Slide Away escrita por letter


Capítulo 6
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Pessoal tem um link a ser aberto no meio do capítulo, sugiro que abram em uma nova aba para não sair do capítulo. Boas vindas aos novos leitores, e aproveitem o capítulo.



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O café de Madame Puddifoot de podia ser um ambiente extremamente agradável dependendo da ocasião. Naquela manhã, sentada em uma mesa redonda e com uma xícara de café preto fumegante a minha frente era uma dessas ocasiões, eu não conseguia me lembrar de qual foi à última que aquele recinto me parecera tão aconchegante.

Eu jurava que era de madrugada, quando uma Dominique muito animada pulara em cima de mim na cama. Eu estava no meio de um daqueles nauseantes sonhos que vinham me perseguindo desde o inicio do ano letivo, e quando abri os olhos me deparei com o rosto pálido e maquiado de Dominique a centímetros do meu.

Dominique me puxou da cama, e decidiu que eu era obrigada a madrugar com ela, para ajudar Albus e seus amigos comprarem certas coisas para a festa ilegal na casa dos gritos, que seria naquela noite, e que foi batizada de “A festa proibida”. Eu não tive escolha, mas depois de chegar a Hogsmeade, antes mesmo das oito da manhã, percebi que não conseguiria ficar muito tempo de pé, não depois de ter ficado quase até o raiar do sol lendo as memórias de Hermione. Na primeira oportunidade me esgueirei pela rua lateral até o café da Madame Puddifoot.

Eu tomava minha terceira xícara de café preto quando a porta se abriu, e um sino sobre ela tocou, anunciando a chegada de mais alguém. As pessoas normais estavam começando a acordar naquela hora, de forma que o café de Madame Puddifoot estava deserto a não ser por mim. Escolhi-me na cadeira e abaixei o rosto ao perceber quem entrava, e fiz uma notação mental de agradecer a Dominique por seus óculos escuros que ela me emprestara para disfarças às olheiras fundas.

A toca na cabeça e o cachecol no pescoço que protegiam dos ventos de outono vieram bem a calhar naquela hora, e por um segundo me senti uma fugitiva disfarçada. Mas a única pessoa de quem eu fugia, era a pessoa que fugia de mim: Scorpius Hyperion Malfoy. E esse mesmo Scorpius estava tirando uma pesada capa negra de si e jogando sobre uma cadeira, enquanto puxava outra ao lado e sentada, na extremidade oposta da que eu estava.

Madame Puddifoot era uma velha rechonchuda e de cabelos cor de areia, quando Scorpius se acomodou a sua cadeira almofada, Madame Puddifoot andou até ele com um meigo sorriso ao rosto, e fora anotar seu pedido. Vi os lábios de Scorpius se moverem de forma rápida e Madame Puddifoot se afastar para pegar seu pedido, logo que Madame Puddifoot atravessou uma porta para o fundo do estabelecimento, Scorpius puxou sua capa preta, e tirou de dentro dela um grosso e antigo livro.

Scorpius abriu o livro, e imediatamente se pôs a ler, uma parte de mim tinha certeza de em que se baseava sua leitura, e mesmo depois de Madame Puddifoot lhe levar uma xícara de café e um pedaço de torta, Scorpius não se desviou da leitura.

Eu tinha consciência de que o fitava, e reparava cada detalhe de Scorpius à medida que sua leitura prosseguia. Reparei que seus lábios mexiam freneticamente enquanto lia, como se as palavras necessitassem de ser pronunciadas para si mesmo para que lhe fizessem sentido, notei como passava as páginas de forma violenta, como se para fugir do que lia, e notei que vez ou outra ele parava abruptamente e pressionava a ponto do nariz, enquanto apertava as pálpebras, como se estivesse absorvendo informação de mais.

Quando o café de Madame Puddifoot já estava com uma razoável clientela fugindo do vento de outono, Scorpius fechou abruptamente o livro e soltou um visível suspiro de frustração. Depois de sair de dentro das memórias de seu pai, Scorpius vasculhou o ambiente com seu par de safiras azuis e de repente as grudou em mim.

Agradeci mais uma vez pelos óculos escuros de Dominique, por não mostrarem como meus olhos se arregalaram ao sentir que fora descoberta, e disfarçadamente beberiquei minha xícara de café, que a essa altura estava completamente fria, o que me levou a um acesso de tosse.

