Capítulo 4 - Parte I

Depois de três dias, tive alta. Finalmente! Não aguentava mais. No resto do mundo também é assim nos hospitais, é? Pelo menos, fiquei no quarto sozinha. Ok, era chato não ter com quem conversar, porque Melli estava atarefada. Só que isso me livrava em parte de ter que ouvir pessoas tomando sopa de um jeito nojento, como se estivessem sugando a mesma. Não gosto de sopa nem no inverno! Ao invés de usar água pra fazer uma tranqueira dessas, eu preferia tomar banho. Falando nisso, estava na hora do meu "banho de cada dia". 

O banheiro era apertado e, por questões de higiene, entraria no box de chinelo de dedo. Insistiam que alguém teria que ficar na porta, cuidando de mim, caso eu me sentisse mal e não desse tempo de pedir ajuda. Além disso, tinha que me vestir no quarto, pela falta de espaço. Felizmente, trouxeram minhas roupas. Ah, esse era outro ponto a ser tratado: Quem teria se infiltrado no meu apartamento e pego minhas coisas? 

A recepcionista veio me informar que, enquanto eu estive internada, o resultado do vestibular saíra. Eu tinha sido aprovada. Informou-me, também que, pelo ocorrido, eles estariam me transferindo para... Las Vegas! Pagariam a passagem, eu ficaria numa pensão e me dariam uma bolsa de estudos! Eu NUNCA, em hipótese alguma, tinha viajado de avião. E tinha muito sobre o que conversar ainda! Decidiram o meu - praticamente - "futuro" sem falar com a proprietária antes!? Por onde começar? 

A conformação poderia vir com o tempo. Pensando melhor, podia ser divertido! O vôo sairia na manhã seguinte, o que me dava sensação de borboletas no estômago. Isso me deixaria nas nuvens, literalmente. Sabe, às vezes, acho que o que me salva da depressão é meu bom humor.

Agora, precisava me preparar. Tive alta, mas dormiria no hospital de novo. Não tinha pra onde ir. 

Capítulo 4 - Parte II 

Despertei antes mesmo do toque do despertador. Feixes de luz iam de encontro ao meu globo ocular, fazendo com que eu levasse o braço ao rosto para tapá-lo. Mantive-me de bruços, e o travesseiro molhado. O sono foi tão bom que eu relaxei e  estava.. babando! 

Sentei na beira da cama e impulsionei-me para frente, alcançando o chão. Não tinha percebido o quão alta a mesma era, e tive que me equilibrar ao aterrissar. De repente, um vulto passou ligeiramente pelo corredor, pude ver pela fresta. A porta escancarou-se, e uma criatura voou em minha direção.

- Caaaitlin!! Adivinhaa! - berrava Melli.

- CreenDeuspaitodopoderoso, que isso!? Treinando pro UFC!?? - Meus olhos deviam estar esbugalhados. Nunca fui atacada num galinheiro, mas devia ser exatamente essa sensação. 

- Não! Eu vou com vocêee! Resolveram me transferir, pois você ficaria perdida lá, sozinha! Eu já arrumei as malas, as suas já estão prontas, vem, vamos rápido! Eu quero conhecer o Mickey!!

- E eu, que queria conhecer o Pateta. Sonho quase realizado, pois tem um exemplar na minha frente. Brincadeira, só que em Las Vegas não tem Disneeey! 

Seguimos conversando pelo caminho. Tomamos café da manhã, e ouvimos todos nos desejarem boa viagem. Na entrada do hospital, uma viatura estacionava. 

- Bom dia, senhoritas. Me chamo Boris Hale, e este é meu sobrinho Dakota. Somos policiais voluntários, e estamos aqui para oferecer-nos em levá-las ao aeroporto. 

- Ai, minha santinha.. - pensei comigo - Ir ao aeroporto de viatura? Tomara que não tenha muita gente por lá! - Melli entendeu o que eu pensava, e assentiu com o olhar. De qualquer forma, não poderíamos pagar um táxi mesmo! 

Acomodamo-nos no banco traseiro, enquanto colocavam nossas bagagens no porta-malas. Caso perguntassem porque não ajudamos, eu diria que não estava acostumada a viajar e não sabia os procedimentos corretos.