Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 2
O Desafio


Notas iniciais do capítulo

eu ia deixar pra postar o capítulo outro dia, mas...



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Durante o jantar no enorme pavilhão, descobri várias coisas: as mesas eram separadas por parentesco divino, assim como os chalés (então ficamos eu e Percy a sós na mesa de Poseidon), o chalé de Ares não tinha uma fama muito boa entre a prole de Poseidon (que eles não temem, somos apenas em dois), mas que adoravam a captura da bandeira, um jogo entre os campistas, e que Quíron era um centauro muito velho e muito amigável. Ele me apresentou a todos os campistas, e como era de se esperar, Poseidon me reclamou formalmente como sua filha. Joguei alguns morangos no braseiro para Poseidon, a melhor oferenda que eu poderia fazer, considerando minha mãe e minhas recordações. Poseidon, pensei, espero que goste de morangos tanto quanto eu gosto. Sentei-me junto a Percy na mesa de Poseidon e comemos silenciosamente. Nenhum de nós se sentia a vontade para puxar assunto, até que Grover e Haley chegaram e se sentaram conosco.

- Olá Stef – disse Haley – como está indo seu primeiro dia no acampamento? Eu gostaria de ter sido sua guia no acampamento, mas Quíron me chamou para um breve reunião e... ah, olá Percy.

- Olá Haley – respondeu Percy, educadamente – como foi trazer Stefanie para cá? Ela atraiu tanta encrenca quanto eu?

- Você vai ficar surpreso, mas ela não atraiu nenhum monstro. Fizemos a viagem para cá tranquilamente. Ela matou um cão infernal e um espírito da tempestade hoje na escola e conseguiu invocar a Névoa sem maiores instruções, e isso é ótimo, mas nada além disso.

- Hã, Haley, eu desmaiei ao passar pelo pinheiro de Thalia. Isso tudo não significa nada? – perguntei

- Talvez signifique – respondeu Percy- mas ainda não sabemos. Ah, desculpe Grover. Maninha, esse é Grover, o sátiro mais valente que já conheci. Ele me trouxe até o acampamento.

- Olá Grover! –disse

- Olá Stefanie! Que prazer conhecê-la! Percy me disse que estava ansioso por receber um irmão ou irmã, e esperava que Poseidon enviasse uma companhia para ele este verão. – disse Grover- Tyson voltou para o palácio submarino de Poseidon, então Percy ficou sozinho. Se não fosse por mim e por Annabeth, não sei o que seria dele.

Olhei para Percy e vi em seus olhos que isso tudo era verdade. Ele precisava de alguma companhia além de seus amigos. Ele precisava de uma irmã que estivesse com ele, alguém para ele treinar, alguém que o entendesse. Neste momento em que nos encaramos, Haley e Grover não pararam de falar um instante sequer. Acho que é fraco de sátiro falar demais. A trombeta de concha soou novamente, e os campistas começaram a se retirar.

- Para onde estamos indo?- perguntei

- Para o anfiteatro – respondeu Percy – é hora da fogueira.

Uma garota loira de olhos acinzentados como o céu nublado se aproximou de nós, e percebi que ela me analisava, me estudava como se eu fosse um mapa. Procurava várias possibilidades de eu estar escondendo alguma coisa. Ou eu era muito difícil de ser lida e ela desistiu ou ela percebeu que eu não era ameaça. Deu a mão para meu irmão e disse:

- Oi Percy – disse ela – essa é a nova campista?

- Annabeth – disse Percy – essa é Stefanie Swan, minha irmã. Stef, essa é Annabeth Chase, minha namorada.

- Oi Annabeth – respondi

- Olá Stefanie.

Depois de uma breve apresentação, seguimos ao anfiteatro, que tinha uma enorme fogueira, e todos os campistas estavam sentados ao redor dela, cantando músicas que o chalé de Apolo escolhia e comendo guloseimas. Conforme a animação dos campistas aumentava, a fogueira subia e mudava de cor. Ela chegou a uns cinco metros de altura e ficou dourada nas bordas em cinco minutos de cantoria. Percy deu um beijo em Annabeth e seguiu para a parte da arquibancada que tinha uma bandeira com um tridente na frente. Annabeth se juntou a seus irmãos na parte da arquibancada com uma bandeira com uma coruja. Percy cantava as músicas com os campistas, e eu observava enquanto ele escolhia os doces azuis e me passava os outros. Eu escolhia os de morango, preferencialmente, mas comia também os chocolates e marshmellows de baunilha. Percy não era tão eclético. Quando a fogueira ficou completamente dourada e atingiu uns sete metros de altura, os campistas fizeram uma algazarra enorme, e pararam de cantar. Quíron trotou até o centro do anfiteatro e disse:

- Boa noite, semideuses. Tenho ótimas novidades. O chalé de Poseidon ganhou uma nova inquilina, como vocês já sabem, e ela está inscrita na captura da bandeira de amanhã a noite! – uma enorme algazarra partiu do chalé de Ares, animado para conhecer meu estilo de luta – Quietos, por favor! – bateu com o casco no chão três vezes, e todos se aquietaram- Muito bem. O chalé de Apolo me informou que a bola de basquete que ficara presa ao pinheiro de Thalia foi recuperada, mas que não pode ser usada novamente. David usou uma flecha comum ao invés de uma flecha especial, e a bola está furada.

