Annabeth:

O dia seguinte passou rápido como sempre: treinamos, comemos, dormimos, e, no meu caso, alimentei e brinquei com a Mini O’Leary.

Eu praguejava internamente por Quíron ter interrompido um momento tão crucial na minha vida. Se não tivesse soprado aquela maldita concha, eu e Percy estaríamos entrando no Parque Aquático Aqualândia de mãos dadas, senão abraçados.

Eu vestia meu short branco jeans com o meu biquíni preto e sandálias estilo gladiadora, um óculos na cabeça e cabelos soltos, enquanto Percy usava uma bermuda azul que combinava com a cor de seus olhos, e livrou o abdômen definido de uma blusa branca de algodão assim que nos aproximamos da piscina.

Me despedi de meu short, sandálias e óculos que deixei em um muro próximo e pulei na piscina como um tiro de canhão. Submergi por alguns segundos e voltei á tona perto da borda, aos pés de Percy.

–E então, Cabeça de Alga? Vai ficar parado aí?

Ele sorriu em resposta e entrou na piscina com um mortal perfeito para frente, aparecendo totalmente perfeito do meu lado.

–Exibido... – Comentei com ele, antes de voltar a mergulhar e nadar até a outra borda, saindo da piscina ( com Percy nos meus calcanhares) e seguir para um tobogã gigante.

Nós nos divertimos como loucos em quase todos os brinquedos que encontrávamos pela frente: descíamos em tobogãs gigantes, nadávamos em piscinas que te jogavam longe se estivesse perto de uma das saídas de água, parávamos em baixo de baldes enormes que jogavam água em nós, e então era a hora do almoço.

Havia prometido que almoçaria com Percy, então saímos por aí atrás de um bom restaurante japonês, e Percy quase morreu ao comer uma boa quantidade de Wassabi, apesar de avisar a ele que era um molho muito forte e picante. A sorte dele era que eu estava ali para praticamente enfiar um copo enorme em sua boca e obrigá-lo a beber trilhões de litros de refrigerante até ele voltar a sua cor normal bronzeada.

–Então, Annabeth... – Ele começou enquanto eu terminava de comer meu rolinho primavera. – Já tem um tempo que eu queria falar com você sobre... – Ele mal pode terminar a frase antes de Grover entrar no restaurante com sua “fantasia” de garoto comum de Nova York e se sentar (ou melhor, desabar) na cadeira da mesa ao nosso lado.

– Ahh... Graças aos Deuses eu achei vocês... – Ele percebeu a expressão clara no rosto de Percy, que indicava que ele havia entrado em uma péssima hora... – Errr... Estou interrompendo alguma coisa importante?

Eu e Percy olhamos um para o outro, nos certificando de que aquela conversa poderia esperar, e convidamos Grover a se aproximar de nossa mesa. Nossa conversa poderia esperar muito bem (mas não tão bem assim) mais um pouco não? Já estava sendo adiada e evitada por 4 anos, o que seriam mais 4 minutos?

– Tudo bem então... – Disse ele, ainda desconfiado da proximidade entre mim e Percy. Me afastei um pouco imediatamente. – Quíron ficou super preocupado com vocês dois. Sumiram sem nem se darem o trabalho de nos avisarem aonde iriam, com quem e por quanto tempo ficariam fora. Os sátiros e centauros também têm sentimentos, ok?! Se vocês dois sumirem eu não sei o que eu faço...

Palavras não descrevem como eu e Percy conseguimos manter Grover calmo e sem chorar. Eu, sinceramente, ainda não faço ideia de como fizemos ele se acalmar e manter-se assim.

Antes de continuar, ele ergue o braço e passa-o no rosto, a fim de limpar lágrimas que não estavam ali, e pelo jeito ele também ficou muito surpreso quando não encontrou seu rosto molhado.

–Ahh... Antes que eu me esqueça, Annabeth. – Ele ergueu meu colar de couro com algumas contas, e ergui minhas mãos ao redor do pescoço para me certificar de que realmente era o meu. – Clarisse achou isso aqui na beira da piscina que você estava. Tome cuidado com ele, ok? Se você perder, não vai ganhar outro.

Eu havia nadado em tantas piscinas com Percy que não fazia ideia de sobre qual delas Grover se referia, mas mesmo não sabendo exatamente em qual delas Clarisse achou meu colar, respondi a ele.

– Obrigada, Grover. Vou cuidar melhor dele daqui pra frente... Agradeça a Clarisse por mim, e diga a Quíron que não precisa se preocupar: Percy e eu voltamos para lá daqui a pouco.

– Tudo bem então. Se cuidem, hein! Não quero saber de monstros perseguindo meus amigos por todo o estado de Nova York... – Disse ele, levantando da mesa, pegando um rolinho do balcão de recepção e dando no pé antes que dessem a falta dele, saindo pela porta com legumes entalando sua boca.

Fiquei mexendo por um bom tempo nas contas sem ter consciência disso, o que pareceu lembrar Percy de alguma coisa importante. Ele esperou que eu acabasse com toda comida do prato antes de falar qualquer coisa.

– Annabeth, que raios são aqueles números em seus bilhetes? – Perguntou curioso.

“Ok.” – pensei. – “Ele me pegou”.

– Bem...

Por sorte, Grover adentrou o recinto novamente, me interrompendo de novo. Quase solto um “Graças aos Deuses” bem alto quando isso acontece.

– Percy, Annabeth! Quíron disse para irem para o ônibus agora. A excursão acabou.

– Que diabos... – Resmunga Percy e eu rio.

–Acalme-se Perseu Jackson. – Disse eu, puxando sua mão e fazendo-o se levantar. – Você vai saber na hora certa.

Dei a conversa por encerrada (mesmo que ele estivesse resmungando) e o arrastei atrás de Grover em direção ao ônibus.