem rápida. Mas não entendi porque você ficou na sala.

- Frederick não conversou comigo, eu estava lendo o livro e quando percebi todos tinham saído.

-Mas tenho certeza que ele queria falar com você.

Dei de ombros. Me despedi de Anne e entrei na sala. O professor já estava dando matéria, entrei de fininho e corri para minha carteira. Olhei a sala e dei de encontro com os olhos de Nick me encarando. Eu sorri e em troca ele piscou para mim. Será que ele acha que eu gosto dele? Eu não queria dar esperanças para ele, é só amizade e ele precisa entender isso. Quando fossemos jantar eu estava decidida a deixar isso bem claro.

Acabamos tendo que juntar em duplas para examinar algumas fotos de tecidos, não precisa dizer que Nick fez dupla comigo. Bob nos infernizou por isso, ele sentou do nosso lado fazendo dupla com o Josh Pitterson, uma garoto bastante inteligente, ele é alto meio atlético, moreno com os cabelos pretos curtos.

-Obrigado Nick por me trocar por sua namorada. Eu já entendi que a amizade acaba quando aparece uma garota. – Ele riu.

-Bob vai fazer o seu trabalho e nos deixe em paz. Eu não sou namorada do Nick. - Eu disse furiosa. Ultimamente se encontrar com um garoto significava que já estava namorando. Pelo menos no meu caso.

Nick abaixou a cabeça. Droga ele ficou triste, mas ele queria o que? Eu estava falando a verdade.

-Está bem, vou ficar quieto. – Bob começou a se concentrar no seu trabalho.

-Nick. Vamos começar o trabalho? – Olhei para ele e ele olhou para cima, seu rosto estava triste, sorri para ele e peguei sua mão acariciando-a, ele sorriu e pegou as figuras para analisarmos.

Eu percebi que o que eu estava fazendo não era certo, larguei a mão dele e coloquei as minhas em cima da mesa.

-Eu acho que essa corresponde ao tecido nervoso.

-Concordo com você Nick. E a figura dois ao tecido conjuntivo.

-É. A número três é que tecido?

-Deixe-me ver. Hum, tecido epitelial.

-Isso mesmo, tinha esquecido o nome.

- Me dê à última figura Nick?

-Claro, mas sobrou apenas um tecido. O tecido muscular.

-É mesmo, ainda bem que foi fácil. – Acabei de escrever as repostas no caderno e me virei para Nick que estava rindo.

-O que foi? – Perguntei.

-Acontece que Bob não achou fácil. – Ele apontou para Bob e para Josh, eles estavam totalmente perdidos, discutindo sobre as figuras. – Acho melhor nós os ajudarmos.

-Claro, será que a seqüência deles é a mesma que a nossa?

-Não sei, mas vamos pegar as figuras deles, fazemos e depois entregamos para eles.

-Está bem.

Era trapaça, mas queríamos ajudar Bob. Pegamos as figuras deles escondido e escrevemos numa folha de papel as repostas, entregamos a ele e ele passou para a letra dele. Nick foi entregar as nossas repostas para o senhor Barnie. Quando voltou tinha um sorriso no rosto que eu tinha certeza que logo eu saberia o motivo. Ele se sentou e chegou à carteira mais perto de mim. Fomos uns dos primeiros a acabar e deixou tempo de sobra para conversarmos. Isso era ruim.

-Então Mily. Em qual restaurante você quer ir comigo na sexta?

Ele iria falar do encontro, por isso o sorriso. Que droga.

-Tanto faz Nick. Qualquer lugar está bom.

-Para o que vamos conversar qualquer lugar não é legal. É um momento importante.

Fiz uma cara cética.

-Importante?

-Não vem que não tem. É surpresa.

-Você sabe que eu odeio surpresas. – Grunhi.

-Eu sei, mas você vai ter que agüentar de curiosidade até sexta.

Pelo rumo que este encontro estava tomando eu não duvidava que Nick me pedisse em namoro. Eu não queria namorar com Nick, ele é meu amigo e eu acho que seria estranho namorar um amigo.

-Nick se você está pensando em um pedido de...

-Não fale nada. – Ele me interrompeu. – Você vai estragar a surpresa.

-Mas...

-Mas nada. – Ele pegou minhas mãos e se aproximou de meu rosto, me dando um beijo na bochecha. – Seja paciente. – Disse ele agora se afastando e me olhando.

Eu estava tremendo. Estava surpresa com a atitude de Nick, ele costumava ser tímido, mas esse ano estava muito atirado. Bob viu tudo e deu uma risada que ecoou na sala inteira. Me virei rapidamente para frente tirando minhas mãos das mãos de Nick. Ele percebeu que eu estava constrangida e também se virou para frente, mas percebi que ele olhava a Bob com uma cara feia.

