Eu acho que maloqueiros com mechas loiras e com cara de indiano deveriam manter seus queridos lábios fechados.

Sim, eu estou falando do Zayn. E eu não vou nem comentar que eu poderia cavar um buraco e me enterrar.

— Bom, eu não pratico necrofilia, passo essa Zayn — eu disse tentando parecer o mais normal o possível.

[n/a: se alguém não souber, necrofilia, é qnd a pessoa que tem vontade de fazer sexo com cadevers... Harry morrido, tendeu né?]

— Isso quer dizer que se o Harry estivesse sofrendo de pessoalidade, e não morto... — eu felizmente não deixar ele completar seu raciocinio.

— Não, Zayn. Não. Cala a boca.

Harry estava treinando para fazer parte do departamento sorrisos encantadores, porque ele estava definitivamente me encarando com um sorriso encantador. Aquele que da vontade de gritar: PORRA, PARA COM ISSO! Vai encantar uma de suas fãs Harry.

Mas eu não gritei. Porque o Zayn veio com outra pergunta.

— Se fosse para namorar alguém aqui dentro, com quem você namoraria, Zoey? — Ele se apoio o cotovelo no braço do sofá, e deitou a cabeça na sua mão dando um sorrisinho sacana. E olhando para ele, desculpe homens, mas eu acho que todos deveriam pedir desculpas por não serem Zayn Malik aparentemente.

Todos me olharam, suponho que curiosos.

— Provavelmente eu, porque eu me entendo, eu tenho o mesmo gosto musical que o meu, e eu saberia exatamente o que falar em uma briga. — Zayn piscou, não esperando essa resposta ele deu de ombros.

— Eu só aceito essa porque eu também me namoraria. — Revirei os olhos rindo.

— Zoey, lembra quando você gostava do... — Sam apontou para mim recordando-se de uma velha história que deveria estar enterrada.

— Cala a boca.

A partir daquele momento, a única coisa que me passou na cabeça era que eu iria sofrer nos braços dessa gente. Isso provavelmente era culpa de todas as correntes que eu não repassei, só podia. Mas eles ficaram em silêncio, Sam provavelmente tentado reviver o Harry, o próprio jogando junto com o Liam o Niall e o Zayn e o Louis, irritadíssimo com um jogo no celular.

Era como ficar vendo anuncio no Youtube, que cinco segundo era pouco até inventarem aquela porcaria. É inútil, e eu não estava fazendo nada interessante.

— Eu quero joga futebol. — Louis disse sem levantar a cabeça, concentrado no celular.

— Vamos! — Liam falou, e de um instante para o outro, todos concordaram e começaram a se levantar como gêmeos estranhos que me dão medo e que fazem tudo junto.

— Ei! Como assim? Vamos jogar futebol, são onze horas da noite! — Eu disse olhando no relógio e tentando chamar atenção deles.

Em um universo paralelo, talvez eu achasse uma boa idéia sair no meio da noite para joga futebol.

— Nós temos que aproveitar, vamos Zoey! — Louis me empurrou para frente, colocando as mãos no meu ombro e me empurrando para porta.

— Está seria a hora perfeita para vocês gritarem primeiro de abril, mesmo não sendo primeiro de abril. Digam que nós não estamos realmente indo para um campo aberto jogar futebol. — Fiz minha tentativa de fazer com que eles mudassem de idéia.

— Que pena, porque não é primeiro de abril. — Louis me disse, quase com uma cara de quem realmente estava sentido pena.

— Paul? — Olhei para ele que estava sentado nos bancos de trás, ele deu de ombros. — Isso era exatamente o meu trabalho, convencer vocês de não fazerem idiotices, eu tenho chances? — Olhei para o Liam que deu um sorrisinho. Ele me respondeu com um simples "zero por cento".

— Louis... — comecei olhando para o garoto, que segurava uma canetinha vermelha na mão, riscando um lado da bola branca. Não que uma bola tem lados. — O que você está fazendo.

— O Watson, ué. — Ele respondeu como se fosse obvio, sem levantar o olhar.

— Não seria Wilson? — perguntei lembrando do único filme que consegue ser interessante com uma ilha, um cara, e a bola.

— Não, Wilson não é uma bola de futebol. Esse é o Watson. — E a moral de fazer uma carinha em uma bola?

E Niall fez a piada mais fracassada da noite:

— Eu botei dois bolinhos no forno, o que um falou para o outro?

— Hun, não sei — resolvi responder — Como você é fofo?

— Não! — Ele riu antes mesmo de dar a resposta. — Nada, eu comi eles antes.

Chegamos finalmente no campo. Sabe, por incrível que pareça, não havia ninguém ao redor, meio deserto, o que me deixou um pouco com medo. As poucas almas vivas que passassem pela rua, iriam apenas enxergar cinco gaorotos sendo felizes, e não o One Direction sendo feliz.

Deitei-me na grama, sem me preocupar se a mesma ficaria na minha calça depois. Fiquei observando eles, e de longe, pude perceber que o Louis era o que mais jogava e que o Harry não jogava nada. Tipo, nada.

