Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 1
Finalmente


Notas iniciais do capítulo

Gente, é a minha primeira fanfic. Me esforcei muito para fazer uma história legal, espero que gostem.



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Meu nome é Stefanie Swan. Sou uma meio-sangue poderosa, o que é muito perigoso para mim. Fui “Reclamada” por meu pai olimpiano aos doze anos, e mesmo assim continuo em casa. Raiva é o que eu estou sentindo nesse momento. Estou parecendo uma garotinha mimada, que tem tudo e fica reclamando. Mas eu quero o meu sátiro. Sim, sátiro. Um ser da mitologia grega, meio homem e meio bode. Eles são os responsáveis por buscarem os semideuses e leva-los para o acampamento meio-sangue, e isso deve acontecer por volta dos treze anos de idade. Eu já passei dessa idade, este ano completo quinze e nada de sátiro aqui em casa. Não posso reclamar demais, pelo menos os deuses não deixam nenhum monstro me perseguir. Obrigada. Na verdade existem exceções. E é dessa exceção que minha história como semideusa começa. Claro, eu já havia treinado, mandava “bem” no combate, mas não era A lutadora. Mas dava pro gasto.

Certa vez minha professora de química me mandou pegar um frasco que tinha algo verde dentro. Eu peguei, e então a tampa explodiu e começou a pegar fogo. Isso não era alguma coisa verde. Era fogo grego. Maldita bruxa.  Coloquei meu gorro na cabeça e desapareci, vendo-a se transformar no que realmente era, um espírito da tempestade. Droga, esses eram os piores de matar.  Toquei o alfa que havia em minha pulseira, e segurei o peso familiar do meu escudo de bronze. Tirei meu anel e joguei-o para cima, e quando o peguei do ar, estava equipada com minha espada de fio duplo, Ômega. Infelizmente, a espada reluziu o sol que entrava pela janela, e o espírito me viu.  Ele veio em minha direção, derrubando tudo por onde passava. Líquidos se misturavam e começavam a corroer o piso de madeira, soltar fumaça, causar pequenas explosões de cor e cheiro, prevalecendo o de enxofre. Coloquei uma pérola na boca, para que eu não morresse intoxicada pelo ar, me virei para o monstro e ataquei. Aquela droga de professora sempre me odiou, achava que era marcação ou algo do tipo, mas não. Agora eu havia entendido o porquê disso. Obrigada senhor Zeus, por mandar um monstro para eu matar na escola. As garotas começaram a gritar e tentaram fugir do laboratório, os meninos ficaram paralisados por um momento e depois foram tentar derrubar a porta, que estava trancada com magia. Enquanto isso, o pequeno furacão lutava contra um ser invisível. O pior de lutar contra um espírito da tempestade é que eu sou filha de Poseidon, o deus do Mar, inimigo de Zeus, o deus dos Céus, e blá blá blá. E sempre sobra pra mim. O espírito veio em minha direção e lançou um raio, que desviei com meu escudo. Uma rajada de vento soprou meu gorro longe, e fiquei visível novamente. Trocamos golpes, espada contra raio por uns bons cinco minutos, até que uma explosão de produtos químicos distraiu o espírito. Aproveitei o momento, subi na bancada de pedra e pulei em direção ao espírito, acertando a espada exatamente onde deveria ser seu coração. O furacão se dissipou, os ventos diminuíram até se extinguirem e eu fiquei ali em pé, no meio da sala, toda colorida, suada e cansada. Abri a torneira e lavei as mãos, o suficiente para me dar energia para invocar a Névoa, abrir a porta e fugir dali. Minha pérola estava gasta e minha respiração começara a ficar difícil, então teria que agir rápido. Estalei os dedos, invocando a Névoa, e disse aos alunos que chamassem alguém para limpar a bagunça, já que nossa professora enlouqueceu, jogou tudo no chão e saiu correndo. Cortei a porta com minha espada, fazendo um delta perfeito em apenas dois segundos. Saltei a janela da sala, que ficava no segundo andar do prédio. E, finalmente, eu estava livre, certo? Errado. Um cão infernal estava exatamente abaixo de mim, esperando que eu caísse em sua boca. Rapidamente saquei minha espada, posicionei-a na frente de meu rosto e finalizei a queda enfiando a espada na garganta do cão. Dei um mortal para escapar de mais sujeira, caí de joelhos em um pequeno arbusto e rolei para o chão, exausta. Assim que o monstro se desfez, encostei na ponta da minha espada para que ela voltasse a ser um anel, desenhei com um dedo o alfa no meu escudo e ele voltou a ser uma pulseira. Até quando eu seria perturbada com esses malditos monstros? Coloquei uma mecha do meu cabelo no lugar, caminhei pela calçada, virei a esquina em direção ao ponto de ônibus. Nem morta eu ia voltar para a aula.