-Me desculpe esqueci que estávamos rodeados de gente.

 -Sem problemas. Mas nunca repita isso. Está bem?

-Por quê? Não gostou?

Ele agora estava se inclinado de novo para mim. Estava perto demais para meu gosto. Afastei-me um pouco, ele percebeu e parou, voltou a ficar reto na cadeira, mas sempre olhando para mim.

-Não é isso Nick. Acontece que eu não estou pronta para isso. Eu não sei se sou boa nisso.

-Boa em que?

-Se serei boa na questão de namorar.

-Com certeza você é. – Ele sorriu.

-Estou falando serio, eu nunca namorei e posso não ser boa nisso.

-Eu também nunca namorei. Podemos descobrir se somos bons juntos.

-Não sei.

-Mily me dê apenas uma chance. Por favor. Olha nós vamos no jantar na sexta e lá você me dá a resposta. Está bem?

 -Era essa a surpresa não é?

-Era não, é a surpresa. Sua resposta é como uma surpresa para mim.

-E se a resposta não for favorável? Você ainda será meu amigo?

-É claro que sim. Nada irá mudar.

Não sei por que, mas eu duvidava um pouco disso.

O sino bateu. Finalmente eu iria ver Frederick mais uma vez e descobrir porque ele estava estanho. Eu percebi que estava gostando de Frederick, não sei como, mas ele chamou minha atenção por ser diferente de todos os outros garotos. Eu queria que meu encontro na sexta fosse com ele e não com o Nick. Me despedi dos meninos e percebi que Bob estava infernizando Nick pelo o que ocorrera na sala. Eu iria ter uma conversinha com Bob por causa disso.

Andei em passos largos e ao passar pelo corredor que ontem eu quase tinha caído me lembrei de Frederick me segurando. Senti um frio na barriga. Ao chegar na sala de aula, Frederick já estava lá, sentei na minha carteira, tinha duvidas se eu começava a conversar com ele ou se deixava ele começar. Decidi esperar. Abri meu livro e continuei lendo. De repente ouvi uma voz me chamando. Até que enfim ele resolveu falar.

-Mily.

-Sim.

Virei-me para ele, ele estava perfeito com uma blusa pólo verde clara e que combinava com sua calça jeans. Mas o rosto dele estava triste e quando fitei os seus olhos ele ficou sério.

-Tome o trabalho de ensino religioso. Eu fiz tudo, estou te entregando para você dar uma lida se por acaso a senhora Campbell perguntar algo você irá saber.

Levantei uma sobrancelha. Do que ele estava falando? Iríamos fazer o trabalho em minha casa.

-Espere, não quero isso. Vamos fazer o trabalho na minha casa hoje e juntos.

Eu queria que ele percebesse a inflexão da minha voz.

Empurrei as folhas que caíram no chão, Frederick pegou todas e colocou na minha mesa sem falar nada, mas seu rosto sério era constante.

-Eu já disse que não quero esse trabalho.

-Mily você é muito teimosa, quer levar zero em ensino religioso depois de ter sido elogiada pela professora?

-Prefiro levar zero do que entregar um trabalho que não fiz. Sou honesta sabia?

Ele sorriu, mas era um sorriso sem humor.

-Se você fosse honesta, não faria um trabalho de biologia para seus amigos. Isso também é trapacear, mesmo que a intenção seja boa.

Ele estava se referindo ao trabalho de biologia em duplas, que eu e Nick ajudamos Bob e Josh. Mas como ele sabia?

-Como você soube disso?

-Tenho minhas fontes. – Ele voltou a ficar sério. – Agora, por favor, você pode ficar com o trabalho?

-Não mesmo.

Peguei o trabalho em cima de minha mesa e coloquei em cima da mesa dele. Virei-me para frente. Agora ele estava furioso.

-Não pensei que isso seria tão difícil. Você é muito teimosa.

-Eu sei disso. E eu espero você na minha casa as cinco.

-Pode esperar sentada. Eu não vou.

Olhei para ele, senti que minha reação foi de desapontamento.

-Por quê?

Ele percebeu a tristeza em minha voz.

-Mily, seria melhor nós não nos envolvermos. Não sermos... Amigos.

-Você está brincando. Porque não podemos ser amigos?

-Eu queria poder estar brincando, mas há coisas no mundo que é difícil de entender. E acho que você não entenderia o motivo.

-É só você me explicar.

-Eu não posso explicar. Desculpe-me. – O rosto dele de sério mudou para triste.

-Não acredito em você.

-Estou pedindo, por favor.

-Só quero saber o motivo.

-Já disse que não posso explicar.

