A Lenda De Thommy escrita por NimoChan


Capítulo 7
Besouros, besouros e... ouro?


Notas iniciais do capítulo

- YOOOOOO! Eu sei, demorei um século pra postar essa bagaça. Mas eu não desisti da fanfic! Foi bem complicadinho escrever porque a preguiça não deixava. Mas hoje, finalmente, tomei coragem e deu nisso daí.
— Enfim, boa leitura!



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Em algum local do Esgoto de Prontera, Thommy se escondia de besouros agitados que procuravam roubar qualquer objeto do Espadachim. Depois de uma boa e longa fuga, o garoto limpava as gotas de suor que umedeciam sua testa. Ele não fazia ideia do quanto matar insetos era cansativo.

Mais uma limpada de suor e um breve suspiro. Ajeitou a espada nas mãos e saiu de trás da parede, correndo em direção aos insetos. Parou. Arrependeu-se. Os besouros rodeavam um ainda maior, cuja casca reluzia num dourado cor ouro muito chamativo. O inseto maior percebeu a presença de Thommy, aquele que machucara seus filhotes há pouco tempo. Thommy não pôde fazer nada além de mexer os pés para correr.




— É sério, nunca o acharemos... Meus pés estão doendo e esse cheiro não é nada agradável! — reclamava o Professor.

— Você é mesmo insuportável, Abra... — Shey coçava a cabeça como se estivesse farto de tanta perturbação.

— Ei, ei... Calma, galera. E reclamar não vai ajudar em nada. Vamos dar uma parada pra descan...

— AHH, DE NOVO? — interrompeu Abra.

— Estou de acordo. Sheth tem razão, reclamar não vai adiantar nada. Portanto, descansaremos — anunciei, largando nossas mochilas no chão úmido e grotesco do Esgoto de Prontera.

Sentei em cima das mochilas e acabei retomando aos pensamentos que de uns tempos pra cá martelavam minha cabeça. Como era de se esperar, as vozes dos meus companheiros foram se dissipando, dando espaço ao enorme monstro denominado “culpa”.



— Balmung?! O que vocês querem dizer com isso?! — olhei cada um que estava presente na sala, como se tentasse arrancar alguma explicação deles.

— Desconfiamos que o garoto seja o lendário Representante de Odin — explicou Sheth —, mas isso é apenas uma suposição. — Uma das mãos do Algoz alcançou sua nuca. Aquilo era mesmo um gesto fofo, mas me preocupava. Eu sabia que aquela era sua mania de demonstrar aflição.

— E com isso, queremos dizer: porra, você recusou um pedido do famoso Representante de Odin! — Girei minha cabeça para trás e vi Shey levantando-se da cadeira.

— Estão se referindo ao que ele disse mais cedo...? Sobre ser meu discípulo ou algo assim?

— Claro! Na boa, o Thommy não parecia ser muito inteligente... Ele precisa de alguém que o ajude a se fortalecer, e não há ninguém melhor para fazer isso além da nossa amada Viking... — brincou ele, antes de estremecer com o meu olhar enfezado que o estrangulou por dentro.

— O que realmente nos ajudou a chegar nessa conclusão é o que Joe nos disse sobre a concentração de poder que ele sentiu vindo da espada. Isso nunca aconteceu antes, né?

Voltei a olhar o Lord — ou Sheth, como preferirem. Nisso eu não podia discordar, o Joe era conhecido por ser um tanto “vidente”. Não entendo muito bem como isso funciona, mas o fato de cobrir os olhos com uma venda sem tirá-la por um só momento, desencadeou em uma incrível habilidade de sentir auras, movimentos, localização etc.

— Resumindo, você foi a escolhida pra treinar o moleque. Mas daí você estragou tudo quando recusou ele — disse Shey, brincalhão como sempre. Por mais que não houvesse nem um pingo de seriedade no que ele dizia, eu sabia. Sabia que aquilo podia ser de fato, verdade.



— Jeeeeeeenny... Jeeeeeeeeeenny... — Senti um hálito fresco em minha nuca. Eu não precisava verificar quem era o ser que havia me acordado dos meus próprios pensamentos, porque eu sabia exatamente quem era.

