Povs Corey

Estava deitado sobre uma superfície fria e branca, o lugar a minha volta parecia em um tom uniforme. Levantei-me lentamente, sentindo uma leve pontada em minha cabeça que foi breve, olhei para os lados e nada vi. Tudo branco. Eu morri? Não... Não... Eu não tinha feito nada antes de pegar no sono que possa ter tirado a minha vida... Pelo menos eu acho. Minhas roupas acompanhavam o mesmo tom que o chão e a minha infinita visão do nada, branco.

Meus cabelos estavam curtos e eu havia engordado um pouco, bem pouco, me senti um pouco mais forte. Caminhei em direção ao nada, até avistar algo reluzente um pouco a frente. Aproximei-me do pequenino objeto largado ao chão e percebi que era um colar dourado, com um pingente desenhado, um rosto de um tigre que continha os olhos enfeitados por duas esmeraldas... Era o colar que eu dei para Anne, no seu aniversário de 17 anos. Apanhei o objeto frágil, com delicadeza, e fiquei o observando. Anne nunca havia tira-o do pescoço, desde que ganhara... O que isso estaria fazendo aqui? E o que EU, estaria fazendo aqui? Passei a ponta do meu dedo indicador, sobre o frágil pingente e de repente, uma silhueta se formava bem longe, mas eu ainda conseguia ver. Era uma mulher, com os cabelos bem negros e compridos, que quase alcançava sua cintura, não conseguia enxergar seu rosto pelo fato de uma luz muito forte, tomar conta do lugar, me permitindo apenas observar a forma humana. Pude deduzir que ela estava com um vestido branco, que se arrastava pelo chão branco.

Perdi a noção de tempo e quando notei, ela já estava na minha frente, sorrindo. E aquele sorriso, não poderia ser mais que reconhecível.

Era Anne. Ela estava linda, radiante e sorrindo.

Ela ficou me observando, ainda com o sorriso no rosto, ousei em levar minha mão ao seu rosto, ainda admirado com aquela mulher linda a minha frente. Quando a toquei, senti um liquido atingir meus dedos, quando olhei, notei que era sangue. Anne permanecia imóvel, ainda sorrindo, vi uma fita de sangue escorrer de sua cabeça em direção ao seu queixo e então se colidindo com o chão. Eu tentei freneticamente limpar a gota de sangue, mas foi em vão. Logo meu sorriso se desfez, olhei confuso para os lados, tentando entender o que estava acontecendo.

O desespero tomava conta de mim, me afastei um pouco de Anne, olhei para os meus pés e vi sangue transbordar pelas rachaduras do chão, logo meus pés e os de Anne estavam encharcados.

– O QUE É ISSO? - gritei tentando correr, enquanto um buraco se abriu atrás de Anne.

– Corey! - ouvi a voz do meu anjo, um tanto distante e então notei que havia deixo-a para traz. Olhei hesitante, com medo de ver o que não queria. Ela estava parada, com uma expressão triste no rosto, vi uma lagrima de sangue cair de seus olhos e ela esticou os braços. – Me salva Corey... Vai me deixar aqui? - eu não sabia o que fazer. O sangue cada vez mais ia transbordando e fazendo com que o branco fosse sujado pelo vermelho vivo, que fazia questão de respingar em minhas vestes e as de Anne, fazendo propositalmente, deixando a cena ainda mais bizarra. Anne começou a se mover em minha direção, ainda com os braços esticados e com sangue caindo freneticamente de seus olhos, eu não conseguia correr, minhas pernas travaram e o sangue começou a subir mais velozmente, em minha distração olhando para o sangue que subia pelas minhas pernas freneticamente, pude sentir as mãos frias de Anne segurarem os meus braços, fazendo a encarar. Olhei para ela e entrei em desespero. Ela estava com os cabelos desarrumados, o vestido branco estava quase todo domado pelo vermelho e seu rosto, estava assustador, ela transmitia um sarcasmo pelo sorriso torto e seus olhos estavam muito pretos, muito diferente dos castanhos tão claros que eu amava admirar. O sangue que antes ela chorava, avisa secado em uma trilha até seu queixo. Ela me olhava desafiadora irônica e medonha. Pela primeira vez eu senti medo de Anne. Parecia um filme de terror. Tentei me desvencilhar de suas mãos, mas as mesmas continuaram firmes enquanto Anne parecia que não fazia esforço algum para me manter ali. Eu me debati, empurrei e nada.

– Quer fugir de mim agora, amor? - ela apertou com um pouco de força meus braços e pude senti-los formigarem. – Não era isso que você queria? Ficar comigo para todo o sempre?- ela dizia num tom calmo e ameaçador, com um sorriso ainda sarcástico estampado no rosto.

– Anna, sou eu, por favor, me solte, eu não vou lhe fazer mal, por favor!- tentei dialogar com ela, enquanto a mesma estralava a língua.

– Tsc tsc tsc Corey... Você já me machucou o bastante querido... Olhe envolta... Tudo isso foi causado por você... Não adianta tentar fugir mi amore... Vamos ficar juntos aqui, para sempre... - então ela me arrastou até o grande buraco que havia se formado ao chão, e me segurou acima dele com apenas um braço. Eu me debatia, me contorcia, tentei fugir daquele pesadelo, mas as mãos fortes de Anne não me deixavam.

– NÃO ANNE, NÃO ME SOLTE POR FAVOR! EU TE AMO! POR FAVOR, ANNE! - dito isso, ela fechou o sorriso sarcástico, dando espaço a uma expressão de fúria, ela começou a tremer e seus olhos chamuscavam ódio e fogo.

– Adeus. Corey. - então ela me soltou e eu cai na imensidão escura.