— Que porcaria Zoey, eu estou convivendo com o Zayn sem agarrá-lo. — Pode-se perceber que essa foi a Sam.

— Isso é ruim? — perguntei hesitando por um momento. Agarrar pessoas não é uma coisa muito legal. Mas no caso, agarrar o Zayn, é. Talvez.

— Isso é ruim! Eu estou morrendo de dentro para fora.

A bola chegou perto de nós e o Louis nos mandou chutar de volta. Levantei não confiando na Sam, mas muito menos em mim, para chutar uma bola.

— Desculpe Sam, Facebook é ótimo para largar as decepções. Depois falamos sobre isso — dei dois tapinhas fracos no ombro dela.

Olhei para bola por um tempo, pensando em como chuta-lá. O Louis sacudia os braços, para eu poder ver que ele realmente estava ali, ou ele estava chamando atenção de um OVNI.

Minha mira é péssima já com as mãos, imagina com o pé. Eu + chutar uma bola = receita para o desastre. Quando eu chutei, a bola acabou indo para o lado errado, vamos dizer, o lado e o lugar. Ela acabou pegando no Harry... Naquele lugar. Ele soltou um "AUUU" e se atirou no chão, gemendo. Pelo visto, minha mira é horrível mas a força não.

Gritei um desculpa, escondendo meu rosto entre as mãos.

Depois de um tempo apreciando as estrelas, deitada na grama, Harry e Louis vieram para o nosso lado.

— Tem um estúdio de tatuagem em um prédio aqui perto, nós vamos ali, querem? — Harry perguntou passando uma toalha no rosto.

— Fazer o que? — Olhei para eles me sentando.

— Não sei Zoey, me falaram que ali carne moida é mais barata! — Louis falou dando um tapinha na minha testa.

— Eu vou ficar aqui — Sam falou se levantando e indo para um banco onde o resto dos garotos comiam alguma coisa.

— Eu não sei... — disse olhando para os lados. — Eu não estou afim de comprar carne moída. — Ri olhando para o Louis.

— Vamos! — Harry esticou a mão para mim, eu a segurei e ele me puxou, me deixando de pé. — Vamos fazer uma.

— Tá louco? Eu odeio agulhas. Já basta os enfermeiros brincando que meu braço é um alvo de um jogo de dardos, você quer fazer alguém passar agulha na minha pele, nem pensar. — Ele murmurou baixinho um "ok, então". Já com o Louis, foi diferente.

— Vamoooos! Venha, não dói. Muito.

E ele ficou me enchendo o saco, até que eu resolvi acompanhá-los. Louis era diferente do Harry, ele queria que alguém fizesse algo, ele fazia a pessoa fazer. Ele praticamente me subornou e me obrigou. Atravessamos a rua e subimos com o elevador até o terceiro andar, onde tinha o estúdio. Havia um café no primeiro andar, que era onde eu ia dar uma passada depois, já que eu estava quase caindo de sono.

Eles me convenceram a fazer uma tatuagem. Não, o Louis me irritou até eu dizer sim.

Harry fez uma gaiola de pássaros. Quando ele tirou a camisa, além de eu observar seus músculos... Eu vi que haviam outras. Foi ai que eu e o Louis começamos a discutir.

— Não, eu vou fazer os pássaros! Você me obrigou a fazer, e eu quero os pássaros. — Cruzei os braços, negando-me a aceitar outra coisa que não fosse aqueles pássaros legais.

— Espera, eu disse primeiro. — Ele não tinha dito, ele apenas passou o olho primeiro.

Discutimos até o Harry se meter no meio.

— Os dois fazem, olhe, cada um faz um — ele apontou para dois desenhos com pássaros respectivamente parecidos, com uma diferença, os meus seriam mais gordos.

Decidi fazer primeiro, antes que a minha pouca coragem acabasse. O Tomlinson concordou.

— Zoey, relaxa, não dói — Styles que estava sentado ao meu lado falou calmo e rindo ao mesmo tempo. — Você confia em mim?

— Não é que eu não confie em você, eu só, não confio em você. — Ele pareceu ficar meio triste. — Quer dizer, eu não confio nele — falei apontando para o brutamone que iria meter uma agulha na minha pele.

Eu segurei o pulso do Harry enquanto o carinha assustador fazia a tatuagem. Já que não mão, ficaria estranho.

Primeiro veio o desenho, escolhi fazer no meu antebraço, porque eu gostei e achei que ficaria legal. Antes mesmo de ele tocar aquela agulha eu já estava fazendo um escândalo, e perguntei mil vezes se realmente não doía. A dor na verdade era como se alguém raspasse uma chave várias vezes no mesmo lugar, me senti envergonhada por fazer tanto drama antes. E depois, acaba que fica ardendo com um raspão.

Isso não quer dizer que eu não queria que acabasse. Pelo menos eram pequenos.

Depois que a tortura acabou, o Louis se sentou na cadeira. Eu acabei gostando da minha tatuagem, era legal. Eu me sentei ao lado do Harry, em um sofá que tinha ali. Minha barriga roncou meio alto.

