Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 9
O Susto


Notas iniciais do capítulo

decidi postar mais esse capítulo mesmo sem ganhar minhas 5 rewiews pelo tempão que fiquei sem postar nada :/
sei que o capítulo é curtinho, mas espero que ele agrade. boa leitura!



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Durante o resto do tempo que passamos na van do acampamento, eu não proferira sequer uma palavra. Faríamos um tour pelo Mundo Inferior. Magnífico, pensei. Minha melhor opção de diversão é, com certeza, viajar ao Mundo Inferior para resgatar um artefato que pode decidir se Apolo desconta sua raiva nos humanos ou não. Perfeito.

Mas se eu tinha aprendido alguma coisa durante minha vida foi que não devo ficar reclamando de tudo. Nesse momento Argos parou a van, e todos olharam pela janela. Decididamente não estávamos no ponto de ônibus, conforme prometido.  Estávamos parados no meio da estrada, ladeados por árvores.

- O que houve? – perguntei a Charlie, que estava ao lado da janela.

- Não sei – respondeu-me – mas tenho a impressão de que não é nada bom.

Nesse instante uma garra negra tocou a janela. Gritei, e Charlie cobriu minha boca, e tocou a sua com o indicador, fazendo um sinal para que eu não dissesse nada. Assenti e ele tirou a mão da minha boca.

- O que foi isso? – perguntei.

- Não sei – respondeu-me em um sussurro – mas nove meios-sangues devem ter um cheiro muito atraente para os monstros que estão perto.

Isso fazia sentido. Nove semideuses deviam ter um cheiro extremamente chamativo. Todos ficamos em silêncio. Não sabíamos o que viria a seguir, e a expectativa era imensa. Ouvíamos cascos ecoando ao lado de fora da van, lentamente. O barulho de respiração era inaudível. Ninguém se movia. Os cascos continuavam ressoando, batendo contra o asfalto, e conseguíamos ouvir o barulho do animal farejando a lateral da van, contornando-a lentamente. A essa hora, humanos normais já teriam entrado em pânico e gritado, tentando quebrar alguma janela para sair dali, em uma tentativa desesperada de salvar sua vida. Mas sabíamos que se alguém fizesse isso estaríamos ferrados. Tirei meu anel do dedo e joguei-o para cima, e peguei minha espada modificada por Atena. Ainda não havia me acostumado com a mudança, mas a espada deveria ser boa. A metamorfose foi silenciosa, graças aos deuses, e o monstro prosseguia com seus passos.  Ele acabara de passar pela traseira da van e estava se aproximando da porta. Clop, clop, clop, clop. A cada passo se aproximava mais de nós. Conseguíamos ouvir os corações de nossos amigos acelerando. Clop... clop... clop... clop. Eu estava suando frio. Clop. Minhas mãos estavam escorregadias. Clop. Minha respiração acelerava. Clop. Pensamentos a mil. Clop. Eu estava certa de que chegar ao Hades iria ser mais fácil do que eu pensava. Clop... Clop... Clop. O monstro parara. Estava em frente a porta da van. Farejou mais um pouco. Alguma coisa pousou no chão, sem fazer muito barulho. Forçou a porta, tentando abri-la, mas não conseguiu. Toc toc toc. Uma leve batida na lateral indicava que o indivíduo tentava entrar sem violência. Estreitei os olhos. Quase consegui ouvir as engrenagens se movendo em minha cabeça, se movendo em conjunto em prol de achar uma resposta coerente.

- Danny – disse, sussurrando – abra a porta.

Todos me olharam como se eu estivesse louca.

- O quê? – perguntou-me Charlie – você quer que a gente morra mais cedo, é isso?

- Charlie, pense! – respondi – Se quisesse nos matar já teria partido a van em mil pedaços.  Agora, abra a porta Danny, por favor.