– Tudo bem Rose? – perguntou Nina De Lefebvre, a quem eu não tinha notada que estava na mesa ao lado com Frank Longbottom. Nina era uma aluna do quinto ano da Corvinal, de cabelos longos e castanhos, que se ondulavam nas pontas, seu olhos, também castanhos, eram enfeitados por um par de óculos de armação fina, que lhe dava um ar bastante intelectual.

– Estou bem – respondi com a garganta seca.

Nina soltou uma risada melodiosa enquanto eu me levantava, deixei alguns sicles de prata sobre a mesa, e saí cambaleante do café.

Assim que estava do lado de fora, ouvi o sininho da porta soar, que anunciava um novo cliente chegando, mas dessa vez mesmo de costas, eu sabia que estava anunciando a porta se abrir para um cliente que vinha saindo, e depois de semanas patrulhando corredores ao lado de Hyperion, eu decorei o cheiro de seu perfume, e a brisa de outono me trouxe esse cheiro até as narinas.

– Weasley – chamou ele com a voz baixa – Temos que conversar.

Ajeitei o cachecol no pescoço, e tirei os óculos escuros antes de me virar para ele.

– Conversamos todas as noites – falei fingindo tranquilidade.

– Me poupe Weasley, você fala todas as noites, quando eu abro a boca para falar você já me corta, como se temesse o que eu tenho a dizer – isso era bem a verdade, mas resolvi manter a mascara e revirei os olhos ao dizer:

– Por favor, Hyperion – bufei.

– Weasley – falou ele com a voz um tom mais agudo – Estou falando sério.

Olhando de perto para Scorpius, percebi que ele possuía olheiras tão fundas quanto as minhas, e por um momento realmente entendi que deveríamos conversar.

– Agora? – perguntei incerta.

Ele olhou para o lado, e eu segui seu olhar. Um Albus muito sorridente e animado, com sacolas na mão vinha às pressas em nossa direção.

­- Na festa proibida – respondeu ele rapidamente desviando os olhos de Albus – E Weasley... Leve o diário.



Lucy Weasley era o oposto de sua irmã Molly, que se formou no último ano. Molly era extrovertida e exagerada. Lucy era culta e reservada. Nunca compartilhamos qualquer gosto ou opinião, mas pela primeira vez desde que me entendo por magia, concordamos em algo, quando Lucy soltou um audível:

– Vamos nos meter em problemas.

Eu acho que Lucy nunca pronunciou palavras mais verdadeiras que aquela. Roxanne e Dominique não ouviram, continuaram uma empurrando a outra para ver quem ficaria de frente ao espelho. Roxanne usava feitiços dos quais eu nunca ouvira falar para conseguir chegar ao penteado e maquiagem desejada, enquanto a cama de Dominique abrigava mais roupas do que eu já vira na vida. O armário de duas portas de Dominique fora ampliado com um feitiço extensível para que coubesse tantas roupas, porém sua cama não fora, e as roupas formaram uma montanha em cima dela.

– Droga, eu não tenho nada para vestir! – exclamou ela frustrada fitando o armário vazio depois de jogar todas as roupas em cima da cama.

Lucy e eu trocamos um olhar de incredulidade.

­- Não é um baile – lembrei a elas.

– É apenas uma festinha... – murmurou Lucy dando de ombros.

– Vocês sabem quantas festas ilegais são realizadas na casa dos gritos ao ano? – perguntou Roxanne ofendidissima com nossa compostura.

­- Sabiamente nenhuma – respondeu Lucy, prendendo seus cabelos castanhos mel num rabo baixo.

– Voces não vão passar despercebidas pelos portões com penteados... Hum... Assim – avisei ao ver que Roxy usara um feitiço para deixar seus pesados cachos negros em formato de um coração sobre a cabeça.

­- Já sei! – exclamou Dominique empolgada.

Por fim Dominique se vestiu com um conjunto de couro negro, e botas de bico fino do meso material, alisou os cabelos ondulados e colocou o par de óculos escuros que eu usava mais cedo para combinar com sua boina, também de couro negro. O fato de eu comentar que tínhamos que passar despercebidas pelo castelo a inspirou em se vestir como uma agente secreta do ministério. Roxanne optou por um traje parecido, e por fim a convencemos de deixar o cabelo apenas solto.