Chegando em casa, me deparei com minha melhor amiga, Haley, deitada no sofá, tomando refrigerante e comendo nachos. A essa altura eu já deveria ter me acostumado com isso, mas Haley estava muito estranha. Ela devorava a lata de refrigerante e o pacote de nachos junto, como se fossem aperitivos. Sua calça estava arregaçada de modo que mostrasse o tornozelo, e isso era bizarro. Seu tornozelo era peludo demais, era anormal.

- HALEY!

- Ah, oi Stef. Como vai?

- O que diabos você está fazendo jogada no meu sofá, comendo a lata de refrigerante, o pacote de nachos e porque seu tornozelo é assim peludo?

- Chegou a hora, Stef. Eu sou o sátiro que está designado a levá-la ao acampamento meio-sangue. Uma filha de Poseidon não deveria ficar sozinha no mundo, com todos esses monstros por aí. Vamos, antes que você atraia mais encrenca.

- Mas como? Todos esses anos... por que você nunca me levou ao acampamento?

- Não era hora. Agora vamos, Quíron está nos esperando.

- Quí... quem?

-Quíron, o centauro. Vamos, não há tempo para explicações.

Arrumei uma mochila com algumas roupas, dracmas e meu escudo reserva, Gama. Todos os meus acessórios de batalha eram nomeados com as letras do alfabeto grego; assim eu sempre estava com Alfa e Ômega, início e fim. Sem perder tempo, partimos em direção a uma rodovia conhecida, mas logo entramos em uma estrada de chão batido e eu não fazia ideia de para onde estávamos indo. Assim que estacionamos e saímos do carro, a primeira sensação foi de estar acolhida pelo cheiro de morango dos campos que o acampamento possuía. Era a cópia exata do perfume de minha mãe. Ela morreu havia quatro anos, mas ainda lembrava do cheiro do seu perfume. Assim que passei por um pinheiro onde estava pendurado o velocino de ouro, senti uma tontura e desmaiei. Haley me segurou, mas eu estava fraca e ela de muletas, então caí de cara na terra macia que estava em volta da árvore.

 Acordei com braços fortes me envolvendo, um par de olhos castanhos me encarando e uma segunda pessoa que eu não conseguia enxergar me dando algo para tomar. Provavelmente era néctar, pelo gosto forte de morangos; néctar tem o gosto de sua melhor recordação, e como a minha era o cheiro do perfume de minha mãe (não tomei seu perfume, mas o cheiro era idêntico ao perfume, e o gosto idêntico ao cheiro), o néctar tinha esse gosto. Eu ficava mais forte a cada gole de néctar, e assim que o rapaz teve certeza de que eu não iria desabar se ele me soltasse, ele me posicionou em uma cadeira de balanço e sentou-se em um banquinho de três pés para me observar. Quando consegui desviar meus olhos dele, vi que quem estava me dando néctar era outro garoto, igualmente lindo, e que ele entoava uma canção em grego antigo. Provavelmente falava de recuperação, e mencionava repetidamente o deus Apolo, o deus da medicina.