-Eu vou te infernizar até você me dizer. – Ameacei.

-Então acho que vou ter que aprender a te ignorar.

Trocamos um olhar zangado em silêncio. O senhor Frinsson chegou na sala e começou a matéria sobre a Grécia antiga. Fiz uma cortina com o meu cabelo para não poder olhar para Frederick. A aula passou rápido. O sino bateu e quando eu estava me levantando para sair sem olhar para Frederick, de novo ouvi meu nome em sua linda voz.

-Mily, não fique com raiva de mim. É para o seu próprio bem.

-Eu decido o que é para o meu bem e o que não é.

-Está bem. Mas como você mesma disse, eu sou um apenas um novato procurando novas amizades. E não sei por que você está com raiva já que como você não me conhece eu não tenho chances com você.

-É feio escutar a conversa dos outros.

-Então admiti que o que você disse é verdade? – Ele sorriu. Porque ele estava sorrindo?

-Em parte. Você é um novato procurando amizades. Mas quanto às chances comigo... É só você me dizer.

Epa. Eu disse isso mesmo?

Ele balançou a cabeça.

-Não podemos ser amigos e nada mais além. É tão difícil assim me evitar?

-É. Muito difícil. Mas já que não podemos ser amigos eu vou me encontrar com amigos que tenho certeza que não desprezam minha amizade.

Eu já ia saindo quando ele me chamou de novo. Será que tinha mudado de idéia? Eu queria ser amiga dele. Não entendo porque ele não podia ser meu amigo.

-Mily. Tem certeza que não quer o trabalho? – Ele estava com o trabalho nas mãos estendendo para mim.

-Me deixe Frederick. E fique com sua droga de trabalho. – Empurrei a mão dele.

Sai da sala e o deixei lá. Fui para o refeitório e sentei-me na mesa dos meus amigos. Nick reparou que eu estava chateada, se sentou do meu lado.

-O que aconteceu?

-Nada demais. Só estou pensando no meu trabalho.

-Quer ajuda?

-É fácil, posso fazer sozinha. – Sorri para ele.

Nick pegou uma Coca para mim. Detestava ser tratada com mimos, mas no estado em que eu estava, isso pouco importava. A conversa parecia fluir bem na minha mesa, mas eu não estava prestando atenção nela. Eu estava pensando em Frederick. No porque dele não ser meu amigo. Olhei para a mesa dos Spacey. Estavam os seis sentados, hoje tinha comida na mesa, mas não estavam comendo muito, para falar a verdade apenas Heth e Leiden comiam. Frederick estava triste, e eu sabia por que. Porque havíamos brigado. Vi o olhar de Kathy se encontrar com o meu, era um olhar zangado, só que fiquei presa em seu olhar não conseguia me libertar. Frederick chamou ela, parecia com raiva. Ela olhou para ele e disse algo que deixou todos na mesa com raiva. Me virei rapidamente, eu sentia que os irmãos de Frederick não gostavam de mim, talvez fosse por causa deles que ele não poderia ser meu amigo.

O sinal tocou e todos foram para suas salas. Jack foi para a aula de literatura comigo. Eu não me importava, não me importava com nada. Só queria saber de Frederick. Chegamos à sala e sentamos nas mesmas carteiras do dia anterior. O senhor Barner não havia chegado, isso era ruim, teria que fingir mais um pouco que estava prestando atenção em Jack.

-...O que você acha Mily?

-Desculpe, repita a pergunta.

-O que você acha dos Spacey?

Ele estava falando de Frederick e sua família e eu não tinha percebido. Esse assunto me interessava.

-Não sei. Por quê?

-Você não acha eles estranhos?

-Na verdade não. Para mim são muito interessantes.

Nesse momento Isabel e Marie chegaram à sala e Marie sorriu para mim. Ela era a única simpática comigo. Me encolhi na cadeira envergonhada, eu tinha certeza que eles discutiam por minha causa, mas não sabia porque. Jack se virou para frente porque senhor Barner havia chegado.

-Nos falamos depois.

-Está bem Jack.

Peguei meu livro Hamlet e coloquei no primeiro ato. Parecia que as irmãs de Frederick não trouxeram o livro e senhor Barner pediu-as que juntassem com alguém que tinha o livro. Isabel se sentou com Kimberly Smith. Marie olhou em volta da sala e para minha surpresa vinha em minha direção, puxou uma cadeira para o meu lado e percebi que a intenção dela era se sentar junto comigo. Jack não gostou, pois ele fez uma cara feia. Eu não liguei para ele. Estava feliz por ela ter se sentado comigo, só não entendia por que.

-Posso acompanhar com você?