— Shey... Que merda você está fazendo? — perguntei, já erguendo uma sobrancelha.

— Tirando você do seu estado de transe. Me agradeça depois — ele se levantou e andou para longe de mim.

— Você tá legal, Jenny?

— Sim, Sheth... Eu estou bem. Será que fiquei muito tempo dormindo?

— Dormindo? Pra mim você parecia completamente acordada, só um pouco avoada... Como um zumbi! — disse Shey, me comparando com uma criatura extremamente nojenta. Olhei-o como que o obrigando a ficar quieto porque afinal, eu não queria que todos soubessem que a famosa Paladina estava preocupada com algo.

Sheth riu baixinho. — Não muito, mas está na hora de acordar. Finalmente conseguimos acalmar o Abra, agora podemos continuar a missão.

Suspirei, fechando os olhos. Senti o fedor horrendo do Esgoto, acordando por completo do meu “estado de transe”. Ou eu achava que havia acordado.

Após abrir os olhos, a figura que eu menos esperava ver estava ali, na minha frente. Bochechas avermelhadas, suor no rosto. Cabelos prateados um tanto molhados, olhos arregalados e brilhantes. Oh, droga... Eu não estava dormindo, todos também olhavam a tal figura. Era mesmo o Thommy.

— Ooooh... JENNY-MACHÃO! — berrou Thommy, abrindo um enorme sorriso que logo fora substituído por um soco.

— CALE-SE! — Minha mente ainda processava o que acabara de ocorrer: Thommy estava ali, na minha frente, e eu acabara de socá-lo!

— Thommy... De onde você brotou?! — perguntou Shey, ajudando-o a se levantar.

— Eu... Eu tô treinando por aqui... — explicou. — Caramba, da próxima vez pega leve! — ele massageava o local onde meu punho o acertara.

— Heeey, pirralho! — Sheth logo se colocou perto do menino, agarrando-o pelo pescoço e fazendo um carinhoso cafuné. Eles pareciam se conhecer a anos. Thommy tentava se soltar, sem medo de segurar uma bela gargalhada.

Por alguns instantes tentei relacioná-los, chegando à conclusão de que pareciam irmãos. Mas logo anulei essa comparação pelo fato de que o Lord é completamente diferente do menino. Desde a pele branca e os cabelos castanhos presos em um rabo-de-cavalo até os acessórios obscuros que este usava — Asas Malígnas, uma espécie de acessório que faz com que as orelhas sejam cobertas por duas asas negras; e Chapéu de Deviruchi, um monstro pequeno e negro que carrega nas mãos um tridente.

Quando Thommy finalmente foi solto, lançou-nos uma pergunta:

— Mas o que VOCÊS estão fazendo aqui? Achei que o Esgoto de Prontera só tinha gente fraca — Ele grudou os olhos em mim com um sorriso torto de deboche nos lábios. — Ou será que a Jenny-machão não é tão forte assim?

Rosnei entredentes e quase enterrei outro soco no rosto do menino. Graças ao Sheth, que tomou a frente, pude relaxar.

— Estamos procurando um Besouro-Ladrão Dourado. Ele tem um Sino de Ouro que uma amiga nossa quer muito — explicou.

— Eu acho desperdício, porque o Sino de Ouro serve pra capturar uma sohee, e quem quer uma sohee?! — resmungou Abra.

— Pera... “Besouro dourado”?

— Sim.

— Estão falando de um besouro enorme... e dourado? — Thommy arregalou os olhos. — Que coisa, eu estava fugindo de um agorinha! — anunciou, com um enorme sorriso no rosto. Esse menino não sabia mesmo o quanto o Besouro é perigoso, né?!

— V-VOCÊ O QUE?! — Subitamente, Abra agarrou Thommy nas mãos e procurou por algum machucado que o Besouro devia ter feito no menino.

— Ei, ei... Eu to bem, calma!

— “Fugindo”?! Então você o atacou?! — indagou Sheth.

— Não, o Besouro me viu e saiu correndo me atacar!

