Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 4
Pior do que eu pensava


Notas iniciais do capítulo

desculpa, o capítulo anterior foi meio breve... mas espero q tenham gostado mesmo assim. talvez eu demore pra postar os próximos capítulos, já que começaram as aulas e tals, mas não me "abandonem" :)



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Chegando lá, percebi que todos estavam só nos esperando. Todos estavam quietos, e quando entramos todos os rostos se voltaram para nós.

- Ah, graças aos deuses! Percy, onde é que você estava com a cabeça? Sair da concentração sem avisar ninguém de que estava saindo ou para onde estava indo! Sumir por meia hora com sua irmã que acabou de chegar ao acampamento! Meia hora! Você sabe o que significa isso? Deuses! Eu estava morta de preocupação! Já estava saindo para procurar vocês, mas Quíron me impediu. Se não fosse por ele e se você chegasse mais um minuto atrasado que fosse, quando eu te encontrasse, você iria ouvir uma filha de Atena muito, mas muito zangada! – Annabeth estava gritando com Percy. Ela estava vermelha e sem fôlego, mas ela só estivera preocupada com ele, só isso. E estava feliz por ele ter voltado.

- Ei, calma aí Annie! Eu só fui treinar com Stef! Ela não poderia enfrentar seis monstros sem maiores treinamentos! Ela acabou de chegar aqui, e a única coisa que sabe fazer é se defender! Só nos afastamos dez metros, por meia hora. Meia hora treinando! Isso não é nada, considerando o que ela vai enfrentar agora. Me desculpe, mas eu estava tentando proteger a única irmã que tenho.

Ele fazia uma carinha de dar dó a qualquer um. As meninas de Afrodite estavam quase chorando, e o pessoal de Ares revirava os olhos a cada frase.

- Bom, não temos a noite toda – disse Quíron- então vamos começar logo.

Ele posicionou cada um dos grupos em frente a um estandarte. O nosso tinha um tridente, por ser o único chalé com filhos de Poseidon. O segundo tinha uma espada e o terceiro, um arco e uma flecha. Em exatamente dois minutos, um símbolo apareceu estampado em cada estandarte. O mesmo símbolo. Era um alfa α, o símbolo do meu escudo, indicando que ali era o começo da jornada. Fui até lá e encostei na letra grega, e um caminho se abriu a minha frente. Quíron sorriu para mim.

- Acho que temos uma nova campista muito inteligente aqui – disse Quíron -, e acho que ela ajudará muito o seu grupo. Parabéns Stefanie Swan. Agora você é a líder deste grupo, se assim desejar.

Enrubesci. Eu não queria liderar nada por enquanto, havia menos de um dia que eu estava no acampamento. Annabeth estava incrédula. A liderança estava nas mãos dela, e eu havia tirado somente por descobrir a entrada. Antes que ela se manifestasse, respondi:

- É uma honra receber um convite como este, senhor Quíron. Mas prefiro deixar este cargo nas mãos de Annabeth. Ela tem mais experiência do que eu em combate, e sabe melhor o que fazer.

Annabeth suspirou e sussurrou um obrigada. Quíron assentiu e disse ao nosso grupo que entrasse e iniciasse a jornada. Annabeth tomou a dianteira, ladeada por meu irmão e Clarisse La Rue. Os sátiros estavam bem atrás deles, e os outros campistas logo depois, andando de um jeito nada organizado. Fiquei no meio do grupo, bancando a covarde. Eu estava com medo. Nunca havia feito algo desse tipo. Charlie estava bem ao meu lado, e começou a conversar comigo.

- Ei Stef, preparada?

- Na verdade não muito – respondi – apesar do curto treinamento.

- Ah. Não se preocupe. Estamos em trinta... – ele se interrompeu para segurar um campista que acabara de cair. Era Clovis. – Hã, bem, vinte e nove campistas. Não precisa ter medo.

Era a segunda vez que alguém me dizia isso. Mas a minha impressão era que quanto mais eu ouvia isso mais perigoso se tornava o desafio para mim.

Charlie entregou Clovis a um filho de Apolo e a uma filha de Hécate que estavam por perto. Assim que passamos pelo “portão” do desafio, ele se fechou, e Clovis foi colocado no chão. Mike, o filho de Apolo, pingou uma gota de néctar na boca de Clovis, que acordou repentinamente, e assustado.