Sua voz era mais angelical do que a de Frederick, era fina igual de uma criança, estava pensando se isso seria mesmo possível.

-Claro.

O senhor Barner pediu que todos lessem o primeiro ato e que depois ele faria perguntas. Eu já sabia de cor o livro todo então deixei Marie ler primeiro sozinha, ela acabou muito rápido e parecia que tinha entendido o assunto do livro. Fiquei rabiscando em uma folha de papel.

-Então Mily. Parece que você fez amizade com o meu irmão. – Ela sorriu e eu apenas a olhei assustada.

-Mily?

-Não é assim que você gosta de ser chamada?

-É. Mas é raro alguém me chamar de Mily logo de cara.

-Ah entendi. – Parecia que era sua última palavra. Resolvi retomar o assunto.

-Bom, eu era amiga de seu irmão. Mas ele me disse hoje que não podemos mais ser amigos. Então eu acho que não sou mais amiga dele.

-Tinha me esquecido disso.  – Ela me olhou triste. – Mas ele está fazendo isso para o seu bem.

-É eu sei. Ele precisa ficar do lado dos irmãos.

-Como assim?

-Ele não pode ser meu amigo porque vocês não gostam muito de mim.

Ela riu baixinho.

-Quem te disse isso?

-Ninguém. Foi uma intuição.

-Sua intuição está falhando. Nós não nos importamos com as amizades de Frederick. Ele faz o que ele quiser. Mas se ele disse que não pode ser seu amigo para o seu próprio bem, acate o aviso.

-Eu não consigo. Eu apenas quero entender porque não podemos ser amigos. Você sabe por quê?

-Infelizmente sim. E peço que tenha paciência.

-Mas e você? Pode ser minha amiga?

-É claro que sim. Mas em segredo, se Frederick souber ele briga comigo. Ele não quer que nos envolvemos com você. Pode ser difícil para ele souber que somos amigas, já que ele não pode ser.

-Nossa a coisa está feia.

-Olha o importante é você não se preocupar com Frederick. Você deve se afastar apenas dele.

-Porque dele?

-Porque é apenas ele que tem um interesse especial em você. Frederick não quer apenas sua amizade.

Eu corei. Ela continuou.

-E eu acho que você também não quer apenas a amizade dele.

Eu sorri.

-Pois é.

-Me escute, eu sou contra o que Frederick está fazendo, mas como ele julga ser para o seu bem, apenas faça o que ele pede.

-Está bem. Como ele me pediu, irei evitá-lo.

-Boa menina. E todos nós gostamos de você. Kathy pode ser um pouco contra sua amizade com Frederick, mas todos nós somos a favor. No começo Heath não era, mas ele percebeu que você é uma pessoa legal, quando você o defendeu de seus amigos quando riram do nome dele.

Quando riram de Heath eu não achei certo. Mas eu não acreditava que eles estavam perdendo o tempo deles falando sobre mim.

-Vocês falam sobre mim?

-Todo o tempo. Sabe Frederick não pensa em outra coisa a não ser em você.

Fiquei envergonhada. Do jeito que Marie estava falando parecia que Frederick gostava mesmo de mim.

-Isso é verdade? Ele gosta de mim?

-Ele te ama. Mas tem medo.

-Medo de que?

-Medo de te magoar. Ele acha que coloca sua vida em risco e acha que se alguma coisa acontecer e você não ser salva no fim, seria ele o culpado e nunca se perdoaria.

-Você está sabendo que não entendi nada o que você disse.

-Falei demais. É estranho, me sinto tão à-vontade com você e acabo falando o que não devia.

-Não ligue para isso. Não entendi nada mesmo.

-Ainda bem.

-É legal isso.

-O que Mily?

-É a primeira vez que conversamos e parece que somos amigas há muito tempo.

-Também achei isso legal. Me sinto bem perto de você. Mas nós somos amigas, não é verdade?

-É. Amigas. – Repeti, não acreditava que tinha me tornado amiga de Marie.

-E então amiga. – Ela sorriu para mim. – O que vai fazer hoje à tarde.

-Eu vou fazer um trabalho de ensino religioso.

-Mas Frederick já fez o trabalho.

-Eu sei, mas não aceitei. Quero ganhar pontos com o meu próprio esforço.

-Hum e amanhã?

-Amanhã é quarta. Não vai dar, combinei de ir... De ir a sua casa com meu pai.

-Sério?

-É. Meu pai vai à sua casa fazer um orçamento da rede elétrica. E ele me chamou. Mas acho melhor não ir.

-Você deve ir.

-Está maluca? Acabou de me dizer para acatar o pedido de Frederick para evitá-lo e acho que ir a sua casa não está em harmonia com o pedido.

-Você vai sim. Será uma surpresa para Frederick.

