Cheguei em casa exausta, joguei minha bolsa no sofá e rumei para o banheiro. O silencio denunciava a ausência da Laís, que deve ter saído pra almoçar e me deixou aqui sem comida, morrendo de fome.

Entrei no banheiro me despi e logo adentrei ao Box ligando a temperatura do chuveiro bem quentinho, o tempo havia mudado, e o frio tomava conta das ruas de L.A.

Terminado meu banho, troquei de roupa ali dentro do banheiro mesmo, com esse frio não dava pra sair de toalha dançando pelo quarto. Coloquei um moletom preto acompanhado de minhas pantufas do tigrão e fui pra cozinha preparar algo pra comer.

Nosso salvador, miojo, foi o que teve pra hoje, fiz rápido, comi rápido e logo a fome veio de novo rápido, mas a preguiça me dominava. Fui pro sofá, joguei minha bolsa no chão e deitei-me. Fiquei zapeando os canais, até parar em um filme de meu agrado.

Romance mela cueca.

Pois é, dependendo muito do dia eu me identificava com a história. Como hoje talvez.

Já quase na metade do filme estava caindo de sono, meus olhos não queriam permanecer abertos de modo algum, permiti que minhas pálpebras tampassem a minha visão. Estava quase cochilando quando James Hetfield resolve gritar e ecoar pelo apartamento. Corri para o meu quarto e peguei meu celular. Era um número desconhecido.

– Alô?

– Aninha?– ai aquela voz, era inconfundível!

– PAUL! MEU GORDINHO LINDO! QUE SAUDADES! - OH MEU DEUS, estava com tantas saudades do Paul que quase atravessei a ligação e o apertei em um abraço de urso.

Ele riu do outro lado da linha.

– Porra, não precisava me abandonar desse jeito, sinto falta dos seus carinhos, sua cretina.– Ele riu e eu gargalhei. como senti falta do meu amigo...

– A cala boca Paul, eu não abandonei ninguém, vocês que são um bando de bichas e nem vieram me visitar. Chateada com isso viu. - eu ri e ele suspirou. – Você não foi à reunião lá do Adam por quê? - perguntei.

– Ah, a Brenna passou mal no dia e eu tive que leva-la no hospital...

– O QUE? HOSTITAL? PAUL, CADÊ A BRENNA? ELA TA BEM? MEU DEUS DO CE...

– Cala a boca Anne!– Ele riu – Ela tá bem sim, ô matraquinha.– suspirei aliviada.

– Mas ela tinha o que?

– Estava com dor no estomago e uns enjoos, o médico nem fez um exame direito, aquele viado, apenas deixou ela lá, tomando soro, eu achei um absurdo porque nem diagnosticaram o que ela tinha e não faz pouco tempo isso que ela vem sentindo não.

– Vai em outro médico Paul, pensa meu filho, com a cabeça. - eu ri pelo nariz e Paul bufou.

– Sua cretina, eu já marquei pra ela em outro, vamos na quinta-feira.

– Ah sim entendi, manda um beijo pra Bree, estou morrendo de saudades dela.

– Ah e de mim a senhorita não está, é? Bom saber. Rum.

– Ah meu gordinho sensual e envolvente é claro que eu estou com saudades, morrendo por sinal.

– Então já que está com tantas saudades, a senhora aceita uma ida a alguma barzinho encher a cara amanhã à noite, pra conversar e jogar prosa fora com seu velho amigo? Hein?

– WOW! Tem como recusar esse pedido tão formal? - eu ri e ele me acompanhou. – Vou sim Paul, nem vou avisar a Laís porque senão ela vai pular dessa janela e voar ao seu encontro, sabe como é né.

– É eu sei como é... Como que essa louca psicopata tá, hein? Não matou ninguém ainda?

– Quase me matou um dia desses.

– Sério?

– Sério! Ela fez uma gororoba horrível e me fez comer aquilo, Paul! Foi uma tortura! Tinha gosto de meia suja (?) e o cheiro de esgoto com canela. Agrh. – Paul pronunciou um “AGRH” e depois riu. – Você ri né gordinho sensual? Não é você que tem que aturar os desaforos culinários da Laís. Pelo amor de Deus. - Paul riu mais ainda. Depois de um tempo ele se recuperou. – Pronto? Acabou o ataque da libélula?- pronunciei com uma voz tediosa.

– Ai Anne... Só você mesmo viu...

– Eu sei que sou linda e engraçada amor, essas são umas das minhas qualidades, baba baby. - eu ri e Paulzinho me acompanhou (?).

– Então tá Anne, vai sonhando tá gata. – Ele riu e eu fiquei séria.

– Qual é Paul? Está discordando de mim? - fiz uma voz chorosa que sei que comovia a todos, há! – Eu sou uma merda mesmo, deveria ter morrido, vou ali cortar meus pulsos, adeus ó, Paul Gray. - drama mode on.