Ele estava pálido, visivelmente com medo, mas assentiu e fez o que eu pedi. Destrancou a porta e lentamente a abriu. Ninguém via nada, inclusive Danny, que ficou olhando para os lados a procura. Ele virou-se para trás e quando abriu a boca para falar, um rosto familiar apareceu de cabeça para baixo na porta da van, indicando que a pessoa estava deitava em cima do automóvel. Tinha um sorriso malandro no rosto, e seus olhos verdes faiscavam de felicidade, como uma criança que havia conseguido assustar um adulto. Seus cabelos pretos estavam bagunçados e pendendo para baixo, mesmo sendo curtos.

- Você esqueceu seu suprimento de néctar e ambrosia em cima do travesseiro, maninha – disse-me Percy.

- PERCY, MAS O QUE HADES É ISSO?

- Seu suprimento de néctar e ambrosia – repetiu.

- Por que você fez isso? Para que me assustar? – perguntei.

Ele riu e desceu do telhado.

- Por que assim é mais divertido. Venha, pegue aqui.

Transformei minha espada em um anel, soltei o cinto e levantei, dirigindo-me a porta. Peguei os suprimentos e mostrei a língua para Percy, que devolveu-me um sorriso divertido. Guardei os suprimentos na mochila e virei-me para entrar novamente, mas Percy não se contentou com o susto que me deu e me puxou pela mochila, quase me derrubando. Alguns campistas abafaram o riso.

- O que foi agora? – perguntei

- Você esqueceu de me dar um abraço – disse-me.

Revirei os olhos e reprimi um sorriso. Aproximei-me dele e passei meus braços por sua cintura, apoiando minha cabeça em seu ombro. Tive que ficar na ponta dos pés, por que por mais que fosse destemida era baixinha. Ele retribuiu o abraço, reconfortante como havia sido na noite anterior. Abracei-o com força; eu não queria deixá-lo. Tinha acabado de conhecê-lo e não sabia se o veria de novo. Ele também não queria me deixar, pois apertou o abraço quando eu tentei me desvencilhar. Por fim, me deu um beijo na bochecha e soltou-me, dizendo que eu deveria ir.

Ei chefe, vamos agora? Uma voz estranha ecoava em minha mente.

- Mas o que foi isso? – perguntei

- Blackjack, meu Pégaso. – respondeu ele.

O Pégaso negro aproximou-se de mim e me farejou.  É, chefe. Tem o mesmo cheiro que você. Oops, sem ofensas. Quer dizer... ah, deixa pra lá.

Reprimi um sorriso.

- Quer dizer então que você tem um Pégaso e que eu consigo ouvir seus pensamentos? Mas como? – perguntei.

- Poseidon criou os cavalos, Stef. Então os filhos de Poseidon podem entendê-los. Também consigo entender zebras. Uma vez...

Ergui uma sobrancelha.

- Ah, tudo bem. Estou atrasando vocês. Boa viagem Stef...  – virou-se para dentro da van – e a vocês também.

Todos agradeceram. Despedi-me de Blackjack e de Percy, e entrei novamente na van. Danny fechou a porta e Argos ligou o automóvel, continuando o caminho até o ponto de ônibus.

Quando chegamos, sentamos no banco de madeira para esperar o ônibus chegar. Mas somos semideuses hiperativos, não conseguimos simplesmente ficar parados. Após dois minutos sentados naquele banco, todos já estavam entediados e irritadiços com a demora e a falta do que fazer. Comecei a andar de um lado para o outro, sentindo o olhar de todos sobre mim. Ia de uma ponta do banco a outra, e depois voltava. Repetidamente. Olhei para o céu franzindo a testa e semicerrando os olhos; o sol estava cegando. Mirei um ponto preto que havia no céu, pensando ser um pássaro. Então me dei conta de que Percy estava voltando ao acampamento com Blackjack. Tchau, Percy, pensei. Nos veremos em breve.

Um trovão ecoou. E isso me lembrou de que eu estava em uma missão para os deuses, indo ao Mundo Inferior.

E não tive mais certeza se poderia cumprir a promessa que fizera em pensamento para meu irmão.  


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Notas finais do capítulo

desisti de pedir rewiews, embora seja uma ótima maneira de saber como a história está... pelo menos um "continua" podia ter né? mas enfim, desde que leiam ta ótimo.
beijinhos ;*



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