-Acho melhor não.

-Quando você for a minha casa amanhã, contarei a Frederick que somos amigas. E, além disso, - Ela vez uma cara maliciosa. – Quero ver a cara dele quando ver você.

-Só irei se você prometer ficar do meu lado. Não sei como, mas você me passa segurança. Tenho medo da reação de Frederick ser negativa.

- Frederick ficará feliz em te ver, ele sempre fica. Então está combinado. Te espero amanhã em minha casa. E quinta podemos sair, fazer um programa de amigas.

-Claro. Para onde?

-Para a livraria. Você precisa de um novo exemplar de Hamlet, esse está caindo aos pedaços.

Eu ri.

-É serio?

-Claro que sim. Vamos depois da aula.

-Está bem. Frederick ficará irritado. – Eu ri. Me divertia com as ações dele, parecia que ele era covarde e tinha medo de mim. Eu tinha certeza que ele não iria gostar que eu saísse com a irmã dele, mas era problema dele. Ele que estava sendo o idiota da história.

-É mesmo. Mas não vamos ligar para ele. É ele que está evitando ser seu amigo, não eu. E você se importaria se Heath fosse conosco?

-Não. Eu adoraria conhecer o Heath.

-Então está combinado. Mas acho que terei que vir no meu carro. Não irá caber nós três em sua picape, você sabe Heath é muito forte. Iria nos espremer na cabine.

-É mesmo. Eu vou na minha picape e você e Heath em seu carro. Será perfeito.

-Será mesmo.

-Mas ainda não entendi porque você quer que eu vá a sua casa, mesmo sabendo que Frederick pediu-me para evitá-lo.

-Na verdade eu quero que Frederick seja feliz. E isso que ele está fazendo o deixa muito magoado. Nós brigamos toda hora tentando- o convencer de que não precisa se afastar de você. Hoje no refeitório estávamos discutindo sobre isso, até que você começou a olhar demais para nós. Kathy te encarou porque você está sendo o centro das atenções, e isso a perturba. Eu não sou a única a seu favor, os outros três também são. Se você for, talvez Frederick pense direito e pare de te evitar.

-Kathy não é a favor?

-Kathy é egoísta e não se incomode com ela.

-Você não estava por perto, mas ontem no refeitório Frederick deu um murro na mesa e saiu muito bravo. Você sabe o motivo?

-Eu não deveria te contar, mas vou porque você é minha amiga. Frederick decidiu ontem na hora do almoço mesmo que iria te evitar, por perceber que você não gostava de falar dele e de nós com seus amigos.

-Mas eu só estava falando que não queria nada com ele porque eu não gosto de expor meus sentimentos para os meus amigos. Eles poderiam pensar coisas demais.

-Eu sei. Mas deixe-me continuar. Acontece que eu e minhas irmãs saímos enquanto os meninos ficaram e Heath me contou que disse a Frederick que se ele não queria você como amiga, ele queria. E que iria falar com você assim que terminasse o intervalo. Heath estava brincando, mas Frederick leva tudo a sério. Ele saiu com raiva porque não queria ver Heath dando em cima de você.

-Eu sou um imã de problemas.

-Que nada. Nossa família sempre foi cheia de crises.

O senhor Barner estava nos olhando de longe e ele sabia que estávamos conversando a aula inteira, ele não disse nada, voltou à atenção para um livro que ele estava lendo.

-Acho que o senhor Barner não irá nos incomodar Marie.

-É parece que não. Agora eu posso saber por que você resolveu aceitar o convite de sair com Nick?

-Como você soube do jantar com ele?

-Eu tenho minhas fontes.

Ela disse a mesma coisa que Frederick, eu acho que eles estavam me espiando.

-Me diga quem é.

Ela sorriu.

-Eu ouvi um de seus amigos comentando isso com vocês na hora do almoço. Você não parecia agradar do assunto.

-É. Esse assunto me dá nos nervos.

-Por quê?

-Simplesmente porque não quero jantar com Nick. Eu sei o que ele vai perguntar e eu não quero magoá-lo.

-Ele vai te pedir em namoro. – Ela estava fazendo uma afirmação.

-É isso ai. E eu vou ter que dar um sonoro não a ele. Estou confusa.

-Deve ser ruim magoar um amigo assim.

-É.

-Ele realmente não tem chances?

-Não.

-Coitado.

-Coitada de mim. Ter que magoar um amigo. Mas prefiro contar a verdade e tentar continuar ser amiga dele.

-Está certo isso o que você irá fazer. Não vale a pena iludi-lo.

-Não.