                - Oi – disse o garoto que me havia me segurado- meu nome é Charlie. Como você se chama?

Parecia que alguém havia enchido minha boca de algodão, mas respondi:

                - Me chamo Stefanie. Sou filha de Poseidon.

                - Ah, que ótimo, você já sabe quem é seu pai. Como você foi reclamada, se não estava no acampamento?

                Eu não deveria ficar falando minha história para qualquer um que aparecesse na minha frente perguntando, mas algo me dizia que ele ficaria sabendo de um jeito ou de outro. Respondi:

                - Eu entendi isso por etapas. Conseguia ler textos inteiros em grego sem hesitar ou errar. Mergulhava nos mares e ficava debaixo d’água por muito tempo, respirando normalmente. Me dava bem com cavalos, entendia-os, assim como os animais marinhos. E conseguia controlar a água. Na verdade, consigo. E quando aprendi sobre a Grécia na escola, tudo se encaixou. Durante um mergulho, três anos atrás, tive uma visão, que me dizia que eu estava certa sobre meu pai, e que eu encontraria os equipamentos básicos para a minha sobrevivência no fundo falso do meu armário. Desde então ando com eles o tempo todo.

                - Você tem equipamentos de batalha? Sério? Mas onde estão?

                - Ah, são camuflados.

Mostrei a Charlie minha espada e meus escudos, assim como o gorro e as duas pérolas que me restaram. Seus olhos brilhavam ao ver a metamorfose dos equipamentos. Lembrei que estava curiosa sobre uma coisa, e perguntei:

                - De quem você é filho?

                - Hefesto, com a bênção de Afrodite. Você tem a bênção de algum outro deus?

                - Não tenho certeza disso. Quem sabe?

                - Talvez hoje na fogueira você fique sabendo. Tenho que ir, meus companheiros de chalé me esperam. Passe nas forjas mais tarde para dizer um oi. Enquanto isso David será seu guia pelo acampamento. Tchau Stefanie.

Antes que eu pudesse ao menos protestar por sua partida ele saiu correndo em direção a uma construção cheia de chaminés, que imaginei serem as forjas, e o garoto que estava me dando néctar veio em minha direção para começarmos o tour.

                - Olá Stefanie. Meu nome é David, sou filho de Apolo, e vou te mostrar o acampamento.  Me acompanhe, por favor.

David me mostrou tudo no acampamento, desde o pinheiro de Thalia (que evitei, por ter me feito desmaiar e por ter um dragão enroscado nele) até os chalés, passando pelo paredão de escalada, forjas (onde parei para dizer um oi a Charlie), estábulos de Pégasos e o anfiteatro. David me levou até o meu chalé, o número três, uma construção baixa de rochas azul marinho que vinham do fundo do mar. Abri a porta e dei um encontrão em alguém.

- Ei, cuidado! – disse.

- Ah, me desculpe. Estou com pressa, nem vi por onde estava andando. Estou tão cheio com esse problema de Annabeth e dos Pégasos que... ah, que grosseria a minha – Ele me estendeu a mão – meu nome é Percy Jackson. Quem é você?

Só neste momento percebi seus olhos verdes e cabelos pretos, exatamente iguais aos meus. Percy Jackson era meu irmão.

- Me chamo Stefanie, sou filha de Poseidon, portanto sua irmã.

                Nos encaramos por um tempo, analisando um ao outro, como estátuas. Eu me assemelhava muito a ele; no jeito de analisar, franzir a testa, e ficar com os lábios um tanto enrugados, pensativa. Ele olhou para o céu e disse:

                - Obrigado, pai.

Virou-se para mim e falou:

                - Está quase na hora do jantar, e hoje você será apresentada aos outros campistas. Provavelmente será reclamada por nosso pai formalmente. Amanhã terá captura da bandeira, portanto vamos passar o dia treinando e aperfeiçoando suas habilidades de filha do deus do mar.

                Uma trombeta de concha soou ao longe. Era hora do jantar.


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