— Tá com fome? — O Styles me perguntou, fazendo uma careta.

— Não, eu só tenho um motor na minha barriga mesmo. — Eu sorri irônica. Ele suspirou e revirou os olhos. — Eu acho que eu vou descer comer alguma coisa.

— Eu não vou deixar tu ir lá em baixo sozinha, só um poquinho. — Ele se levantou e falou alguma coisa com o Lou, que acenou com a cabeça.

Descemos e eu pedi um folhado e um café, mesmo não sendo fã de café.

— Olhe, seus pássaros combinam com a minha gaiola. — Ele apontou para meu braço sorrindo. Murmurei um aham no meio da minha tentativa de comer educadamente.

Estávamos sentados no balcão. Eu comia que nem um bicho, por causa da minha fome. E quando me dei conta tentei manter a postura. Depois que acabei bebi os últimos goles do café - na verdade capuccino, que graças a seja lá quem, estava com mais gosto de chocolate do que café - e fiquei olhando o Harry, que estava assistindo a TV que havia ali.

Ele tinha uma cara tão fofa e de criança. Parecia que ele mordia os lábios por dentro, as sobrancelhas estavam meio juntas e os olhos semi-serrados, prestando atenção no video-clipe que passava no canal.

— Você gosta de Ramones? — perguntou, apoiando a cabeça na mão, olhando para mim.

— Hun, eu curto um pouquinho, não muito.

— Como?! Eu não acredito que uma garota como você não adora Ramones. Isso é inadmissível.

— Garota como eu?

— Ah, inteligente, bom gosto musical, você sabe. Bonita.

— É... Não gosto tanto. — E a única coisa que ficou batucando a minha cabeça era bonita, bonita, bonita. Tá certo, não era nada demais, tirando que eu não sou a lá essas coisas. E que eu não deveria estar me sentindo estranhamente estranha. E o que está acontecendo com Zoey em sã consciência?

Acho que era efeito colateral de se estar com sono.

Nós fomos em direção ao elevador novamente, e de alguma forma, ignoramos o aviso não entre.

— PUTA MERDA! EU NÃO ACREDITO! — Gritei para o nada, ou melhor, para a luz apagada e o elevador parado. Harry me repreendeu, brincando, pelo palavrão.

— Não tem medo do escuro, certo? — Harry me perguntou.

— Não.

Então tudo bem. Passou um minuto depois que clicamos no botão de emergencia e nada. E o Styles resolveu quebrar o silencio.

— Zoey, não é seguro ficar em um elevador com um homem, no escuro.

— Projeto de homem - o corrigi ignorando todo o resto da frase.

— No momento, tanto faz. Você imagina o que o projeto de homem possa fazer? — Mesmo não enxergando nada, eu senti um sorriso no seu rosto. Estávamos encostados um em cada canto.

— Não. Nem quero — falei rápida, tentando acabar com o assunto.

Ele não falou mais nada. Ouvi uma movimentação, logo senti que o Styles estava parado na minha frente. Fiquei nervosa por algum motivo, talvez por um bom motivo. Ele se aproximou um pouco mais, senti sua respiração na minha orelha direita. Sou voz foi quase como um sussurro, ele falou baixo e provocativo.

— Ele poderia fazer muitas coisas. Sabia disso?

Eu abri minha boca e fechei algumas vezes, mas meu cerebro não mandou os comandos "fala rápida". Pois a frase que eu queria dizer, não saiu da minha boca. Apenas uma respiração abafada. Ele botou a mão na minha cintura, chegando mais perto, grudando nossos corpos. Eu não tinha percebido, mas eu estava de olhos fechados, esperando alguma reação diferente. Quando notei, abri, mesmo não enxergando nada.

— Harry... — falei sigilosa. Sua boca estava muito perto da minha. Passei minhas mãos por baixo do seu braço e botei elas no seu peito. Respirando fundo ele disse:

— O que a garota faria?

Lá se foi meu eu com respostas inteligentes. Eu apenas falei um hun baixo, que mais pareceu com um gemido, o que não ajudou. Harry riu no meu pescoço. Cara, aquilo era tortura. Sabe aquela coisa de suar frio, e borboletas no estomago. Você acha que é legal? Só serve para você pensar em mandar os mamutes na barriga pararem de correr e o calor inexistente do sol esfriar.

Porque... Sério. Mesmo não vendo, aquele era Harry Styles. E eu não podia com isso.

— O garoto não faria nada que a garota não quisesse.

E bom, meu celular tocou.

Ele se afastou e riu baixinho. Se encostou no outro lado, agora minha visão já começava a se acostumar. Olhei no visor, que transmitiu uma luz forte - porque eu não pensei nisso antes? - era o Louis nos ligando.

— Salva pelo celular. Se não fosse ele, seria diferente. — Ele falou, dando um semi sorriso, levantando só um lado da boca. Eu acabei rindo. — Você ri porque sabe que é verdade.

Verdade ou não, aquilo não deveria acontecer.

~LEIAM AS NOTAS FINAIS~