O senhor Barnes ficou muito entretido com o livro que estava lendo que se esqueceu de fazer as perguntas sobre Hamlet. O sinal bateu, todos saíram correndo para não dar chance dele falar sobre dever de casa. Jack se despediu de mim e saiu da sala. Apenas ficou na sala eu, Marie e Isabel.

-Isabel essa é a Mily. – Disse Marie.

-Oi Mily. – Isabel sorria, ela também parecia ser muito simpática.

-Oi. Prazer em te conhecer.

-Que isso. O prazer é todo meu.

-Bel, a Mily virou minha melhor amiga.

- Frederick não irá gostar. – Isabel olhou para mim com um olhar de desculpas. – Me desculpe Mily, mas...

-Não me incomoda Isabel, sei mais ou menos como Frederick é. – Eu disse dando um sorriso para ela.

- Olha Bel, se Frederick não quer ser amigo dela problema dele. Eu quero ser.

-É mesmo Marie, isso já está ficando ridículo. Mily você também pode contar com a minha amizade.

-Sério?

-É claro. Não sei por que, mas gostei de você desde quando você nos defendeu no refeitório. Você não quer deixar perceber, mas se preocupa demais com a gente.

-É. Me preocupo.

- Frederick acha que isso é ruim. Você briga com seus amigos por nossa causa. Um dos motivos por Frederick pedir para que você o evite. – Marie disse.

-Então Marie você não me contará o motivo principal?

-Eu não posso. – Ela me deu um sorriso sem humor algum.

-Tudo bem eu agüento a curiosidade.

-É melhor irmos estamos atrasadas.

-É mesmo Isabel, me esqueci da hora. Preciso ir. Até mais.

-Tchau Mily. – Marie se despediu de mim.

-Até mais. – Isabel deu um sorriso que parecia reluzir na sala inteira.

Fui andando pelo corredor como sempre correndo. Cheguei ao ginásio bufando. Todos haviam trocado de roupa. Fui trocar a minha roupa por uniformes da escola de educação fisica. Ao voltar me juntei a Joe.

-Oi Joe.

-E ai Mily. Animada para o massacre?

-Animadíssima.

Olhei em volta e percebi que algumas meninas tinham feito uma rodinha em um canto, olhavam para algo, segui o olhar delas e me deparei com a com o corpo mais perfeito que já vi saindo do vestiário. Era Frederick vestido em agora trajes para educação física. Parecia com o uniforme dos outros meninos, mas nele era diferente. Talvez por causa de seu corpo musculoso.

O encarei surpresa. Ele estava na minha turma de educação física. Por mais que ele quisesse se afastar de mim não podia. Ele fitou seus olhos em mim e também fez uma cara de surpresa. Ele andou até as arquibancadas e se sentou longe das meninas, mas um pouco perto de uns garotos da minha turma. Continuei olhando-o, ele pareceu incomodado e começou olhar para o chão. Lembrei do pedido de Marie de evitar Frederick e parei de olhar para ele.

Joe havia sentado no chão, me sentei junto dele.

-Você sabia que Frederick estava na nossa turma de educação física?

-Sabia.

-Porque não me disse?

-Pensei que soubesse também, você não é amiga dele?

Dei um tapa no ombro de Joe.

-Pare com essa ironia.

Ele riu.

-Sério, pensei que você soubesse.

-Não sabia. Ontem ele não fez aula com a gente.

-Fiquei sabendo que ontem ele saiu depois do intervalo, foi embora porque não se sentia bem. Mas quando fomos ao shopping ele estava lá, em uma joalheria. Muito cara de pau. Fingiu que passava mal para ir ao shopping.

-Você viu se ele comprou algo?

-Não deu, quando o vimos, ele estava entrando na loja. Mas deve ter comprado. Porque a pergunta?

-Só curiosidade.

-Sei. – Joe deu um sorriso.

-È só curiosidade Joe.

-Está bem. Acredito em você.

A aula começou com alongamentos, todos tiveram que fazer. Foi estranho evitar Frederick, tentei não olhar para ele ao máximo, mas às vezes uns olhares escapavam. Começamos a jogar handball. Joe ficou no meu time, isso era bom. Mas Frederick ficou no time adversário. Eu não poderia evitá-lo agora.

O jogo foi bem light, Joe me ajudou bastante. Frederick não chegava perto de mim. Ele ficava afastado dos outros e só pegava a bola guando ela estava no ar, ele dava um pulo bem alto e guando você menos esperava, ele estava perto da rede para marcar o ponto, ele fez mais pontos que todos os outros, o time dele ganhou.

 A aula acabou e fomos trocar de roupa no vestiário. Terminando de me arrumar fui ao encontro de Joe que combinou que iria me esperar no ginásio. Joe percebeu que Frederick me evitava.

