Subi para meu quarto carregando meu coração nas mãos, Castiel certamente estava muito magoado, mas eu tinha que esperar Marta ir embora para conseguir falar com ele. Abri a porta branca do meu quarto, e olhei para Castiel antes de entrar, que também estava abrindo a porta do seu, que ficava ao lado do meu. Ele não me olhou de volta, pelo contrário, bateu ela tão forte que fez um estrondo pela casa toda. Tirei os sapatos e me atirei na cama, minha cabeça se afundou no travesseiro e logo pude sentir o gosto quente das minhas lagrimas escorrendo. Porque o destino é tão mal comigo? Estava tudo perfeito, me sentia a garota mais feliz do universo, Castiel e eu estávamos tão bem, e ai vem á vida e prega uma peça, acaba com tudo. Marta era como uma segunda mãe, ela sempre foi tão bondosa e carinhosa, eu não conseguia acreditar no fato que estávamos sendo chantageados por ela. Tá certo que aquela doçura toda, toda hora era esquisita. Mas definitivamente não pensei que ela era assim. Minha cabeça doía de tanto chorar. Acabei adormecendo ali mesmo.

02:40 da madrugada –

Acordei sonolenta, minha dor de cabeça só piorava, e lembrei que nem banho havia tomado. Peguei minha toalha e fui em direção ao banheiro. Abri a porta com cuidado, a casa estava silenciosa e acho que Marta tinha ido embora. Tomei uma ducha rápida, prendi o cabelo em um rabo de cavalo solto, e puis um mini pijama azul de babados. Sai do banheiro descalço, ele ficava ao lado do quarto de Castiel, pensei por um momento e decidi entrar. Empurrei a porta que, para minha surpresa não estava trancada. Ele estava dormindo de bruços como sempre, estava somente de bermudas, com fones no ouvido. A janela estava aberta o que me fez lembrar quando o vi dormindo pela primeira vez, com o vento bagunçando seu cabelo cor de fogo. Fechei a porta com cuidado, e sentei na beirada da cama. Acariciei seu cabelo ruivo por um bom tempo, até pegar no sono também, me deitei ao lado dele que dormia como um bebê.

Castiel P.O.V –

Acordei de manhã sonolento, abri os olhos com dificuldade e pude sentir um peso sobre meu peito.

– Mari...Mariana? – Me assustei vendo aquela branquela enrolada nos meus cobertores. Ela era muito folgada e espaçosa. Ocupava quase á cama toda, seu cabelo negro estava espalhado pelos meus travesseiros como espuma. Ela usava um pijama azul, tão minúsculo que a deixava tentadora. – Eu corei, percebendo meus pensamentos poluídos.

– Mariana, acorda! – Falei num tom de voz alto. – Ela revirou os olhos lentamente, e mexeu-se na minha cama. – Bocejou, esfregando os olhos. – C-Castiel? – Ela corou, dando um pulo da cama enquanto se cobria com o lençol.

– E-Eu dormi... Aqui... Com você? – Ela perguntava vermelha como uma pimenta.

– Dormiu, e eu não sei o que está fazendo aqui ainda. – Eu disse enfezado, afinal ela tinha terminado comigo.

– Cast... – Ela me olhou doce se aproximando. – Não terminamos, eu disse aquilo só para Marta nos deixar em paz, tenho um plano. – Ela segurou minha mão. – Pra começar, tenho que te contar tudo. Sobre Lauren. Você precisa saber quem ela é, e com quem estamos lidando. – Ela disse me fitando sério de um jeito que nunca vi o que me fez estremecer.

– Sei que ela é escandalosa e fútil, mas afinal o que aquela menininha podia fazer? – Pensei comigo mesmo, enquanto ela se sentava e começava á falar.

[...]

Depois de um longo tempo de conversa, eu estava em estado de choque, remexer meu passado, lembrar-me de Debrah, dos shows... Meu psicológico estava totalmente abalado e eu não queria acreditar nisso. Lauren era um monstro, ela ameaçou Debrah, ela... Eu convivi com uma psicopata esse tempo todo e Lysandre sabia! Todos sabiam e me fizeram de tolo. – Eu cerrei meus punhos enquanto Mari me olhava com lagrima nos olhos.

