A Lenda De Thommy escrita por NimoChan


Capítulo 6
Seria ele o...?!


Notas iniciais do capítulo

- Thanks pelos comentários :'3
— Depois de um tempinho, mais um capítulo...~



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Todos estavam quietos. Desde que eu havia saído para comprar alguns poucos suprimentos que precisaríamos na próxima aventura, o clima me pareceu mais pesado.

Estávamos na humilde casa do nosso amigo Professor, que pode ser considerada pouco menor que uma mansão. Abra sonhava em ser um grande escritor, aventureiro e até mesmo cientista, como seus familiares foram. Desde pequeno, Abra desejava ser um Alquimista ou um Sábio e percebeu que ganharia mais se tornando este último e, depois, Professor. Mas o amor pelos números e pela química era muito e ele acabou preso numa sala de laboratório, tentando criar mutações ou algo inovador até explodir o recinto e ser mandado aos Sacerdotes. Depois daquele incidente, ele percebeu que o dom da ciência definitivamente não era algo que existia nele, tendo que largar os experimentos.

Hoje ele escreve livros sobre os mais variados assuntos, mas nenhum deles chegou a ser terminado ou a ficar famoso. A enorme casa foi herança do pai dele, um grande escritor que passava para os livros o conhecimento adquirido aos poucos em suas viagens. Apesar de Abra ser um importante membro para o clã — sim, acredite, aquela bola de pelo verde serve para alguma coisa —, não é de nosso costume trocar histórias de vida para outros membros, então não sabemos tantos detalhes uns dos outros. Mas isso não nos impede de sermos unidos!

Nosso clã, Divine Aesir, é conhecido por ser uma guild composta por integrantes muito leais e fortes, sendo a maioria deles jovens por volta dos 20 anos e transclasses. Hoje em dia é raridade encontrar um transclasse caminhando em passos lentos e charmosos em Prontera, fazendo com que todos desviem seu olhar para ele. Se isso acontecer, essa pessoa com certeza será atropelada por um mar de mercadores tentando vender seus acessórios. Isso ocorre porque os transclasses não são mais novidade, mesmo que até alguns anos atrás eram.

Acredito eu que a mudança de profissão tornou-se mais simplificada com o tempo, resultando no grande número de transclasses hoje, sendo a maioria deles, fracos. Muitos discordam da minha opinião, justificando terem esbarrado em vários Lordes, Paladinos, Mestres e Arquimagos extremamente fortes. Mas eu também já esbarrei em muitos transclasses que me desafiaram a lutar e, a julgar pelo péssimo estilo de luta, a tentativa de desafio foi falha. Pode ser que essas pessoas tenham acabado de se tornar transclasses e vindo me desafiar, mas fica difícil pensar nessa possibilidade sendo que eu sou considerada uma das mais fortes Paladinas e todos sabem que não se deve desafiar alguém com título tão poderoso a menos que esteja REALMENTE preparado.

Deixando esse assunto de lado, resolvi tentar entender de uma vez por todas o que estava acontecendo.

— Não acham que está na hora de explicar para mim o que está havendo?! — perguntei enquanto depositava algumas sacolas cheias de poções e alimentos em cima da grande mesa que ocupava o centro da sala.

— Me admira que você não esteja lembrada, Jenny — disse Joe, enfaixando sua mão direita em um canto.

— Eu lembraria se vocês ajudassem.

Ouvi um suspiro atrás de mim. Olhei para trás e vi um Algoz sentado em uma cadeira de forma muito relaxada, com a mão levantada na altura do rosto e um boneco voodoo preso numa corda amarrada no dedo do Algoz. Ele balançava o boneco e o acompanhava com os olhos parecendo estar muito divertido. Uma mecha do cabelo loiro tapou a visão de um dos olhos, fazendo com que o algoz assoprasse para cima, afastando a mecha do olho.

— Você também sabe o que está acontecendo, Shey? — olhei-o sem nenhuma esperança de que ele dissesse.

— Todos sabemos, querida! — brincou ele, se ajustando na cadeira. —Você é a escolhida!

— Escolhida para que, exatamente?

Joe apertou as ataduras que agora cobriam metade de seu antebraço, e virou a cabeça para a direção de Sheth. Este último suspirou, desencostou da parede e veio para perto de mim, descruzando os braços.

— Você não chegou a usar o sacrifício do mártir no bafomé, certo?

Quase dei um pulo. Eu esperava por qualquer coisa, menor por aquilo.

— C-Como assim?!

– O sacrifício do mártir é uma habilidade que, quando usada, retira parte da vida de seu executor. Sempre que você a usa, notamos que sua resistência física abaixa. Mas da última vez, você me parecia muito bem — Ele quase que cuspia as palavras, parecendo muito confiante com o que dizia. Aquilo era de fato verdade, mas eu tentei esconder justamente para anular a outra possibilidade. Pelo visto o nosso grande Joe havia percebido tudo e contou para os outros que algo estava errado.

Permaneci quieta a fim de acompanhar o raciocínio de Sheth. Ele percebeu meu propósito e continuou. — Não havia mais ninguém perto do bafomé... só você e o... Thommy.

— Tsc...! — Agora era certeza. Sheth sabia exatamente o que eu estava escondendo. — O bafomé estava visivelmente ferido!