- Ah, o que? Onde? Cadê? Ah. Já estou no chalé? O desafio acabou? Ah, Mike, Jennifer... o que vocês estão fazendo aqui?

- Calmo aí garoto! Você dormiu, só isso. O desafio mal começou – disse Mike

- Jennifer, dá pra fazer alguma magia para ele permanecer acordado por uma hora pelo menos? Não dá pra ficar vigiando ele o tempo todo – disse Charlie

- Ok. Afastem-se, pode ser perigoso para o resto de vocês.

Jennifer pronunciava algumas palavras em voz baixa, e eu mal conseguia ouvi-la. Ao fim da magia, Clovis estava com os olhos bem abertos, e não parecia, pela primeira vez, que estava com sono. Parecia disposto e um tanto hiperativo. Nos levantamos e nos juntamos ao resto do grupo, que estava explorando o espaço.

- Ok, reúnam-se aqui, por favor – disse Annabeth – tenho um plano. Cody e Sarah, vocês dois vão verificar até aonde é seguro ir, para não nos machucarmos com os arbustos de sua mãe. Deméter foi muito cuidadosa em sua escolha. Demarquem com algumas flores coloridas os limites do caminho. O chalé de Apolo vai se posicionar nas árvores, com exceção de Danny, que virá conosco. Clarisse e Sue farão parte da linha de ataque, junto comigo, Mary, Hannah, Katie e Norman. O chalé de Hermes ficará nas árvores com o chalé de Apolo. Os chalés de Deméter, Hefesto, Hécate, Hipnos e Poseidon ficarão com a defesa. Alguma dúvida?

Ninguém se manifestou. Annabeth parecia satisfeita com isso.

- Tudo bem. Vamos esperar aqui até que a marcação dos limites seja feita.

Dez minutos depois, começamos a nos posicionar. Cada campista que foi designado para as árvores escolheu uma e escalou, se camuflando nas árvores. Sarah ajudou na camuflagem, de modo que eles realmente pareciam fazer parte da árvore. Percy e eu ficamos atrás do grupo, com uma visão melhor do que acontecia na frente e com a defesa. Começamos a nos locomover, mas mesmo assim nenhum monstro aparecia. Todos se sentaram para descansar, e o pessoal de Apolo e Hermes desceu das árvores. Fiquei de pé, estava muito inquieta para ficar sentada.

- Percy – disse – vou subir naquela árvore para manter vigilância. Aviso vocês de qualquer coisa que se aproxime.

Ele parecia preocupado, mas assentiu. Escalei a árvore uns bons cinco metros, me sentei em um galho e fiquei lá, abraçada ao tronco, observando tudo ao redor. De onde eu estava, podia ver o segundo grupo de campistas, que ficou com o estandarte de espada. Um monstro enorme estava mantendo quatro campistas ocupados, enquanto os outros escalavam as árvores para acertar uma espécie de morcego grande. Olhei para o céu e vi que um par de olhos vermelhos me observava. Ele moveu ligeiramente a cabeça e seu bico de bronze reluziu a luz da lua. O primeiro monstro acabara de chegar. Muito lentamente, puxei meu gorro do bolso e o coloquei. O pássaro ficou confuso. Saltei da árvore, algo muito arriscado de se fazer, e caí em cima de um arbusto com bastantes folhas, que serviu para amenizar o impacto.

- Cuidado! – gritei – Tem um bicho lá em cima! Cuidado! – ninguém podia me ver, e achavam que eu estava brincando. Tirei meu gorro e repeti – Cuidado! Tem um pássaro lá em cima!

Bem nesse momento, o pássaro começou a guinchar, e Annabeth exclamou:

- Pássaros da Estinfália! Cuidado! Protejam-se! – ela virou-se para meu irmão – Percy, precisamos de barulho. Não vamos desperdiçar as flechas.

Peguei um galho e comecei a bater no meu escudo. Percy me imitou, e instruiu os outros a fazerem o mesmo. Logo o pássaro explodiu, com tanto barulho. Esse foi fácil de matar.

- Stef – Percy chamou – como você viu esse pássaro?