– Castiel... Não se irrite, por favor. – Ela veio até mim, que estava cabisbaixo. – Eu estou aqui, eu vou sempre estar. – Ela disse levantando minha cabeça, me dando um beijo doce e inesperado.

– Mariana. – Eu recuei. – Isso tudo é muita coisa pra minha cabeça. – Falei dando ás costas para ela.

– Cast... Por favor. Estamos juntos nessa. – Ela me abraçou por trás colocando ás mãos no meu peito. Permaneci calado, e juntei minhas mãos com a dela. Ficamos assim por um tempo, eu estava nervoso e chateado, mas ela estava me acalmando, ela estava ali. Ela não fugiu. Virei-me para encara lá, que me olhou dócil, abracei-a de frente agora, um abraço verdadeiro e apertado.

– Mari. – Falei. – Você tem que ir agora, Marta deve estar chegando á qualquer momento.

– Tudo bem. – Ela me olhou triste logo depois vindo até mim e dando-me um selinho rápido. – Vou voltar. – Ela piscou e saiu pela porta ás pressas.

Mari P.O.V –

Desci ás escadas e fui até a cozinha, graças á Deus Marta não estava. Coloquei leite no copo, e comi junto com cereal. Até que minha paz acabou.

– Vou sair mais cedo hoje, aliás, eu posso sair á hora que eu quiser. – Disse a loira diabólica chegando á cozinha. – E faça o favor de pedir para aquele ruivo ingrato, tratar de pedir minha filha em namoro logo. A propósito, ela vem aqui hoje, e não quero que você estrague o dia deles. – Ela me olhou franzindo o cenho.

– Eu não vou Marta. – Falei colocando a vasilha de cereal na pia.

– E trata de arrumar essa casa direito. – Ela puxou forte o meu braço me olhando furiosa.

– Me solta.

Marta me soltou pegando suas coisas e indo embora. Ainda tinha um tempo com Castiel até Lauren chegar, então fui chama-lo em seu quarto.

– Castiel? – Disse batendo na porta que se abriu lento.

– Mari? O que tá fazendo aqui? E Marta? – Ele me olhou surpreso.

– Marta não vai voltar hoje. – Um sorriso surgiu em seus lábios. – Mas Lauren sim. – Que logo se desfez.

– Droga. – Ele chutou a porta.

– Calma Cast, ainda temos um tempo até ela chegar. – Eu sorri.

– Tem razão. – Ele me olhou me puxando pelo braço para um abraço aconchegante. – Minha branquela. – Eu corei e fiquei furiosa ao mesmo tempo.

– Branquela? Como assim? Você nunca me chamou assim. – Eu fiz cara de emburrada.

– Hoje quando te via dormir toda espaçosa na minha cama. – Corei. – A luz do sol te iluminava e te deixava mais branca do que já é, eu adoro isso em você, te faz parecer um bonequinha. – Ele me olhou sorrindo.

– E-Eu não sabia que você me achava branca demais....

– Já te disse que gosto. – Ele sorriu, me puxando enquanto colava nossos corpos e me dava um beijo. E eu corei como sempre.

Castiel e eu ficamos uns tempos de bobeira até Lauren chegar, jogamos vídeo-games, vimos filmes, e até brigadeiro nós fizemos. E quando a coisa começou a ficar mais romântica ainda com um monte de beijinhos pra lá e pra cá, sempre acabava.

– Amorzinho, cheguei! – Gritava Lauren dando batidas frenéticas na porta.

– Saco. – Castiel resmungou.

– Arruma uma desculpa pra a fazer ir embora.