David ficou sem graça, e o pessoal de Ares o encarou com cara feia.

- Mas hoje temos uma programação especial se última hora antes de retornarmos aos chalés – continuou Quíron.

Os campistas olharam para o centauro esperando, com expectativa. As chamas da fogueira ficaram meio azuladas com a ansiedade dos meio-sangues. Enfim, Quíron disse:

- Na tarde de hoje, alguns autômatos de bronze foram retirados das forjas, e alguns monstros não muito perigosos foram soltos. Ao todo, nove monstros e nove autômatos estão nos bosques neste instante, se preparando para enfrentar os campistas corajosos que irão se aventurar para resgatar um prêmio escondido e trazê-lo de volta para o anfiteatro antes da meia-noite.

Todos começaram a murmurar alguma coisa, se entreolhar e perguntar o que seria. O chalé de Hefesto parecia indignado:

- Os nossos autômatos? Os nossos projetos que serviriam de ajuda ao dragão Peleu na proteção do acampamento? Usados contra nós? Eles estão em fase de testes ainda, não estão prontos para o combate. Quem sabe o que eles podem fazer ao nos virem? Eles podem simplesmente ter um curto-circuito e derrubar árvores, sair correndo, e mais mil coisas que os autômatos não domados podem fazer. Como você simplesmente os tira de nós e os coloca em combate? – perguntou Charlie

- Acalme-se garoto – disse Quíron - Pedi a seu pai que aperfeiçoasse os autômatos e ele me garantiu que estariam preparados para lutar. Quanto aos monstros, bem, eles foram entregues por Ártemis, que selecionou diferentes espécies especialmente para desafiá-los. Cinco campistas de cada chalé serão sorteados e divididos em três grupos, e enviados a uma parte específica do bosque, demarcada por grandes arbustos mágicos fornecidos por Deméter, e vocês não poderão sair dessa área. Quanto ao chalé de Poseidon, Percy e Stefanie permanecerão juntos, e alguns sátiros preencherão os espaços dos campistas que faltam nos outros grupos.

Quíron fez o sorteio dos grupos, e os campistas que restaram ficaram com a tarefa de ajudar os campistas aventureiros, pegando suas armas e armaduras. Fiquei no mesmo grupo de Percy, Annabeth, Grover, Haley, Rian (outro sátiro), três garotos e duas garotas de Apolo, Charlie e quatro irmãs suas do chalé de Hefesto, cinco garotas de Afrodite, dois garotos e três garotas de Ares (entre elas Clarisse La Rue, que meu irmão parecia não gostar muito) e algumas crianças de Deméter, Hécate, Hipnos e dois garotos de Hermes. Estávamos em trinta meio-sangues, equipados para batalha e prontos para brigar. Annabeth se aproximou de mim e disse:

- Você tem seus equipamentos? Não é aconselhável entrar no bosque desarmado.

- Tenho, obrigada por se preocupar, de verdade. – Peguei Alfa e ômega, e coloquei uma pérola no bolso dianteiro da calça. Coloquei minha espada na bainha e retirei meu gorro do bolso de trás.- Ganhei de Poseidon, são bem úteis.

Annabeth analisava meu gorro.

- O que esse gorro faz, Stefanie?

- Ah, é camuflagem. Eu fico invisível. – coloquei meu gorro e desapareci. Annabeth não parecia surpresa. Retirei meu gorro- Você não se surpreendeu. Já viu um desses?

Ela pegou um boné dos Yankees do bolso de trás de sua calça jeans, o colocou em sua cabeça e desapareceu. Percy estava distraído enquanto vinha em minha direção, e não viu o que Annabeth tinha feito. Esbarrou e caiu em cima de Annabeth, que perdeu o boné e ficou visível novamente, completamente vermelha.

- Ah, desculpe Annie - disse Percy – não quis te derrubar.

- Tudo bem – respondeu Annabeth – agora me ajude a levantar daqui, vai.

- Ah, claro.

Eu estava rindo da cara do meu irmão e ele fazendo careta pra mim, mas ajudou Annabeth a se levantar. Ela se afastou praguejando em grego antigo e ajudando os outros campistas com suas armaduras e dando as últimas instruções para que ninguém saísse do combate gravemente ferido. Percy me olhou e percebi que ele tinha algo importante para me dizer.

- Diga, Percy.

- Como você sabe que eu quero falar com você?

- Primeiro que você não viria até aqui só pra derrubar Annabeth e ficar me encarando. Segundo, consigo ler esses seus olhos verdes, ok?

Ele suspirou e disse:

- Ok, você parece com a Annie. Vim te perguntar se você já sabe alguma coisa sobre combate e controle das águas.

- Saber eu sei, me virei por dois anos sozinha com os equipamentos que nosso pai me deu. E controlo a água também, embora não sou expert nisso.

- Então – disse sorrindo- me acompanhe, por favor. Temos meia hora antes de o combate começar.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado :):):)



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