— Eu sei, Jenny, mas é difícil imaginar um Espadachim destruindo um monstro daqueles!

Silêncio. Todos compartilhavam um pouco daquela possibilidade. Nosso líder estava certo, o bafomé, por mais fraco que esteja, nunca daria abertura a uma criança.

— Lembra quando o Joe falou que tinha uma aura muito forte perto do bafomé? — perguntou Sheth. Nesse exato momento, eu lembrei também do raio que havia caído próximo ao monstro.

— O raio...!

— De acordo com Joe, o raio e a aura eram a mesma coisa. Quando ele se aproximou do menino, percebeu que o poder se concentrava mais na espada que ele estava usando e, também, no próprio Thommy...

— Aonde você quer chegar, Sheth?

— Para que o Joe tenha captado exatamente de onde vinha o tal "poder", ele devia ser muito forte. Achamos a espada suspeita, porque de acordo com o que Shey lembra, ela era grande e provavelmente pesada demais para ser usada por um Espadachim. Abra passou a última noite pesquisando por uma espada assim... e nós achamos uma que cabia perfeitamente na descrição de Shey.

O silêncio pairou novamente no ar. Abra, que estava o tempo todo sentado com os olhos fixos em um livro, finalmente se levantou. As mãos dele apoiavam-se nas páginas do livro, como se analisassem uma frase ou imagem. Fui para perto dele e olhei para onde suas mãos indicavam.

Na página do livro antigo, estava desenhada um espada que me parecia muito familiar. Não demorei a perceber que aquela era a espada que Thommy carregara consigo o tempo todo, desde que o achei.

A extremidade da espada era uma espécie de triângulo arredondado onde, no seu centro, destacava-se o símbolo dos Templários. O cabo descia do pomo afinando aos poucos para, quando chegar perto da guarda, engrossar. A guarda tinha um formato semelhante ao cabo: era grossa, mas afinava aos poucos e formava dois triângulos arredondados nas extremidades, assim como o pomo. O vinco se estendia pela enorme lâmina e só acabava ao chegar perto da ponta. Nele, pequenos rabiscos que iam até o forte da lâmina foram grafados para dar um efeito nobre à espada. O que mais havia me chamado a atenção era que aquela arma era linda.

— Qual é o nome? — olhei Abra, que por sua vez também estava muito sério.

— Jenny... — ele caminhou até algum canto da sala, arrumando seu cabelo esverdeado atrás da orelha e fechando os olhos. — Chama-se Balmung, a lendária espada de Odin.



* * *



No sudoeste de Prontera, um grande orfanato de arquitetura semelhante ao gótico instalava-se no local. O orfanato era coberto por uma extensa área verde, onde as crianças brincavam e treinavam. Algumas freiras supervisionavam os órfãos, sempre gritando para fulano sair de cima da árvore ou fulano largar a minhoca que achou na grama.

Entre aquelas crianças, Thommy descansava deitado em baixo de uma árvore, provavelmente esperando a hora em que o diretor apareceria e o levaria ao Esgoto de Prontera. E, numa sala localizada no andar mais alto do orfanato, o diretor caminhava pelo piso xadrez parecendo muito aflito.

— A Guilda de Espadachins ainda se mostra como nossa melhor opção, Monsenhor Gregório! — No centro da sala, a mesma freira de antes prosseguia com suas ideias.

— Thommy quer aprender tudo sozinho. Ele não aceitaria ir para uma Guilda...

— Perdão pela minha ousadia, Monsenhor, mas eu duvido que o menino não aceitaria ir à um local onde ele aprenderia a ser um Espadachim mais forte!

— A Guilda de Espadachins só aceita alunos disciplinados. Por isso só mandamos para lá os órfãos que escolhem por sair daqui aos 13 anos. Thommy só pisou naquela Guilda quando passou no teste de Espadachim, mas é preciso muito mais para permanecer por lá. Vamos encerrar o assunto por aqui, tenho muito trabalho a fazer.

A irmã já estava preparando as próximas palavras, mas decidiu calar-se. Com uma rápida reverência, a mesma saiu do recinto e deixou o bispo sozinho.


A grande Prontera recuperava-se de um dia muito corrido. A noite finalmente despachara os mercadores e todos os que movimentavam a cidade. O orfanato dali estava igualmente silencioso. O silêncio de um dos quartos fora substituído pelo som das cobertas: Thommy havia se movido, de novo.

O garoto virava-se com frequência, talvez para tentar achar uma posição confortável que o levasse a uma profunda noite de sono. Ou por impaciência. Ele estava ansioso pelo dia em que provaria que era realmente forte, começando pelo Esgoto de Prontera.

Thommy preparava seus olhos para tentar dormir, mas o barulho da porta abrindo chamou sua atenção. Ele imediatamente fechou os olhos e fingiu estar no décimo sono.

— Você não me engana — o bispo sussurrou no ouvido de Thommy, fazendo-o abrir os olhos com o susto. — É claro que você não conseguiu dormir... Levante-se e tente não fazer barulho, estarei esperando-o no corredor.

Com isso, Thommy ouviu os passos se afastarem e a porta ser encostada. O garoto logo abriu um grande sorriso e se levantou pegando a nova espada de baixo da cama. Aquela definitivamente não era uma noite para dormir.


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Notas finais do capítulo

- Então, o que acharam ?



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