– Ah você é minha pretinha linda, sua cabaça, fica quieta ai vai. – eu ri. – Então está de pé meu convite, tá? Tá.

– Não, não posso sair com você, minha agenda está lotada, me ligue amanhã, talvez abra uma vaga generosa pro senhor.

– Ah não, mas eu tenho prioridade.

– É realmente, meus contatos indicam o seu porte aqui nessa vivencia vivencial na Terra (?).

Paul riu

– Sua doida, me passa o seu endereço ai macaca branca.

Passei meu endereço pro Paul e marcamos nosso “jantar formal” amanhã, as 19hrs.

Dava tempo de eu dar uma cochilada antes do meu jantar com o [suspiros] Daniel Adair [/suspiros], eram 14hrs ainda. Rumei novamente para o sofá e me esparramei nele.

Dormi a tarde toda, acordei com o sol quase caindo atrás das pequenas montanhas vistas ao longe. Olhei no relógio e eram 17h30. Corri pro banheiro, tomei mais um banho rápido. Após sair do banho, passei meu hidratante de pêssego e creme, e fui na minha bagunça que tinha um guarda roupa dentro. Fiquei uns segundos parada ali, até que ouvi a porta sendo aberta e um longo suspiro dado por Laís. Ela entrou se arrastando no meu quarto com uma cara de que viu um pobre gatinho branco, ser esquartejado a sangue frio.

– Que foi meu bem?

Ela fechou os olhos e se jogou na minha cama, afundando a cabeça no travesseiro. Lay ficou uns segundos quieta e depois se sentou ao pé da cama me olhando, com os olhos tediosos e bufou.

– Cara, você acredita que eu sai com o cretino do Josh...

– O QUE? - gritei e ela se assustou, comecei a gargalhar enquanto ela me olhava com uma cara bovina. – VOCÊ HAHAHAHAHAHAHA SAIU COM O JOSH HAHAHAHAHAHAHA. - não aguentei e sentei na cama de toalha mesmo, ao seu lado. Depois de um pequeno ADHNC (Ataque Da Hiena No Cio), me recuperei e suspirei. – Prossiga.

– Então... Eu sai com o Josh pra almoçar e... - comecei a rir de novo igual uma louca. – AH ANNE ASSIM NÃO DÁ, EU ESTOU FRUSTRADA AQUI E VOCÊ FICA RINDO IGUAL O BICHA DO JASON? DEIXA-ME FALAR CARALHO, DEPOIS TU RECLAMA QUE EU NÃO CONTO MAIS NADA PRA VOCÊ, AI TÁ VENDO? É ISSO! - Ela bufou irritada cruzando os braços. Aquele Josh é um palerma em forma de pessoa, nunca vi pessoa mais lezada que ele, não sei por que Laís se relacionou com ele, ela odeia gente assim. Talvez os olhos claros dele possam lembrar os de outra pessoa e... Deixa quieto.

– O que foi que o tonto fez dessa vez?

– Ele me chamou pra almoçar, ai eu disse que não podia porque você já estava chegando e eu teria que almoçar com você bla bla bla, dei aquela desculpa, mas ele continuou insistindo, até que eu aceitei logo e fui almoçar com ele. Chegamos lá e tal, o lugar até que era bonitinho, ai pedimos nosso almoço ai ele veio com aqueles papos de vídeo game, que você adora, ai morri de tédio né. Até ai de boa, ai teve uma hora que ele começou a fazer umas caretas estranhas e sei lá. Do nada ele levantou, pegou as chaves do carro, e saiu correndo dizendo que precisava ir ao banheiro, ele parecia desesperado. E adivinha? Ele me deixou lá SOZINHA, com a conta pra pagar e sem carona, tive que andar de ônibus, DE NOVO. - Laís terminou de contar e bufou. Novamente ri da cara dela. Ri muito.

– HAHAHAHAHAHAHA QUE TROUXA HAHAHAHAHAHA ELE TE TROCOU POR UM BANHEIRO HAHAHAHAHAHAHA. – me acabei de tanto rir, imaginava a cara dela, isso tem que acontecer LOGO, com a Laís, que é tão intolerante e esquentada, tudo pra ela é defeito, depois disso duvido que ela queira ver esse Josh de novo.

– Ai Anne, você não ajuda sabia? - Ela levantou batendo as mãos no colo e saiu do meu quarto batendo a porta e bufando. Eu gritei:

– DÁ PROXIMA VEZ LEVA A PORTA JUNTO, SUA CRETINA! - continuei rindo da expressão assassina da Laís. Se aquele cara aparecer aqui de novo, acho que ela vai jogar um individuo pela janela e eu iria ajudar.