– Eu vou, não se preocupa. - Castiel sorriu me dando um beijo no topo da cabeça. Fui para meu quarto e fiquei lá, até Lauren ir embora, porém estava demorando muito, e meu tédio só aumentava cada vez mais. Decidi ir dar uma volta no parque, respirar ar puro. Coloquei um short jeans rasgado, e uma blusa vermelha de ombro caído. Abri a porta do quarto devagar, Lauren e Castiel estavam conversando, ou melhor, discutindo, na piscina. Não queria de jeito algum ouvir aquilo, então passei sorrateira até a porta de saída da frente, e quando finalmente consigo abrir, dou de cara com Melody, Morgan e Lysandre.

– G-Gente... – Eu sorri sem jeito. – Que bom que vocês... Vieram? – Eu os olhava sem entender porque estavam ali.

– Claro que viríamos Mari. – Exclamou Morgan. – Só falta o Nathaniel. – Disse Melody corada.

– Mas... Para que exatamente falta o Nathaniel? – Eu arregalei os olhos tentando entender porque estavam ali. Lysandre riu e mexeu nos cabelos disfarçando.

– Não me diga que se esqueceu da nossa noite do terror? – Morgan disse indignada. – Trouxe um monte de filmes. – Melody completou.

– Ah meu Deus! Claro! Como pude esquecer... – Minha cabeça estava concentrada em Castiel e Marta, que nem tive tempo para pensar nisso. – Entrem gente, podem ficar a vontade, vou pegar a pipoca, até o Nathaniel chegar.

Eles entraram e admiraram por um momento a decoração da sala de TV, era bem grande e possuía um piso branco ofuscante, que deixava o ambiente iluminado junto com o enorme tapete persa. O sofá era grande e encostado na parede, à televisão que até hoje tentava decifrar quantas polegadas tinha, de tão grande que era, ficava no centro da sala, e algumas estantes com livros enfeitavam os cantos. E claro, a famosa poltrona do Joe. Fui correndo até a cozinha preparar a pipoca, ainda estava preocupada com o fato de Castiel estar preso com Lauren lá em cima. Depois de tanto tempo enfiada na cozinha, cheguei á sala com duas vasilhas enormes com pipoca. A janela de vidro estava totalmente coberta pela cortina blackout que deixava a sala mega escura. No chão em frente a TV havia um enorme colchão de casal, onde todos estavam conversando em meio aos travesseiros, estava muito escuro e quase tropecei deixando cair toda aquela pipoca, até que pude ver claramente Castiel, ele estava humorado rindo com todos os outros. Percebi que Nathaniel também estava, e assim que me viram, todos vieram correndo pegar as pipocas, finalmente pude me sentar e ver o que estava acontecendo.

– O que está fazendo aqui? – Falei para Castiel enquanto me ajeitava ao seu lado no colchão.

– Lauren foi embora assim que viu seus amigos aqui. Soube que iriam ver filme de terror, eu adoro. – Ele sorriu.

– Se for assim então, tudo bem... – O olhei com dúvida.

– Gente, aqui estão os filmes. – Disse Melody apontando para um monte de capinhas jogadas no colchão. – A morte do demônio, Possessão, O ultimo exorcismo, Atividade Paranormal... – Não consegui terminar de ler os nomes, aquilo estava assustador demais pra mim, acabei de lembrar que morro de medo de filme de terror. – Droga. – Porque não os chamei pra brincar de pique-esconde ou algo assim. – Pensava enquanto eles escolhiam o filme.

– Que tal vermos todos? – Castiel propôs. – A gente passa a madrugada toda assistindo. – Ele me olhou sorrindo sínico.

– Simmmm! – Todos gritaram animados. – Nãoooo! – Eu me encolhia no canto do colchão enquanto ligavam o DVD.

Todos se deitaram no colchão, ficou muito apertado, mas coube. Pelo menos isso. Formou-se uma fileira começada por Nathaniel, Melody, Morgan, Lysandre, Castiel e eu. No canto, encolhida. Não podia deixar de admitir que aquilo tudo era bem romântico, estavam todos juntinhos de quem gostava, e eu estava ali, com Castiel a madrugada toda, sem Marta, sem Lauren... Fico pensando no que é pior, Marta e Lauren, ou os demônios do filme que acabava de começar.