Misery Business escrita por Rebecca Meirelles


Capítulo 11
Capítulo 10 - As máscaras caem


Notas iniciais do capítulo

Criançaaas, como vão? Bem-vindas novas leitoras, deleitem-se com a história e aproveitem as milhares de intrigas que vem por aí. O que será que vai aconteceeer?



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Seus olhos inexpressivos se fecharam e ele respirou fundo, provavelmente controlando algo que se debatia violentamente dentro dele. Virou o rosto e, pela primeira vez em muito tempo, o ouvi dizer algo em voz ríspida:

— Não interessa.

— Claro que não. Você perde muito tempo cuidando do coração dos outros e nem pensa nem em cuidar do seu. —retruquei, sem baixar a bola.

Algo, muito mais forte do que eu, me impedia de terminar aquela discussão. Depois que já a tinha começado, eu não queria sair dali sem respostas. Fazia parte do meu jeito, fazia parte da Hell Girl que existia em mim.

— Você não me conhece. —falou entredentes, parecendo realmente irritado com minha insistência.

— E você também não me conhece, mas fica me perguntando o que aconteceu sempre que me vê infeliz ou qualquer coisa assim. Nem todo mundo precisa de uma pessoa dando tapinhas nas costas e dizendo que está tudo bem! —e, de repente, nada do que eu falava, realmente fazia sentido. Talvez eu estivesse com raiva por ele. Com raiva de saber que algo tinha feito o meu amor sofrer.

O sinal tocou e Jonas se levantou em um rompante, correndo para largar o trabalho na mesa do professor e ir embora. Olhei para trás no automático, para a mesa de Thiago, que nos observava com um olhar observador. Depois de tantos anos, nós não precisávamos mais de palavras para nos comunicarmos. Apenas alguns olhares depois - e um desesperado pedido de Thi, para que eu fosse atrás de Jonas, por baixo de sobrancelhas arregaladas e um balançar de cabeça - corri para o pátio interno de grama sintética, onde as pessoas conversavam e comiam ao ar livre. Ou, se escondiam atrás das pilastras da quadra. Foi lá que o encontrei, sentado e sozinho, ainda inexpressivo e com lágrimas rolando por suas bochechas. Olhava para frente sem realmente ver.

Fiquei ao seu lado, em silêncio. Respeitando sua dor com o aconchego de minha quietude.

— Você sabe que eu não te quero aqui. —Jonas murmurou, depois de um longo tempo sem dizer nada.

— Você quer, mas não tem como falar. Você quer que eu fique, mas não te julgue. Você quer alguém que te ouça sem sentir medo ou repulsa, comentar ou argumentar, dar dicas ou qualquer coisa assim.

— Você fala demais, Emily. Eu odeio o quanto você é esperta, odeio a sua inteligência e a forma com que você lê as pessoas sem elas te dizerem nada. —dessa vez Jonas virou-se para mim e me encarou, os olhos desconsolados que tentavam prender a atenção dos meus. — Por isso eu nunca falei com você, por isso eu nunca quis que você ficasse ao meu lado. Porque eu sabia que você ia saber exatamente o que eu sentia, você ia arruinar tudo.

— E por que se aproximou de mim?

— Eu não sou burro. —ele riu, chegando um pouco mais perto. — Eu sei o que você sente.

Ops! Congelei, sentindo os pelos de meu corpo se eriçarem e o sangue escapar de meu rosto em segundos.

— Você gosta de mim, não gosta?

Mentir? Não mentir? Seria essa a minha chance de me declarar? Espero que não, depois de levar quase duzentos foras em segundos, tudo o que eu menos queria era me declarar ali e naquela hora para um garoto que descobri não ser exatamente o que eu pensava. Alguém que escondia segredos de todos e fingia ser o que não era.

— De onde você tirou essa ideia, Jonas?

— Sejamos sinceros, Emma —sussurrou delicadamente em meu ouvido, usando o apelido de Tessa e soltando uma risada doce e maliciosa. Senti o calor de sua respiração em minha pele. — Se você quer mesmo ouvir sobre o que se passa comigo, eu preciso saber sobre a pessoa com quem eu falo.

Não o respondi. No silêncio, pude ouvir meu coração batendo mais rápido do que nunca e o frio que me atrevessava, mandando espasmos de tremores por minha espinha. Endureci e tentei pensar em coisas que pudessem me acalmar, para que não desmaiasse e para controlar o rebuliço em meu corpo. Mente sã, corpo são.

—O silêncio é quase um sim. — Jonas segurou meu queixo e virou meu rosto para o dele, estava tão perto que nós poderíamos até... — Você é realmente bonita, Emma, não sei se alguém já disse isso. É esperta, inteligente, engraçada... Eu poderia até dizer que gosto de você e muito. Mas não posso.

E era isso, eu estava sendo rejeitada. Nenhum dos mil livros de romance que li poderiam estar mais errados, nada era fácil. Nenhuma protagonista conseguia tudo aquilo sem esforço, apenas sofrendo e depois sendo agarrada por algum lindo salvador. Aquela era a vida real.

— Não ache que é algo com você, mas eu gosto de outra garota —explicou-se com um sorriso zombeteiro no rosto.

— Quem é? —perguntei, arrependendo-me logo depois.

— Ninguém que você conheça.

— A Hell Girl?

Jonas riu e, diferentemente do que eu pensava, balançou a cabeça em sinal negativo.

— Achei que fosse esperta, Emily. Eu nunca poderia gostar de alguém que eu não sei quem é. Minha admiração por ela é grande, mas não é amor.

— Mas você me disse...

— É, eu disse. Mas estamos sendo sinceros agora, certo? Você me falou sobre você e eu falo sobre mim. —Jonas deu de ombros — E então, Emma, o que vai ser? Posso começar a falar sobre minha vida ou já ficou com medo por descobrir que eu não sou tão doce e gentil quanto pareço?

— Se eu tivesse medo de um idiota, talvez eu não fosse tão longe com você.

— Ah, agora eu sou o idiota? — ele riu — A segundos atrás eu era o amor da sua vida.

— Infelizmente você é. Mas agora estou acrescentando mais um adjetivo a sua descrição. Não sou de desistir fácil das pessoas.

Jonas se aproximou mais, soprando seu hálito de hortelã em meu rosto com mais uma risada inesperada e selou a minha bochecha com um beijo.

— Sabe, Emily, você é realmente surpreendente.



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Notas finais do capítulo

UUUh, vocês esperavam isso dele?



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