-Posso fazer uma pergunta Mily?

-Claro que pode.

-Você brigou com o novato?

Eu paralisei nessa hora. O que iria responder?

-Só discutimos.

-Por quê? – Ele me olhou assustado.

-Por causa do trabalho de ensino religioso. Ele fez sozinho e me entregou para dar uma lida, para que se a senhora Campbell perguntasse algo do trabalho eu saberia responder.

-Mas isso é bom. Quem dera tivesse um parceiro assim para as aulas de física.

-Eu não achei. Seria trapaça e eu não quero ganhar pontos nas custas dos outros.

-E onde você colocou o trabalho?

-Eu deixei com ele. Se eu ver aquele trabalho mais uma vez eu dou um infarto.

-Você é muito dramática. – Ele riu.

-Sou nada. – Empurrei ele e ele para se vingar puxou minhas mochila que estava em minhas costas, quase cai no chão. Rimos juntos e fomos um empurrando o outro até o estacionamento.

Joe estacionou seu carro perto do meu. Nos despedimos e ele foi para seu carro, um Montana verde escuro. Entrei em minha S10, estava um pouco frio então liguei o aquecedor. Liguei meu carro e fui para a saída, onde tinha uma fila de carros querendo sair. O Audi preto dos Spacey estava do meu lado. Leiden dirigia, estava esperando os outros. Marie e Isabel foram as primeiras a entrar, deram um sorriso para mim e eu retribui. Quando eu estava acelerando a minha picape, Frederick e Heath apareceram, olhei rapidamente para eles e fitei meus olhos no carro da frente. Pela minha visão lateral os vi entrando no carro, logo depois Kathy entrou. Eles usavam o conversível com o teto móvel, seriam doidos se não usassem o teto móvel naquele tempo horrível. Fiquei pensando em como cabia seis pessoas naquele carro, parecia que eles davam um jeito. Finalmente sai do estacionamento. Dirigi bem rápido para chegar em casa. Estava exausta, esse segundo dia na escola foi algo surpreendente. Ao mesmo tempo em que um me evitava, duas outras queriam ser minhas amigas.

Cheguei em casa em tempo recorde, olhei o relógio da cozinha eram três e quarenta sendo que a aula terminava as três e quinze. Não parecia que eu demorei vinte e cinco minutos para chegar em casa. Foi ai que me lembre que fiquei brincando com Joe depois da aula.

Fui para o meu quarto para guardar minha mochila e pegar o meu livro. O primeiro lugar que olhei foi o bolso de fora da mochila, eu tinha posto o livro ali está manha. Não achei o livro, achei um monte de folhas, era o trabalho de ensino religioso.

-Como ele colocou aqui? – Eu disse em voz alta.

Comecei a folhear o trabalho e por minha surpresa estava digitado. Ele era esperto, se tivesse só a letra dele no trabalho senhora Campbell poderia desconfiar que eu não tivesse feito. Mas eu não queria aquele trabalho. Coloquei as folhas no mesmo lugar. Se ele perguntasse eu falaria que não tinha achado o trabalho e que tinha feito o meu sozinha.

Achei o meu livro dentro da minha mochila. Eu não poderia ler agora, tinha que fazer o trabalho. Liguei meu computador e esperei para que pudesse entrar na internet. Greg não gostava que eu entrasse em dia de semana, mas ele não iria se importar sabendo que era para um trabalho. Fui a uma página de buscas e digitei o tema do trabalho diferentes crenças de religiões. Apareceram vários sites, cliquei no primeiro e copiei tudo o que estava escrito depois de ler, fui para o segundo site que também tinha bastantes informações. Também copiei o conteúdo. Editei o que estava escrito e depois imprimi. Meu trabalho estava pronto.

Olhei meu relógio no criado mudo e eram quatro e meia. Dava para eu ler meu livro tranquilamente antes que Greg chegasse. Ilusão minha, assim que peguei meu livro e deitei em minha cama, fiquei pensando no que Frederick estava fazendo no shopping numa loja de jóias. Comprando jóias para quem? Para mim que não era, ele estava me evitando. Podia ser para ele. Me recusava a pensar que ele comprava uma jóia para outra garota. Impossível, Marie me disse que ele gostava de mim, mas como se nós nos conhecemos ontem? Eu não entendia nada. Para falar a verdade nem eu sei se gosto mesmo de Frederick, talvez fosse uma atração por ele ser bonito, mas amor mesmo eu acho que não era. Será? Eu nunca gostei de alguém e essa duvida estava me matando. Tinha que reorganizar minha mente.