- Eu te disse, estava naquela árvore – apontei para a árvore em que eu estava – observando. Eu vi o segundo grupo, lutando contra um pássaro desses e outro bicho, e aí quando olhei para cima ele estava lá.

Percy ficou branco.

- E esse bicho que você estava falando não era grande e preto, por acaso, era?

- Era. Mas como você... – Percy apontou para alguma coisa atrás de mim.

– Por nada - disse Percy-, só por aquilo ali.

Virei-me bem devagar, e atrás de mim havia um monstro exatamente igual ao que estava no segundo grupo. Não havia tempo para agir devagar, como tinha sido com o pássaro. Desesperadamente, enfiei o gorro na cabeça e corri para o lado do meu irmão. O monstro urrou, e todos os campistas se levantaram e se posicionaram na formação que Annabeth havia combinado. Fiquei invisível e atrás de Percy, mas ele logo foi para frente junto com Annabeth, então fiquei atrás de Charlie.

- Charlie, não se mexe – sussurrei.

Ele se assustou um pouco, mas assentiu e ficou parado. Quando estavam todos em suas posições, Annabeth gritou:

- Agora!

Os semideuses partiram para cima do monstro, que foi acertado por várias flechas do pessoal de Apolo e Hermes. Fecharam um círculo ao redor do animal, e o golpearam. Eu estava parada, incrédula. Mas tinha que fazer alguma coisa. Corri para junto de meus amigos e comecei a o golpear também, com muita raiva. O que eu não havia percebido é que estava fazendo tudo sozinha. Os campistas se afastaram e me deixaram enfrentar o monstro sem outra ajuda, exceto por algumas flechas que o acertavam esporadicamente. Ataquei o monstro na parte de trás do seu joelho direito, e ele caiu. Subi em cima de sua enorme barriga e enfiei Ômega até o punho. Girei a lâmina, para ter certeza de que eu o havia matado e saí de perto dele. O monstro se desintegrou, mas eu já estava acostumada a isso. Estalei os dedos para que uma onda viesse até mim e restaurasse minhas energias. Olhei para meus amigos, que estavam boquiabertos.

- O quê? – perguntei .

- Nada – respondeu Clarisse – você só derrotou sozinha um monstro dois metros maior que você sem ter recebido treinamento.

- HAHAHA! –Clovis parecia bêbado, acho que nunca ficou acordado por tanto tempo na vida – OLHA SÓ! ELA TÁ VERMELHA!

Todos me encararam. Usei Ômega como espelho e vi que eu realmente estava reluzindo.

- Você tem a bênção de Ares – disse uma incrédula Annabeth – foi assim que conseguiu... que você matou o monstro sozinha.

- Ah, que ótimo – disse Clarisse – agora ela é uma espécie de parente minha.

Eu me sentia mais forte, mas estava também com raiva e com vontade de bater em alguém. Uma onda rugia em meus ouvidos.

- Clarisse – disse – se não gosta disso, se tem algum problema comigo, fale para mim, não fique reclamando com seu pai.

- Epa, calma aí! – Clarisse devolveu – Eu não disse nada sobre ter problemas com você, e não estava reclamando com meu pai.

- Então porque estava falando daquele jeito? – perguntei

- De que jeito? Eu... ah, quer saber? Esquece. Briga errada. Deveria saber disso, abençoada de meu pai.

Isso foi a gota d’água. Não que eu odiasse Clarisse, mas aquela bênção estava mexendo seriamente com meus neurônios. Joguei Alfa em direção aos tornozelos dela. Ela não conseguiu se desviar rapidamente, e acabou caindo. Sua cabeça estava a frente de meus pés.

- Agora – disse- podemos, por favor, continuar a jornada?

- Claro – respondeu ela – Se você conseguir parar de me ameaçar, xingar e me derrubar a cada palavra que eu pronuncio.

Dei um sorriso a ela, que me respondeu com uma careta. Ofereci a mão para ela se levantar. Recusou e levantou-se sozinha, tirando o pó de sua armadura.

- Vamos – disse – ainda temos que matar quatro monstros e encontrar uma espécie de prêmio.

Virei as costas e comecei a caminhar, e percebi que todos vinham atrás. Quíron tinha razão. Eu era a líder daquele grupo. 


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Notas finais do capítulo

curtiram?



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