— Seu idiota, o Besouro-Ladrão Dourado não é agressivo! — disse Sheth, fechando os olhos e suspirando logo em seguida. — Ok, você veio de onde?

— Espera aí... Vocês acham mesmo que eu vou contar onde ele está sem nada em troca? — Todos ficaram de queixo caído.

— Thommy, querido — começou Abra —, estamos aqui morrendo sufocados com este cheiro horrível há muito tempo, tudo por causa de um Sino que nossa querida amiga deseja...

— E eu tô aqui morrendo sufocado a noite toda pra conseguir minha liberdade! Eu conto onde está o besouro, mas em troca alguém vai ter que ficar pra me ajudar no treinamento — ele fez bico.

Sheth bufou e deu um passo a frente, mas eu fui mais rápida.

— Eu ajudo. Sou especialista em espadas, então serei mais útil — expliquei. Meu argumento foi bom, mas por dentro não era aquilo que realmente me motivou a escolher treiná-lo. Desde o dia em que Thommy pediu para que eu o treinasse, senti como se devesse isso a ele.

Senti os olhares duvidosos dos meus quatro companheiros, incluindo o Joe que, apesar de quieto, estava nisso tudo e tenho certeza que estaria me olhando se os olhos não fossem vendados.

Thommy se aproximou de Sheth e explicou aonde ele devia ir para encontrar o besouro. Permaneci parada, olhando meus companheiros captarem toda a explicação para não ocorrer o risco de ficarem rondando pelo Esgoto.

Representante de Odin...



* * *



O Espadachim arfava. Em mãos, a linda espada que o livro antigo de Abra mostrava. Era a tal Balmung, a lendária espada de Odin.

— Já vai desistir? — perguntei num tom superior.

— Isso é só o começo! Mas eu tô cansado, me deixa recuperar o fôlego... — ele pediu, sentando no chão e limpando o suor com a mão desocupada.

O treinamento não era pesado. Consistia apenas em provocar os besouros para que Thommy pudesse atacá-los. Se ele sofresse algum ferimento mais grave que os demais, eu aniquilava os insetos e lhe entregava uma poção. Mas fazer isso diversas vezes devia ser cansativo para o menino.

No pequeno intervalo de tempo em que Thommy descansava, minha mente voou a algum lugar onde gnomos martelavam minha cabeça.

Representante de Odin... Esse pequeno garoto...

— Jenny! JENNY! — Senti alguém segurando firme em meu braço. — Jenny, acabei de ver o Besouro Dourado bem ali!

— O que?! Você deu a localização errada para o Lord?!

— Não! Espera aí... “Lord”?

— É o Sheth! — revirei os olhos.

— Ah!

— Thommy, procure os outros! Eu vou até o besouro — anunciei, segurando o cabo da espada.

Thommy tentou protestar, mas eu já havia corrido em direção ao local onde ele afirmou ter visto o inseto. Virando um corredor, encontrei-o. Cercado por outros besouros, o dourado se destacava. Tirei a espada da bainha; eu estava decidida a sair de lá com o Sino de Ouro.

Avancei no monstro, dando um grande salto inicial, tirando a espada da bainha e cravando no inseto. Fui lançada para longe com um contra-ataque feito pelo besouro: as bolas de fogo. Avancei novamente, desviando dos insetos menores. Ao me aproximar do besouro, executei um Crux Divinum; habilidade em que traçamos uma cruz com a espada no oponente.

A luta prosseguiu intensa. Eu avançava, era mandada para longe de novo. As vezes o besouro refletia meu ataque. Foi quando o inseto realizou o ataque das bolas de fogo novamente, obrigando-me a desviar. Um grito soou no esgoto. Olhei para trás e vi quem fora atacado.

— THOMMY! — gritei. Minha vontade de correr para perto dele era grande, mas isso levaria o inseto junto. Eu devia acabar com aquela luta agora.

— J-Jenny... A-Achei que precisaria... — O garoto tentou se levantar, mas não conseguiu. Pegou a poção branca que estava ao lado dele e lançou-a para mim.

