Quando acabou a aula, eu e o Jessie fomos rumo a escolinha da Brooke. Chegamos cedo, e enquanto esperávamos o portão abrir, meu celular tocou, era o Martin.

Martin: Mady, porque anda faltando na escola? Decidiu fugir da história do Paul?

Eu: Não.. Eu não estou faltando. Ninguém te avisou que eu mudei de turma?

Martin: Não.. Eu não sabia. Você foi na escola hoje?

Eu: Sim, eu estou voltando de lá agora.

Martin: O Paul está com medo. As meninas estão ameaçando ele ainda sobre aquela foto.

Eu: Você passou a foto pra alguém?

Martin: Não, já apaguei aquela foto do meu celular.

O portão da escolinha da Brooke abriu e eu disse pro Martin que eu tinha que desligar. Ele disse que tudo bem, e o Jessie me perguntou quem era. Disse que era meu amigo da turma antiga. Fomos pegar a Brooke na classinha dela, e fomos pra casa dele. Ele me avisou que os pais dele estariam em casa, e disse que iria me apresentar.

Eu: Perai, você contou sobre eu ter ido ontem lá?

Jessie: Não... Não contei nada, não sabia se você iria querer isso.

Eu: Obrigada.

Jessie: Você vai gostar deles. Falei um pouco sobre você pra minha mãe.

Eu: Melhor, assim não chego de surpresa.

Jessie: É. E não se preocupe, vamos só pra deixar Brooke em casa, depois, vamos comer alguma coisa, como eu disse.

Eu: Por mim tudo bem.

Jessie era um anjo de menino. Eu gostava do jeito que ele falava comigo, do jeito que ele brincava com a Brooke. Ele arrumava toda hora seus óculos, e aqueles olhos eram penetrantes. Ele me tratava como uma amiga de muito tempo, mas sentia que ele estava gostando de mim. Tava acontecendo tudo tão rápido, e achei que aquilo tudo era pra me tirar um pouco da solidão, eu não tinha amigas e falava pouco com os amigos que eu tinha. Eu era independente de mais, não tinha ninguém que cuidava de mim, de fato. Arrumar um namorado podia ser o fim disso. Ele poderia cuidar de mim, e eu estava feliz com isso.

Chegamos na casa dele. Eu fiquei nervosa. Estava pensando em como falar com os pais dele, e quando ele abriu a porta da frente estava destrancada. Ele achou estranho, então, um policial apareceu atrás de nós, e perguntou "Vocês três são da família Hughes?"

Jessie: Não, só eu e ela que somos. - Disse ele com Brooke no colo -

Policial: E você quem é? - Disse olhando pra mim -

Jessie: O que aconteceu? - Disse ele interrompendo, com voz de preocupado -

Eu: Sou amiga de escola dele.

Jessie: O que foi que aconteceu?? - Disse ele interrompendo de novo, só que mais preocupado -

Policial: Se importa de pegar a menina no colo e esperar aqui?

Eu: Não, tudo bem...

Policial: Vem comigo, garoto.

Eu peguei a pequena Brooke que estava com os olhos pesados, e nem estava entendendo o que estava acontecendo. O policial levou Jessie para a cozinha, onde eu não conseguia ouvir coisa alguma. Sentei com a Brooke no sofá e deitei a cabecinha dela no meu peito enquanto fazia carinho no cabelo dela. Fiquei com medo. O policial e o Jessie estavam demorando. Até que eu ví o policial correndo para a sala falando em seu Walk-talk desesperado, dizendo que o "garoto" havia desmaiado. O garoto era o Jessie. E não demorou muito, a casa estava cheia de polícias, e duas ambulâncias. O policial pegou Brooke no colo, e conversava com ela pra ela se distrair. A Brooke era muito inocente ainda. Ela conversava com qualquer um. E outro policial me levou para outro cômodo, e olhei pela janela a casa sendo isolada por mais um monte de políciais. Estava com os olhos cheio de lágrimas perguntando o que havia acontecido. O policial disse que encontraram o sr. e a sra. Hughes mortos na casa. Ela estava com sinais de facadas violentas no corpo, e, ele estava com um punhal no peito.

Policial: O sr. Hughes matou a mulher e se matou logo em seguida. Antes, ele ligou para nós e disse desesperado que havia feito aquilo na hora da raiva. E quando chegamos aqui, ele também já estava morto.

Eu: Isso é horrível! Ele tinha Jessie e Brooke para cuidarem. - Eu disse chorando - E o Jessie? Ele tá bem? Posso ver ele?

Policial: Ele desmaiou quando soube da notícia. Ele vai ser levado para o hospital, e o lugar está isolado. Garota, você pode voltar para a casa..

Eu: Não vou a lugar algum sem o Jessie e a Brooke.

Polícial: Você pode ir ao hospital. Quantos anos o garoto tem?

Eu: 17.

Polícial: Ele não vai precisar ir para nenhuma casa de orfãos, já tem idade pra se cuidar, vai precisar de uma assistente social. Pelo o que eu acho.

O policial recebeu uma ligação, e eu sentei no sofá e comecei a chorar. Eu chorei muito, eu estava desesperada, o Jessie iria ficar traumatizado. Eu estava com dó, estava com pena de Brooke. Peguei meu celular e mandei uma mensagem de texto pro meu pai. Disse que havia acontecido uma tragédia e quando eu chegasse em casa, eu contava tudo, e pra ele não ter medo, não era nada comigo. Colocaram Jessie em uma maca, eu peguei a Brooke no colo e entrei na ambulância junto com um policial. No caminho pro hospital, fiquei pensando qual seria o motivo para o pai de Jessie ter matado a própia esposa? Acho que eles brigavam muito... Ou era por traição? Não conseguia entender, mas eu nem conhecia eles, e conhecia o Jessie a menos de uma semana. Mas foi tempo o suficiente pra gostar dele do jeito que ele é. E o tempo todo Brooke me perguntava o que estava acontecendo, e porque o Jessie tinha dormido. Eu ia dando desculpas, e brincava com ela, e ela nem notou que o caso era sério de verdade...