Quanto a mim, me dediquei bastante ao meu traje: estava com a roupa que usei pela manhã, apenas acrescentei um pesado diário dentro de minha bolsa. Lucy estava bastante confortável em seus jeans largos, tênis surrados e camiseta de sua banda preferida “As esquisitonas”

Eram dez da noite, e depois desse horário era proibido que qualquer aluno estivesse fora de seu Salão Comunal, a não ser os monitores. Imaginei que talvez teríamos sorte se o zelador Filch nos encontrasse antes de sair do castelo, mas a sorte nunca fora com minha cara, e conseguimos sair do castelo.

Andamos furtivamente pelo gramado da propriedade, até o Salgueiro Lutador, uma árvore enfeitiçada situada próxima ao lago, construída há meio século para ligar à escola a casa dos Gritos, um lugar que recebera esse nome por abrigar em todas as luas cheias daquela época Remus Lupin, pai de Teddy, que era lobisomem.

Sem que nos quatro pronunciássemos uma única palavra, passamos por baixo da árvore, e seguimos curvadas um longo túnel de terra. Antes mesmo que chegássemos ao nosso destino eu conseguia ouvir uma música agitando o lugar.

– As esquisitonas! – exclamou Lucy empolgada reconhecendo a letra da musica.

Lucy e Roxy começaram a cantar “Faça como um hipogrifo”, e nesse momento tive certeza que Lucy mudou de ideia quanto à festa.

Dominique puxou a boca de um alçapão e num piscar de olhos estávamos dentro da casa dos Gritos, com dezenas de alunos, pulando como se o fim do mundo tivesse chagado mais cedo.

– Rosinha! – gritou Albus do outro lado do que quer que seja aquele cômodo, tentando passar por cima de todos os convidados e vindo até mim. Albus estava com uma garrafa de cerveja amanteigada as mãos, e seus lábios estavam sujos de espuma – Eu sabia que não teria que te obrigar – disse pegando minha mão e me girando no lugar ao ritmo da música.

– Estou apenas de passagem – gritei em resposta devido à altura da música.

– Sei, sei. Tem cerveja amanteigada, uísque de fogo, hidromel, e mais um monte de besteira que conseguimos contrabandear – avisou ele – A festa vai até o amanhecer.

– Al... – eu iria protestar, mas Albus me silenciou com o polegar enquanto se sacudia no lugar.

– Você se preocupa de mais mocinha. Você é adolescente, apenas viva a vida – Albus afastou-se de mim, e rodava cada garota a sua frente enquanto atravessava a casa e cantava aos berros: “Movimente seu corpo como um trasgo peludo, aprendendo a balançar e rodar,

gire como uma elfo maluco, dançando sozinho, dance para baixo como um unicórnio, não pare até o amanhecer

Subi dois lances de escadas, e fiquei agradecida quando descobri que o terceiro andar estava praticamente quase deserto, e que a musica que se chegava lá de baixo, ali em cima não fazia meus ouvidos sangrarem.

Olhei para os lados, e vi que o único grupo de amigos que se reuniam ali em cima descia as escadas que faziam um ruído assustador a cada degrau. Rugiam como se fossem desabar. Andei por um corredor com tábuas quebradas e paredes arranhadas, e explorei os três cômodos que ali haviam. Era quartos, todos os três. Todos destruídos de formas desproporcionais. No último o brilho das estrelas e a luz da lua penetravam do buraco que havia no teto, e fascinada pelas constelações entrei e fiquei tempo de mais apenas observando.

– Imaginei que estaria aqui – disse uma voz fechando a porta.

– Hyperion – cumprimentei me virando.

­- Weasley – disse em resposta – Aos negócios?

Os Malfoy não eram conhecidos por enrolarem em um assunto. Sempre iam direto ao ponto.

– Aos negócios – respondi.

Sincronizadamente tirei o diário de dentro da bolsa transversal, enquanto Scorpius tirara outro idêntico de sua capa negra. Ambos fitamos um o diário do outros, e sem pronunciarmos quaisquer palavras, trocamos os diários, e cada uma se acomodou a um canto e se pôs a ler.



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Notas finais do capítulo

Bem, espero que vocês tenham gostado desse capítulo, e por favor, não deixem de comentar dizendo o que acharam, favoritem, recomendem, fiquem a vontade pra isso, juro não me importar u-u kk Semana que vem estarei postando o próximo, porém não sei o dia, obrigada por terem lido :D Beijinhos :3