Peguei a poção e tomei. Abri um pequeno sorriso confiante, eu não deixaria aquilo passar em branco.

— Idiota... Não me subestime, moleque!

Corri para o Besouro Dourado novamente, preparando minha espada para a melhor habilidade que eu tinha. O sacrifício do mártir.

Desviei de mais alguns insetos, destruindo outros no caminho. Ao chegar perto do monstro-chefe novamente, clamei pelo sacrifício do mártir, a habilidade que avermelha minha espada e, em troca da minha própria vitalidade, causa um grande dano no oponente. Acertei-o três vezes com a espada. Na quarta, fui interrompida por Shey, que surgiu de trás de mim com duas adagas nas mãos, as mesmas que serviram para dar o golpe final no monstro-chefe. Todos os outros besouros foram destruídos, junto de seu inseto dourado.

Arfando, olhei para trás. Thommy tinha queimaduras em todo o corpo esticado no chão, mas sorria. Sorria como se ele mesmo tivesse ganhado a batalha. Abaixei a cabeça e dei uma leve risada... Ele estava bem!

— AAAH, CONSEGUIMOS! — gritou Shey, balançando o Sino melado que fora encontrado em meio aos restos mortais do inseto.

— Parabéns, Jenny! Tenho certeza de que a Kah ficará feliz quando ver esse Sino — falou Sheth que havia chegado juntamente dos outros e agora se agachava ao lado de Thommy.

— E eu não mereço elogio? Qual é, o golpe final foi meu! — resmungou o outro.

— Shey, não fique aí reclamando como uma criança tola... — disse Abra, obviamente com a intenção de irritar o Algoz.

— Olha só quem diz! Não era você que estava resmungando a alguns minutos atrás que queria ir embora?! — ele retrucou.

Enquanto os dois discutiam, Joe usou sua pouca habilidade de cura para recuperar a vitalidade do Espadachim torrado. Como Thommy ainda era novo e fraco, foi o suficiente para ser recuperado por completo. Estendi a mão ao Espadachim, que levantou com a minha ajuda. Logo Sheth o atacou novamente, fazendo cócegas e cafunés no menino.

Mais tarde, Thommy acabou explicando sobre o bispo que permitiu a passagem dele ao Esgoto de Prontera, impondo a condição de que o Espadachim deveria voltar antes do amanhecer. Aproveitei e perguntei porque ele havia pedido para ser meu discípulo. Com uma breve história, o menino argumentou dizendo que seu único amigo do orfanato conseguiu ir embora a partir de um Sábio que conheceu seu amigo e decidiu tornar-se seu mestre, passando por uma maratona de juramentos. Era quase como adotar uma criança.

Depois, quando Thommy estava distraído conversando com Abra sobre o Besouro Dourado, tomei a decisão de que seria a mestra do Espadachim e descobriria se ele era realmente o famoso Representante.

— Thommy... — murmurei ao menino enquanto andávamos até a saída do Esgoto.

— Que foi?

— Eu aceito.

Ele continuou observando-me por alguns minutos, como se tentasse adivinhar o que eu havia aceitado. De repente, seus olhos passaram a brilhar com mais intensidade. Meus companheiros sorriram com a minha decisão e não desmancharam o sorriso por muito tempo.

Ao chegarmos nos Arredores de Prontera, onde ficava a saída do Esgoto, Thommy recebeu o bispo que o aguardava com um apertado abraço. Refleti se eu havia tomado a decisão certa, mas aquilo me parecia óbvio. Eu não me arrependeria, porque talvez aqueles fossem os desdobramentos do destino.

Foi assim, entre queimaduras e cafunés, que nossa jornada com o menino começou.


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Notas finais do capítulo

- Baah, tá aí o capítulo que eu demorei taaaaanto pra escrever ._.'- Sabe, nesse tempo todo eu senti uma saudade enoooooooorme de reviews... ~le indireta lascada.
— Prometo não demorar tanto pra escrever o próximo capítulo! Essa semana eu pretendo postar, ok ?
— Bom, feliz Natal e Ano Novo pra galeris aí! ^^ (E feliz aniversário pra mim~)



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