Primeiro. Frederick gosta de mim, mesmo me conhecendo há um dia, mas tem medo de me magoar e se sentir culpado se eu não for salva no fim. Eu não sabia o que isso queria dizer, mas era o que Marie disse. Fim, fim de que? Do mundo? Da minha vida? Difícil saber, mas eram as informações que eu tinha.

Segundo. Eu estava gostando de Frederick ou não? Eu acho que sim porque quando o vejo, mudo minhas reações que ficam imprevisíveis a cada momento. Sinto um frio na barriga e faço coisas totalmente sem noção. Nunca acreditei em amor a primeira vista, mas agora que eu estava vivenciando isso, eu tenho certeza que existe. Pelo visto eu estava gostando de Frederick, não há duvidas.

Terceiro. Os irmãos de Frederick gostam de mim, de menos a Kathy. Parece que defender eles me ajudou bastante na escolha deles me encararem ou não como uma pessoas legal. E Marie não estava ligando para a opinião de Frederick, ela queria ser minha amiga e pronto.

Quarto. Eu irei a um jantar com Nick, mas vou rejeitar o seu pedido de namoro, porque não o vejo como um namorado, mas como um amigo. Eu só aceitei porque fiquei com pena de dar um fora nele, e depois ele ficar com raiva de mim. Pelo menos ele me disse que se eu falasse não com ele no jantar, ele não ficaria com raiva de mim.

Adormeci ao organizar minha mente. Não sonhei. Tinha dias que eu não sonhava há alguns dias, isso era bom porque eu acreditava muito em sonhos, que eles sempre são um alerta para o que vai acontecer. Mas como eu não tinha sonhos, não tinha alertas.

Acordei com Greg gritando meu nome do lado de fora da casa. Dormi demais e me esqueci da hora. Quando fui para a cozinha ele estava abrindo a porta.

-Não escuta quando te chamam?

-Desculpe Greg. Eu estava dormindo e perdi à hora. Vou colocar uma lasanha para nós dois no microondas.

-Perfeito.

Peguei a lasanha congelada no freezer e coloquei no microondas, peguei dois pratos para colocar a lasanha. Fiquei esperando em frente o microondas a lasanha ficar pronta.

-Mily.

-Fale Greg. – Eu já sabia o que ele iria falar. Em Frederick.

-O seu amigo veio aqui?

-Não.

-Como não.

-Ele não pôde vir. Ele fez uma parte do trabalho e eu fiz outra. – Isso em parte era verdade, ele não podia vir em minha casa porque estava me evitando, mas Greg não precisava saber disso. E quanto ao trabalho eu estava pensando em juntar os dois e entregar à senhora Campbell como se fosse um. Mas assim que pensei nessa idéia desisti dela, eu não queria o trabalho de Frederick e pronto.

-Ah ta.

A lasanha ficou pronta, eu me servi e Greg também se serviu. Sentamos a mesa.

-Amanhã você vai comigo a casa dos Spacey?

-É claro.

-Vai ver ser amigo?

-Também.

-Também? Vai fazer mais o que lá?

-Ver Marie e Isabel. Fiz amizade com elas hoje e quando disse que você ia lá, elas praticamente me obrigaram a ir junto.

-É bom que você faça amizade com elas, eu já te disse que o senhor Spacey falou que eles são sozinhos.

-É. Você disse. Que horas você vai lá.

-Pego você aqui às cinco e meia.

-Beleza.

Acabamos a lasanha juntos. Greg foi para seu programa de TV rotineiro enquanto eu acabava de lavar a louça. Fui tomar meu banho e de novo pensei em Frederick no banho, realmente ali eu não sentia culpa ao pensar nele. Fiquei lembrando dele de uniforme de educação física, ele estava lindo. Terminei meu banho. Dei boa noite a Greg e fui direto para o meu quarto. Estava doida para dormir e descansar, o dia de hoje tinha sido cheio. Deitei em minha cama e adormeci pensando em como fui idiota ao recusar de ir ao shopping com o pessoal, se eu tivesse ido eu ficaria escondida em frete a loja vendo o que ele estava comprando. Eu estava curiosa.

Infelizmente tive um sonho essa noite. Sonhei que estava com Frederick em um parque de diversões, mas me perdi dele e comecei a procurá-lo desesperada. Eu apenas via a sombra dele e por mais que o chamava ele não respondia. O barulho dos brinquedos e de crianças rindo deixava o sonho com cara de pesadelo. Eu precisava achar Frederick, mas eu não conseguia. Até que cai no chão em meu sonho. Acordei ofegante nesse exato momento, é o primeiro sonho que tenho com Frederick e mesmo no sonho ele foge de mim. Olhei meu relógio eram três da manhã, deitei e fiquei quieta para voltar a dormir. Eu tinha certeza que o aquele novo dia na escola prometia algo.


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