Percy:

Eu já estava completamente desesperado quando fui ao refeitório me encontrar com Annabeth, então, imagine a minha surpresa quando encontro não ela, mas Júniper, sentada a minha mesa. Era óbvio que alguma coisa estava acontecendo, e como de costume, eu provavelmente era o único que não estava a par da situação.

“Percy Jackson acalme-se. Annie não foi sequestrada por um manticore. Annie não caiu da torre de escalada e não quebrou o pescoço. Annie não está morta.”

Deu pra perceber que eu não conseguia me acalmar, o que quer dizer, em outras palavras, que eu praticamente corri até Júniper e a afoguei em perguntas sobre Annabeth.

– Onde está Annabeth? O que aconteceu com ela? Ela está bem? PELOS DEUSES NÃO ME DIGA QUE ELA ESTÁ MORTA!!!

Era de se esperar que o refeitório inteiro parasse para avaliar o meu grau de sensatez (ou insensatez) antes de comer, mas já estavam todos acostumados a escândalos no Acampamento, já que todo verão Clarisse fazia questão de arrumar briga com algum novato.

–Acalme-se Percy. Annabeth está bem... – ela disse, tentando me fazer sentar e relaxar um pouco, o que é realmente estranho, já que normalmente somos eu e Annie que temos de acalmá-la quando ela está nervosa. – Levando em consideração que ela levou uma bola em chamas no meio do rosto, eu diria que um galo vermelho na testa não é nada...

Antes dessa, eu já estava nervoso e completamente vermelho.

–Como é?!Uma bolada?!EM CHAMAS?! – Então me lembrei da bola que Clarisse usava no campo de treinamento com Chris, e tudo pareceu fazer sentido. Bem, quase tudo. – Mas... Se não é realmente nada, porque Annabeth não está aqui?

–Pergunte isso a ela quando ela estiver melhor, eu não faço ideia. Mas aviso logo: ela não iria querer que você fosse vê-la. Ela está com um galo e... Bom, ela não é uma filha de Afrodite e nem tão vaidosa assim, mas é Annabeth, e você sabe como ela é... – Respondeu ela, calmamente.

Eu cheguei a duas conclusões depois disso.

Primeira: Annabeth não estava ali porque sofrera um acidente envolvendo uma bola em chamas suspeita, mas (graças a Hefesto), ficou apenas com um galo na testa.

Segunda: Eu ainda não entendia porque ela não tinha ido ao nosso “encontro” se nada de grave havia acontecido. E eu iria tirar essa história a limpo assim que a visse. Mas ela não queria que eu a visse daquele jeito, de modo que mesmo querendo ter uma conversa cara a cara com ela, não vi outra opção que não lhe escrever outro bilhete.

“O que aconteceu? Porque não foi me encontrar?”

E fiquei um tanto decepcionado quando obtive como resposta três palavras que não explicavam absolutamente nada.

“Cabeça (6) doendo... Desculpa.”

Eu não sei o que eu esperava. Uma explicação mais coerente pelo menos, do tipo “Eu levei uma bola em chamas na cara e sobrevivi (praticamente) sem nenhum arranhão, mas não fui me encontrar com você por que minha cara está deformada.” Ou qualquer coisa do tipo.

Corro para o refeitório no jantar, mas não a encontro lá, e assim acontece no café da manhã, quando Quíron anuncia que a Captura da Bandeira aconteceria no dia seguinte antes do jantar. Júniper disse que Annie ficaria bem até o dia seguinte, e que ele a havia mandado repousar por um tempo, e me assegurou que ela estaria pronta para os jogos de guerra da noite seguinte.

O único problema é que não teríamos muito tempo para bolar uma estratégia, apesar de ter quase certeza de que Annabeth já havia planejado algo, simples, porém genial.

“O que faremos na captura, Sabidinha?”

Mando o bilhete por Júniper, que é a única que tem autorização para ver Annabeth, e também a única que sabe onde ela está. Depois de alguns minutos, ela volta correndo e me entrega o recado de Annie.

“Juntos (5): eu, você e o casal Grúniper na Captura amanhã. Durma bem Cabeça de Alga.”

Posso dizer que depois de um susto no almoço, fiquei feliz ao saber que ela estava tão bem, então não hesito em dormir de olhos abertos e um sorriso de orelha a orelha no rosto.

Acordei e corri ao refeitório, para me certificar de que ela realmente estava bem, e ao vê-la perfeita como sempre (exceto pelo já esperado ponto levemente avermelhado em sua testa), me sinto completamente aliviado e relaxo cada músculo enrijecido do meu corpo ao suspirar, e mais uma vez luto contra o impulso de correr até ela e lhe beijar a boca, mas sei que não estamos prontos para isso ainda.

Faço uma observação mental para mim mesmo (a partir de agora, tenho que começar a preparar os nervos para falar com Annabeth), antes de caminhar até ela e lhe dar um abraço apertado temendo o momento que terei de soltá-la e um provável desmaio que poderia seguir esse momento.